Homens e cabos*

– Pessoal, há um perigo, temos que fazer algo.

– Sim, justo!

– Vamos fazer algo?

– Sim, vamos!

– Que tal uma petição?

– Sim, uma petição, grande Max!

– Uma petição para sensibilizar as pessoas?

– Sim, uma petição já, Max és o melhor!

– Vamos a isso!

– E vamos!

– Ok, a petição está online, toca a assinar.

– Assinar?

– Sim, é uma petição.

– Não se assina sozinha?

– Não, é preciso dar a cara.

– Ah.

– Força pessoal, é só assinar.

– Pois…

– O que foi?

– Nada, é que…

– Sim?

– Mas… uma assinatura, isso é tão pessoal…

– Sim, é assim que funcionam as petições.

– Ehhh mas eu não sabia…

– Bom, agora sabem.

– Sim, mas para ti é fácil…

– Como para mim é fácil? Eu sou como vocês!

– Não, tu tens um blog…

– Então?

– Ehhh, mas pensando bem, nem concordávamos com a petição…

– Então porque não falaram antes?

– …

– Pessoal?

– …

– Pessoal, foram para onde?

Querido pessoal, tenho 10 anos de blog, pelo que não estou surpreendido. Aliás, tenho que admitir: nem esperava chegar às 200 assinaturas, isso já ultrapassou as expectativas. Mas sabia que o exército dos revolucionários do teclado está sempre pronto a não mexer um dedo. É suficiente que as coisas tomem uma direcção ligeiramente mais séria para que surja o “armamo-nos e partam” de Mussoliniana memória. Pelo que: nenhuma desilusão, apenas uma confirmação.

Feitas as contas, entre visitas directas ao site, inscrições via mail, Facebook e Twitter, Informação Incorrecta ultrapassa tranquilamente as 4.000 visitas diárias, com pontas de 6 ou 7.000 Leitores num só dia. Ficamos com a média mais realística: 4.000 Leitores dum lado e 200 assinaturas na petição. Isso significa que apenas uma pessoa em cada 20 fez o esforço para assinar. Será?

Não, não é: a petição recolheu assinaturas também fora do universo de Informação Incorrecta. Pelo que não é uma em cada 20 pessoas mas menos do que isso.

Eu vou continuar a tratar do site porque gosto disso: vou continuar a escrever para aquelas poucas pessoas que sei merecerem o esforço. E paciência se a leitura será possível também para os “revolucionários do teclado” que na hora de fazer algo (o mínimo sindical) desaparecem: não gosto da ideia de limitar o acesso ao site, isso seria contrário às minhas ideias. De certeza não vou parar por causa deles, não mereceriam tamanha importância.

Só peço para evitar perguntas como “mas porque nada muda?” ou “que podemos fazer?”. Não sei, façam as vossas avaliações e cheguem às vossas conclusões. Eu já tenho as minhas e não desde hoje. Não são nada simpáticas, mas é o que temos e é o que a maioria de vocês continua a confirmar.

E agora. um pouco de sol, mereço 🙂

Nota: obviamente, um grande abraço e um particular agradecimentos a todos os que assinaram.

* “Somos homens ou cabos” é uma das mais conhecidas frases de Totó (pseudónimo de Antonio Griffo Focas Flavio Angelo Ducas Comneno Porfirogenito Gagliardi de Curtis di Bisanzio) e título dum filme de 1955 do mesmo actor.

 

Ipse dixit.

15 Replies to “Homens e cabos*”

  1. Olá! Max

    Obrigada pela petição, fui a segunda pessoa a assinar quando enviou o link.

    Já agora obrigada também pelas cartas e todo o seu trabalho a defender os nossos direitos que cada vez são menos.

    P.S- tenho de ter cuidado com o meu Português, senão pensam que sou estrangeira. Hahahah

  2. A petição pela «Anulação do Artigo 13.º-B presente no Decreto-Lei n.º 20/2020» que impõem, fiscaliza, e sanciona de forma infundada, o uso de máscaras generalizado pela população, conta somente com 18 assinaturas, o que não deixa de ser estranho pois a petição segue o parâmetro da legalidade instituída, em que para uma petição ser válida e transparente deve conter a assinatura e o número do Bilhete de Identidade/Cartão Cidadão.

    Não deixo de parte a hipótese de o baixo número de assinaturas se dever a fraca divulgação da iniciativa (provavelmente por culpa minha) ou então por compadrio dos cidadãos Portugueses com a actual situação.

    Mas sejamos honestos, o facto de ser necessário o número do Bilhete de Identidade/Cartão Cidadão faz com que muitas pessoas não assinem, e isto diz muito do carácter da maioria dos Portugueses.

  3. Max,
    Coloquei a petição na minha pagina pessoal do Facebook, e sei que um amigo assinou, relativamente a outros não tenho conhecimento. Se assinaram não disseram.
    Tentei colocar no grupo Facebook #sairdecasa mas os administradores não aprovaram, em alternativa tenho colocado nos comentários de algumas postagens em que a petição possa fazer sentido. Tenho o feedback de alguns membros que assinaram.
    O que me parece, é que para a petição ter muitas assinaturas é necessário fazer-se um constante trabalho de promoção/divulgação da mesma.

  4. Olá Max.

    Primeiramente fiquei em dúvida porque não sou cidadão português. Mesmo assim tomei a decisão de assinar. Mas há muitos leitores brasileiros que podem ter tido a mesma duvida que eu. Mesmo assim, esperar engajamento político de brasileiro, é complicado. Somos um povinho bunda.

  5. Há aqui qualquer coisa que não bate certo, já partilhei pelo menos duas vezes no Facebook e não aparece nas listas! Não conheço esta organização e quando assinei não me pediu nada, nem B.I. Tal como eu, muitas pessoas mais já tem ‘cadastro’ como B.I. e outros elementos na https://peticaopublica.com/ que funciona mandando email’s para os seus inscritos e creio que faz uma melhor divulgação. Por Favor Max experimente esta opção que volto a repetir https://peticaopublica.com/
    Somos poucos mas isso faz toda a diferença. Não desista por favor, a malta está toda formatada e ‘inverter’ esta situação é muito difícil senão mesmo impossível, quando tudo terminar, mesmo que a petição não resulte, se com tudo recuperarmos alguns ‘formatados’, valeu o trabalho.
    Um Abraço de um português no México e Obrigado por todo o seu trabalho, para mim MUITO, MUITO IMPORTANTE.
    Fernando Pereira

  6. Fala Max!

    Tive a mesma dúvida do Sérgio, mas dá mesma forma, também assinei.

    Independente das métricas de acesso e da conta que fizeste no artigo, concordo contigo na tua conclusão, o povo complica muito. Eh muito falatório para pouca ação. Mas gostaria de saber – se tudo bem por ti – se poderia compartilhar o porcentual de brasileiros e portugueses neste universo de 4000 acessos/dia. Pois talvez muitos brasileiros puderam pensar que a petição não valeria para o contexto deles, por isso não assinaram. Mas eh uma teoria, mesmo sendo algo específico de Portugal, assinei pois tenho certeza que faria bem para ti e para os residentes da pátria lusa.

    Grande abraço!

  7. Max, difícil acreditar que vc teve a necessidade de tomar esta iniciativa para confirmar o que já sabia…ou vc não sabia, ou vc acreditava em algo que nem vc mesmo sabia precisar…

  8. Já enviei duas mensagens e não sei porquê não foram publicadas. Começo a pensar de que as mensagens não lhe chegaram. Será possível?

  9. Há aqui qualquer coisa que não bate certo, já partilhei pelo menos duas vezes no Facebook e não aparece nas listas! Não conheço esta organização e quando assinei não me pediu nada, nem B.I. Tal como eu, muitas pessoas mais já tem ‘cadastro’ como B.I. e outros elementos na https://peticaopublica.com/ que funciona mandando email’s para os seus inscritos e creio que faz uma melhor divulgação. Por Favor Max experimente esta opção que volto a repetir https://peticaopublica.com/
    Somos poucos mas isso faz toda a diferença. Não desista por favor, a malta está toda formatada e ‘inverter’ esta situação é muito difícil senão mesmo impossível, quando tudo terminar, mesmo que a petição não resulte, se com tudo recuperarmos alguns ‘formatados’, valeu o trabalho.
    Um Abraço de um português no México e Obrigado por todo o seu trabalho, para mim, MUITO, MUITO IMPORTANTE.
    Fernando Pereira

    P.S. – É a segunda vez que envio esta mensagem, creio que fiz tudo certinho mas não lhe chegou.

  10. Grande Max!

    Eu assinei, e já havia mais de 80 nesse momento. Eu até fiquei espantado em serem tantos, tal é a minha confiança na iniciativa das pessoas. Talvez Kant tenha dito que “O homem é o único animal que precisa de um líder para viver” ou “que precisa de trabalhar” o que é quase a mesma coisa neste contexto.

    No entanto não é verdade, também muitos animais, e certamente os macaquinhos de que somos tão próximos, estão subjugados a uma hierarquia tal e qual como nós. Assim parece que só usando medidas hierárquicas é que conseguimos mudar alguma coisa no colectivo. Mas se só a indústria de relações públicas consegue convencer as pessoas, então, como esta indústria nos “sistemas democráticos” é precisamente o centro do poder, fica difícil mudar colectivamente este sistema.

  11. Eu também assinei (embora desconheça se ficou registada a minha assinatura…) e, bom, não vou ser “politicamente correcto” ao afirmar, com plena convicção que o Povo português é intrínsecamente e tradicionalmente cobarde, tem medo (não sei bem do quê!!!). Esta falta de coragem e de afirmação da sua dignidade, não é de agora… tem raízes históricas seculares! Todavia, há sempre oportunidade de reconsiderar e mudar a mentalidade (tarefa virtualmente difícil, no caso dos portugueses, mas sempre possível). É só querer!!!…

  12. Olá Max e todos: creio não precisar informar ter sido uma das primeiras a assinar as duas petições, sendo brasileira, pouco me importou.
    Em comentário anterior falei que seriam convenientes 100.000 assinaturas para que qualquer um reconhecesse que afinal querem nos fazer de idiotas mas não somos. Max, tu achas que 200 já superam o que esperavas… desgraçadamente as expectativas vão diminuindo e se fundamenta a certeza de que somos mesmo idiotas.
    Pensem no significado diminuto de uma simples assinatura virtual que não impõe nada , nem ofende ninguém. Simplesmente pede, quando deveria exigir. E assim mesmo não assinam.
    Este é o mal do mundo: o discurso tomou o lugar da ação. Nossos comentaristas são ágeis defensores do bem comum, atualmente podemos dizer que uns 80% concordantes com a linha editorial do blog e simpatizantes com o blogueiro. Dos muitos leitores, seguramente uma maioria, mais que leitores são seguidores das linhas básicas que aqui são definidas. Só aí deveríamos ter então 2000 assinaturas, só para começar. O que justifica este descomprometimento? Aquilo que a internet facilitou: todos revolucionários do teclado, e assim sendo aliviam a sua consciência hipócrita, simplesmente para quem os lê tentam evidenciar o máximo de conhecimento possível, mantém até polêmicas, pouquíssimos guardam o que seria um bem vindo comedimento, ideias firmes mas desprovidas da arrogância de quem sabe pelo ato de discursar, só discursar.
    Pior, há um enorme bando que nem discursa, só lê. Do jeito que as coisas vão terão medo até de ler. Cuidado heim, pode ser comprometedor, observem que o ato de ler o blog pode enumerar dados comprometedores para vocês neste mundo de controles virtuais. Vocês deveriam estar preocupados mesmo, mas com vossos filhos e netos, que ao olhar as fotos de família um dia pensarão; Nossos pais eram estudados, cultos e o que fizeram que nada fizeram à construção do mundo que estamos vivendo?

    Vocês sabem que gosto de tirar exemplos da vida real:
    Um dia cá no Brazil, gente boa de boca, universitários que diziam aprender e ensinar resolveram “agir”. E fundaram um partido, que diziam seria “de esquerda”, e eles os intelectuais orgânicos das massas. Chamaram-no Partido dos Trabalhadores ( que de trabalhadores pouco tinha ), o conhecido PT, o orgulhosamente maior partido político da América Latina, com 10.000 militantes brasileiros fichados, a maior parte deles a imagem e semelhança de suas lideranças: a arte do discurso decente.
    Nas universidades falavam de Max e Lenin, cuspiam as falas de seu grande mestre, intelectual orgânico maior, todos figuras estrangeiras a nós, já faz muito mortas, mas revividas pelo discurso. E as massas estudantis do primeiro grau até o doutorado repetiam as mesmas falas, sem ter a menor ideia da vida destes sujeitos, do lugar/ tempo e circunstancias que os fizeram dizer o que disseram, a quem respondiam quando escreviam…enfim absolutamente nenhum conhecimento histórico do mundo e muito menos do país onde viviam. E o resultado, três décadas depois mostra-se a olhos vistos: “tudo que é sólido desmancha-se no ar”, e tudo evaporou, só ficando a confusão e o desconhecimento que, com o smartphone nas mãos nem sequer são capazes de encontrar um blog, um noticiário, um dossier, um filme que lhes conte outra história.

    1. É como dizem por aqui , Maria: o sujeito entra na universidade , vira comunista. No meio do curso passa a ser socialista e quando se forma, é um completo capitalista.

    2. Oi Maria! Há cada vez menos confiança entre a raça humana. E isso compromete qualquer chance de receptividade de iniciativas que excedam o padrão definido e assumido pelo indivíduo comum, independentemente de sua classe social.
      A confiança entre os homens se limita a propaganda midiática, que se esmera em abonar um sistema falido e uma sociedade altamente corrompida, onde especular o outro e tirar proveito disso passou a ser uma virtude. Mas vc tenta avançar este tipo de visão e é tido como pessimista, derrotista…inclusive por colegas aqui mesmo do blog…
      Sem primeiro admitirmos esta realidade não se tem como tentar sair do buraco civilizatório…
      Tenho investigado as origens da Espanha e Portugal, e é incrível o quanto a historiografia dificulta a identificação do verdadeiro poder que envolveu os reinos cristãos desde a Reconquista frente aos mouros, desde o séc. 10/11, e pelo contrário, exalta falsos heróis, homenageados em monumentos em suas cidades.
      Um exemplo de como se faz para que o próprio povo não tenha o mínimo entendimento sobre seu verdadeiro passado.
      O falecido fundador das Organizações Globo, Roberto Marinho, nos anos 80, numa conversa na hora do uísque com seus mais próximos, comentou: “O que o Cid Moreira (então apresentador do principal Jornal televisivo do país) não fala, não existe!”. E é isso mesmo. A grande maioria das pessoas se limita a conversar o que o editorial televisivo divulga.

Obrigado por participar na discussão!

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