Da próxima crise

Duas notícias, uma má e uma boa:
– a má é que estamos à beira duma recessão global.
– a boa é que há só uma notícia má.

Os sinais

Mas temos certeza disso?
Parece que sim, os sinais são bastante claros.

O boletim do GEAB (Global Europe Anticipation Bulletin) prevê a crise um dia sim e o outro também, lógico que cedo ou tarde acerte. Mas desta vez, com o boletim número 75, apresenta uma série de dados preocupantes.

A Europa já está em recessão.
Mais importante: as exportações da China (vitais nesta altura para descrever o estado de saúde da economia do mundo) entraram em forte declínio.
Na Austrália (que é um óptimo indicador do imediato futuro em termos globais) abranda; e os últimos dados acerca das vendas atacado/varejo nos Estados Unidos são negativos.

Há mais. Há as “estranhas” operações dos grandes bancos (JPMorgan, Bank of America), como a urgência de atrair os investidores e a corrida ao ouro (e a queda do valor do metal, em Abril, provavelmente provocada por uma destas grandes instituições).

Mas atenção: apesar da citada queda, a procura de ouro é ainda particularmente elevada e provavelmente continuará a manter estes níveis ao longo de bastante tempo ainda. Mais uma vez: não é um bom sinal, indica um forte choque no horizonte.

Há mais além do GEAB? Infelizmente há.
Nos Estados Unidos, por exemplo:

  • O preço do cobre tem sido tradicionalmente um dos melhores indicadores do desempenho futuro da economia. E o cobre já perde 20% do seu valor desde o começo do ano.
  • As vendas repetem nos últimos meses o padrão já observado durante a última recessão, aquela de 2008.
  • A actividade manufactureira mostra sinais de desaceleração. O Chicago PMI caiu abaixo de 50 pela primeira vez desde a última recessão.
  • Em Abril, a confiança dos consumidores caiu inesperadamente para o mínimo nos últimos nove meses.
  • A procura de petróleo continua em queda: um claro sinal de que a actividade económica encontra-se em em desaceleração.
  • Os gastos nos Casinos constituem também é um forte indicador da saúde da economia dos EUA. É por isso digno de nota que os gastos nesta área diminuíram até os níveis da última recessão.

Da economia europeia, em coma profundo, nem vale a pena falar.
Da China já dissemos.

A última fase

Podemos então contar um simpático episódio de poucos dias atrás.

New York, reunião dos maiores Hedge Funds globais, os fundos especulativos donos do planeta e arredores. São os fulanos que investem contra inteiros Estados, partindo-os em pedaços (Soros); são aqueles que ganham 12 biliões com uma simples aposta e arruínam milhões de pessoas (John Paulson).
São amorais, imorais, mas sobretudo conhecem o trabalho deles, nisso não têm concorrentes. E sabem o que se passa.

Se, portanto, Jeffrey Gundlach, da Doubleline (60 biliões e Dólares em três anos), toma a palavra e diz algo do tipo “Sugiro de retirar todo o dinheiro de qualquer conta bancária”, pode ser este o caso para preocupar-se? Provavelmente sim.

O que temos é uma economia real que ainda não foi capaz de recuperar desde a queda de 2008. A próxima recessão é apenas um passo atrás numa travessia do deserto da qual é difícil ver o fim. O GEAB vê nisso um percurso que tem como objectivo a perda da influência do Estados Unidos em favor dum mundo multipolar.

Sem dúvida esta é uma componente importante. Mas a impressão é que haja mais do que isto e reduzir tudo à queda de Washington parece demasiado simplista. Talvez seja o caso de pensar que o sistema precise duma mudança e que agora entrou numa nova fase, a última (começada em 2008), que ao longo dos próximos 50 ou 60 anos (ou ainda antes, quem sabe?) redefinirá o mundo, não apenas do ponto de vista económico.

Como será o novo mundo? Isto ainda ninguém sabe.
Mas fica o alerta: recessão em vista.

Ipse dixit.

Fontes: GEAB nº 75, Zero Hedge, French People, Atlantico, CNBC, ISM-Chigago, Caixin Online, Paolo Barnard

9 Replies to “Da próxima crise”

  1. Olá Max:dessa história toda, sempre anunciada para quando eu já estiver morta,o tal desconhecido novo mundo, mas que pode vir bem antes, me resta uma sensação muito desagradável, ou seja, me sinto refém de uma conta bancária, como acredito que esteja grande parte da população mundial, que provavelmente será o contingente de despossuídos escravos do novo mundo. Não me atrai a ideia, embora ainda seja daquele grupinho precavido que tenta ter um chão, um teto, água, comida, segurança relativa, uma certa autonomia, mas sempre dependente em última análise do vil metal depositado em porçõezinhas mensais num banco, onde não tenho nenhuma ingerência. E o ricaço sugere limpar a conta…ele se refere aos da estirpe dele, ou aos mortais como eu! Pergunta-se ao diligente blogueiro: como libertar-se dos bancos! Abraços

  2. O sionismo só deixará os EUA quando encontrar condições suficientes para continuar sua "obra" escondido por outra bandeira nacional…e isso levará tempo, muito tempo…

  3. Pergunta a maria: como libertar-se dos bancos?

    Este é um belo tema para discussão. Convido o Max a dar o pontapé de saída.

    Abraço
    Krowler

  4. Tenho lido a GEAB e geralmente acertam as previsões, só ainda não conseguem acertar na hora exata da próxima recessão, como gostarias que fizessem.

    Cumprimentos

  5. @ Krowler:

    Boa ideia, o tema é deveras interessante e vai ser tratado, muito em breve.

    Olá Vitor:

    "Geralmente" também os astrólogos acertam. Mas têm o bom gosto de não prever a queda do Banco da Inglaterra ou afirmar que o Euro tem todos os instrumentos para evitar uma crise (só para fazer uns exemplos).

    Em qualquer caso, boas notícias: com a morte do redactor-chefe (e cérebro do LEAP) as "previsões" irão tornar-se ainda mais genéricas, como é o caso deste último número, portanto ainda mais "acertadas".

    @ Maria:

    Dobro-me perante a Sua sempre muito agradável presença que enriquece sobremaneira este humilde blog. (exagerei?)

    @ Chaplin:

    Difícil que o sionismo abandone tão rapidamente os EUA. É algo que acompanha o País há muito, ocupando os lugares mais sensíveis de todas as instituições.
    E não é "conspiracionismo": podemos utilizar uma simples Wikipédia para observar quantos hebraicos desenvolvem funções de topo em muitos âmbitos. Apesar de não poder confundir sionismo com todos os israelitas: seria como afirmar que todos os árabes são extremistas.

    Um abraço para todos!!!

  6. Vitor:

    Sobre a queda dos 3 edificios do WTC qualquer eng.º de estruturas (e eu sou um deles) sabe ou devia saber que o colapso das torres nada têm a ver com o embate dos aviões.
    No WTC7 no inicio do colapso, é bem visível a deformação dos pórticos a cairem para o interior. Este modelo é precisamente o modelo de colapso de uma demolição controlada, vulgo, implosão.

    abraço
    Krowler

  7. "Se, portanto, Jeffrey Gundlach, da Doubleline (60 biliões e Dólares em três anos), toma a palavra e diz algo do tipo "Sugiro de retirar todo o dinheiro de qualquer conta bancária", pode ser este o caso para preocupar-se? Provavelmente sim."

    Esta pode não ser uma afirmação para alertar as pessoas, e sim uma tentativa de fazer com que haja um grande volume de saques desestabilizando os bancos causando assim o tal colapso economico.

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: