Robert Kennedy Jr.: The Real Anthony Fauci

Então, vamos falar dum livro? E vamos. Mas não dum livro qualquer: falamos de The Real Anthony Fauci de Robert Kennedy (Robert Francis Kennedy Jr., a seguir RFK Jr.), publicação que no prazo de poucas semanas conseguiu tornar-se o bestseller nº 1 da Amazon, acumulando mais de 2200 críticas, 95% das quais são cinco estrelas.

O livro é alegremente ignorado pelos órgãos de comunicação, incluídos aqueles anglófonos, que decidiram estender um véu de silêncio apesar do trabalho de Kennedy ter merecido grandes elogios, principalmente de médicos ou cientistas, incluindo um Prémio Nobel e também de figuras públicas de todo o espectro ideológico: Oliver Stone, Tucker Carlson, Naomi Wolf, Mark Crispin Miller, Joe Rogan…

Apesar do claro boicote, The Real Anthony Fauci, que é um livro maciço, com mais de 2.000 referências bibliográficas, é descarregado e comprado a níveis recordes, provando que o conteúdo controverso ainda triunfa.

RFK Jr. é claramente um líder do movimento americano anti-vacinas, que hoje inclui 30% da população americana (por enquanto é esta a percentagem de pessoas que nem a primeira dose receberam): no entanto, metade do livro é dedicado à reconstrução de uma incrível história de corrupção, manipulação e até morte centrada não na Covid-19 mas na SIDA (também conhecida como AIDS ou HIV). Vamos descobrir um pouco mais.

A Covid-19

O primeiro e mais comprido capítulo do livro discute as várias respostas propostas à epidemia de Covid, argumentando que a utilização de tratamentos médicos extremamente baratos mas razoavelmente eficazes como a Hidroxicloroquina (HCQ) e a Ivermectina (IVM) foi evitada pelos interesses da indústria farmacêutica, com os seus medicamentos patenteados, muito caros e, no caso das vacinas, isentos de qualquer responsabilidade legal. Kennedy aponta para a extrema diferença de idade média entre os mortos de Covid e o resto da população, notando como as vacinas não consigam travar a infecção e como foram licenciadas em 9 meses em vez dos habituais 5 anos, sem testes suficientes, o que poderia levar a graves problemas de saúde no futuro. A folha de figueira legal que permitiu que o normal regime dos ensaios fosse posto de lado foi a alegação de que não existia qualquer outro tratamento médico, o que provavelmente explica os ataques generalizados ao uso de Ivermectina e Hidroxicloroquina. Além disso, a vacinação de crianças ou de jovens parece muito enganadora dada a suavidade da doença para essas faixas etárias.

Segundo RFK Jr., a vacinação obrigatória imposta com severas sanções legais ou no local de trabalho não faz sentido porque as vacinas são ineficazes na prevenção da infecção ou na sua transmissão, e a vantagem tornou-se a redução (não a eliminação) do risco de morte. Assim, os vacinados têm pouco a temer daqueles que recusam a agulha. Os cidadãos podem fazer uma escolha informada ao ponderarem os riscos de uma vacina pouco testada contra os da doença Covid.

Embora o autor seja um democrata liberal com profundas raízes ideológicas progressistas e o maior pedigree familiar na América de hoje, a única cobertura significativa dos meios de comunicação social veio de uma entrevista de uma hora com Tucker Carlson da FoxNews, que democrata com certeza não é que elogiou RFK Jr. como “uma das pessoas mais corajosas e honestas” que alguma vez conheceu. E no final da transmissão, foi dito aos telespectadores que, se tivessem que ler apenas um capítulo do livro, a mais importante seria a secção sobre a guerra biológica americana.

A guerra biológica e Robert Kadlec

Trata-se dum capítulo que começa com uma breve panorâmica das origens da Segunda Guerra Mundial e o subsequente crescimento desses controversos programas militares, observando como estes foram oficialmente abolidos pelo Presidente Richard Nixon em 1969 e subsequentemente proibidos por um tratado internacional; mas proibições com uma grande lacuna, que permitiram a continuação de projectos de biodefesa com uma “dupla utilização”, pelo que muito do que tinha sido o desenvolvimento da guerra biológica foi simplesmente rebaptizado de “investigação de vacinas” e transferido do Pentágono para os Institutos Nacionais de Saúde.

RFK Jr. concentra então a sua atenção no Dr. Robert Kadlec, uma figura central da história. A partir do final dos anos ’90, Kadlec tinha sido um dos principais defensores da guerra biológica na América, argumentando que a tecnologia oferecia a possibilidade de lançar poderosos ataques contra o abastecimento alimentar ou a população dos adversários globais, minimizando ao mesmo tempo o risco de retaliação directa. Como escreveu em 1998:

As armas biológicas sob a cobertura de uma doença endémica ou natural proporcionam a um agressor o potencial de negação plausível. O potencial da guerra biológica para criar perdas económicas significativas e subsequente instabilidade política, juntamente com uma negação plausível, excede as possibilidades de qualquer outra arma humana.

Nas últimas décadas, os programas de guerra biológica dos EUA absorveram bem mais de 100 mil milhões de Dólares de financiamento governamental mas, ironicamente, as únicas baixas conhecidas foram cidadãos americanos que morreram nos ataques false flag (“falsa bandeira”) do anthrax que se seguiram ao 11 de Setembro. Como RFK Jr. explica, aqueles carregamentos mortais de armas biológicas contra os principais senadores e jornalistas dos EUA levaram o Congresso a aprovar o controverso Patriot Act apesar do FBI ter determinado mais tarde que o anthrax tinha sido extraído dos arsenais de guerra biológica, excluindo assim a responsabilidade islâmica.

Os associados comerciais de Kadlec beneficiaram enormemente desses misteriosos ataques, levando o governo em pânico a salvar a empresa BioPort da beira da falência com uma enorme e lucrativa encomenda centrada na defesa biológica.

Nos anos que se seguiram, Kadlec passou a desempenhar importantes papéis em programas de guerra biológica federal dos EUA e em empresas privadas que assinaram os relativos contratos. Após a tomada de posse da Administração Trump, alguns dos seus elementos-chave começaram imediatamente a mobilizar-se para um confronto global contra a China, e Kadlec voltou para o governo como Secretário Adjunto da Saúde e dos Serviços Humanos em 2017. Depois, em 2018 e 2019, o abastecimento alimentar da China foi severamente afectado por misteriosos surtos virais que destruíram grande parte da sua indústria avícola e 40% de toda a sua exploração suinícola, de longe a maior do mundo.

Durante estes anos, Kadlec esteve também fortemente envolvido em vários exercícios de guerra biológica, concebidos para preparar a sociedade americana para o surto de novos vírus, perigosos e misteriosos. Em particular, participou no exercício de simulação em grande escala Crimson Contagion, desde Janeiro até Agosto de 2019, em que as autoridades federais e locais praticavam uma defesa coordenada das suas comunidades contra o risco de infecção por um hipotético surto de um perigoso vírus respiratório originário da China. Dois meses após o fim deste exercício (e um mês antes do começo do conhecido Event 201), um misterioso vírus com exactamente aquelas mesmas características apareceu subitamente na cidade chinesa de Wuhan.

O capítulo também regista as estreitas ligações entre o sistema de guerra biológica dos EUA e o laboratório de Wuhan, onde estava guardada a combinação genética mais próxima do vírus SARS-CoV-2 e que também recebeu financiamento dos EUA para realizar as experiências de “ganho de funções” que muitos especialistas acreditam agora ter produzido o vírus melhorado que criou a actual pandemia.

A SIDA

O autor tem muito cuidado em evitar incluir acusações ou cenários explícitos, mas fornece uma enorme quantidade de importante informação com quase 300 fontes de referência. Isto permite que os Leitores mais cuidadosos possam ligar facilmente os pontos. Mas aqui o Leitor tem uma surpresa: uma parte importante do texto é dedicada a um tema completamente diferente, um tema que é bastante surpreendente. O alvo do livro de RFK Jr. é Dr. Anthony Fauci, indivíduo que passou cinco décadas a desempenhar um papel de liderança nas actividades de saúde pública do governo dos EUA antes de se tornar o rosto oficial da resposta à “pandemia” de Covid. Fauci foi elevado a herói nacional pela corrente política dominante, que apoiou as políticas por ele defendidas, mas acabou por atrair uma enorme hostilidade por parte dos segmentos da população que se opunha aos lockdowns, máscaras e vacinações.

Dado que Fauci é o principal alvo de RFK Jr. e dado que SIDA tinha lançado a sua carreira, normal uma discussão sobre esse tema: sete capítulos completos, quase 200 páginas que constituem quase metade do livro inteiro.

Como todos sabemos pelos meios de comunicação social, a SIDA é uma doença auto-imune mortal que foi diagnosticada pela primeira vez no final dos anos ’70 e que na altura afectava principalmente os homossexuais e os toxicodependentes. Transmitida por fluidos corporais, a doença é geralmente transmitida através de actividade sexual, transfusões de sangue ou partilha de agulhas: o HIV, o vírus responsável, foi finalmente descoberto em 1984.

Ao longo dos anos foram desenvolvidos vários tratamentos médicos, a maioria dos quais ineficazes, mas mais recentemente tiveram tanto sucesso que, apesar de ter sido considerada uma sentença de morte no passado, hoje a infecção tornou-se uma condição crónica e controlável. No entanto, RFK Jr. questiona esta imagem conhecida e sólida, julgando-la como quase inteiramente falsa e fraudulenta, essencialmente um embuste. Em vez de ser responsável pela SIDA, o vírus HIV é provavelmente inofensivo e não tem nada a ver com a doença. Mas quando se descobriu que os indivíduos estavam infectados com o VIH, foram-lhes dados os primeiros medicamentos contra a SIDA, extremamente lucrativos, que na realidade eram letais e frequentemente os matavam.

Os primeiros casos de SIDA tinham sido causados principalmente pelo uso muito intenso de determinadas drogas ilegais e o vírus HIV tinha sido mal diagnosticado como culpado. RFK Jr. afirma que Fauci e as empresas farmacêuticas ávidas de lucro construíram imensos impérios sobre aqueles diagnóstico errado, durante mais de 35 anos lutaram arduamente para o manter e proteger, exercendo toda a influência para suprimir a verdade nos meios de comunicação e destruindo ao mesmo tempo as carreiras de todos os investigadores honestos que desafiavam essa fraude.

Entretanto, a SIDA em África era algo completamente diferente, provavelmente causada pela desnutrição ou por outras condições locais. O relato de RFK Jr. é absolutamente chocante e alegações extraordinárias exigem obviamente provas extraordinárias. Os capítulos do autor sobre a SIDA incluem mais de 900 referências, muitas delas a artigos de revistas académicas ou outra informação científica autorizada e reconhecida. O livro traz elogios entusiásticos a uma longa lista de médicos e cientistas, mas é claro que os médicos e os cientistas na América são muitos. No entanto, na contracapa está o Prof. Luc Montagnier, o investigador médico que ganhou um Prémio Nobel por descobrir o vírus HIV em 1984, e ele escreve:

Tragicamente para a humanidade, há muitas, muitas falsidades vindas de Fauci e dos seus lacaios. RFK Jr. expõe décadas de mentiras.

O que não deixa de ser muito interessante. Além disso, é dito que já na Conferência Internacional sobre SIDA em São Francisco, em Junho de 1990, Montagnier tinha declarado publicamente que “o vírus HIV é inofensivo e passivo, um vírus benigno”.

Certamente a opinião do investigador vencedor do Prémio Nobel por ter descoberto o vírus HIV não pode ser ignorada ao falar de SIDA.

RFK Jr. explica que no ano seguinte, um importante microbiologista de Harvard organizou um grupo com alguns dos mais distintos virologistas e imunologistas do mundo e emitiu uma declaração pública, endossada por três outros vencedores do Prémio Nobel da Ciência, levantando as mesmas questões:

O público em geral acredita que um retrovírus chamado VIH cause um grupo de doenças chamado SIDA. Muitos cientistas biomédicos questionam agora esta hipótese. Propomos uma reavaliação completa das provas existentes a favor e contra esta hipótese, a ser conduzida por um apropriado grupo independente. Propomos também que sejam concebidos e realizados estudos epidemiológicos críticos.

Como RFK Jr. relata, nessa altura os investigadores da SIDA e os principais meios de comunicação social estavam completamente à mercê do oceano de financiamento governamental e de publicidade farmacêutica controlada por Fauci e os seus aliados corporativos, pelo que estes apelos de eminentes cientistas foram quase totalmente ignorados. Segundo os dados, cerca de dois triliões de Dólares foram gastos na investigação e no tratamento do HIV/SIDA ao longo das décadas; e com tantas carreiras de investigação e subsistência pessoal dependentes do que equivale a um “complexo industrial do HIV/SIDA”, poucos têm estado dispostos a examinar criticamente os alicerces básicos desse império.

Em justiça, o mesmo RFK Jr. sublinha repetidamente que não pode “tomar uma posição sobre a relação entre o HIV e a SIDA”, mas está simplesmente aborrecido por Fauci ter utilizado com sucesso o financiamento do governo e a influência dos meios de comunicação social para suprimir um continuo e perfeitamente legítimo debate científico.

Segundo o autor, a narrativa sobre as origens da ligação HIV/SIDA é absolutamente espantosa e parece bem documentada. O Dr. Robert Gallo, um investigador do NIH (o conglomerado dos Institutos Nacionais da Saúde dos EUA) na órbita de Fauci, anunciou originalmente o HIV como a aparente causa da SIDA numa conferência de imprensa em 1984, que realizou antes dos resultados da sua investigação de apoio serem efectivamente publicados e revistos pelos seus colegas científicos. Só muito depois da teoria ter ficado firmemente enraizada nos media nacionais é que apenas 26 das 76 vítimas de SIDA no seu estudo seminal mostraram vestígios de HIV: pouco para uma conclusão tão importante. Além disso, os críticos acabaram por notar que milhares de vítimas de SIDA documentadas não apresentavam sinais de HIV, enquanto milhões de pessoas infectadas com HIV não apresentavam quaisquer sintomas de SIDA. A correlação não implica uma causa, mas neste caso até a correlação parecia muito frouxa.

De acordo com Kennedy, os investigadores ortodoxos da SIDA admitem com relutância que nenhum estudo científico demonstrou que o HIV causa a SIDA. As acusações generalizadas de grave má conduta científica e de roubo intelectual, que durante muito tempo se espalharam sobre a investigação laboratorial de Gallo, acabaram por ser confirmadas por procedimentos legais, e isto ajuda a explicar porque é que o nome dele não foi incluído no Prémio Nobel para a descoberta do HIV.

A SIDA era originalmente da responsabilidade do Instituto Nacional do Cancro mas, uma vez que foi atribuída a um vírus, o Centro de Doenças Infecciosas de Fauci conseguiu ficar com ela. Isto resultou numa enorme quantidade de financiamento do Congresso e na atenção dos meios de comunicação social para aquele que anteriormente era um canto escuro e adormecido do NIH: Fauci rapidamente conseguiu estabelecer-se como o “czar da SIDA” nos EUA. A ligação HIV-SIDA pode ou não ser cientificamente sólida, mas teve enormes implicações políticas e financeiras para a carreira da Fauci.

AZT

Em 1985 descobriu-se que o AZT (zidovudine) um medicamento já existente, matava o vírus HIV em testes laboratoriais. Fauci fez então enormes esforços para a acelerar a utilização, através de ensaios clínicos como tratamento adequado para indivíduos saudáveis e seropositivos, com a aprovação da FDA (Food and Drug Administration) finalmente a chegar em 1987: o primeiro momento de triunfo de Fauci. Com um preço de 10.000 Dólares por paciente por ano, o AZT foi um dos medicamentos mais caros da história e, com o custo coberto por seguros de saúde e subsídios governamentais, produziu um ganho financeiro sem precedentes para o seu fabricante.

RFK Jr. dedica um capítulo inteiro à história do AZT. Aparentemente, Fauci estava sob enorme pressão para produzir avanços médicos que justificassem os grandes financiamentos, então manipulou os estudos do AZT para esconder a natureza extremamente tóxica do medicamento, que rapidamente matou muitos dos pacientes que o receberam, sendo que os sintomas foram atribuídos à SIDA. Depois, após aprovação da FDA em 1987, centenas de milhares de indivíduos perfeitamente saudáveis encontrados infectados com o HIV foram colocados num regime de cura com o AZT e o grande número de mortes resultantes foram erradamente atribuídas ao vírus e não ao medicamento antiviral. De acordo com os peritos científicos citados no livro, a grande maioria das “mortes por SIDA” pós-1987 foram na realidade devidas ao AZT.

Um dos maiores heróis científicos no relato de RFK Jr. é o Professor Peter H. Duesberg da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA). Durante os anos ’70 e ’80, Duesberg foi considerado como um dos principais virologistas mundiais, eleito para a prestigiada Academia Nacional das Ciências aos 50 anos de idade, o que o tornou um dos membros mais jovens da história. Já em 1987 começou a levantar sérias dúvidas sobre a hipótese do HIV/SIDA e a salientar os perigos do AZT, acabando por publicar uma série de artigos sobre o assunto que, gradualmente, conquistaram outros pesquisadores, incluindo o já citado Montagnier.

Em 1996 publicou Inventing the AIDS Virus, um volumoso livro de 712 páginas que expõe o caso com uma introdução fornecida pelo Prémio Nobel Kary Mullis, o famoso inventor da tecnologia PCR (aquela em que se baseiam as zaragatoas da Covid), também ele proeminente crítico da hipótese HIV/SIDA. Duesberg até ofereceu-se para que sangue contaminado pelo HIV lhe fosse injectado, certo de que isso não teria trazido consequenciais. Mas em vez de debater abertamente com um adversário científico tão forte, Fauci e os seus aliados impediram que Duesberg recebessem financiamentos governamentais, destruindo assim a sua carreira de investigação, acusando-lo e pressionando outros para que fizessem o mesmo. De acordo com colegas investigadores citados por RFK Jr., Duesberg foi destruído como aviso e exemplo para outros.

Entretanto, Fauci exerceu a sua influência para que os seus críticos fossem banidos dos principais meios de comunicação nacionais, assegurando que poucos fora de um pequeno segmento da comunidade científica tomassem consciência da continua e não resolvida controvérsia acerca do HIV.

Uma janela

Estes elementos apenas arranham a superfície da extraordinária história escrita por RFK Jr.,uma janela que representa uma inversão quase completa da realidade científica que sempre foi aceite.

Mas, apesar da riqueza do material factual apresentado por Kennedy, podemos ter a certeza de que a sua teoria estiver certa? A resposta importa até um certo ponto: o livro de RFK Jr. apresenta factos, muitos factos; e mesmo que estes factos sejam utilizados pelo autor para apoiar a teoria dele, que bem pode estar errada, sempre factos são e abrem uma janela particularmente interessante sobre a realidade do mundo científico não apenas de hoje como das últimas décadas também.

Hoje, por exemplo, quantos duvidam da correlação entre HIV e SIDA? Quase ninguém. Mas as duvidas existem, sempre existiram no seio dos pesquisadores e a doença foi um campo de batalha onde chocaram interesses que podemos quantificar em biliões de Dólares. Temos a certeza de que a Ciência acabou por triunfar? Não, não temos.

Quantos se lembram do Vioxx, um analgésico produzido pela Merck, muito lucrativo, apoiado por uma maciça campanha mediática mesmo depois de terem ficado claros os seus efeitos secundários por vezes fatais? Quando a FDA finalmente solicitou a retirada dos estantes, estudos governamentais já indicavam que o Vioxx tinha causado dezenas de milhares de mortes prematuras. A Ciência triunfou? Sim, no final o medicamento foi retirado, mas é difícil falar de “triunfo” quando o custo somou um número tão elevado de mortos.

As conclusões de RFK Jr. podem parecer absurdas ou exageradas. No entanto, não foi desencadeada uma maciça campanha mediática contra a publicação dele: foi simplesmente ignorada e isso diz algo. Diz que as teorias apresentadas pelo autor podem não estar correctas, por exemplo acerca da questão da SIDA: mas dizem também que as provas factuais contidas no volume têm um determinado peso específico, contra o qual o establishment prefere ficar calado em vez que atacar para ridicularizar. Isso é sintomático.

 

Nota: The Real Anthony Fauci ainda não existe em versão portuguesa. Sem surpresa. O livro, cujo título completo é The Real Anthony Fauci: Bill Gates, Big Pharma, and the Global War on Democracy and Public Health (“O verdadeiro Anthony Fauci: Bill Gates, Big Pharma e a Guerra Global contra a Democracia e a Saúde Pública”) pode ser descarregado apenas em idioma original (inglês) de forma económica:

Na Wook portuguesa está também disponível a versão em papel, mas neste caso o preço é de quase 25 Euros.

 

Ipse dixit.

5 Replies to “Robert Kennedy Jr.: The Real Anthony Fauci”

  1. Excelente artigo, muito oportuno , permite começar a ver luz ao fundo do túnel . Apesar de olimpicamente ignorado pela mídia a verdade é que o que tem qualidade acaba por prevalecer e são testemunhos destes que enervam o ” establishment ” e explica talvez a ganância desesperada em aterrorizar toda a gente como se a sua existência disso dependesse …e se calhar depende mesmo…o medo parece ser uma boa maneira de esconder uma mentira .
    Obrigado Max !

  2. Muito bom ler o escrito acima, vou ler o livro, como alguém já disse “Contra fatos, não há argumentos”, me vem a mente uma pergunta, e quanto a dengue e os correlatos? a dengue era uma doença de um local especifico que repentinamente espalhou-se pelo mundo e desdobrou-se em sub tipos, semelhante a variante ômicron. De repente é só mais uma tentativa de conter a superpopulação, se for, vão tentar até ter exito, o problema são os meios, a verdade é bem melhor e menos dolorida.

  3. Olá Max e todos:
    Como se diz aqui no sul/sul: “Más que barbaridade tchê!!!”. Aposto na veracidade do escrito no livro
    E agora me vem à mente aquelas coisas que de repente assolam o território brasileiro, e campanhas e mais campanhas para remediá-las. E assim como surgem e produzem mortes e deformidades mentais, desaparecem das campanhas e da mídia; m. encefalia em crianças recém nascidas, dengue, e outras pestes derivadas de mosquitos.
    Não ficaria surpresa se, mais cedo ou mais tarde, não se constatasse ser resultado de ataques com armas biológicas.
    Finalidade, a de sempre: diminuir a pobreza do mundo, matando pobres, e talvez um pouco mais de gente não tão pobres.

    Oi Max: mais um dos teus artigos indispensáveis!!

    1. Sim, a história do Zika virus está mal contada. Aqui um bom exemplo:

      170 mulheres colombianas com sintomas sugestivos de doença durante a gestação foram testadas para o Zika virus. Em 115 identificou-se o virus e em 55 não se identificou. Quando nasceram as crianças, 22% das crianças cujas mães tinham testado positivo tinham anomalias cerebrais, o que também acontecia com 17% das crianças cujas mães tinham testado negativo. Esta diferença não é estatisticamente significativa ((p = 0.255). O artigo está aqui

      https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34904224/

      Daqui eu proponho que:
      1. é provável que os sintomas que tiveram durante a gravidez e as anomalias no feto tenham a mesma etiologia
      2. não e provável que tenha sido o zika virus que causou aqueles sintomas
      3. sendo a Colômbia essencialmente um brinquedo dos EUA, estes devem estar implicados nesta nova epidemia de anomalias cerebrais.

  4. Grande Max,

    Excelente artigo, que bom que há ainda escritores e opositores a este regime de medo e mentira.

    Muito interessante esta história da SIDA. Aqui em Portugal em lembro-me que era um lugar comum as dúvidas sobre a SIDA há cerca de trinta anos, mas estas foram sendo apagadas da opinião pública de modo que agora este livro parece uma absoluta novidade.

    Obrigado Max por esta partilha tão valiosa.

Obrigado por participar na discussão!

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