Notas para um futuro pouco risonho – Parte I

Diz a Muy Nobre Maria:

Tenho comigo que o “sempre EXATAMENTE assim” limita-se aos séculos XX e XXI, quando a guerra e a dinâmica da sociedade de representação são as tecnologias políticas que melhor funcionam para o exercício do poder de dominação sócio política econômica.

É isso.
A partir da Revolução Industrial começou um processo de agregação do poder (entendido como acumulação de dinheiro, influência da economia no meio político) que sofreu nos séc. XX e XXI uma aceleração incrível. Ao ponto que nunca houve uma tal concentração de riqueza e de poder em tão poucas mãos como acontece hoje.  

Pode-se afirmar que antes o mesmo papel era desempenhado pela aristocracia e pelo clero, que tudo somado as coisas pouco mudaram, mas isso seria errado: havia muitas aristocracias e se o objectivo de fundo era sempre a defesa da posição predominante, havia uma forte ligação com a realidade local (o rei, por exemplo). Não existia uma única elite, mas várias, divididas entre elas por diferenças culturais e espaciais.

Quanto ao clero, este sempre foi uma forma de poder que dum lado representava um suporte pela classe dominante local e, ao mesmo tempo, tinha a função de cimentar um status quo nos cérebros das classes inferiores (os explorados).

Hoje estamos perante uma situação radicalmente diferente.
A elite dominante é plenamente globalizada e os objectivos dela já não se fundem com os interesses dum único Estado ou grupo deles; pelo contrário, o Estado é uma incómoda herança dos tempos passados e até as novas “criaturas” (como a União Europeia) têm como finalidade anular por completo estas entidades.

A nova elite tem um único idioma (o inglês) e uma única ocupação (a especulação financeira): o único ponto em comum com a antiga aristocracia é a preservação do poder, o que é típico de qualquer elite.

Tomara tenhas razão, e algo diferente esteja por acontecer, mas eu só consigo prever a aceleração, aprofundamento, e intensificação do mesmo.

Tomara eu não ter razão, pois nos últimos tempos as minhas ideias acerca do futuro estão cada vez mais pessimistas; não gosto disso e preocupo-me, pois não sou de todo uma pessoa que costuma ver as coisas de forma ruim. A tua “aceleração, aprofundamento, e intensificação do mesmo” é o mesmo fenómeno que vejo eu também.

Única consolação: vivemos num tempo de mudanças, o que é um momento histórico raro. E nós somos testemunhas disso. O que não significa necessariamente que as mudanças sejam boas.

A realidade muda

Diz o Muy Nobre Nuno:

Esse ultimo paragrafo é um pouco “sinistro” mr Max. Tipo tenho uma ideia
do que será mas não vou colocar aqui, para já.

Sim, de facto é assim pois não queria tornar o post demasiado “pesado”.
O facto é que algumas coisas mudaram desde quando começou a actividade do blog e isso obriga a rever determinadas ideias.

Por exemplo: quando Informação Incorrecta começou, os EUA tinham acabado de entrar numa crise com poucos precedentes (se calhar só um do mesmo tamanho, a crise de 1929), parecia ter começado uma espécie de Sunset Boulevard, um lento declínio da supremacia norte-americana.

Era lícito esperar uma política mais virada para a resolução dos problemas internos, com relativo desempenho (embora não total) na frente internacional, cúmplices também algumas derrotas (vendidas como vitórias) como no caso do Iraque ou do Afeganistão.

Pelo contrário, o que aconteceu foi algo inédito.
A elite pareceu quase desinteressar-se dos assuntos internos dos EUA (reparem no problema da dívida federal, adiado de seis em seis meses, nos estáveis níveis de desemprego, na faixa de pobreza que teima em não diminuir, etc.) enquanto apostou fortemente numa série de mudanças cujas motivações bem podem ser individuadas nas ideias de Zbigniew Brzezinski (a conquista da Eurasia): a Primavera Árabe, as revoltas coloradas das ex-republicas soviéticas, o Irão.

Esta não é a atitude duma elite mais ou menos em crise (tal como a economia do País que hospeda Wall Street): esta é a execução dum plano bem preciso que vai muito além das contingências (por exemplo, os já referidos níveis de pobreza nos EUA).

Temos também outros sinais que parecem apontar na mesma direcção, sem excepções: a destruição dos Estados europeus e das relativas economias, o renovado interesse de Washington pela América do Sul (casos da Venezuela, da Argentina e do Brasil).

Paralelamente, temos uma nova atitude no que diz respeito às “relações públicas” da elite e acho este um passo muito importante. Já é normal falar da reunião do Bilderberg (assunto tabu até bem poucos anos atrás), já é normal que George Soros ajude os revoltosos da Ucrânia (e de outros Países) sem fazer nada para esconde-lo: isso demonstra o grau de segurança e de impunidade alcançado pela elite. Grau, diga-se, totalmente justificado: qual o medo? Quem poderia opor-se? Com quais meios?

A nossa sociedade foi moldada para ter uma estrutura piramidal e hoje a obra está quase concluída: a elite está acima de tudo e daí pode tranquilamente controlar os media (diários, revistas, televisões, cinema) que criam um fluxo de pensamento unidireccional. Não é conspiracionismo: é só pegar num papel e anotar os nomes dos donos das maiores empresas nesta área. Em Portugal chegamos ao ponto de que os políticos fazem as declarações às 20:00, hora em que começam os telejornais; não são os jornalistas que seguem os acontecimentos, é exactamente o contrário.

Cinema? Dêem uma vista de olho aos filmes que ganharam…e aos que perderam (O Lobo de Wall Street).

Internet? Por amor de Deus…internet é perfeita assim como é: incapaz de construir, semeia desinformação, divide em vez que agregar, difunde o mito da omnipresença e invencibilidade da elite, desacredita e ridiculariza qualquer tentativa de aprofundar determinados assuntos. Além de ser uma insubstituível arma de controle.

Problemas psíquicos

Creio que aqui já existe algo mais serio que somente interesses
económicos acho que é um processo desenhado a anos que está a ser
acelerado mas muito acelarado, também li algures que começava em força
este ano.

Sim, é um processo em aceleração. Desenhado? Não sei, depende do que entendemos. Se a ideia for Illuminati, Rosacruz, Sionistas, Maçonaria, Reptilianos, Hannunaki ou o Rato Mickey, neste caso não concordo (algumas dúvidas só em relação a este último: com aquelas orelhas pode ouvir tudo e mais alguma coisa).

Estamos perante uma elite, um grupo de poder que evoluiu ao longo dos últimos três séculos e que encontrou no Capitalismo dum lado e nas Democracias no outro dois instrumentos perfeitos para acrescer o seu próprio poder. São seres humanos, com graves problemas psíquicos mas sempre humanos, com os mesmos desejos de qualquer pessoa criada num meio perverso: riqueza e poder, quanto mais, melhor.

A economia é o meio para controlar os corpos, os media desenvolvem hoje a função que já foi do clero, condicionando a vontade (principalmente explorando o medo). Acho isso bastante simples e suficiente, não é preciso recorrer a teorias milenaristas. Mas esta é a minha ideia. Que, sendo minha, é correcta por definição 🙂

E as previsões?
Calma, estas ficam para a segunda parte, agora vou ligar à corrente a esfera de cristal. 

Ipse desgraça!

9 Replies to “Notas para um futuro pouco risonho – Parte I”

  1. Infelizmente, já tivemos vários avisos, alertas, mais recentes ou mais antigos, de que o mundo, inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, passará por algo muito ruim, mesmo… Parece que esse momento não está mais muito distante…

  2. Aguardando ansiosamente a segunda parte. Já que fiquei meio confuso com o texto acima.

  3. O poder e a dominação maior dependem de processos evolutivos e relativamente lentos.Ignorar que sociedades não visíveis como Rosa Cruzes, Iluminattis e Maçonaria, colaboraram direta ou indiretamente, assim como ordens revestidas de secretismos como os templários e os próprios jesuítas,estiveram atuantes junto aos interesses dos judeus, visíveis ou camuflados(cristãos novos). O atual poder maior global, o sionismo, nada mais é que um sistema desenvolvido e acelerado pela alta tecnologia, mas oriundo do conjunto de ramificações citadas e outras mais. Evitar tal abordagem tem como último efeitos, compartilhar com o status quo existente.

  4. O mundo(nosso planeta: Terra) já viveu bem e sempre sobreviveu bem sem seres humanos, basta ver o tempo que duraram por ex o Dinossauoro Rex no cretácio e por aí. Bilhões de anos. Nós(humanos) somos algo "relativamente" novo na "vida" na terra. O mundo(terra) nunca girou ou girará a nossa volta, pelo contrario e muito ao contrario nos somos mais uns hospedes. E parece que nem isso respeitamos.
    Abraço
    Nuno
    PS: Quem cria ventos colhe tempestades, tempos dificeis criados por algo supostamente racional…lol quando?

  5. Podemos fazer o quê?
    penso que nada
    até as alternativas estão a falir
    mesmo que voltássemos a viver do que a terra dá,ela já não dá
    as sementes estão adulteradas,as águas estão contaminadas,os polinizadores estão a morrer(abelhas)
    sinceramente já estive mais optimista,vi um filme à pouco tempo (idiocracia) é uma sátira à sociedade parece que retrata bem o que se estar a passar,estamos sem capacidade de acção,não há nada que nos faça mexer,parece que todos recebemos diariamente doses maciças de entorpecestes estamos todos muito bem informados mas nada muda

  6. Concordo integralmente com o texto apresentado.

    Parece que estamos diante de uma estrutura social Plutocrática (e despótica) Transnacional(!). As fronteiras e culturas não lhes interessam (aliás, só atrapalham); as ideologias também não (no máximo, são ferramentas úteis em determinados momentos); as religiões…bem, não são mais necessárias para concretização deste 'projeto de longo prazo' ora implementado.

    Em linhas gerais, o caminho desejado aparenta ser o da PADRONIZAÇÃO e CONTROLE – não só econômico-financeiro, mas tb, da informação e conhecimento – internacional.

    O "modelo Chinês" afigura-se como o pretendido (incluindo-se aí a questão do controle populacional)

    Abç

    Bob

  7. O problema emerge, porque o autor do blog se BORRA NAS CALÇAS DE MEDO, e tenta passar isso aos leitores. Mas qualquer um, que entenda o modus operandi do Max, sabe que ele é DEPRIMENTE e não se observa.

  8. Irónico sim (e ainda bem) caro Henrique, deprimente não me parece pois ao ler vários textos aqui já dei umas boas gargalhadas, exactamente o contrário.
    Nuno

  9. Como leitora assídua do blog é com alegria que vejo emergir num comentário a informação de que existe um leitor do blog que pelos vistos não se borra nas calças de medo com o que por aqui lê.
    E como consegue ele?
    Simples, conhece o "modus operandi" do autor do blog.

    Claro que os leitores que não se borram nas calças de medo com o que aqui costumam ler e que não conhecem o "modus operandi" do autor do blog, como é o meu caso, são casos inexplicáveis perante o raciocínio que emerge no comentário.

    Concordo com o Nuno, nada vejo aqui de deprimente, bem pelo contrário, farto-me de rir com o tom irónico da maioria dos posts publicados e por uma abordagem até bastante bem disposta.

    Marta

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