As intrigas no Palácio do Rei

No palácio do Rei do Mundo algo mexeu-se.

No passado dia 6 de Janeiro estabeleceu-se o 114º Congresso dos Estados Unidos, o primeiro com o completo controle dos Republicanos desde 2005. Dois anos difíceis os próximos para a Administração de Rei Obama, mas o Presidente já disse que não vai mudar de rumo.

E porque deveria? Como foi possível observar ao longo da sua presidência, demasiadas vezes as diferenças entre Democratas e Republicanos são mais de estilo que não de conteúdo. Com certeza haverá o problema do Obamacare e das outras tímidas (muito tímidas) aberturas que o actual inquilino da Casa Branca fez, mas nada que uma lobby não possa resolver.

Porque este parece ser o ponto central por enquanto: depois de oito anos, as lobby e os grupos de poder tradicionais que dominavam Washington em torno dos saudosos (por assim dizer) Bush estão de volta para tomar o controle do Congresso.

Mais uma vez, uma questão de estilo: as lobby estiveram presentes neste tempo todo também, só que  davam menos nas vistas. Com os Republicanos desaparece até aquele mínimo senso do pudor e tudo é feito à luz do sol. Com um pouco de boa vontade isso pode ser encarado como uma melhor forma de transparência.

E a propósito da estirpe Bush: eis que aparece outro membro, tal Jeb Bush que já lançou no Facebook um comité político para arrecadar fundos na óptica da próxima campanha eleitoral. O esquisito é ainda não ter sido avançada nenhuma recolha de fundos que vise esterilizar os sujeitos masculinos da família.

Voltando ao Congresso: o que os Republicanos tentarão fazer será eliminar as hesitações que marcaram a actual Administração. Uma questão de estilo, como já lembrado, mas também de sobrevivência: o mundo está a mudar rapidamente e esta talvez possa ser a última possibilidade de parar o relógio da História, na tentativa de manter os velhos e decadentes sistemas de poder.

No Golfo Pérsico, na Palestina, no Oriente Médio e na América Latina, a América precisa dum trick of the tail, um golpe de cauda para reafirmar o seu imperialismo, tentando destruir tudo o que não é capaz de domesticar. Mas continuará a existir o problema dos vetos presidenciais e isso ao longo de 24 meses. Não é pouco.

A prova geral será para breve: nos próximos dias haverá a votação sobre o oleoduto Keystone XI, concebido para trazer petróleo bruto das areias betuminosas do Alasca até as refinarias no Golfo do México. Boa parte da Administração de Obama é duvidosa acerca do assunto para causa dos significativos riscos ambientais, enquanto para os Republicanos a ambiente é mais um lugar onde é possível poluir.

Um veto presidencial iria bloquear a construção e para ultrapassar este travão seria preciso que dois terços do Congresso votassem a favor do projecto (pois dois terços do Congresso podem anular o veto do Presidente); os Republicanos não têm dois terços, mas também é verdade que tradicionalmente o veto resulta numa considerável queda de popularidade para o Presidente e os deputados que o apoiam.

Obama nesta altura pode importar-se até um certo ponto da popularidade, mas muitos entre os seus deputados não tencionam “sacrificar-se” em nome das políticas ambientalistas (não poucos já estão a agrupar-se na nova corte da futura Presidente Hillary Clinton).

Se o mecanismo do veto tivesse que falhar, Obama teria pela frente dois anos verdadeiramente complicados, enquanto em Wall Street, Riad e Tel Aviv seria festa grande.

Ipse dixit.

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