iTrace: seguindo as armas

Eis uma ideia potencialmente interessante.

A empresa Conflict Armament Research (CAR) lançou no passado Setembro um instrumento cujo nome é iTrace que pretende fazer luz sobre o tráfico das armas convencionais.

Na prática, iTrace toma nota das características das armas aprendidas (sejam elas pistolas ou lança-foguetes), guarda a documentação, cruza-a, e apresenta tudo sob forma dum mapa que pode ser facilmente consultado.

Por exemplo: a equipe do CAR analisou as armas apreendidas ao Estado Islâmico, descobrindo assim foguetes anti-tanques M79 de fabrico jugoslavo, idênticos aos doados pela Arábia Saudita às forças “rebeldes” da Síria. Portanto, simples pensar que os “rebeldes” de Damasco se tenham juntado ao ISIS levando consigo as “prendas” da Arábia.

Mas não apenas de ISIS fala iTrace. A ideia é criar um enorme database que consiga incluir o maior número de armas, em todas as zonas “quentes” do planeta.

Como funciona iTrace? A boa notícia é que pode ser utilizado por qualquer pessoa, empresa ou ente, sem limitações.

É preciso aceder ao portal iTrace, registar-se (é pedido um endereço e-mail, uma password e um nome: os outros dados podem não ser fornecidos) e começar logo a procurar (com Search ou, ainda melhor, com Advanced Search). Por cada arma é disponibilizada uma ficha (com imagem e vários dados) e o seu percurso, desde a produção até o local em que foi encontrada.

Até aqui os prós. E os contras? Há e não são poucos.
Comecemos com os contras mais leves.

O portal é só em língua inglesa, o que representa uma forte limitação tendo em conta o conceito
“global” do software.

Depois as armas analisadas não são muitas: por enquanto são analisados os dados de alguns conflictos na África e no Oriente Médio. Mas neste aspecto é preciso salientar como boa parte do trabalho da equipa do CAR seja desenvolvido no terreno e não atrás duma secretária: melhor poucos dados mas certos.

Agora os contras mais pesados.

Obter notícias acerca do CAR não é simples. Isso em parte é justificado pela delicadeza do trabalho no terreno, que tenta evitar muita publicidade. Sabemos que a organização é relativamente recente (de 2011), foi fundada por James Bevan, um experto de armas reconhecido internacionalmente, é sediada em Londres e que conta com poucas dezenas de colaboradores.

Mas o que mais preocupa é o dinheiro, como sempre: iTrace é inteiramente financiado pela União Europeia, que “imparcial” não pode ser definida de certeza. Isso gera não poucas dúvidas.

Não resta que esperar, pois esta (em teoria) é uma ocasião de primaria importância: conseguir ter um mapa do mercado ilegal das armas seria fundamental para entender “quem é quem” nos vários conflictos que alastram pelo mundo fora.

Agora, o que não vejo é o CAR que segue as armas que saem dos Estados Unidos ou de israel…
Vamos seguir e observar os desenvolvimentos.

Ipse dixit.

Fontes. CAR, iTrace

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