Em 1928, o deputado britânico Sir Arthur Ponsonby, que tinha votado no Parlamento contra a entrada na guerra, escreveu Falsehood in War-Time: Propaganda Lies of the First World War (Falsidade em Tempo de Guerra: Mentiras da Propaganda da Primeira Guerra Mundial):
A guerra é combatida neste nevoeiro de falsidade, muito do qual não foi revelado e é aceite como verdade. O nevoeiro nasce do medo e é alimentado pelo pânico. Qualquer tentativa de duvidar ou negar, mesmo o mais fantástico conto, deve ser imediatamente condenada como antipatriótica, se não mesmo traiçoeira.
Isto abre o caminho para a rápida propagação de mentiras. Se fossem apenas usados para enganar o inimigo no jogo da guerra, não valeria a pena preocupar-se com elas. Mas como o objectivo da maioria é suscitar a indignação e induzir a flor da juventude do País a estar pronta para fazer o sacrifício supremo, torna-se um assunto sério.
Desmascarar as mentiras, portanto, pode ser útil, mesmo quando a luta termina, para mostrar a fraude, a hipocrisia e o disparate em que assenta toda a guerra, e os expedientes flagrantes e vulgares que há tanto tempo são utilizados para impedir que os pobres ignorantes compreendam o verdadeiro significado da guerra.
No decurso do seu bem documentado trabalho, Ponsonby expôs os princípios básicos da propaganda, esquematicamente resumidos pela académica belga Anne Morelli, Professora de Crítica Histórica na Universidade de Bruxelas:
- Não somos nós que queremos a guerra
- O outro lado é o único responsável pela guerra
- O inimigo tem a cara do diabo (não se pode odiar globalmente um povo inteiro, portanto é mais eficaz concentrar este ódio no líder adversário)
- Os verdadeiros objectivos da guerra devem ser disfarçados como causas nobres
- O inimigo provoca conscientemente atrocidades, nós cometemos erros não intencionais
- Sofremos poucas perdas, as perdas do inimigo são enormes
- A nossa causa é sagrada
- Artistas e intelectuais apoiam a nossa causa
- O inimigo utiliza armas não autorizadas
- Qualquer pessoa que questione a nossa propaganda é um traidor
Acrescentava Ponsonby:
Os factos devem ser distorcidos, as circunstâncias relevantes devem ser ocultadas e deve ser apresentada uma imagem que, pela sua cor grosseira, persuadirá o povo ignorante de que o seu Governo é irrepreensível, a sua causa é justa e que a inquestionável maldade do inimigo foi provada para além de qualquer dúvida. Um momento de reflexão dirá a qualquer pessoa razoável que um preconceito tão óbvio não pode possivelmente representar a verdade. Mas a reflexão do momento não é permitida; as mentiras circulam com grande rapidez. A massa irreflectida aceita-as e, pela sua excitação, balança o resto. A quantidade de lixo e de tretas que passam sob o nome de patriotismo em tempo de guerra em todos os países é suficiente para fazer corar as pessoas decentes quando estas ficam subsequentemente desiludidas.
Fique descansado o Leitor, pois nada disso afecta a nossa comunicação social que, com prevenção (censura), fact-cheking e algoritmos, conseguiu manter a virgindade dos factos e defende-la dos insidiosos ataques da propaganda. É o que dá ter líderes iluminados.
Ipse dixit.
Lindo! Perfeito!!!!
È tudo uma questão da vista do ponto em que cada um se encontra, da suas malas de preconceitos e atavismos carregados, do seu grau de desconhecimento/conhecimento. E para que não dizer, dos seus interesses e experiências pregressas.
Grande Max,
Fabuloso, são estas pérolas que nos permitem respirar no meio do fedor da propaganda.
Ora, procurando um lugar para uma boa nova aqui colocar e querendo para isso usar algo próximo, correlacionado, mas recentemente posto no “ar”, acabei este artigo por encontrar e parecendo-me adequado, a boa nova aqui vos vou deixar…
James Corbett irá postar no seu site e em várias plataformas de vídeo (recomendo a Odysee), nos dias 28 de Agosto, 4 de Setembro e 11 de Setembro, os três documentários de sua autoria sobre a Al Qaeda (e seus segredos).
Os dois primeiros já os tinha emitido, estando em falta o terceiro que, conforme prometido o divulgará agora e propositadamente no dia 11 de Setembro.
A data emblemática, que assinala um dos eventos de maiores consequências a nível mundial, ocorrido no advento no novo século, constituiu também um dos maiores êxitos na instituição a nível mundial da propaganda de (ás) massas.
Tal foi o sucesso de tal (tanta) propaganda (mentira), que mais de 20 anos volvidos e apesar das inúmeras carapuças descobertas, são bilhões os que ainda olham o mundo pela perspectiva hollywoodesca então criada.
Antes do 9/11 havia propaganda, a partir de então só houve (há) propaganda.
O Livestream será sempre pelas 08:00pm ET.
(julgo que será a hora de Nova Iorque)
Agradeço-te Alfbber, amigo estimado
Pelos conhecimentos que teimas em trazer
A este blog triste e abandonado
Onde em tempos tanto houve para dizer
Talvez seja o meu comentário censurado
Como era apanágio do blogueiro fazer
Mas pela tua partilha de conhecimento
Não posso deixar de te enaltecer
És o comentador aqui acreditado
O que mais granjeou o meu respeito
Não andas sempre com o disco riscado
Nem com a foice e o martelo ao peito
Lá vais alertando de mansinho
Onde devemos focar a nossa atenção
És uma estrela no caminho
Um farol na escuridão
Ao meu meu amigo Albber com elevada consideração e estima
Setúbal ; 27/08/22
Paulo Pimentel Lopes ( O poeta maldito)
Grato pela consideração, PPL…Tentarei manter o rumo 🙂
Muito interessante a exoloração da propaganda em todas as suas vertendes, notei particularmente o ” n.º 10 Qualquer pessoa que questione a nossa propaganda é um traidor ” e de como isto não se aplica só na guerra mas em todos os dominios .. .
E como estou de férias , o blog está meio abandonado … e acabei á pouco um almoço bem regado …. Hic !!!
Ca vai disto !!!
Tanto empenho o blogueiro empreendeu
Ao ponto dos meus comentários censurar
Tanta diligência de nada valeu
E o blog acabou por abandonar
Dizia ser um blogueiro tolerante
E o apregoava aos quatro ventos
Mas censurava comentários indiscriminadamente
Que em nada infringiam os regulamentos
Foi instado aos seus leitores divulgar
Os infames comentários de arrogância
Mas o respeito pelos leitores …
Era apenas conversa de circunstância
O blogueiro aos seus leitores incentivava
A de tudo e todos sempre duvidar
Mas recorreu a vil censura
Quando o leitor resolveu, ao blog questionar
Dualidade que muito me espantava :
Um Blogueiro que tolerava sem pestanejar
Comentários de quem na Ucrânia desejava
Armas nucleares ver detonar !
E tudo se resume a um ditado antigo
O que o blogueiro apregoava no seu espaço
Faz aquilo que eu digo …
Mas não faças aquilo que eu faço ! 🙂