Começa aqui uma nova página de Informação Incorrecta dedicada aos utilizadores Linux mas, sobretudo, aos utilizadores Windows que queriam experimentar um sistema alternativo mas ficam na dúvida: é possível abandonar completamente Windows e passar a utilizar apenas um sistema operativo Linux? Quanto é difícil?
A resposta mais simples pode ser dada pela minha pessoal experiência: antes mero “experimentador” Linux; depois utilizador em dual boot (o que significa ter no mesmo computador dois sistemas operativos ao mesmo tempo, no meu caso Windows e Linux); por fim, utente exclusivo Linux, com o definitivo abandono do sistema Microsoft (já há vários meses).
O Leitor pode pensar: “Mas Max, tu utilizas Linux há décadas, não tens problemas em mexer no terminal, em digitar comandos complexos…”. Sim, é verdade: saltito pelo universo Linux há vinte anos. Mas se demorei tanto tempo para adoptar de forma definitiva um sistema operativo Linux é porque antes não encontrava o mesmo nível de produtividade oferecido por um Windows. Sejamos claros: um sistema operativo que em 2021 ainda obrigue a abrir o terminal para digitar comandos linha após linha é um total disparate. Sobretudo se há alternativas que permitem a mesma função com um simples click do rato. Se o comando via terminal for uma opção, nada em contrário, só vantagens nisso; se for a única maneira para concluir uma tarefa, então é ridículo.
O universo Linux demorou a absorver esta ideia mas afinal conseguiu: hoje é perfeitamente normal utilizar um sistema Linux sem conhecer uma única linha de comando, tal como acontece num sistema Windows ou Apple. Claro, é sempre possível abrir o terminal e digitar os comandos (também Windows está a oferecer cada vez mais esta opção), mas é uma escolha, não um caminho obrigatório. Este é o meu conceito de sistema operativo moderno e funcional.
Todavia o dano já foi feito. Linux conseguiu construir em sua volta a imagem dum sistema difícil, complicado, dedicado só àquelas pessoas que “percebem de informática”. O que é falso. O que é verdade é que ainda há sistemas Linux nada simples (em boa verdade, costumam ser os sistemas BSD, que nem Linux são), dos quais fico longe: não porque sejam “maus” (bem pelo contrário!) mas porque não atendem aos requisitos de modernidade e funcionalidade dos quais falei acima.
Mas é verdade também que estes sistemas são uma minoria: ao espreitar a classificação de Distrowatch (no site logo na coluna de direita) podemos observar como os sistemas que mais interesse despertam são aqueles mais “funcionais”. A maior parte dos sistemas operativos hoje tentam ser o mais amigáveis possível. Como é lógico que seja.
Por esta razão, a partir de hoje haverá uma série de testes efectuados com sistemas operativos chamados de “Linux”, avaliados sempre na óptica do utilizador. O que significa isso? Simples: não são testes técnicos, dedicados a profissionais, apaixonados de informática ou nerds. E nem faria sentido pois há já várias publicações na internet que tratam do assunto da melhor forma (e com pessoas mais qualificadas do que eu). Aqui os testes serão feitos com a intenção de avaliar a funcionalidade de cada sistema, para responder à pergunta: “O que aconteceria se um utilizador Windows ficasse na frente deste sistema operativo Linux?”. É por isso que nasceu OST, Operative System Test. Que por agora vive nas páginas de Informação Incorrecta, no futuro veremos.
Portanto: coisas simples como instalar o sistema, habilitar o firewall, abrir o navegador, escrever um documento estilo Office… tarefas básicas que qualquer utilizador deveria poder conseguir sem o mínimo esforço.
Será avaliada a estética, porque uma boa organização de desktop, janelas ou menu é essencial para conseguirmos o nosso trabalho.
Será avaliada a disponibilidade de software a e facilidade com a qual podem ser descarregados e instalados novos programas (há dezenas de milhares gratuitos!).
Será avaliada a utilização dos recursos, porque podem existir sistemas muito simpáticos que, do outro lado, ocupam imenso espaço no nosso disco rígido ou obrigam o processador a um trabalho extra.
Será avaliada a simplicidade com a qual um sistema pode ser instalado no nosso computador e d ecomo podem ser efectuadas as actualizações.
Será avaliada tanto a velocidade dum sistema quanto a estabilidade do mesmo, porque ficar na frente dum ecrã bloqueado com o risco de perder todo o trabalho feito é muito triste e tem que ser evitado.
Será avaliado tudo isso e muito mais, mas sempre partindo do princípio de que o Leitor nada sabe acerca de Linux e, afinal, nada quer saber: porque o que ele quer é um sistema operativo que trabalhe bem sem provocar dores de cabeça.
Os “puristas” do universo Linux com certeza que ficarão de cabelos em pé. Paciência, estes testes não são para eles.