A economia militar

Militares e “alta” finança? Que têm em comum o Pentágono e a JP Morgan? Resposta: muito, muito mesmo.

Hoje é repetido muitas vezes (também neste blog) que a economia de papel já não tem nada a ver com a economia real. Isso é verdade, mas mesmo assim a economia continua a ter uma ligação com outro tipo de “realidade”, aquela das armas: porque um banco não tem a força necessária para prevalecer no circuito internacional da produção e do consumo. Esta é uma tarefa que é desenvolvida por outras forças, as forças militares.

 No dia 11 de Maio do ano passado, CNN Money, fez saber que JP Morgan está no Afeganistão, a caça de recursos minerais local, com a ajuda do Pentágono. Não é uma excepção: é a regra. 
McNamara, falecido em 2009, tinha sido Secretário de Defesa com os presidentes Kennedy e Johnson. McNamara é famoso pela organização que deu ao Pentágono, torna-do na mais colossal máquina de despesa pública da história.

McNamara: vamos conhece-lo melhor? E vamos.

McNamara

Jackie McNamara, futebolista escocês, defensor do Falkirk. Passou 10 anos da sua carreira no Celtic, do qual foi também capitão. Parece esquisito que um  jogador futebol possa ter desenvolvido um tal papel no Ministério da Defesa? Terá sido uma conspiração?

Ahhh, Robert, não Jackie, tá bom, tá bom, então recomecemos.

Robert McNamara, que nunca foi futebolista escocês, nasceu na Califórnia e logo após ter nascido entrou no exército durante a segunda Guerra Mundial, como Oficial de Estatística (isso é: acção, tipo Rambo, só um pouco mais velho).

Acabada a guerra, não sabendo o que fazer, decidiu ser presidente da Ford Motor Company, mas após uns 15 anos fartou-se e decidiu aceitar o convite de JFK que queria McNamara para pôr em ordem as contas do Pentágono. Coisa que o simpático McNamara fez.

Ampliou o armamento convencional e aquele nuclear, geriu (mal) a crise de Cuba com Kennedy, geriu (mal) a guerra no Vietname (as tácticas sugeridas por ele foram um fracasso e o Pentágono decidiu abandona-las) e as despesas militares cresceram de 48.4 biliões em 1962 para 49.5 em 1965 até 74.9 biliões de Dólares em 1968. Considerada a taxa de inflação, tal valor permaneceu o máximo alcançado até 1964.

Após tamanho sucesso, lógico o papel como Presidente do Banco Mundial.

Com McNamara no leme, o Banco Mundial mudou e a prioridade tornou-se a luta contra a pobreza. Deve ser por isso que no mundo já não há pobres.

O activismo de McNamara no Banco Mundial garantiu que esta instituição se tornasse uma entidade assistencial para o benefício dos bancos e das corporações, um organismo criado por McNamara ainda mais eficiente do que o Fundo Monetário Internacional (do qual o Banco Mundial era considerado o irmão mais novo). Entre outras coisas, McNamara era obcecado pela ideia de que uma das principais causas da pobreza fosse o aumento populacional e, de facto, poucos como ele tem contribuído para o aumento da mortalidade nos Países pobres.

McNamara foi mais do que um líder, foi uma encruzilhada de interesses e a representação dos conflitos de interesse: gerente industrial, político, banqueiro, também pseudo-ideólogo da democracia e dos direitos humanos, ele, que tinha feito despejar um mar de bombas nos céus do Vietname.  

McNamara representou a expressão mais típica da democracia como falsa consciência do imperialismo: militar, homem de negócio, “amigo dos pobres” mas ainda mais dos bancos e das corporações, ainda hoje é venerado nos Estados Unidos, onde não esquecem o seu firme passado de militar profundamente anti-comunista. 

E falta um homologo nos outros Países: McNamara poderia ter sido só americano.

Nato e economia

Os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) apresentam taxas de crescimento de 10% por ano, mas falta-lhes essa capacidade de ver que a economia e os negócios são algo de completamente diferente e, consequência, não fazem negócios com uma máquina de guerra, uma arte em que McNamara acabou por dominar.

JP Morgan ainda usa o grande trabalho de McNamara no Banco Mundial. Com efeito, há um mega-programa para “proteger” os agricultores pobres do mundo da volatilidade dos preços, e quem o Banco Mundial encarrega do desenvolvimento deste programa? JP Morgan.
 
Repetimos que a economia é dirigida pelos “mercados”, o que é verdade. Mas há cantos da economia que ficam numa zona cinzenta. O Concelho Atlântico, por exemplo, órgão supremo da Nato, organizou um Business & Economics Program em colaboração com o Banco Mundial para implementar uma “liderança transatlântica na economia global” para uma “crescente integração da economia dos EUA e da Europa”. “Integração” significa, naturalmente, colonização. Nessas reuniões é ainda tratada a questão da dívida europeia: militares da Nato e dívida?
 
A última reunião desta agenda aconteceu entre o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o presidente do Conselho do Atlântico, Fred Kempe, e teve lugar no passado 16 de Dezembro no Hotel Four Seasons, em Washington.

Militares, Banco Mundial: tudo normal?

Ipse dixit.

Fontes: Voci dalla Strada, Banco Mundial (versão inglesa),

2 Replies to “A economia militar”

  1. off topic
    Olá Max,

    Esta notícia diz respeito a Itália, mais própriamente a Veneza, ao nível da água e aos mitos climáticos da nova religião verde. Muito interessante, mesmo. E para variar seria um must colocar isso aqui. Veneza por si só, desmente o aquecimento global.

    http://www.elpais.com/articulo/sociedad/expertos/cuestionan/eficacia/Plan/Moises/salvar/Venecia/elpepisoc/20111121elpepisoc_4/Tes

    http://ecotretas.blogspot.com/2011/11/veneza-afundar-se.html

    Um abraço. 🙂

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