Não sou um grande apreciador do jornalista Thierry Meyssan.
Será pelo facto dele ter feito parte do grupo de Bernard Tapie, um indivíduo no mínimo suspeito (2 anos de cadeia por corrupção, 18 meses por fraude fiscal, 3 anos por falsificação de documentos), ou por ter apoiado Christiane Taubira (ministra da justiça com Sarkozy).
Mas estes são pareceres pessoais: Meyssan não deixa de ser um bom jornalista que tem no seu activo algumas investigações importantes, como aquela do Opus Dei, aquela acerca da Direita francesa ou sobre o 11 de Setembro de 2001.
E hoje até fica ainda mais simpático, pois deu-se o trabalho de ler todas as 525 páginas do relatório que a Comissão do Senado americano publicou acerca da tortura. Fica assim mais simples ir e espreitar o documento para realçar as partes mais importantes, sem esquecer que a secção pública, aquela desclassificada, corresponde a apenas um duodécimo do relatório inicial (a restante parte continua sob sigilo).
E a seguir eis a síntese das conclusões de Meyssan (a versão integral pode ser lida neste link).
No relatório, os nomes dos agentes e do pessoal envolvido da CIA foram substituídos por pseudónimos. Além disso, também os extractos desclassificados ficaram amplamente censurados, especialmente para limpar os nomes dos cúmplices estrangeiros da CIA.
Não vamos voltar outra vez ao assunto “tortura”, do qual há pouco para dizer além do que já foi dito. Em vez disso, vamos observar os “interrogatórios” na óptica do 11 de Setembro: porque tudo nasceu daí. Quando o então presidente Bush deu o bem estar para o início do programa de detenções, oficialmente o objectivo era aquele de encontrar os organizadores dos atentados e desmantelar a rede terrorista conhecida como Al-Qaeda, que desde a primeira hora tinha sido indicada como máxima responsável dos atentados.
Os comentários dos políticos americanos, em particular da presidente da Comissão, Dianne Feinstein, concordam acerca do facto de que as técnicas “invulgares” (tanto para utilizar um eufemismo) não foram úteis neste aspecto. Isso significa que a tortura não foi suficiente para obrigar os alegados terroristas a confessar? Não propriamente.
É verdade que um número não indiferente de alegados terroristas afinal nada tinham a ver com o terrorismo, pelo que nada puderam confessar. Mas não é só isso. Os métodos da CIA nunca conseguiram estabelecer uma ligação entre Al-Qaeda e o 9/11. Até que uma leitura mais atenta de certas passagens do relatório deixa vislumbrar uma outra realidade, completamente oposta: não apenas os homens da CIA não encontraram uma ligação como tentaram condicionar os suspeitos de forma que estes pudessem ser utilizados como armas de propaganda.
Estas autênticas sessões de condicionamento foram realizadas em cinquenta prisões secretas sob a responsabilidade da unidade da CIA encarregada da encontrar Osama Bin Laden, o líder de Al-Qaeda. As sessões eram concebidas e realizadas sob a supervisão de dois psicólogos a contrato, cujos nomes são conhecidos: James Mitchell e Bruce Jessen, supervisores do programa de condicionamento da CIA.
J.Mitchell (Esq.) e B. Jessen (Dir.) |
Estes dois indivíduos receberam 81 milhões de Dólares como compenso dos seus serviços e foram também utilizados pelo exército para realizar um programa
“comportamental” sobre 1,1 milhões de soldados americanos.
Em 2005
Mitchell e Jessen fundaram uma empresa, a Mitchell Jessen and Associates, que oferece um menu de 20 técnicas de interrogatório, incluídos o waterboarding, a privação do sonos e posições que provocam stress.
O relatório confirma que os “interrogatórios”, os mesmos aos quais Mitchell e Jessen participavam, estavam baseados nas técnicas do professor Martin Seligman, que não tinham a intenção de obter informações ou confissões, mas de inculcar nos sujeitos um discurso ou um comportamento.
Muitas das citações do relatório a imprensa espalhou nestes últimos dias podem criar confusão: quando são citados “métodos não-padrão de interrogatório” por parte da CIA, podemos pensar na tortura para obter informações; mas na verdade temos também os tais “métodos de condicionamento”.
Em Maio de 2003, um alto funcionário da CIA advertiu o Inspector geral da Agência que o trabalho do professor Seligman estava baseado na tortura perpetrada no Vietnam do Norte para obter “confissões para fins de propaganda”. O oficial cometeu um erro: os trabalhos de Seligman eram baseados nas práticas da Coreia do Norte, não do Vietname. Em qualquer caso, a denuncia não teve efeito nenhum.
Uma coisa é clara: a Comissão do Senado não afirma que as confissões dos detidos são juridicamente incorrectas porque obtidas sob tortura. A Comissão afirma que a CIA não tem interrogado esses detidos, simplesmente tentou condiciona-los para que confessassem acções e situações que nada tinham a ver com eles.
A Comissão afirma que os agentes da CIA nem sequer tentaram descobrir o que os detidos tinham confessado em interrogatórios anteriores. Em outras palavras, não só a CIA não tentava determinar se Al-Qaeda estivesse ou não envolvida nos ataques, mas a sua acção teve o único objectivo de fabricar provas falsas do envolvimento do grupo terrorista nos atentados do 11 de Setembro.
A Comissão do Senado explica que os supervisores eram especialistas em condicionamentos e não em interrogatórios; depois realça como nenhuma dessas “confissões “tornou possível prever um atentado. Portanto, a CIA mentiu afirmando ter ajudado a evitar novos ataques.
A Comissão não escreve que as informações sobre a Al-Qaeda obtidas nas sessões de “interrogatório” eram invenções, mas salienta como tudo o que pôde ser verificado mostrou ser falso. Desta forma, a Comissão nega explicitamente os argumentos que têm sido usados para justificar a tortura e cancela implicitamente as “provas” utilizadas para ligar Al-Qaeda aos ataques de 9/11.
Este é um profundo revés para os apoiantes da teoria oficial: eliminando as “provas” obtidas sob tortura, não há mais uma única evidência que ligue o 11 de Setembro e Al-Qaeda: não há provas de que as 19 pessoas acusadas de serem piratas do ar estavam efectivamente nos quatro aviões e os testemunhos dos alegados ex-membros de Al-Qaeda desaparecem.
Óbvias as perguntas:
- porque a CIA cometeu estes crimes?
- porque as confissões forjadas para ligar Al-Qaeda aos ataques de 11 de Setembro?
- se Al-Qaeda não esteve envolvida nos ataques, quem tenta proteger a CIA?
Ipse dixit.
Relacionados: Torturas da CIA: o relatório do Senado
Fontes: Rede Voltaire, Committee Study of the Central Intelligence Agency’s Detention
and Interrogation Program: Foreword by Senate Select Committee on Intelligence ChairmanDianne Feinstein – Findings and Conclusions – Executive Summary (ficheiro Pdf, inglês), Wikipedia (versão inglesa)
O discurso sobre a AL-Qaeda continua. Melhor ( ou pior ? ) para Cuba:
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/12/17/esses-50-anos-mostraram-que-isolamento-nao-funcionou-diz-obama-sobre-cuba.htm
1- Porque a CIA é uma organização planejada para dar suportabilidade clandestina ao estabelecimento da ordem mundial sionista.
2- Porque sempre haverá a necessidade de eleger uma fonte do "mal" que justifique toda e qualquer ação preventiva pelos donos do poder.
3- A cúpula sionista, que através da finança, controla o estabelecimento da ordem citada.
Olá Chaplin,
Não concordo que seja só o lobby "sionista", isso até é um pouco reducionista.
Sim estão infiltrados em muita coisa, mas se calhar será em parte mais fama que proveito. (É uma faca de dois gumes).
É um "jogo" de oligarquias, monetária, económica, industrial, comercial etc…
Estas oligarquias como disse em outro thread estão ligadas por objectivos comuns (oligarquias não é o que falta pelo mundo fora).
Ao nível do capital Londres e Nova Iorque serão as mais "importantes". Mas o problema é que no capital não há fronteiras.
As fronteiras existem para o ser humano.
Não concordo com os sionistas e seus princípios, mas nem todo o judeu é sionista. (Alias alguns odeiam mesmo e até serão os maiores inimigos do sionismo e são judeus).
Vou mais longe: como hoje em dia nos dias que correm quer-se apontar dedos a algo como se fosse o culpado de tudo, não são (os mais conservadores, retardados e fanáticos desse grupo sim, sem dúvida). Mas são um óptimo alvo a apontar e estupidamente nem se dão conta disso.
Quem controla a informação e mecanismos associados e financia alvos duvidosos sem nunca dar cara e nome esses sim.
Os sionistas fazem muito barulho.
Os outros aproveitam-se disso.
Abraços
Feliz Natal
Nuno
Olá Nuno.
Sem dúvida que estamos diante de equações,históricas e presentes, que envolvem poder e dominação em larga escala, o "jogo", que denominas. Oligarquias, de qualquer segmento, são nichos que representam essas relações, mas em escala reduzida. Realmente, o capital não tem fronteiras, muito menos sentido humanista. Quanto aos judeus, não são sinônimos de sionistas, mas pode-se identificar que as lideranças sionistas são, majoritariamente, compostas por uma elite de judeus. Discordo frontalmente em relação ao citar que sionistas fazem barulho, muito pelo contrário, a figura do judeu representa o protagonismo oculto que envolve poder e dominação, que é mencionado exclusivamente para ter sua imagem de vítima do mundo reforçada pelo evento do Holocausto, enquanto o sionista, é ainda pior, usam o judaísmo como escudo protetor para usurpar não só os próprios judeus, mas o mundo.
Tudo isso vem a reforçar a "tese" da culpa de Obama Bin LADEN, a LENDA, "enterrada" para todo o sempre no fundo do oceano. Aliás, estamos no tempo de comemorar mais um ano de outra lenda… Sinto muito, mas tenho que voltar a dormir… ZZZZZZZZZZZZ!!!