Drogas e guerra: o Captagon

Tinha sido Lord Palmerston, o grande arquiteto da política britânica a serviço da Rainha Victoria, a apoiar o desenvolvimento do comércio das drogas, para o qual o Grão-Mestre do Rito Escocês da Maçonaria até inventou duas guerras: a primeira e a segunda Guerra do Ópio contra a China.

A partir daquela altura, a Grã-Bretanha foi capaz de controlar mais de três quartos do enorme comércio chinês da droga.

As mesmas famílias de ascendência escocesa que exerceram o comércio de ópio no Oriente, também exerceram o comércio de escravos e de algodão nos Estados Unidos, juntamente com os banqueiros Rothschild e os sionistas Kuhn e Lehman em New York,.

E esta não é conspiração: é História. O binómio droga-guerra não é novo, portanto.

A guerra do Vietnam viu soldados americanos moralmente desfeitos com a heroína, que se tornou um verdadeiro costume entre as tropa em busca de coragem. Quantos soldados voltaram da frente viciados? Provavelmente 25%, como mais tarde aconteceu com os veteranos soviéticos no Afeganistão.

Se na Primeira Guerra Mundial as bebidas alcoólicas eram abundantemente distribuídas nas trincheiras, na Segunda foram a cocaína e as anfetaminas (surgidas na década dos anoso ’20) a vencer a fadiga e medo.

E nos nossos dias? A arma secreta do Isis tem um nome: Captagon.

Fenethylline

O Captagon permite que os soldados lutem mais horas sem sentir fadiga, permite ficar activos por longos períodos de tempo com poucas horas de sono e sem reduções significativas do estado de alerta ou de desempenho: se capturados, os soldados podem resistir melhor à dor.

O Captagon, muitas vezes misturado com haxixe ou outras drogas mais convencionais, é a causa dos estados de alteração das milícias: desta forma conseguem ultrapassar o medo, sentir-se imbatíveis e sempre prontos.

Quimicamente o Captagon é fenethylline, uma pró-droga sintética usada como estimulante, inventada pela alemã Degussa AG em 1961 e utilizado ao longo de 25 anos como uma alternativa mais branda para as anfetaminas. As aplicações mais comuns eram o tratamento de crianças afectadas por hiperactividade, o tratamento da narcolepsia ou a utilização como antidepressivo.

No entanto, a fenethylline foi inserida em 1981 na lista das substâncias controladas nos Estados Unidos e tornou-se ilegal na maioria dos Países em 1986. Mas no Oriente Médio ainda é produzida em quantidade, isso por causa da matéria prima simples e barata, tal como a preparação.

Em Janeiro deste ano, a agência de notícias Reuters informava que a Síria se tinha tornado um grande consumidor e exportador de anfetaminas, a mais popular das quais era precisamente o Captagon.

De acordo com a mesma agência, o Captagon gera centenas de milhões de Dólares em receitas anuais na Síria, o que potencialmente pode financiar as armas enquanto ajuda os terroristas nas longas e cansativas batalhas.

Em 2013, o governo libanês já tinha apreendido 12,3 milhões de pílulas de Captagon perto da fronteira entre o Líbano e a Síria, enquanto a polícia turca ficou pelo 7 milhões de comprimidos. Além disso, as autoridades do Dubai têm relatado que uma outra apreensão, desta vez de 4,6 milhões de pílulas de Captagon em Dezembro do ano passado. Números que desaparecem perante os 55 milhões de pílulas que por ano são confiscados na Arábia Saudita: provavelmente, isso representa 10% do total que é contrabandeado no reino.

Apesar de, como afirmado, ser uma droga barata e simples de produzir, cada comprimido pode ser vendido até 20 Dólares. Compensa? Do ponto de vista dos combatentes sim: segundo o psiquiatra libanês Ramzi Haddad, o Captagon tem “os efeitos típicos de um estimulante”, produzindo “uma espécie de euforia. Você fala, você não dorme, você não come, você é enérgico”. O ideal para ir e matar alguém.

Esses efeitos explicam a atitude dos combatentes do Isis, com excepção dos grupos ligados à Al-Qaeda que, na maioria, possuem uma interpretação estrita da lei islâmica, que não admite o uso de substância psicotrópicas.

O problema é que médicos e psiquiatras lançam o alerta: o uso do Captagon está a tornar-se generalizado também entre população civil da Síria, cada vez mais desesperada por causa duma guerra cruel e sem fim.

Ipse dixit.

Fontes: The Guardian, Reuters, The Time, Medium

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.