Diferenças entre pandemia, epidemia, surto, endemia

Eis um artigo que deveria ter sido publicado há um ano. “Melhor tarde do que nunca” como dizia o grande filosofo chinês Chuang Tzu. E se não foi ele, então foi outro, tanto faz.

Caso ainda haja dúvidas, eis a diferença entre vários termos utilizados ao longo destes meses: cluster, surto (ou foco) de infecção, epidemia, pandemia, endemia. No texto também gráficos que, duma forma simples e não cientificamente perfeita, ilustram os conceitos.


Pandemia, epidemia, surto…

  • Cluster

Quando falamos de cluster falamos da presença de dois ou mais casos relacionados no espaço e no tempo, e determinados pela mesma estirpe (neste caso: o vírus da Covid-19, o SARS-CoV-2). Os vários clusters são aqueles casos “isolados” que podem existir fora das áreas de surto.

  • Surto

Tipicamente, o surto é o local de um processo patológico. Quando se fala de processos epidémicos, o termo “surto” tende a descrever uma determinada área em que há um aumento súbito de infecções. Se o surto não consegue ser isolado, então temos uma epidemia.

  • Epidemia

Uma epidemia é uma manifestação colectiva de uma doença que se propaga rapidamente para afectar um grande número de pessoas num território mais ou menos amplo, dependendo de vários factores. Desenvolve-se com um curso variável e desaparece após uma duração que também é variável.

  • Pandemia

Esta palavra vem do grego pándēmos, “que interessa todas as pessoas”. Basicamente refere-se a uma propagação descontrolada de uma doença: uma epidemia de carácter global. Pode-se dizer que a pandemia ocorre apenas na presença destas três condições: um organismo altamente virulento, falta de imunização específica em humanos e a possibilidade de transmissão de humano para humano.

  • Endemia

O termo “endemia” refere-se a uma doença (chamada “endémica”) quando está constantemente presente ou é muito frequente numa população ou num território. Nesta caso, o microrganismo da doença está permanentemente presente num território e circula numa população. A doença ocorre uniformemente ao longo do tempo com poucos casos. Muitas doenças endémicas apresentam ciclos sazonais, outras estão ligadas a factores ambientais; outras, como o sarampo e a varicela, têm picos epidémicos (a cada 7-8 anos nos Países europeus) quando o número de pessoas doentes receptivas aumenta devido à chegada de recém-nascidos.

Já agora, eis outro termos utilizados na comunicação social nesta altura “pandémica”.


O dicionário da Covid-19

 

Covid-19: É o conjunto de sintomas provocados pelo vírus SARS-CoV-2.

Contagio: É a transmissão de uma doença infecciosa de uma pessoa doente para uma saudável, quer directamente ou através de materiais ou meios poluídos (ar, água, alimentos, excreções), ou através de insectos ou animais que transmitem microrganismos infecciosos.

Coronavírus: Subfamília de vírus da família Coronaviridae, da subordem Cornidovirineae, da ordem Nidovirales. Pensa-se que os Coronavírus causam uma percentagem significativa de todas as constipações comuns em adultos e crianças, com maior incidência durante o Inverno e início da Primavera. Em alguns casos, os Coronavírus podem causar pneumonia, pneumonia viral directa, ou pneumonia bacteriana secundária; podem também levar ao desenvolvimento de bronquite, bronquite viral directa, ou bronquite bacteriana secundária.

As estirpes que causam as principais doenças que afectam os seres humanos pertencem ao género Betacoronavirus.

O coronavírus humano descoberto em 2003, o SARS-CoV, causa síndrome respiratória aguda grave e tem uma patogénese única porque causa infecções do tracto respiratório superior e inferior. O vírus que provoca a Covid-19 é um Coronavírus, o SARS-CoV-2.

Curva de contacto: Indica a contagem diária de novos casos; pode subir, estabilizar-se num curso horizontal ou descrer até desaparecer, por exemplo, no fim duma epidemia.

Distanciamento social: Pode ser entendido como o conjunto de acções não farmacológicas para controlar as infecções, com o objectivo de abrandar ou parar a propagação de uma doença contagiosa. Ao respeitar o distanciamento social, que é físico, a probabilidade de contacto entre pessoas portadoras de uma infecção e indivíduos não infectados é reduzida: a transmissão da doença é diminuída.

Imunidade do rebanho: Este é um mecanismo estabelecido dentro de uma comunidade: se a grande maioria dos indivíduos for tiver anticorpos eficazes, isso limita a circulação de um agente infeccioso, protegendo assim mesmo aqueles que não tiverem anticorpos.

Letalidade: Em medicina, o termo letalidade refere-se ao número de mortes em relação ao número de doentes de uma determinada doença dentro de um determinado período de tempo. A letalidade é uma medida da gravidade de uma doença e é especialmente utilizada para doenças infecciosas agudas. De forma simplificada: a letalidade define a percentagem de mortes entre os afectados por uma determinada doença.

Lockdown: termo inglês que pode ser traduzido com a expressão “Recolhimento obrigatório”. É utilizado para referir as medidas de contenção (encerramento de actividades consideradas não-primárias, bloqueio de movimentos) implementadas para limitar ao máximo o contacto entre as pessoas e assim conter o contágio.

Máscara: Dispositivo de protecção individual que tem a função de filtrar o ar e travar pó e eventuais agentes patogénicos. Podem ser distinguidas em:

1. Máscara cirúrgica: protecção utilizadas principalmente pelos cirurgiões para evitar a propagação de partículas ou bactérias entre as pessoas que nos rodeiam. Filtram o ar que sai dos nossos órgãos de respiração e praticamente não têm capacidade de filtrar o ar que inspiramos.

2. Máscaras protectoras das vias respiratórias KN95 – FF2 ou KN99 – FF3: ao contrário das primeiras, podem filtrar o ar do exterior. Neste sentido, o tracto respiratório será protegido de partículas, baterias e vírus. Maior o número, maior será a capacidade de filtragem. Por exemplo: uma KN99 – FF3 filtra mais do que uma KN95 – FF2).

Mortalidade: A mortalidade, frequentemente confundida erroneamente com a letalidade, é conceptualmente diferente e conduz a resultados muito diferentes, pois relaciona o número de mortes de uma dada doença (ou mesmo todas as causas) com o total da população média presente durante o mesmo período de observação. De forma simplificada: a mortalidade é a percentagem de mortes provocadas por uma doença entre a inteira população dum determinado território.

Paciente Zero: Doente sem um tostão. Não, desculpem… a expressão é utilizado para definir o primeiro paciente identificado num inquérito epidemiológico. Em palavras mais simples: é o doente que primeiro ficou infectado e que transmitiu o vírus.

Pessoa assintomática: É uma pessoa que, apesar de ser afectada por uma doença, não apresenta quaisquer sintomas aparentes. Há um período chamado “incubação” em que uma doença infecciosa já está presente sem mostrar quaisquer sintomas: a incubação é portanto “assintomática” e termina quando o paciente sente os primeiros sintomas, altura em que a doença se torna “sintomática””. Uma doença pode permanecer assintomática durante períodos curtos ou longos; algumas doenças podem permanecer assintomáticas para sempre.

Quarentena: A quarentena é uma forma de isolamento de pessoas, animais e coisas infectadas ou suspeitas de doenças contagiosas, que originalmente durava quarenta dias. Actualmente, a duração é determinada por vários factores.

Recolher obrigatório – Ver Lockdown.

Testes: Existem vários testes para determinar a positividade dum sujeito e actualmente os mais comuns são:

1. Zaragatoa ou Esfregaço (PCR) – é o teste laringofaríngeo, o mais utilizados, que permite a determinação da positividade duma pessoa.

2.. Investigação serológica – O teste serológico é uma ferramenta para verificar se o organismo entrou em contacto com o vírus e, portanto, se desenvolveu anticorpos contra o mesmo. Em resumo, os testes serológicos medem uma resposta do sistema imunitário à infecção. Existem duas variedades de testes serológicos: o teste qualitativo rápido é realizado por meio de uma amostra capilar de uma gota de sangue; o teste quantitativo, por outro lado, é realizado através de uma amostragem venosa e, além de detectar a presença de anticorpos no corpo, também identifica a sua quantidade.

A zaragatoa é utilizada para diagnosticar uma infecção em curso, pois procura saber se o vírus está presente nas vias respiratórias no momento do teste.

O teste serológico procura os anticorpos que o organismo produziu contra o vírus, avaliando a resposta imunológica que possa ter sido produzida.

3. Análise Metagenómica – É  um teste de análise metagenómica que pode identificar mais de 900 patogénios respiratórios, incluindo o SARS-CoV-2. A análise dos dados demora menos de uma hora, o tempo de espera entre a recepção da amostra e o resultado do teste é de 36 horas, mas é mais caro do que os testes PCR.

Vacina: Uma vacina é uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida activa para uma determinada doença. Uma vacina contém tipicamente um agente que se assemelha a um microrganismo causador de doenças e é muitas vezes feita a partir de formas enfraquecidas ou mortas do micróbio, das suas toxinas, ou de uma das suas proteínas de superfície. O agente estimula o sistema imunitário do corpo a reconhecê-lo como uma ameaça, a destruí-lo, e a registá-lo para que possa mais facilmente reconhecer e destruir qualquer microorganismo semelhante que encontre mais tarde. As vacinas podem ser profiláticas (por exemplo, para prevenir ou melhorar os efeitos de futuras infecções por qualquer agente patogénico natural ou “tipo selvagem”), ou terapêuticas (por exemplo, estão a ser estudadas vacinas contra o cancro).

Vírus: Em biologia, é o termo utilizado para designar um grupo de organismos, não celulares, de submicroscópicos, incapazes de metabolismo autónomo e, portanto, caracterizados pela vida parasitária endocelular obrigatória, consistindo num ácido nucleico (genoma) coberto por um envelope proteico (capside). Quando um vírus consegue penetrar dentro de uma célula com a qual entrou em contacto, o seu genoma integra-se no material genético da célula hospedeira, alterando assim a sua herança genética e forçando-a a sintetizar ácidos nucleicos e proteínas virais e, portanto, à replicação do vírus.


É tudo.

 

Ipse dixit.

One Reply to “Diferenças entre pandemia, epidemia, surto, endemia”

  1. Faltou o termo FRAUDEMIA, onde as pessoas previamente assustadas por diversos motivos são induzidas a acreditar em um ou mais vírus que não existem e confundir doenças já existentes com o objeto alardeado pela fraude, sempre com algum objetivo que não é de interesse comum.

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