Fracking: ao pormenor

Vamos falar de: petróleo.
Porquê? Porque sim.

Mais: vamos aprofundar o discurso do fracking.
Porquê? Porque é importante.

Acerca do fracking já é possível ler este artigo. Mas vamos além.

Porque apesar de não serem muitas as empresas com a tecnologia “de ponta” para utilizar a tal técnica, a verdade é que a prática se encontra em franca expansão: nascida nos Estados Unidos, a “fracturação hidráulica” (este o sentido do termo fracking) já é utilizada em outros Países.
Quais? Difícil ter uma lista exaustiva.
Wikipedia reporta os seguintes Países:
Austrália
Bulgária
Canada
China
França (até 2011)
Irlanda
Nova Zelândia
Polónia
Sul África (actualmente em moratória)
Reino Unido
Estados Unidos

Mas a lista encontra-se desactualizada e não são reportados os Países que entendem viabilizar o fracking, como é o caso da Italia, por exemplo, e outros Países também.

Abiótico ou não, o petróleo nos reservatórios naturais está em queda, pois a procura não pára (pelo contrário: pensem na China, por exemplo); as empresas petrolíferas são obrigadas a explorações cada vez mais arriscadas para manter os actuais níveis de produção. E aqui entra em cena o fracking, utilizado também para a extracção de gás.

Os pormenores podem ser encontrados no já citado artigo, aqui vamos só com um breve resumo.

O Leitor entra num supermercado, aproxima-se dos refrigerantes e descobre que o seu sabor favorito (leite e cebola frita) fica na base dum enorme monte de latas. Então o Leitor faz um buraco no topo do monte, introduz uma mangueira e envia água de alta pressão em direcção à base: a pressão libertará o rico refrigerante que fica na base, com grande satisfação do Leitor.

Obviamente o director da loja não fica nada satisfeito (“É louco ou quê?), mas o Leitor não perde a calma e explica (“Fracking, meu amigo, só fracking. A propósito: onde guardam as palhinhas?”).

Este é mais ou menos o que se passa com as companhias petrolíferas.
Diferenças:

  • na realidade o fracking não consegue extrair todo o petróleo, só 20% do que está presente;
  • uma vez acabada a extracção, o espaço deixado vazio tem de ser enchido com materiais (areia, cascalho…).

Como é possível constatar, o fracking num supermercado é muito mais vantajoso em termos de resultados.

Agora, falando a sério: a pesquisadora prof. Maria Rita D’Orsogna disponibiliza no site dela muito material acerca do fracking. Material que será utilizado neste artigo para explicar porque o fracking é uma técnica negativa e perigosa.

Os problemas do fracking.

A fracturação hidráulica apresenta vários problemas. Alguns são evidentes, outros menos.
Nos media grande destaque têm merecido os terremotos que parecem estar associados ao fracking; mas há mais do que isso. Vamos ver quais estes problemas.

Fracking e terremotos

As companhias petrolíferas argumentam que não há prova cientifica que demonstre uma conexão entre fracking e terremotos. Provavelmente nunca será obtida tal prova, como poderia?
O fracking altera a composição e a distribuição dos materiais no solo: os efeitos destas mudanças não são imediatos, pois podem apresentar-se após horas, dias, semanas ou meses após a abertura dum novo poço.

Mesmo assim há alguns dados que não podem ser ignorados.
O caso clássico é aquele do Estado americano do Arkansas. Longe de qualquer zona sísmica, o Arkansas tinha um histórico de 0 (zero) terremotos no início do séc. XIX; em 2010 os terremotos foram mais de 600 por ano. E a situação piora com o passar do tempo.

Desde Setembro de 2010 até Março de 2011 houve 750 sismos com intensidade entre 2 e 4 graus da escala Richter; na cidade de Greenbier, perto da capital Little Rock, em 28 de Fevereiro de 2011 tiveram 8 terremotos em 4 horas.

Resultado: medo, rachaduras nas paredes e tectos das casa, dúvidas. 

Única certeza: Greenbier fica no meio de “gasland”, uma imensa região alvo de fracking para a extracção de gás. 

Claro, não há prova científica: mas como relatado por Steve Horton, sismólogo da universidade de Memphis, 90%
dos terremotos desde 2009 até hoje aconteceram num raio de 6 quilómetros dos poços de gás. Simples azar?

Fracking e água

Injectar substâncias químicas no subsolo pode poluir a água naturalmente presente no mesmo subsolo?
Parece uma pergunta idiota, mas as companhias petrolíferas negavam isso e foi preciso um estudo para demonstrar esta afirmação.

Na reportagem Gasland, de Josh Fox, há os casos de pessoas normais que abrem as torneiras de casa e, em vez da água, encontram bolas de fogo que invadem a cozinha.

Agora um artigo do PNAS (Proceedings of National Academy of Sciences) confirma. Os pesquisadores da Duke University estabeleceram que os níveis de metano, etano, propano, butano e outros hidrocarbonetos aumentam de forma preocupante nas reservas naturais de água nas proximidades de poços de fracturação hidráulica. Uma situação que abrange 81% das águas subterrâneas nas zonas do fracking.

Não só: mas o gás encontrado nas águas é o mesmo extraído pelas companhias petrolíferas. O que acontece é que o gás migra nas fendas naturais do solo.

Desta forma é possível também explicar as três pessoas mortas em Colorado em 2004 (altos níveis de
contaminação da água) e o gado que morreu ou ficou cego por causa do arsénico engolido. Além de hidrocarbonetos e arsénico, no subsolo migram (e poluem a água) também petróleo, vanádio, cobre e outros metais pesados.

Mesmo perante as evidências, as companhias petrolíferas insistem: os poços são feitos bem, são impermeabilizados, é a pesquisa que foi feita mal.

Ipse dixit.

Fonte: Dorsogna

4 Replies to “Fracking: ao pormenor”

  1. Mal publicou-se a parte I e lá vem o gajo…
    Mais uma TRAMPA tipo aquecimento global e outras canalhices…
    E da conspirativa "geoengenharia" (nomenclatura dada por eles) através dos CHEMTRAILS INCESSANTES ENVENENANDO O PLANETA INTEIRO DIA E NOITE desde o antes do começo do século ninguém faz campanha contra?
    Ah! Quase me esqueço do H.A.R.R.P. para modificação do clima. Ninguém quer fazer campanha contra a arma invisível aos desatentos e que está acabando com o mundo que conhecemos?
    Sinto muito, sou grato.

  2. Olá Max: com a escassez do petróleo de extração de baixo custo, agora é que os norte-americanos e canadenses vão saber as delícias pelas quais passam os nigerianos que vivem perto dos poços de petróleo e gaseodutos das grandes companhias petrolíferas!
    E tudo por causa dos excessivos ganhos que essas corporações querem seguir aquinhoando.
    Porque, sem entrar no mérito de discussões ecologia x desenvolvimento a base de combustíveis fósseis, seria simples pensar assim: se temos uma zona Z de exploração petrolífera, e especialmente por métodos não convencionais, temos então um círculo C com área Cc imprópria a vida, uma zona Zc onde, nos próximos 200anos, a única atividade desenvolvida será a extrativista. Se isso implica comprar território, realocar cidades, flora e fauna, não interessa; é uma coisa ou outra. Feitos os devidos cálculos,ainda compensa? E, fim! Agora, se for no mar, nem pensar…não dá para cometer o mais mínimo erro. Isso é óbvio! Abraços

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