Mais um passo: a geo-engenharia marinha

Levante a mão quem entre os Leitores já ouviu falar de “fertilizar” os oceanos.

Podem baixar as mãos, era uma maneira de dizer, como acham que consigo vê-las? Realmente…

Mesmo assim, acredito terem sido bem poucas. E é normal: tudo procede no total desinteresse.
Vamos ver o que é afinal esta “fertilização dos mares”? E vamos.

O assunto faz da geo-engenharia marinha e é algo que provavelmente não é uma boa ideia. Mas, como sempre nestes casos,  tudo está devidamente regulamentado, tudo segundo as leis.

De acordo com a Organização Marítima Internacional (OMI), a “geo-engenharia Marinha, incluindo a fertilização do oceano, será regida pelas alterações do Protocolo de 1996 acerca do tratado internacional que regula a descarga de resíduos e outras substâncias no mar”.

Quais alterações? Aquelas aprovadas no passado dia 18 de Outubro, relativas à Convenção para a prevenção da poluição marinha por operações de descarga de detritos e outros produtos, uma convenção de 1972. As alterações agora rezam o seguinte:

As partes contratantes não permitem a descarga de matérias no mar a partir de embarcações, aeronaves, plataformas ou outras estruturas feitas pelo homem. Consequentemente, as actividade da geo-engenharia marinha não são permitidas a não ser que a lista das autorizações preveja actividades autorizadas ao abrigo de uma específica licença.

Tradução: a geo-engenharia marinha é proibida, a não ser que uma ou mais empresas privadas disponham duma licença. Neste caso: tudo legal.

Mas afinal, em que consiste esta  actividade?

Rosalind Peterson da Agriculture Defense Coalition, explica o conceito de fertilização dos oceanos no novo documentário Shade Motion Picture. Principalmente existem duas técnicas de fertilização:

  • Fertilização com ferro

Esta é a introdução de grandes quantidades de ferro nas camadas superiores do oceano para promover o crescimento do fitoplâncton. A ideia é que este plâncton fotos-sintético pode remover o carbono da atmosfera, directamente a partir do oceano. Isto, junto com a estimulação do ecossistema da fauna nas mesmas áreas do oceano, faz (em teoria…) que o mar possa absorver mais carbono da atmosfera. Isso também será útil (em teoria…) para combater a acidificação dos oceanos, algo que está a destruir os ecossistemas marinhos e causa o desaparecimento da vida selvagem nas nossas praias.

Pergunta duma pessoa que nada entende deste assunto: admitindo que o sistema funcione, quanto ferro seria preciso para fertilizar todas as áreas do oceano que supostamente precisam do tratamento? E donde vamos extrair este ferro todo? Qual o custo ambiental? Temos a certeza de que “embutir” o oceano de carbono seja uma boa ideia?

  • Ocean Lim

A adição de cal (!!!), em particular nas regiões ricas em carbono ou ácidos, pode (em teoria…) reduzir os níveis de carbono e a acidez formando carbonatos. Isso é esperado ajudar a travar a degradação dos ecossistemas, em particular dos corais, e permitir que a água absorva mais carbono atmosférico.

Outra pergunta duma pessoa que nada entende deste assunto: admitindo que o
sistema funcione, quanta cal seria preciso para fertilizar todas as
áreas do oceano que supostamente precisam do tratamento? E donde vamos
extrair esta cal toda? Qual o custo ambiental? Temos a certeza de que
“embutir” o oceano de carbono seja uma boa ideia?

Há estudos acerca destas propostas? Onde podem ser encontrados? Porque não sei se repararam, mas falamos do líquido que cobre 2/3 do planeta, algo que, supostamente, pertence a todos. Deixar isso nas mãos dumas quantas instituições ou empresas privadas, não me parece o máximo em termos de garantia. Não sei porque, talvez eu esteja simplesmente paranóico.

O quer preocupa é a falta de supervisão ou regulamentação destes desesperados
esforços globais para desenvolver tecnologias adequadas no controle do
sistema climático da Terra.

Teorias não faltam: o empreendedor Russ George roga mais ferro para fertilizar os oceanos ao largo das costas do Canadá, enquanto o cientista de Harvard, David Keith, gostaria de testar as partículas de sulfato pulverizados na estratosfera acima da Arizona. Mas não há uma regulamentação, e a maior parte dos pesquisadores são capazes de resistir a qualquer tipo de supervisão internacional.

A razão? Simples: lobby.
Que podemos traduzir com: dinheiro.
E está tudo dito.

Ipse dixit.

Fontes: Shade – The Motion Picture, International Maritime Organization – Marine geoengineering including ocean fertilization to be regulated under amendments to international treaty, Trust, Fractions of Reality, Informarmy

2 Replies to “Mais um passo: a geo-engenharia marinha”

  1. penso que a inercia de IMO e ONU neste caso funcionam a nosso favor. Os paranoicos acabampor ficaar de mãos atadas e não entram em loucuras dificeis de controlar se correrem mal-o mais provavel.

Obrigado por participar na discussão!

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