Os pormenores mais antipáticos, do ponto de vista americano, foram cortados e atirados para o lixo. Nada de espantoso para quem costuma seguir as aventuras dos media mainstream: só mais uma prova duma manipulação mediática instalada não apenas nos regimes totalitários.
Com a edição aplicada ao vídeo, os telespectadores do programa do jornalista Christian Amanpour não conseguiram ouvir o que foi dito pelo diplomata russo, Viltali Churkin, acerca do “povo sírio que tem ele mesmo de decidir qual o papel que o actual presidente deve desempenhar no processo de transição”.
Mas esta não foi a única parte “incómoda”.
Segundo Churkin, uma grande parte da população apoia o presidente sírio Bashar al-Assad, e este é um facto que merece atenção:
Então, quando iniciar o diálogo, deve-se permitir que os próprios sírios escolham o caminho para a resolução do conflito
Uma ideia que faz todo o sentido, mas que aparece só no vídeo original, não naquele transmitido.
Tampouco foram transmitidas as palavras sobre a inadmissibilidade de pré-condições impostas por parte da oposição que participa na Conferência de Genebra para o próximo 22 de Janeiro.
Mesmo destino para os comentários do embaixador sobre os obstáculos que os rebeldes (e os Países que os apoiam) interpõem à chegada da ajuda humanitária à população civil na Síria. Na óptica americana, os rebeldes são “bons”, não é imaginável que travem ou desviem a ajuda internacional para os civis.
Churkin disse também que nos últimos meses ocorreram vários episódios em que a oposição síria tem impedido a evacuação de civis de certas áreas por parte do legítimo governo.
E observou:
Sempre que grupos de civis abandonam a região em estado de sítio, mudam-se para áreas controladas pelas forças do governo.
Sem dúvida, uma atitude incompreensível por parte de cidadãos vítimas dum regime brutal.
Caixote do lixo também.
O mesmo diplomata russo queixou-se pelo facto da entrevista ter sofrido cortes, com a eliminação dalgumas das declarações mais significativas.
Isso não acontece na televisão de Estado da Coreia do Norte, acontece nos Estados Unidos, acontece no Ocidente: são os mesmos que dão lições de democracia e de informação ao resto do mundo.
Sim, há uma diferença: nos regimes totalitários nem se pode falar da censura. Mas quantos dos telespectadores poderão ter noção dos cortes aplicados?
A entrevista completa (e não censurada) pode ser lida ou visionada em inglês na página internet da delegação permanente da Rússia nas Nações Unidas.
A entrevista transmitida pela CNN esta disponível no Youtube.
Ipse dixit.
Fontes: RT (versão espanhola), Permanent Mission of the Russian Federation to the United States (1 e 2), CNN via Youtube
A "ingenuidade" que se nota no cidadão comum nos EUA é consequencia do trabalho excelente e continuado dos meios de informação "campeoes" das liberdades de informação. Quem se dê ao trabalho de percorrer as inumeras ONG, Org e Institutos com sede nos EUA ou Londres que "lutam" pelas liberdades e informação livre fica se for criterioso com a "selecção" tão conveniente e a ausencia de alguns(Israel por ex.) que para se ser sério deviam estar noprincipio da lista= basta ver como Tempora/Prismo é referido para termos uma primeira analis.
É muito pior supor-se estar num lugar com liberdade de opinião, acesso livre à informação, e comunicação democrática, Max, do que saber-se estar num espaço sujeito à censura. No tempo em que vivíamos a ditadura na América latina, com uma ausência total de informação, com um medo constante de falar qualquer coisa indevida, sabíamos a maior parte de nós dos riscos e do tamanho de nossa ignorância. O povo norte americano nunca teve essa oportunidade. abraços