Al-Qaeda: o alerta, as evasões, os atentados

No início do mês de Agosto, a Administração dos Estados Unidos tinha emitido um alerta mundial: o perigo de atentados terroristas era uma ameaça concreta.

O General Martin Dempsey, do Estado Maior das Forças Armadas:

Estamos perante dum fluxo de ameaças significativas contra as quais já estamos a reagir.

Peter King, Presidente da sub-comissão Terrorismo e Intelligence do Congresso:

Já não temos dúvida de que haja um complot e que grandes ataques estejam em preparação.

Al-Qaeda estava de regresso, o que justificou o fecho de muitas embaixadas americana no Médio Oriente. Passado mais do que um mês, nada aconteceu. Um erro?

As evasões

Voltemos atrás.
Um
dia depois do alerta de Washington, a Interpol emitiu um comunicado no qual realçava as evasões ocorridas no mês de Julho em nove Países membros da Interpol: entre eles o Iraque, a Líbia e o Paquistão. A Secretaria-Geral da Interpol emitiu um alerta global sobre a segurança, recomendando um aumento na vigilância. 

A suspeita é que a mão de Al-Qaeda estivesse por trás das várias acções que
permitiram a fuga de centenas de terroristas e outros criminosos: a Interpol procurava ajuda dos seus 190 Países membros para determinar se estes acontecimentos fossem o resultado de um plano coordenado.

Entre
estas maciças evasões, que ocorreram no intervalo de
seis dias, deve ser salientada aquela que ocorreu em 23 de Julho, quando um
número entre 700 e 1.000 presos conseguiram escapar das prisões de Taj e
Abou Ghraib, no Iraque.

Quatro
dias depois, em 27 de Julho, 1.117 presos fugiram da prisão de Kuafia, no distrito de Benghazi  (Líbia).
Na noite do dia 29 de Julho, outra evasão: 243 Taliban da prisão em Dera Ismail Khan, no Paquistão.
Testemunhas oculares garantem a presença de commandos no exterior das prisões, em  concomitância com os motins organizados no interior.
Os ataques

Seja qual for a razão, poucos dias depois diversas áreas alauítas na Síria foram atacadas por milícias yadistas de Al Qaeda, compostas por estrangeiros, na maioria líbios, sauditas, chechenos e afegãos. Isso aconteceu perto da fronteira com a Turquia, onde os terroristas são treinados e fornecidos desde o início do conflito. Os ataques totalizaram cerca de 400 mortes de civis, entre elas muitas vítimas decapitadas e mutiladas.

Este
massacre, no distrito de Latakia, nem sequer foi mencionado pelos media ocidental e foi seguido por alguns homicídios de
cristãos em várias áreas incluindo Maaloula, um importante lugar santo
para a Igreja Cristã, cidade onde ainda é falado o aramaico (alegadamente o idioma de Jesus Cristo ).
No mesmo mês, houve uma série de ataques diários por parte de Al-Qaeda no Iraque, contra a população xiita: um total de cerca de 1.000 mortos e milhares de feridos em apenas 4 semanas. O período mais sangrento desde o começo da ocupação em 2003, num drama humanitário que dura há 10 anos entre a indiferença geral.
Depois houve o Líbano, onde os ataques ocorreram de repente nos dias 8 e 22 de Agosto: cerca de 100 mortes e mais de 700 feridos que, de acordo com os especialistas libaneses, trazem a marca das milícias takfiriste de Bandar bem Sultan, o chefe da intelligence da Arábia Saudita, que tem o objectivo de envolver as comunidades sunitas e xiitas do Líbano no conflito sírio.
Assim, passadas mais de cinco semanas desde que o alerta foi emitido, podemos afirmar que não foram atacados nem os cidadãos, nem os interesses israelitas e/ou ocidentais na região ou fora dela. No entanto, houve mais de 1.500 mortes (mais de metade dos mortos do 9/11) em atentados e ataques terroristas na Síria, Iraque e Líbano. 
Dúvidas
E aqui fica uma dúvida: quem libertou milhares de presos? Al-Qaeda? Mas qual Al-Qaeda? Aquela cujos líderes são mortos pelas forças especiais dos EUA um dia sim e o outro também em combates ou com drones?
Segunda pergunta: qual a relação entre as evasões e a vaga de ataques? Pode ser que os fugitivos sejam os mesmos terroristas que operam na Síria, no Iraque e no Líbano? Ou é só uma coincidência o facto dos atentados mais sangrentos tenham acontecidos logo após as citadas maciças evasões?
E, no caso, sobra uma terceira pergunta, a mais inquietante: como é possível que milhares de fugitivos, procurados internacionalmente, atravessem fronteiras e Países sem ninguém dar por isso, converjam em localidades onde as câmaras dos medias ocidentais não fazem falta (e mesmo assim ninguém consegue vê-los?), encontrem logo armas e explosivos para planear acções  mortais que, olha o acaso, facilitam a vida de quem quer mudanças de regime na área (EUA e israel)?
Os EUA lançaram um alerta mundial contra o terrorismo e depois não foram capazes de encontrar milhares de terroristas escondidos entre os aliados rebeldes na Síria? Os mesmos homens aos quais o Ocidente fornece armas e apoio logístico?  
Afinal, qual o verdadeiro objectivo do alerta lançado pela Administração Obama?
Podemos falar de casualidade, sem dúvida. Ou de azar.
Ou podemos simplesmente aceitar o já que estamos a pensar.
Ipse dixit.

5 Replies to “Al-Qaeda: o alerta, as evasões, os atentados”

  1. Boa tarde Max!
    "Falo aquilo que devo, o que não falo é exatamente o que não devo falar".
    Mais óbvio impossível!

  2. Analizando as multiplas org/ONG que "defendem" as liberdades por varias regioes do mundo encontramos na maioria um padrão : sedes em Londres ou EUA(raro no Canada/UE).Focam sempre paises "inimigos" do eixo Israel/Qatar/Londres/EUA e são terriveis perigosos que nunca invadem outros paises com tropas ou drones, mas são maus porque morrem sempre aos milhares.

  3. Olá Max: que coisa fantástica o fato de centenas de pessoas super procuradas, fugirem de prisões de segurança, armarem-se e agirem! Isso tudo numa sociedade de controle onde eu que vivo pacatamente no meio da mata Atlântica brasileira posso ser localizada por qualquer computador de vocês via google maps ou similar, e naturalmente os serviços de segurança "do grande irmão" podem até localizar o tratamento dentário último do meu molar superior! É um mundo sui generis este no qual vivemos hoje. Abraços

  4. As vezes fico pensando se não é melhor estourar logo uma boa guerra e acabar logo com tanta safadeza, desmascarar logo toda essa gente cara de pau que ainda ganha prêmio da paz.

  5. Muita gente sabe que a "Célula" ou al caida é o braço metamorfoseado da CIA e que para mim, simples mortal até consigo entender essas movimentações estratégicas, pois eles também fazem parte do poder constituido, embora para mídia (que também é o poder constituido) fazem o trabalho sujo. Os verdadeiros bandidos estão confortavelmente em seus escritórios.

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