A politica pode ser uma eficaz gaiola mental e o texto a seguir é um bom exemplo disso. Neste caso o autor, Lucio Garofalo, é um Marxista e o artigo dele aparece num site comunista italiano (Bella Ciao, título duma conhecida canção utilizada na Segunda Guerra Mundial pelas tropas anti-nazistas).
Mas o importante é realçar como o mesmo discurso possa ser expandido até incluir qualquer pessoa que ponha na base dos próprios pensamentos uma doutrina politica, seja ela de qualquer cor. Neste sentido, o presente artigo não é especificamente contra a doutrina comunista: simplesmente é utilizado um artigo de Esquerda para realçar algumas atitudes típicas de quem costuma ver o mundo apenas com duas cores: preto e branco.
Os resultados são bastante tristes: as afirmações chegam a chocar com a realidade e quem escreve nem consegue dar conta disso.
Vamos ver a razão.
É absolutamente enganosa a conjectura segundo a qual a actual crise económica seria o resultado de ocultos projectos internacionais, isso é dum enredo “demo-plutocrático” e “judeu-maçónico” numa escala global. É uma interpretação nazista muito em voga, dado que é acreditada não apenas em áreas que são tradicionalmente de extrema direita, mas encontra também a aprovação de franjas ideológicas atribuíveis ao antagonismo habitualmente apostrofado como “vermelho-castanho”.
Este primeiro parágrafo é uma pequena obra prima.
De facto podemos encontrar uma característica fundamental de qualquer orador político: a individuação e a caracterização do inimigo, da parte adversa. Não há aqui espaço para pessoas que tentem entender a realidade, já por si bastante confusa: não, há uma ideologia de extrema direita, isso é, errada e inimiga por natureza, o que obviamente implica que o assunto tratado deve necessariamente ser uma estupidez completa.
Infelizmente, tal como qualquer ideologia inimiga, é pérfida, contorcida e enganadora, pelo que há pessoas que costumam utilizar o cérebro (pessoas de Esquerda, é implícito) mas que neste caso caem na cilada. São camaradas que erram.
Não é por acaso que esta parte aparece logo no início do artigo: ela é táctica (permite escolher as armas que sucessivamente serão utilizadas para abater o “inimigo”) mas também representa uma necessidade do autor, porque sem uma adequada rotulagem não saberia o que fazer.
Como pode um cérebro politizado atacar alguém sem antes ter individuado com certeza a ideologia adversa? Com quais assuntos contra-atacar?
Acontece frequentemente ter um intercâmbio de pontos de vista com alegados camaradas que estão convencidos de que a crise económica foi provocada intencionalmente pelos proprietários dos grandes bancos e pelos senhores da alta finança, membros de comissões de poder, monstruosos bancos e empresas financeiras, como o infame Goldman Sachs, o famoso Clube Bilderberg, a abominável Comissão Trilateral.
São teorias que sugestionam um tipo particular de usuários da web e uma grande percentagem do público, talvez porque esse tipo de argumentos parecem corresponder à realidade. Parecem, mas a realidade nunca é como resulta das circunstâncias.
Mas serão “camaradas que erram” ou servos do capital disfarçados? Justamente a dúvida ganha forma na febril mente do autor. E se fossem apenas “camaradas idiotas”? Em qualquer caso, melhor utilizar o termo “alegados” e não apenas “camaradas”, pois o inimigo está sempre a tramar. Doutro lado estas teorias têm “um tipo particular de usuários da web”, e será melhor não indagar mais acerca de qual possa ser a particularidade em questão (um defeito genético? Um inata simpatia filo-nazista?).
Bilderberg? Comissão Trilateral? Brincadeiras.
Goldman Sachs? Por favor: seriedade.
Talvez nem existam, talvez sejam apenas invenções nazistas.
Mas podemos ficar descansados, pois as coisas nunca são tais como aparecem e aqui temos uma pessoa capaz de explicar qual o verdadeiro rosto da realidade. Sorte nossa.
Normalmente as acusações de conspiração nascem de fontes de natureza fascista ou cripto-fascista. Na verdade, são principalmente promovidas pelos partidos políticos que apelam para a ideologia abertamente fascista. No entanto, na actual situação histórica, a confusão ideológica é tal que tais deduções recolhem as simpatias também da Esquerda, nos círculos políticos que são inspirados pela história e cultura da Esquerda alternativa.
Caso não tivesse ficado suficientemente claro, melhor repetir o conceito: as conspirações são coisas da pior Direita, a Direita fascista. Infelizmente o mundo já não está dividido em dois blocos como antes, não há os Comunistas dum lado e os Capitalistas do outro, pelo que existe também uma Esquerda que tenta ir além desta visão fóssil. Obviamente é a Esquerda mais fraca e mais propensa aos enganos, como no presente caso.
Provavelmente a razão que explica o sucesso de tais teorias reside na facilidade de entendimento resultante da sua natureza simplista. Nenhuma coincidência se essas afirmações são limitadas a captar somente os dados exteriores dos fenómenos, sem poder penetrar em profundidade, não vão buscar as causas e descobrir a origem dos processos.
Eis explicada a tal particularidade dos “usuários da web”: são atraídos por teorias simples, explicações “simplistas”. Na prática são uma cambada de deficientes que ficam satisfeitos com uma descrição elementar do fenómeno, sem ter a possibilidade (ou a capacidade) de ir além disso.
Repare-se: são pessoas que não pensam como o autor, pelo que são automaticamente fascistas e idiotas, pois uma coisa implica a outra, é evidente. O único motivo para o Leitor não se suicidar já é a possibilidade de pertencer ao último dos grupos disponíveis, aquilo da Esquerda alternativa: gente fraca, como já vimos, mas pelo menos não totalmente idiota (apenas em parte, o que já não é mal).
Mas aqui surge uma pergunta: existirá uma forma para ir além dos meros “dados exteriores” e “penetrar em profundidade” o fenómeno?
Pelo contrário, a visão dialéctica do materialismo histórico permite investigar além das aparências, além dos fenómenos mais superficiais, ou seja, todos os aspectos epifenómenicos, para inferir as contradições escondidas sob uma pilha de enfeites e formas artificiais e que constituem as verdadeiras causas de um fenómeno.
Voltando ao tema inicial, ou seja, a crise económica, o marxismo não pretende ser exaustivo, mas é em todos os casos superior aos cómodos estereótipos, percepções e crenças comuns, teorias da conspiração de matriz fascista ou cripto-fascista, e respeito às ideias oficialmente patrocinadas pela elite capitalista.
Cá está: a única explicação possível reside no Marxismo. Lamento, não há outras soluções. E dado que estamos prestes a entrar no sagrado mundo dos dogmas, é preciso mudar de dicionário: eis que aparecem expressões e termos pouco utilizados mas cultos, como “visão dialéctica do materialismo histórico” e “epifenómenicos”.
O uso destas palavras nesta precisa altura não é um acaso: é também uma maneira para intimidar o profano (“Cuidado, vês que palavras conheço eu?”) e diferenciar o antes (as teorias fascistas, a ideologia de Direita = palavras simples) do depois (Marxismo, o verdadeiro saber = termos cultos).
A análise marxista não se contenta em registar e analisar os fenómenos na superfície, mas explora em profundidade os processos para desvendar a dinâmica das crises que são um elemento recorrente histórico. Neste sentido, a partir de informações e provas reunidas constantemente, o método marxista permite explorar plenamente as crises que perturbam o capitalismo regularmente, fornecendo uma versão extremamente rigorosa e racional que, sem dúvida, é mais confiável do que os conceitos pseudo-científicos, os clichés, as obtusas teorias da conspiração.
Tradução: “O Marxismo é que sabe, os outros não”.
A escola teórico-científica marxista, mais precisamente marxiana, passa a detectar e investigar um corpo de factos e recorrentes ciclos históricos configuráveis como “leis”, entendidas não numa óptica mecanicista ou determinista, mas duma forma que reúne todas as contradições inerentes à realidade histórica, entre as quais o fenómeno mais comum e importante é a “queda tendencial da taxa de lucro”.
Tradução: “O Marxismo é que sabe. Demonstração? Inventou a queda tendencial da taxa de lucro”.
A taxa de lucro é simplesmente o valor médio dedutível do conjunto dos lucros individuais capitalistas. É a mesma competição entre os capitalistas individuais, que acaba por obter um resultado oposto às intenções, então ao invés de aumentar, os lucros caem.
Disso deriva que a eventualidade da crise é implícita na anarquia que caracteriza o modo de produção capitalista. Por esta razão, os lucros e os salários tendem a diminuir, pelo menos em termos relativos, isto é, em relação à inflação, não como valor nominal monetário. Mas a causa última das crises que atingem periodicamente a economia capitalista encontra-se no progressivo empobrecimento dos trabalhadores, os quais formam a massa dos consumidores.
Ok, vamos explicar em palavras simples, pois não podemos esquecer a nossa natureza de acéfalos cripto-fascistas.
O que o simpático autor aqui quer dizer é que Marx previu que, com o aumento progressivo dos investimentos em sistemas de produção em vez da aposta nos salários dos trabalhadores, a margem de lucro teria diminuído.
Faz todo o sentido: a empresa gasta cada vez mais em novas máquinas, mas os trabalhadores (que são ao mesmo tempo consumidores) não têm mais poder de compra (os salários ficam na mesma), pelo que o produto final custa mais, não é mais vendido do que o anterior (que custava menos, pois produzido com máquina velhas mas já pagas) e a margem de lucro fica reduzida.
Podem acreditar ou não, mas a explicação da actual crise fica toda aqui. Segundo o autor, claro.
A raiz oculta das crises capitalistas afunda no problema do subconsumo, da crescente contracção do consumo de massa, que age ao contrário da tendência do mercado para ampliar a área dos consumidores. Portanto, a crise actual é gerada por fenómenos de superprodução e subconsumo, que se repetem periodicamente na história do capitalismo moderno. Isto significa que o modo capitalista de produção, além da fenomenologia superficial, incorpora as causas subjacentes das crises que se escondem nas inconsistências irracionais e estruturais que são inerentes ao sistema.
E aqui surgem os primeiros problemas para o autor: o dogma foi proferido e já não há nada para acrescentar: por isso é preciso repetir o conceito apenas exprimido ad libitum, como se repetir muitas vezes a mesma afirmação tornasse a mesma forçadamente verdadeira. É também uma forma de recolher consentimentos entre os leitores da mesma área ideológica, os quais podem encontrar as “provas” da própria fé, e de demonstrar que a lição foi bem aprendida e assimilada.
O autor entra numa espiral. A ideia de juntar considerações pessoais nem passa pela cabeça do coitado, pois seria como alterar de qualquer forma o Verbo Divino.
Única solução: agarrar-se aos ditames da fé política para concluir de forma digna.
A única alternativa para evitar eventuais cenários de catástrofe é aquela de sair dum capitalismo global destinado ao colapso. Isso significa devolver valor ao trabalho colectivo, aumentando a centralidade do trabalho produtivo num quadro de auto-gestão dos trabalhadores. Não é suficiente apropriar-se dos meios de produção ou inverter o quadro das relações de poder, mas devemos revolucionar a maneira de organizar e gerir a produção em si. As empresas capitalistas foram criadas para obter lucros privados, não para atender às necessidades vitais das pessoas. É a natureza intrínseca dele a ser viciada.
A moral é: Marx tinha previsto tudo. É só ter fé para encontrar uma resposta.
E com a mesma fé podemos ignorar, por exemplo, o papel da Comissão Trilateral. Porquê? Não porque quando Marx escreveu a Comissão ainda não existia, mas porque se o Profeta não falou disso foi porque, evidentemente, o assunto não tinha importância nenhuma.
Demonstração: se a Comissão Trilateral tivesse alguma importância, o Profeta teria previsto a existência dela.
É a negação da realidade para que a mesma realidade possa ser moldada segundo a profética visão.
A ideia de que Marx pudesse não ter previsto a actual condição nem é tomada em consideração (o termo neste caso seria “heresia”). Porque a verdade é esta: Marx não tinha previsto esta crise, não nestes moldes. Talvez intuiu um quadro parecido (e algo deixa entender isso), mas preferiu acreditar numa prévia revolução da classe trabalhadora.
A revolução não aconteceu.
Mas não faz mal, pois sobraram as sagradas escrituras: O Capital.
Aleluia.
Ipse dixit.
Fonte: Bella Ciao
Se eles se pronunciam e depreciam é porque estão preocupados, se calhar ja começam a ser muitos a acordar para a verdadeira realidade.
Os piores detratores de qualquer personalidade são os seus seguidores ortodoxos, que a fazem passar por profeta e rejeitam qualquer possibilidade de engano naquilo que tenha dito/escrito.
Se a gente esquecer a postura religiosa do autor do texto, que faz a defesa de proposições suas, e ampara-se no pensamento de alguém que não falou de tais proposições porque não as previu simplesmente, o que é perfeitamente aceitável, então se poderia aproveitar algumas coisas ditas para uma discussão proveitosa, não?
"As empresas capitalistas foram criadas para obter lucros privados, não para atender as necessidades vitais das pessoas". Sim, porque não? A exacerbação desta bosta mais a fagocitose das maiores sobre as menores deu origem as corporações, que desconheceram os limites dos Estados, internacionalizaram-se, virtualizaram os mercados e arruinaram os trabalhadores. E agora? Que fazer, diria Lenin? Tomar as fábricas? Promover a autogestão? Enquanto as fábricas eram fábricas,e as indústrias eram indústrias, onde aconteceu (Argentina e EUA, que eu saiba em alguns momentos), foram belas iniciativas. Tomar o que agora, quando a grande empresa, a corporação é um "gás", com pouca visibilidade? Quando a mão de obra é imediatamente substituída com vantagem em outras paragens, ou substituída por robôs? Assaltar os bancos? Envenenar os gerentes, os executivos? Não pode porque é feio, é terrorismo.
Pois me parece que uma iniciativa inteligente (não importa se é de direita ou de esquerda)é definir precisamente os começos da porcaria, e seus atuais mantenedores. Para fazer o quê? Coisinhas simpáticas e extremamente moderadas, que inclusive já foram feitas alhures com sucesso, ou seja, inverter o processo em curso ( daí a importância de reconhecer os fundadores, os mandantes e os interessados atuais), ou seja, desenvolver estratégias que concorram para: estatizar o que foi privatizado,regulamentar o que foi desregulamentado,encolher as empresas para dentro de seus estados nacionais, pautar contratos de trabalho pela mutualidade,e relações comerciais entre países e blocos de países de forma equilibrada.
Vê só, Marx (e qualquer outro) permite discutir muita coisa, desde
que os marxistas de carteirinha não atrapalhem. Abraços
Ha uma onda de esquerdismo cultural tomando conta do Brasil Max, se quer realmente ficar a par do assunto, recomendo este site:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/12694-marxismo-cultural-e-a-nova-ameaca-a-sociedade-diz-pe-paulo-ricardo.html
O "MÍDIA SEM MÁSCARA" trata de diversos assuntos muito polêmicos hoje em dia, e bate de frente contra a cultura Marxista que está sendo implantada e infiltrada no Brasil. Além de investigar e criticar o movimento político gay, bem como o movimento de governança mundial dos meta-capitalistas para implantação de um governo totalitário mundial.
"Com efeito, Marx traiu a mulher – a aristocrata Jenny – com a própria empregada, Helene (com quem teve um filho, Freddy, que logo tratou de expulsar de casa); adulterou os números da mensagem orçamentária do primeiro-ministro inglês Gladstone (em discurso na Internacional dos Trabalhadores, em 1864); falsificou dados estatísticos de livros da Biblioteca do British Museum (fonte para a elaboração dos capítulos XIII e XV de O Capital ); caluniou Mikhail Bakunin, acusando o anarquista, sem provas, de ser “agente secreto da polícia czarista” ; e para compor sua obra, plagiou o pensamento dos outros, sem citar autoria.
Marx entrou para a História como vigarista desde o início: para “provar” que a evolução do capitalismo só ia piorar a vida dos trabalhadores, ele se apoiou nos dados dos Blue Books, relatórios anuais do Parlamento da Inglaterra. Quando Marx foi ver os relatórios, descobriu que, ao contrário do que ele estava dizendo, a condição social da classe operária tinha melhorado. Como os registros não comprovavam o que ele queria, ele usou os registros de trinta anos antes. E assim usou essa falsificação histórica na sua grande fraude O Capital."
Karl Marx já foi desmascarado como charlatão na Europa no século 19, ainda em vida. Qualificado pelos próprios aliados como “difícil, violento e autoritário”, Marx não inspirava respeito nem em outros socialistas. Talvez por isso o russo Mikhail Bakunin o tenha classificado como “monte de esterco”, o francês Proudhon como “verme falsário” e o seu companheiro de redação
da Gazeta Renana, Karl Heinzen, como “espírito perverso, que vivia sempre sujo, capaz de tudo, menos de um gesto nobre”.