15.08.1939: o dia em que a guerra poderia ter sido evitada

Estaline

Documentos permanecidos em segredo por quase 70 anos, mostram que a União Soviética propôs o
envio duma poderosa força militar na tentativa de envolver Reino Unidos e França numa coligação anti- nazista.

Este acordo poderia ter mudado o curso da história: a proposta duma força militar para conter Hitler veio de uma delegação militar soviética durante uma reunião no Kremlin com altos oficiais britânicos e franceses, duas semanas antes da eclosão da guerra em 1939.

A notícia não é nova, mas acerca disso há só o silêncio absoluto: o trabalho do enviado do Telegraph em Moscovo, Nick Holdsworth, que acedeu aos arquivos libertados, passou quase despercebidos. Esquisito, pois os documentos o tamanho da força que Estaline propunha em território polaco: um milhão de unidades entre infantaria, artilharia e aviões.

Na prática, teria-se tratado de repetir numa escala maior quanto já feito por Mussolini em 1934, quando Hitler queria invadir a Áustria e foi travado pelas divisões italianas perto da fronteiras.

Todavia, os delegados britânicos e franceses preferiram não envolver-se num acordo vinculativo e não responderam à oferta soviética, feita no dia 15 Agosto de 1939. Em vez disso, Estaline chegou a um acordo com a Alemanha através da assinatura do pacto de não- agressão com Hitler, uma semana depois.
O Pacto Molotov- Ribbentrop, em homenagem aos ministros das Relações Exteriores dos dois Países, foi assinado em 23 de Agosto, apenas uma semana antes da Alemanha nazista atacar a Polónia, desencadeando a guerra.

Mas isso nunca teria acontecido se a oferta de uma aliança com os Soviéticos tivesse sido aceite, de acordo com ex-general russo da intelligence Lev Sotskov, que recolheu 700 páginas de documentos desclassificados:

Esta foi a última possibilidade de matar o lobo, mesmo depois do primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, e os franceses terem “vendido” a Checoslováquia, com um acordo assinado em Muniche no ano anterior.

N. Chamberline

A oferta Soviética, feita pelo Ministro da Guerra Marechal Voroshilov Klimentij e o Chefe do Estado-Maior do Exército Vermelho, o general Boris Shaposhnikov, teria implementado 120 divisões de infantaria (cada uma com cerca de 19 mil soldados), 16 divisões de cavalaria, 5.000 peças de artilharia pesada, 9.500 tanques e 5.500 aviões de combate e bombardeiros perto das fronteiras com a Alemanha.

Mas o almirante Sir Reginald Drax, que liderou a delegação britânica, disse a seus colegas soviéticos que tinha sido autorizado apenas para falar mas para não entrar em acordos.

Se os britânicos, os franceses e os seus aliados polacos tivessem levado a sério esta oferta, teríamos sido capazes de trabalhar juntos, num total de 300 ou mais divisões nas duas frentes contra a Alemanha: duas vezes as forças que Hitler tinha na época. Esta foi a oportunidade para salvar o mundo, ou pelo menos para parar o lobo na toca dele.

O problema, segundo as palavras do então almirante Drax, é que na altura a Grã-Bretanha poderia ter disponibilizado apenas 16 divisões, deixando os soviéticos perplexos acerca da falta de preparação da Grã-Bretanha.

A tentativa soviética para garantir uma aliança antinazista com britânicos e franceses é bem conhecida. Mas até a que ponto Moscovo estava pronta a chegar, nunca tinha sido revelada.

Simon Sebag Montefiore, autor duma importante biografia de Estaline:

Os detalhes da oferta de Estaline enfatizam quanto conhecido: britânicos e franceses perderam uma grande oportunidade em 1939 para evitar a agressão alemã, que provocou a Segunda Guerra Mundial, mostrando que Stalin era mais preparado e sério na oferta de tal aliança.

Os arquivos desclassificados, que cobrem o período de 1938 até a eclosão da guerra em Setembro de 1939, revelam que o Kremlin foi submetido a uma pressão sem precedentes quando a Grã-Bretanha e a França “entregaram” a Tchecoslováquia para acalmar Hitler.
Sotskov:

Em todas as fases do processo de paz, desde as primeiras reuniões secretas entre os britânicos e franceses, sabíamos exactamente e em pormenor o que estava a acontecer. Ficava claro que Hitler não teria parado com a entrega dos Sudetos da Checoslováquia, e britânico e francês não mexeram um dedo quando Hitler desmembrou o resto do País.

As fontes de Estaline, diz ainda Sotskov, eram agentes secretos soviéticos na Europa, mas não em Londres:

Os documentos não revelam exactamente quem eram os agentes, mas encontravam-se, provavelmente, em Paris e em Roma.

As primeiras conversações secretas entre a delegação militar anglo- francesa e aquela da União Soviética, em Agosto de 1939 (cinco meses após os nazistas terem invadido a Checoslováquia, sugerem o desespero e a impotência do Ocidente perante à agressão nazista. A Polónia, cujo território deveria ter sido atravessado pelo Exercito Vermelho para alcançar as fronteiras com a Alemanha, ficou firmemente contrária a tal aliança. A Grã-Bretanha duvidou da eficácia das forças soviéticas, uma vez que apenas um ano antes Estaline tinha purgado milhares de comandantes.

Os documentos serão usados ​​pelos historiadores russos para explicar e justificar o polémico pacto entre Hitler e Estaline, que continua a ser um triste exemplo de oportunidade diplomática.

Ficou claro que a União Soviética estava sozinha e teve que assinar um pacto de não -agressão com a Alemanha para ganhar um pouco de tempo e preparar-se ao conflito claramente iminente.

Uma desesperada tentativa dos franceses, no dia 21 de Agosto, para reiniciar as negociações foi rejeitada, pois as negociações secretas soviético-nazistas já estavam quase concluídas.

Só em Junho de 1941nasceu a aliança com o Ocidente, que Stalin tinha tentado: mas na altura, França , Polónia e grande parte do resto da Europa já estavam sob ocupação da Alemanha.

Ipse dixit.

Fontes: The Telegraph

2 Replies to “15.08.1939: o dia em que a guerra poderia ter sido evitada”

  1. O primeiro ponto a ser destacado, é que a invasão de Hitler à Polônia não foi o fato que causou a guerra, mas uma consequência. Os problemas na região de Danzing ocorriam há tempo, Hitler fez inúmeras propostas e protestos contra as perseguições do povo germânico em território Polonês. A invasão foi o último recurso, já que o povo da região de Danzing – levianamente tirada da Alemanha no tratado de Versailes – era constituído de povo alemão. Depois de várias propostas de paz, Hitler não teve escolha, já que sua política era declaradamente direcionada ao povo germânico e não às fronteiras políticas da Alemanha, o que explica seu interesse pela Áustria – que recebeu o 3° Reich de "braços abertos" e os territórios da Checoslováquia.

    A proposta de coalizão com a URSS foi rejeitada pela Inglaterra e França por um motivo muito simples: eles queriam a guerra. Tudo estava arranjado e o papel da Polônia foi "alfinetar" a Alemanha, para que os "liberais" pudessem posar de mocinhos salvadores (mais ou menos o mesmo filme que vimos recentemente na Líbia e em outros países que receberam "ajuda humanitária").

    O caráter bélico da política de Hitler veio a calhar para a Inglaterra e França, pois só desta forma seria possível parar a única economia que funcionou sem se escravizar aos bancos europeus. Uma verdadeira "pedra no sapato" do capitalismo. Como diria Churchill: "Pouco me importa HItler. Queremos destruir a ALEMANHA ainda que esta seja governada por um padre jesuíta".

  2. Planos de Guerras, e a história oficial mostra isso, são feitos com início, meio e,principalmente, fins, onde interesses econômicos são encobertos pelos agentes políticos envolvidos. A 2ª guerra foi articulada pelo sionismo tendo como principais objetivos:1)a pilhagem da imensa riqueza judaica europeia, recolhida pelo nazismo, depositada em Bancos suíços e alemães e posteriormente transferidas para as organizações sionistas; 2)A vitimização dos judeus que serviria como justificativa para o establishment sionista, mais conhecido como globalização onde o capital transita livremente pelos mercados desregulamentados e controlados através dos grandes Bancos sionistas. E essa realidade só não é difundida e reconhecida porque a própria mídia e toda indústria cultural são igualmente controladas por sionistas.

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