Nota: Como sempre, o que se segue pode causar profundo mal-estar em todos os utilizadores Linux experientes. Lembrem-se que aqui o foco é dedicado exclusivamente a quem não conhece o universo Linux e precisa duma orientação de tipo básico para poder iniciar.
Como escolher a nossa distribuição Linux? Boa pergunta: a mais evidente das diferenças entre os universos Microsoft, Apple e Linux é que neste último a escolha é grande. E isso pode desorientar, pois há centenas de sistemas operativos prontos para ser instalados e utilizados, ao ponto que é muito comum houver utilizadores distohoppers, isso é, usuários que “saltitam” de distro em distro, utilizando ora uma ora outra.
Dado que OST é dedicado aos novos utilizadores Linux, aqui vamos ver como escolher a melhor distro para efectuar sem dor a passagem entre Winwod, OS e Linux.
O que é uma distro?
Antes de mais, vamos entender o termo “distro”. Para simplificar ao máximo, podemos interpretar “distro” como o sistema operativo de Linux, da mesma forma como Windows 10 é o sistema operativo da Microsoft.
Esta definição está errada, pois há várias diferenças entre o conceito de sistema operativo tal como é interpretado e implementado pela Microsoft (ou pela Apple) e aquilo que acontece com Linux.
Mas, repetimos, se desejo for simplificar então esta definição pode funcionar. E enquanto a Microsoft oferece uma única “distro” de cada vez, as distros de Linux são muitas.
As famílias
Há muitos nomes: Ubuntu, Manjaro, Fedora… mas o que significam? Temos que partir da ideia pela qual no universo Linux há distros que são parentes e que formam várias “famílias”. E, como em cada família, há um “progenitor”.
Cada família tem os seus “hábitos”, implementados pelo “progenitor”. Que hábitos são estes? Por exemplo, a forma como são geridos os programas, a linguagem deles, a maneira de descarregá-los, instala-los… e muito mais. Estes são os “hábitos” de cada família.
Um exemplo prático: Ubuntu é o nome duma das distros mais conhecidas. Mas Ubuntu pertence a uma família cujo progenitor foi uma outra distro, Debian. Isso significa que os “hábitos” implementados por Debian foram herdados em Ubuntu também. Alguns programadores decidiram ir além de Ubuntu e desenvolveram Linux Mint, que herdou também os mesmos hábitos. Portanto: Linux Mint é o filho de Ubuntu e o neto de Debian, todas distros que partilham a mesma linguagem em termos de programação.
Não é importante saber que Linux Mint é o “filho” de Ubuntu e o “neto” de Debian, podemos tranquilamente esquecer isso. O que importante é saber que pertence à família Debian. Por qual razão? Por causa dos tais “hábitos”. A família Debian, por exemplo, utiliza programas desenvolvidos duma determinada forma, apresenta o desktop segundo determinados critérios, etc.
Agora as boas notícias.
A primeira é que os programas mais conhecidos costumam ser desenvolvidos nas linguagens das principais famílias. Portanto, neste aspecto instalar uma distro da família Debian ou de outra faz pouca diferença para o utilizador comum.
A segunda boa notícia é que a maioria das distros pertence a um punhado de famílias, bem desenvolvidas e difundidas.
A terceira boa notícia é que hoje em dia há “padrões” que são utilizados em todas as famílias: aos olhos dum observador casual pode ser até impossível distinguir entre uma distro derivada do Debian ou de outra família pois os desktop são idênticos.
O conselho para um novo utilizador Linux é de ficar com as famílias mais conhecidas, nomeadamente com a família Debian para começar. No seio desta família podemos encontrar algumas das melhores distros dedicadas aos novos utilizadores Linux, tais como Zorin, Linux Mint, Elementary, Linux Lite, Ubuntu…
O que é um flavor?
Este é um conceito desconhecido aos utilizadores Microsoft e Apple. Para um utilizador Windows, o desktop, os menus, os programas instalados são sempre iguais. No universo Linux as coisas não estão bem assim: os programas que compõem o sistema operativo podem ser reunidos de formas diferentes e isso tem consequências no aspecto do sistema e também nas prestações do nosso computador.
Pelo que, um flavor influencia a forma como será apresentado o nosso desktop mas também a rapidez e a reactividade do mesmo.
Por exemplo, o flavor Gnome precisa de mais recursos do que o flavor Xfce. Isso significa que, se tivermos uma computador velho e elegermos um sistema Zorin, a nossa escolha será um Zorin Xcfe e não o Zorin baseado no Gnome.
Aprender a reconhecer os vários flavors é simples. No entanto, aqui vão os flavors mais difundidos:
- Gnome
- Xfce
- KDE
- Cinnamon
- Deepin
- Fluxbox
- Budge
- Mate
As nossas necessidades
Quem utilizar Windows 10 pode não conseguir instalar Windows 11. Por qual razão? Porque os requisitos de Windows 11 podem não ser compatíveis com o computador do Leitor. O que pode obrigar a trocar de máquina. Muito aborrecido, sem dúvida.
Com Linux este problema não existe pois há distros para todas as necessidades, inclusive para computadores com vários anos de serviço. Portanto, a escolha da nossa distro depende de vários factores, como as características da nossa máquina ou, por exemplo, o uso que desejamos dar ao sistema operativo instalado.
Precisamos dum sistema operativo genérico, que possa substituir em todos os aspectos Windows? Então a escolhe terá em conta as distros com um elevado número de programas disponíveis, de forma que possa adaptar-se as mais variadas exigências.
Desejamos um sistema operativo que tenha particular atenção à questão da privacidade? Há, e um destes será a nossa escolha.
Eis alguns exemplos para uma escolha rápida.
Distros genéricas (para um utilizo diário não específico):
- Ubuntu
- Ubuntu Mate
- KDE
- Xfce
- Linux Mint
- Zorin
- Manjaro
- Mx Linux
Distros light (“leves”, para computador não recentes):
- Xfce
- AntiX
- Puppy Linux
- Q4OS
- ALTLinux
- Kolibri
Distro para protecção da privacidade:
- Tails
- Kali Linux
- Alpine Linux
- Qubes OS
- Whonix
Estes são apenas alguns dos exemplos possíveis, pois há distros para todas as necessidades: para iniciantes, para sistemas telefónicos, para jogos, para multimedia, para computadores de faixa alta, para exames forenses… OST existe mesmo para ajudar naquela que será a melhor escolha para nós.
Rolante, estável…e LST?
Os sistemas operativos evoluem com o passar do tempo e há duas formas para fazê-los progredir: ou através dum desenvolvimento constante ou através de lançamentos periódicos pré-fixados. No universo Linux, o desenvolvimento constante chama-se Rolling (literalmente: “rolante”) enquanto os lançamentos periódicos são Stable (“estável”, também conhecidas como Fixed). Depois há as versões LTS (Long Term Support) que podemos considerar como… “super-estáveis” e que, entre as outras coisas, terão um suporte mais duradouro. Vamos ver quais as principais diferenças.
Rolling
A grande vantagem duma distro Rolling reside no facto de oferecer as mais recentes actualizações de programas e drivers. Além disso, não há a necessidade de instalar periodicamente novas versões da distro, uma vez que esta é actualizada de forma constante.
Contras: uma distro Rolling pode estar mais sujeita a falhas pois tudo os novos componentes foram testados por um período e por um número de utilizadores mais limitados.
Stable
Pelo contrário, uma distro Stable terá sempre uma maior estabilidade, mas em detrimento das versões mais recentes de softwares e drivers. Além disso, periodicamente será preciso efectuar um upgrade que, em certos casos, precisa duma verdadeira reinstalação.
Dito assim, parece normal optar para uma versão Stable, em princípio mais segura. O que é verdade. No entanto, dado o carácter “rápido” duma Rolling, esta terá actualizações para problemas de segurança e funcionamento mais rápidas também.
LTS
Depois há as versões “superestáveis”, as LTS: estas são versões cujos programas e principais recursos foram testados de maneira muito extensiva. Aqui a estabilidade será máxima: difícil ter surpresas numa distro LTS, nada de falhas.
Outra vantagem será aquela de ter suporte durante cinco anos (no caso das outras versões, o suporte é geralmente de 9 meses, depois será preciso actualizar). Cinco anos são muitos? São: em cinco anos, com a actual velocidade no âmbito da tecnologia, qualquer equipamento torna-se obsoleto.
Backup, sempre.
Se a dúvida for entre Rolling e Stable, a resposta é: backup, sempre. Não apenas no caso duma disto Rolling mas também numa Stable.
Esta solução (já agora: aconselhada para qualquer sistema operativo, seja Linux, Windows ou outro) permite guardar uma cópia do nosso sistema e, em caso de problemas, restaurar tudo para uma versão anterior perfeitamente funcionante será uma questão de segundos. Este processo é também essencial para manter em segurança todos os nossos ficheiros (documento, imagens) que, se guardados num outro disco rígido, ficarão protegidos também no caso de ataques informáticos (como pode ser um vírus).
Uma vez implementados um backup automático, a escolha entre Rolling e Stable será ditada pelas nossas pessoais preferências. Desejamos ter sempre as versões mais actualizadas dos softwares? Então Rolling. Algo mais estável, com menos possíveis surpresas? Stable.
Vice-versa, se o nosso sistema operativo será utilizado em âmbito de trabalho (por exemplo num escritório), as versões LTS são sem dúvidas as mais indicadas. Obviamente, nada impede de utilizar uma Rolling para o trabalho: fala-se aqui de princípios gerais.
Principais distro Rolling:
- Manjaro
- Endeavour
- Solus
- Arch Linux
Principais distro Stable:
- Debian
- Linux Mint
- Ubuntu
- Fedora
- Zorin
Principais distros LTS:
- Ubuntu
- Linux Lite
- CentOS
- FreeBSD
- Suse Entrerprise
Então, qual escolher?
Partimos do princípio segundo o qual quem está a ler nunca utilizou um sistema Linux. Mas quer passar dum sistema Windows ou Apple para um Linux sem “traumas” (isso é, mantendo a simplicidade e imediatismo de utilização). A ideia é mesmo livrar-se duma vez por todas dos vários Windows ou Apple, instalar um Linux novinho em folha e começar a utiliza-lo, sem “mas”, sem “se” e, sobretudo, sem aborreciamentos.
É possível? Absolutamente sim.
Claro: no princípio melhor evitar aventuras em terras complicadas e manter tudo na forma mais simples. Mas aqui há uma boa notícia: nos últimos anos, alguns programadores Linux tem pegado em algumas distros (sobretudo da família Debian, mas não apenas dela) para torna-las descomplicadas e amigável aos olhos dum utilizador Windows. E conseguiram fazê-lo.
No geral, como afirmado, são as distros da família Debain porque mais simples de modificar e dotadas de dezenas de milhares de programas gratuitos. Um utilizador Linux experiente bem pode preferir outras famílias e muitas vezes com razão: mas para isso é preciso adquirir determinados conhecimentos e nem todos têm paciência para isso.
Pelo que, máxima simplicidade e uma utilização sem problemas com as seguintes distros:
Família – para iniciar a melhor escolha é sem dúvida a família Debian, nomeadamente as distros:
Ubuntu
- Utilização elementar (até demais)
- Enorme colecção de aplicações disponíveis
- Ferramentas essenciais pré-instaladas
Impossível ter problemas com Ubuntu. Tudo é pensado para ser simples, elementar e básico. Pessoalmente nunca instalaria esta distro, mas a minha opinião não está ligada à bondade da distro em si, que cumpre perfeitamente. Admito que para um iniciante seja uma maravilha.
Zorin
- Interface de utilizador semelhante ao Windows
- Experiência intuitiva e simples
- Edição Lite para computadores um pouco mais datados
- Disponível versão superior paga com atendimento personalizado
Linux Mint
- Interface de utilizador semelhante ao Windows
- Funciona bem com hardware mais antigo (versão Xfce)
- Algumas melhorias em relação ao Ubuntu
- Forte política Open Source