Evolução das reservas de ouro, Banco de Portugal:
- Em 1971, o BoP tinha 818,3 toneladas
- Em 2001, o BoP tinha 606,7 toneladas
- Em Abril de 2012 o BoP tinha 382,5 toneladas
Max tens um gráfico completo?
O blog em questão é Dencidades (link no fundo do artigo). Os valores apresentados são diferentes daqueles de Vítor. Desconfio que a
explicação seja: o gráfico do Banco de Portugal considera o total
teórico das reservas, uma parte das quais está actualmente no centro do
caso jurídico internacional relacionado com o Terceiro Reich de Adolf
Hitler. Na verdade, aquele ouro não está actualmente disponível (não
pode ser vendidos, por exemplo) mas o Banco de Portugal continua
provavelmente a inseri-lo nas actividades.
De acordo com o gráfico, os períodos compreendidos entre os anos de 1976-1978 e 2001-2006 corresponderam à venda da maior quantidade de ouro (172 e 224 toneladas respectivamente, num total de 396 toneladas). E é significativo que estes dois períodos coincidiram com uma baixa nos valores do mercado mundial do metal. Confirma-se, portanto, quanto realçado no artigo Onde estão as reservas de ouro?: os bancos centrais venderam parte das próprias reservas auríferas na altura em que foi possível favorecer os compradores e não quem vendia. Curioso, sem dúvida.
Mais curioso ainda: a venda parou quando as cotações do metal começaram a subir. No período 2001-2006, por exemplo, uma onça de ouro valia 271 Dólares e o Estado Português vendeu 224 toneladas de metal. Em 2006, uma onça já valia 603 Dólares e Portugal deixou de vender, evidentemente assustado com a perspectiva de ganhar mais.
Mais: os Portugueses bem sabem da ameaça do próximo corte de 4.000 milhões de Euros: com o ouro vendido numa altura mais rentável, Portugal teria o dinheiro suficiente para evitar o corte e até sobravam alguns trocos para comprar um carro novo para o Primeiro Ministro.
1. O Banco de Portugal informa que no final do ano de 2002 procedeu à
venda de 15 toneladas de ouro tendo por objectivo a diversificação da
composição das reservas externas. Estas vendas foram efectuadas ao
abrigo do “Acordo dos Bancos Centrais sobre o Ouro”, assinado em
Setembro de 1999.2. As referidas operações de venda surgem na sequência de um planeamento
de médio prazo visando a alteração da composição das reservas externas
do Banco de Portugal, pelo que não se encontram associadas à actual
conjuntura financeira. O ouro é normalmente um activo com baixa
rentabilidade financeira e Portugal é um dos países em que as reservas
de ouro, no total de cerca de 600 toneladas, atingem uma percentagem
muito elevada das reservas externas totais – cerca de 47%. Há muito
tempo que o ouro já não desempenha uma função monetária como em épocas
passadas e, para um país integrado numa união monetária, aquela
percentagem é excessiva e não permite optimizar no longo prazo a
rentabilidade das reservas externas do país. […]4. Os proveitos realizados com as vendas de ouro ficam retidos no Banco
de Portugal e são consignados a uma Reserva Especial que constitui parte
integrante dos capitais próprios do Banco. De acordo com as regras
contabilísticas em vigor no Eurosistema, o ouro é valorizado diariamente
no balanço do Banco ao preço de mercado, pelo que os proveitos
associados à venda do ouro resultam da libertação de montantes de uma
conta de reavaliação de valores onde se acumulam as diferenças em
relação ao preço histórico de balanço.5. As operações de venda agora concretizadas no contexto do “Acordo dos
Bancos Centrais sobre o Ouro” de 1999 inscrevem-se na evolução histórica
no sentido da desmonetização do ouro. Nos últimos anos vários países,
signatários ou não daquele Acordo, venderam parte substancial das suas
reservas de ouro. Durante o próprio mês de Dezembro, vários outros
Bancos Centrais realizaram também algumas operações de venda, na
conjuntura de elevados preços de mercado que temporariamente se
verificam. As operações realizadas pelo Banco de Portugal integram-se na
mesma orientação estratégica e permitem assegurar no futuro uma maior
rentabilidade na gestão das reservas externas do País.
Pelo que aprendemos o seguinte:
- O ouro vale pouco, melhor diversificar (que tal um swap?).
- Portugal tinha demasiado ouro, uma vergonha. Afinal o Banco de Portugal fez um favor ao País.
- Os ganhos não foram para os contribuintes mas para uma reserva especial do Banco de Portugal. E acreditem: não é a mesma coisa.
- Os Países de Zona Euro não precisam de ouro, que é coisa foleira: melhor procurar outros activos, capazes de “assegurar no futuro uma maior
rentabilidade”.
Notável.
Ipse dixit.
Nota: um agradecimento ao Vítor e ao blog Dencidade.
Relacionado: O ouro de Portugal
Fontes: Dencidade, Banco de Portugal: Operações ao abrigo do Acordo dos Bancos Centrais sobre o Ouro
Mas para quem afinal foi destinada essas vendas? Ou estamos diante de uma informação confidencial?