Fukushima: o Melt Down e os Voluntários

Até que enfim: a Tepco confirma, fusão total nos reactores 1, 2 e 3 da central de Fukushima. E fusão acontecida não nas últimas horas mas já ao longo dos primeiros dias da crise.

As barras de combustível nuclear do reactor nº 1, por exemplo, tinham ficado fundidas 16 horas após o terramoto, aquelas do reactor nº 2 demoraram um pouco mais, 101 horas.

Entretanto, o Japão é obrigado a rever as estimativas acerca dos níveis de radiação no ambiente. Amostras de plutónio têm sido encontradas na cidade de Okuma, 1,7 quilómetros da central de Fukushima. O plutónio é uma substancia radioactiva, que se respirada ou ingerida pode prejudicar seriamente os pulmões, o fígado e o esqueleto.

Os níveis de radioactividade nas águas ao largo da central estão acima dos limites legais e a Prefeitura de Fukushima comunica que a pesca ainda não ficou autorizada, enquanto mantém-se proibida a comercialização de produtos marinhos da região.

Entretanto a Agência Internacional da Energia Atómica (Aiea) da os parabéns ao Japão.
Pois, explica a Agência, verdade que o Japão subestimou os riscos nucleares numa zona altamente sísmica; verdade também que o problema dos tsunami nem tinha sido considerado. Mas a resposta perante a emergência foi “exemplar”.
O que pode ser traduzido desta forma: sim, verdade que o Japão esteve a borrifar-se quanto aos riscos e plantou centrais nucleares em cima de falhas tectónicas, mas quando estas centrais ruíram o Japão fez tudo para evitar de ser rasgado do mapa.

No relatório, a Aiea pede também a constituição dum “centro de emergência mais eficaz” (e porquê? A resposta foi “exemplar”..), que no futuro seja prevista a “protecção contra todos os riscos naturais” (mas só no futuro, não há pressa) e pede para que as autoridades japonesas vigiem “a saúde dos trabalhadores”.
Ah, pois, os trabalhadores…

A propósito: 250 idosos japoneses avançaram como voluntários para os trabalhos na central de Fukushima. O fundador do grupo, Kazuko Sasaki, 69 anos, explica que uma pessoa de 30 anos atingida pelas radiações adoece perto dos 35-40 anos, muito mais depressa do que um idoso. Com 69 anos, pelo contrário, as eventuais consequências surgiriam perto dos 75-80 anos.

A minha geração, a velha geração, promoveu as centrais nucleares: se não formos nós a assumir a responsabilidade, que fará isso?

“Dignidade” é evidentemente uma palavra ainda com algum sentido no Japão.

Ipse dixit.

Fontes: Petrolio, Il Cambiamento, CNN

4 Replies to “Fukushima: o Melt Down e os Voluntários”

  1. Apesar da indiferença dos grandes e dos erros cometidos ofuscados pelo dinheiro, o povo Japonês consegue ainda dar uma grande lição aos seus líderes e a todo o Mundo.

    Responsabilidade, Altruísmo, Desinteresse e Dignidade.

    Não é por acaso que são um dos povos mais avançados da actualidade: conseguem abranger um grande conhecimento moral, espiritual e tecnológico que lhes confere essa supremacia comportamental sobre o ocidente.

    Sem dúvida, uma lição para todos nós.

    Cumprimentos,
    — —
    R. Saraiva

  2. Mas enquanto "nós" andarmos convencidos que podemos fazer às forças deste Planeta, que parasitamos, o nosso futuro vai ser mesmo miserável e triste!

  3. finalmente consigo ler alguma coisa sobre Fukushima…é um bocado dificil, qdo só se fala e escreve sobre politica e FMI :(…obgdo 😉

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