Farmacêuticas , Twitter e Facebook

Falamos de medicamentos. Que podem salvar vidas mas, ao mesmo tempo, podem matar, sobretudo se quem os produz tem só um objectivo: o lucro.

Um estudo publicado no Journal of The American Medical Association mostra que cada  ano o número das pessoas vítimas dos fármacos (assumidos de forma correcta) é enormemente maior das vítimas provocadas pelos acidentes rodoviários. e até maior do número de pessoas que morrem por causa de qualquer outro tipo de acidente.

E sempre na mesma publicação podemos ler como só nos Estados Unidos 106.000 pessoas morrem por causa de medicamentos prescritos. Morrem a cada ano.  

Estes não são os resultados de erros clínicos, erros na dosagem ou na subministração: estes são os efeitos colaterais normalmente previstos. E estas pessoas tomaram os remédios de forma correcta.

Os dados: nos EUA foram gastos 2 mil bilhões de dólares na sanidade ao longo de 2006.
Os resultados? Os EUA estão no primeiro lugar no mundo por mortes causados pelas doenças coronáricas, tumor do útero, tumor do cólon e diabetes. E, como vimos, a quarta causa de morte são os efeitos colaterais de fármacos tomados de forma correcta.

As casas farmacêuticas não têm interesse em curar definitivamente as pessoas e perceber a razão não é difícil: elas existem porque existe a doença (como é igualmente verdade que muitas das doenças existem porque o homem vive mal e come ainda pior) e estas multinacionais não lucram com uma população saudável.

As empresas farmacêuticas têm accionistas que desejam ver os próprio lucros aumentar e estes aumentam com a expansão e a manutenção da condição de doença.

Será que temos consciência disso enquanto navegamos pela internet? Estamos preparados para ser “médicos de nós próprios”?
Eis o artigo de IlComunicatore, um blog que, não acaso, trata de marketing. (a segunda parte no próximo post).
O marketing das indústrias farmacêuticas entrou numa fase de evolução sem precedentes. 
Apesar da ausência duma legislação específica, as grandes empresas dos fármacos experimentam as novas aplicações do Web 2.0, redefinindo o panorama da comunicação e activando canais directos com os consumidores. 
Do ponto de vista social isso representa uma oportunidade ou um perigo? O debate é aberto.
Dum lado a indústria farmacêutica tem normas apertadas que limitam a comunicação directa com o consumidor: demasiado alto é o risco que a difusão de informações se transforme em perigosa promoção, incentivando uma procura de produtos que, ao contrário, deve ser ligada às reais necessidades e específicas condições clínicas. Falamos dum mundo onde uma informação não correcta ou um medicamento tomado de forma incauta podem ser fatais.

Doutro lado o consumidor atingiu um inédito nível de conhecimento acerca de determinadas patologias e do relativo tratamento: dispõe e pede um papel activo porque, tratando-se da própria saúde, quer que a decisão acerca do medicamento seja partilhada com o médico e não simplesmente “obedecer”; muitas vezes, como é confirmado pelos mesmos operadores, é o paciente que influencia o médico na fase de prescrição, com um papel de opinion leader que as empresas querem interceptar e conhecer.

De seguida algumas das primeiras iniciativas das multinacionais farmacêuticas para capturar a voz e a atenção dos pacientes com os social media.

Procter&Gramble construiu uma community online dedicada aos pacientes que sofrem duma particular condição clínica, a colite ulcerosa; nesta community é possível participar, partilhar histórias e experiências: médicos da P&G fornecem informações acerca do assunto.
Novo Nordisk abriu uma página Twitter cujo nome é Race with insuline, onde o piloto Charlie Kimball, que sofre de diabetes, conta aos followers como seja possível ter uma vida normal e de sucesso apesar da doença.
Merktem abriu uma página no Facebook dedicada ao Gardasil, vacina contra os tumores do útero. 
GlaxoSmithKline promove os próprios produtos com Youtube.
É possível observar como existam diferentes modalidades, embora todas estejam ligadas ao Web 2.0
Há empresas que fazem promoção de produtos, outras que constroem estratégias de comunicação mais sofisticadas, juntado acções de branding com espaços para quem sofre de determinadas doenças e onde o doente pode encontrar outras pessoas que vivem o mesmo problema e recebendo aconselhamentos, dicas e consolo. 
A empresa vigia as conversas e consegue preciosas informações acerca dos doentes: quem são, o que procuram, o que pedem, que pensam.
Como podem ver, existem vários pontos para uma séria reflexão.

Texto: IlComunicatore, Massimo De Maria
Tradução: Massimo De Maria

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