2012: fim do mundo – Parte I

Tem que ser: vamos falar disso.

Eu sei, alguns Leitores não estarão de acordo, mas estamos no princípio de Janeiro, não podemos passar todo o ano com pesadelos do tipo “Ohi minha nossa, será que em Dezembro tudo acaba? Vamos morrer? Seremos invadidos por extraterrestres ou lulas gigantes?”.

Calma, aqui está Informação Incorrecta, o blog que as dúvidas resolve a as lulas frita. Pegamos no raio de calendário Maya e vamos analisar. Pode ser? Pode. Ok, obrigado. De nada, ora essa.

Esta paranóia do 2012, fortemente alimentada pelos média (ver caso Hollywood), é responsável pelas imagens apocalípticas que circulam nestes tempos. Cataclismos, devastações, terremotos, nariz entupido.

Lógico fazer associações mentais com quanto aprendido ao longo da vida: o Dilúvio Universal da Bíblia, os relâmpagos de Zeus do Monte Olimpo, a batalha dos Vimanas nos céus de Vishnu, tudo condimentado com os recentes filmes de tipo catastrófico.
Tudo acaba numa única imensa panela onde ficam misturados sacro e profano, ciência e ficção científica, mito e realidade.


Mas qual a origem? Porque deve existir uma origem que justifique tudo isso. E a origem existe. Para explicar a paranóia 2012 temos que observar os elementos originais: as profecias Mayas. Que, segundo as vozes recorrentes, anunciam o fim do mundo no próximo dia 21 de Dezembro de 2012. A que hora? Não sei, espero seja depois do pequeno almoço.

Na verdade, esta profecia não nasce na forma actual, mas resulta da interpretação conjunta de poucas, muito poucas fontes. São as fontes que sobreviveram ao Conquistadores espanhóis e ao trabalho dos padres católicos. Entre os poucos documentos salvos, os mais importantes neste sentido são o Código de Dresda, o livro sacro Popol Vuh e os livros Chilam-Balam.

O Código de Dresda permitiu conhecer o famoso calendário Maya, aquele que termina com a data de 21 de Dezembro de 2012.

O livro Popol Vuh contem várias lendas mitológicas que compõem a tradição Maya. Neste aspecto, calendário e tradição são interligados de forma indissolúvel, enquanto o primeiro representa a “estrutura mecânica” (temporal) com a qual os conceitos do livro se concretizam no mundo material (o nosso mundo).

É importante lembrar que segundo os Mayas a história é cíclica, repete-se com períodos de 5.000 anos que são sempre idênticos. Em cada um destes ciclos, a humanidade completa um percurso evolutivo. Nesta altura estamos a viver na fase conclusiva do actual ciclo, começado por volta de 3.000 antes de Cristo: o fim do ciclo chegará, obviamente, no dia 21 de Dezembro de 2012. Possivelmente depois do pequeno almoço.

Mas é só com o livro Chilam-Balam, com uma longa série de profecias, que podemos ler em termos catastróficos o fim do ciclo e interpreta-lo como “fim do mundo”.

As profecias Chilam-Balam (termo que significa “O Profeta Balam”, mas não perguntem quem era este último), parecidas com as centúrias de Nostradamus, estão associadas a ciclos temporais de 20 anos, chamados katun. O último katun do nosso ciclo (isso é, os anos entre 1993 e 2012) prevê um período escuro, caracterizado por violentos choques entre forças antagonistas e de enorme magnitude.

Mas atenção: é a nossa visão linear do tempo, que corre numa só direcção (do passado para o futuro) que leva a interpretar este conflito como algo de definitivo e irremediável. É a nossa visão escatológica (introduzida pelo Cristianismo) que indica este percurso: nascimento, vida, morte, Dia do Juízo Universal, ámen. Um percurso que pode ser feito apenas uma vez, não há tempos extras, não há regresso.

Uma visão que os Mayas não compartilhavam (e que, diga-se, a moderna cosmologia também não compartilha: ver o caso das “setas do tempo” que podem assumir várias direcções). Ao considerar uma visão circular do tempo (cíclica), estes momentos parecem apenas pequenos pontos no interior dum conjunto de pontos onde não é possível distinguir uma hierarquia temporal.

Não há um “ponto inicial”, não existe um “ponto final”.

O período que estamos a viver, segundo os Mayas, não tem nada de “mais” ou de “menos” ou de “definitivo” ou “final”: é apenas o fim dum ciclo e o começo dum novo. É a Humanidade que se move dum ponto para outro duma “grande roda”, tendo por isso a sensação de proceder no tempo.

Há depois um outro aspecto, típico do pensamento ocidental, que torna difícil avaliar de forma correcta as profecias: é o mecanismo causa-efeito. Habituados a encarar o tempo como algo de linear, parece natural pensar em qualquer evento como consequência dum evento anterior.

C existe porque antes existiu B, por sua vez fruto do acontecimento A.

Mas esta é a nossa visão. Os Orientais, por exemplo, encaram a realidade de forma bem diferente.
Como?

É o que vamos descobrir na segunda parte do artigo.
Porquê? Porque sim.

Ipse dixit.

Fontes: Luogo Comune

3 Replies to “2012: fim do mundo – Parte I”

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