A Sopa na Pipa

Algo está a mudar.

Provavelmente os Leitores repararam: houve alguma coisa na internet ao longo das últimas semanas. Google, Wikipedia e outros decidiram dedicar espaço para reclamar liberdade.

Internet já não é livre? Ainda é, mas o perigo que esta situação possa não ser duradoura existe, é bem real.

Pipa? Sopa? Acta? Ouviram falar disso? São estas as ameaças, partidas dos Estados Unidos e agora chegadas na Europa.

Um problema regional? Não, global: o que o Leitor está a ler neste preciso momento (o blog), é um produto que desfruta um serviço (Blogger) sediado nos Estados Unidos, tal como WordPress. A maioria dos bloggers mundiais utiliza tecnologia que tem origem e é gerida a partir dos EUA, em ambos os casos na Califórnia.

E os perigos não são limitados aos blogs, pois as maiores empresas de web hosting, (que alugam espaço aos sites) estão sediadas nos Estados Unidos também.

Estamos perante uma possível profunda revolução do web. Uma revolução que não tem nada de “inovador” ou de “democrático”, pelo contrário: é a introdução de novas regras do jogo para um controle muito mais apertado.


E atenção: não confundam a pirataria informática com as novas regras. O que se passou nas últimas semanas com o caso Megaupload é um chamariz, para fornecer uma camada de “princípio” a uma operação que tem bem outros objectivos, entre os quais há em primeiro lugar a limitação da partilha de conhecimento. O que está em causa aqui não é o facto de poder descarregar “de graça” o último cd de Shakira, mas a livre circulação das informações.

E já sabemos: quem controla a informação controla tudo.

O blog Sociedade Alienada publicou um óptimo artigo acerca do assunto no passado dia 19. Aconselho ler. Internet tal como é conhecida pode ter os dias contados. Falar em “censura” não é um exagero.

Link: Os Assassinos da Internet Livre

Ipse dixit.

2 Replies to “A Sopa na Pipa”

  1. Olá pessoal: sempre desconfiei que a internet era boa demais para permanecer assim ad eternun em sociedades de controle. Embora a maior parte dela tivesse só m., para quem soubesse e desejasse garimpar, havia oportunidade de fomentar conhecimento, contatos e,especialmente diálogo, algo por si só muito conspiratório. Não estou considerando que o uso das redes sociais em sua extensão demande diálogo, mas ele pode acontecer, e acontece, esporadicamente.
    Então, apesar de ser novidade de um ano e pouco mais para mim, usando este meio para efetivar diálogo, passei a considerar que era apenas um meio, e provisório.
    Digo isso, porque com censura operacional na internet,poderei continuar dialogando com vocês, por exemplo, a base de cartas, fone fixo, radio,troca de livros e arquivos escritos/falados por correio, até mesmo scapy, enquanto der.Vocês dirão: coisa de gente velha, que tem paciência para esperar resposta um mês. Não esqueçam que a fruição da instantaneidade é coisa que enfiaram na memoria coletiva faz bem pouco tempo.É este um dos motivos que me levou a propor um encontro preliminar não virtual em Lisboa.
    Claro que será uma perda que considero irreparável, até que uma internet independente, com satélite independente e tudo mais, começar a funcionar. Mas não há controle que apague a capacidade das pessoas de interagirem, quando elas realmente estão dispostas a considerar que esta é uma medida de sobrevivência para resistir as demandas dos tempos que se avizinham.Abraços

  2. Tenho uma amiga que diz: "A internet é obra do Demônio", hoje tenho que concordar com ela, pois a informação que hoje temos livremente é um "Demônio" na vida deles.

    E como você diz Max: "quem controla a informação controla tudo."

    Eles estão perdendo o controle que sempre tiveram das informações, a internet livre virou um demônio na vida deles.
    Provavelmente criaram com a intenção de estarem informados de nossas vidas, nossos governos, de tudo. Mas nunca imaginaram que as pessoas pudessem começar a se conscientizarem, e pior ainda, se unirem contra o sistema.

    Ótimo post Max, muito obrigado.

    Abraços

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