O Príncipe e o terrorista

O Príncipe Abdul Rahman al-Faisal

Ok, vamos ver: o avião desaparecido, a Ucrânia, a Crimeia, os OGM…não falta ninguém?
Ah, sim que falta alguém: os Árabes!

Pouco se fala deles, nestas últimas semanas são um pouco menos “trendy”, mas os Árabes sempre aí estão. E o que fazem? Uhhh, muitas coisas.

Por exemplo: um membro da ISIS (Islamic State of Iraq and the Levant, “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, nada mais nada menos: é um grupo terrorista, também conhecido como ISIL) foi capturado e revelou que não apenas o ISIS mas também outros grupos militantes na Síria são suportados por um membro da família real saudita.
Só “suportado”? Em verdade um pouco mais do que isso: segundo a fonte, esta pessoa gere directamente o mesmo ISIS.

Calma, calma. um passo atrás.
Lembra o sagaz Leitor da Primavera Árabe? Da Síria? Não é que aí as coisas tenham parado, continuam a morrer como moscas. Só que agora nós estamos empenhados em coisas mais importante (há um avião desaparecido, não é por nada…). Em Damasco e arredores continua a guerra com as forças governamentais dum lado e os “revolucionários espontâneos” do outro.

Agora, o membro do ISIS afirma que um dos grupos radicais é liderado por quem? Pelo Príncipe Abdul Rahman al-Faisal, filho do falecido rei Faisal da Arábia Saudita e irmão do ministro das Relações Exteriores saudita, o príncipe Saud al-Faisal.

A revelação sugere um alto e directo nível de envolvimento da família real saudita em actividades terroristas, e não apenas na Síria, mas também em outros lugares.

O terrorista do ISIS explicou que nesta altura o seu grupo está a monitorizar os movimentos do chamado Exército Sírio Livre, que representa a principal oposição ao governo. De facto, os movimentos terroristas estão a tomar conta da situação, com o ISIS na frente, porque o FSA (Free Syrian Army, o exército “regular” dos “irregulares”) não é considerado capaz de assumir o poder.

O preso afirmou receber as ordens da “liderança do Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (o ISIS) e quando lhe foi perguntado quem controla a liderança deste movimento a resposta foi clara:”o príncipe Abdul Rahman al- Faisal, que também é conhecido como Abu Faisal”.
Olé.

“Tá bom”, penserá o sagaz Leitor, “é só um pouco de terrorismo, são rapazes, têm que divertir-se”.
E não, querido Leitor, não é mesmo assim: porque o ISIS é o ramo da Al-Qaeda no Iraque e na Síria.

O seu comandante no campo é Abu Bakr al-Baghdadi, que é considerado cruel como uma beterraba (explico: odeio beterrabas) e até foi atacado por outros grupos terroristas que julgam o simpático Abu demasiado cruel. Que é um bocado esquisito, um terrorista que diz ao outro “Vê la tu de acalmar-te, um pouco de educação!”.

Eis então a explicada a próxima viagem do simpático quanto inútil Barack Obama na Arábia, ao longo deste mês. O facto é que o relacionamento entre a Arábia e os Estados Unidos estragou-se nos últimos tempo: os sauditas ficaram desiludidos com Washington depois de Obama ter decidido não atacar directamente a Síria, para derrubar o governo sírio.

Pior: Obama decidiu também não atacar o Irão e continuar as negociações sobre o programa nuclear.

Em Riad a pergunta é legítima: faz sentido um presidente dos EUA assim? Serve para quê?

Os sauditas, portanto, sentem-se traídos e decidiram criar um grupo terrorista tudo deles, quase caseiro, para continuar a guerra sozinhos. Porque, como disse o Profeta “Melhor sozinhos que mal acompanhados”.

Em boa verdade, toda esta história não é uma novidade absoluta. Já há alguns tempos as contas de bancos árabes estão sob-investigação por causa do financiamento a grupos terroristas.

A propósito: mas o simpático e saudoso Osama Bin Laden não pertencia à família real saudita?
Olha as combinações!

No vídeo, o terrorista do ISIS citado no artigo fala da liderança do grupo dele.

Ipse dixit.

Fonte: Fraction Of Reality, World Net Daily
 

2 Replies to “O Príncipe e o terrorista”

  1. Olá Max: me parece que, para a mídia,e consequentemente para toda gente, o Irão e a Síria perderam a graça porque as atitudes atuais da governança estadunidense passam por um período menos beligerante,nesses casos específicos, sempre em função de seus interesses, e o derramamento de sangue que persiste não ostenta como parte vital do espetáculo a "gloriosa defesa dos direitos humanos e da democracia por esse baluarte da liberdade que são e sempre foram e também serão os Estados Unidos da América". Abraços

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