Visões do futuro: A Estrada da Pérsia – Parte I

E vamos ver qual o futuro.
Outra vez?
Outra vez.
Só que agora vamos falar dum futuro muito mais próximo.

Breve resumo da situação.

O planeta está a viver uma das alturas mais felizes. Isso admitindo que o planeta goste do caos.
Caso contrário não há muito para rir.

As revoltas na África do Norte e no Médio Oriente; a crise da economia ocidental; o surgimento de novas potências “locais” (China, Índia); sem contar as catástrofes naturais, sobre as quais pesam inquietantes dúvidas.
Da Europa melhor nem falar.

E estes, claro, são apenas os últimos acontecimentos, pois a lista poderia continuar.

Mas quem segue os acontecimentos da geopolítica, sabe quanta importância têm o Médio Oriente e a Ásia do ponto de vista estratégico. E não é apenas “culpa” de Israel: Afeganistão e Paquistão pouco têm a ver com a Terra de Rei David. Mas as tropas americanas lá estão.
E as já citadas revoltas da África do Norte? Começadas na Tunísia, agora afectam Países do Vizinho Oriente também.

Mas esperem um segundo. Todas estas revoltas, todas ao mesmo tempo…a subida dos preços dos géneros alimentares básicos, todos e tudo ao mesmo tempo…não será por acaso uma peça dum desenho maior? Bem maior? Um desenho que tem como pano de fundo o Médio Oriente e ainda mais?

Quem segue Informação Incorrecta:
1. é uma pessoa particularmente inteligente e merece os meus obséquios
2. já sabe qual o ponto de vista do blog acerca das revoltas. E da “espontaneidade” delas.

Agora chega um curioso documento, cujo título é: Which Path to Persia? (Qual estrada para a Persia?). E se o leitor achar tratar-se dum guia turístico para alcançar Teheran, então retiro os obséquios. Todos.

Wich Path to Pérsia  é um documento que num primeiro tempo foi publicado sob sigilo, mas que depois apareceu como público.
Doutro lado, censurar para quê? O bom cidadão está a beber-se tudo e mais alguma coisa: democracia representativa, ataque contra as Torres Gémeas, guerra ao terrorismo, invasão do Iraque para ocupar os campos petrolíferos, guerra no Afeganistão nem se percebe bem por qual razão, as 7 mortes de Bin Laden…. O sigilo não faz sentido, é só uma perda de tempo.

Esquerda: Brezinski  Direita: Bin Laden

E ainda bem. Porque este documento indica qual o futuro do planeta ao longo dos próximos anos. Isso, claro, se a sociedade não colapsar antes.

E não foi escrito por qualquer astrólogo ou sensitivo.
Os autores pertencem ao Brookings Institute, com agradecimentos para a Smith Richardson Foundation, enquanto presidente dela era nada mais nada menos que o Grande Velho: Zbigniew Brezinski.

Para quem conhece Brezinski não é preciso acrescentar nada.
E quem não conhece Brezinski? Bom, podemos dizer isso: o bom Barack Obama não sabe, Vladimir Putin não sabe, a Rainha da Inglaterra até pode não saber. Mas Brezinski sabe, sempre e tudo.

Mas há mais: o mesmo Brookings Institute outra coisa não é a não ser uma criação da elite globalizadora: nomes como Rockefeler Foundation ou Ford Foundation dizem alguma coisa?
E talvez ajude a perceber ainda melhor o facto da Brookings Foundation receber gordos cheques das maiores corporações americanas. Alguns nomes? Goldaman Sachs, the Carlyle Group, Pepsi, Alcoa, McKinsey…chega, não é? Pois.

Então vamos ler este documento.
Que ajuda a perceber o presente e também o futuro. Não um futuro certo ao 100%. Mas sem dúvida o futuro que, entre todos os futuros, tem mais possibilidade de tornar-se realidade.
Porque assim manda quem pode mandar.

Página 39: Sanções 
(pag. 52 do Pdf)

Para aqueles que desejam uma mudança de regime ou um ataque militar ao Irão (dos EUA ou de Israel), há um argumento a ter em conta ao considerar esta como primeira opção.

As iniciativas para a mudança de regime no Irão seriam muito mais facilitadas ao convencer o povo iraniano de que o seu governo é tão obtuso ideologicamente ao ponto de recusar a fazer as melhores escolhas para o seu povo, ficando pelo contrário agarrado a uma política que só conduz à ruína .

O ideal neste caso seria que Estados Unidos e a comunidade internacional oferecessem um atrativo pacote de medidas compensatórias, de modo a induzir o povo do Irão a aceitar a troca, só para ver depois o regime recusa-lo.

Em tal contexto, qualquer operação militar contra o Irão seria muito impopular em todo o mundo e exigiria um contexto internacional apropriado, tanto como o apoio logístico para garantir a operação quanto para atenuar as suas consequências.

A melhor maneira de minimizar a oposição e maximizar o apoio internacional (em qualquer caso, forçado ou não óbvio) seria de atacar apenas quando houvesse um convencimento generalizado de que aos Iranianos foi dada uma possibilidade atrativa, mas que eles recusaram; tão boa que só um regime que tem como objetivo a posse de armas nucleares e, sobretudo para os fins errados, não leva em consideração.

Neste caso, os Estados Unidos (ou Israel) poderia realçar como a reação deles foi tomada com pesar, não com raiva, e pelo menos alguns membros da comunidade internacional poderiam argumentar que os Iranianos, afinal, “foram à procura disso, por ter recusado um negócio tão bom “.

Olé.
Autodeterminação dos povos? O que é isso? Os povos têm que ser autodeterminados a partir “de fora”.

Há um regime que não reconhece a nossa autoridade? A comunidade internacional não aprova uma nossa intervenção armada? Aborrecido, não é?

A comunidade internacional não percebe: este regime tem a bomba!
Na mesma zona também Israel tem a bomba, aliás, mais ou menos 200 segundo as últimas estimativas. Mas Israel é um País pacífico e responsável, não como estes Árabes, cujo desejo é cortar as gargantas das crianças cristãs. 

Mas eis a solução: mostramos ao regime a cenoura, uma boa cenoura, sabendo que o regime recusará. Nesta altura podemos subir em cima da mesa e começar a gritar:

Viram? Viram, meus amigos? Nós, os Bons, oferecemos tudo e mais alguma coisa. Mas eles não, ah, pois não. E porquê? Porque são maus. E querem a bomba. Pode um Mau ter a bomba? Não, porque utilizará a bomba para atacar e destruir as nossas liberdades!

Truque velho? Não se preocupem, funciona sempre.
Às vezes nem é preciso subir em cima duma mesa: basta ligar internet, usar Facebook e Twitter. E depois espalhar vozes. Agora sim que podemos subir a mesa: sem esquecer termos como “liberdade”, “ditador” e “humanitário”. Sobretudo este último, faz sempre um certo efeito.

Com o termo humanitário podemos fazer tudo: bombardear cidades, civis, enviar tropas. Até a guerra é lícita se for humanitária, embora neste último caso não seria mal acrescentar “preventiva”.
Porque a prevenção é importante.

Página 65: Justificar a invasão
(pág. 78 do Pdf)

Se os EUA decidirem que, para ter um amplo apoio internacional e galvanizar o apoio dos mesmos Estados Unidos e/ou apresentar uma justificação legítima para a invasão, seria melhor esperar uma provocação do Irão, em seguida, o prazo para uma invasão poderia ser estendido indefinidamente.

Com uma só excepção real, a da revolução de 1978, a República Islâmica nunca provocou deliberadamente uma resposta militar americana, embora, certamente, tomou iniciativas que poderiam ter causado um conflito, se Washington tivesse desejado.

Embora não seja impossível que o Irão possa fazer algo para justificar a invasão dos EUA, e isso seria possível se Washington estivesse à procura dum desafio deste tipo, seria preciso tomar medidas que pudessem tornar mais provável isso.

No entanto, ter de esperar que seja o Irão a fazer uma provocação, com o Irão preocupado muitas vezes em não fazê-lo no passado, os Estados Unidos poderiam nunca saber ao certo qual a a altura da provocação chegar. Na verdade, ela pode nunca vir.

Aqui temos um problema, de facto.

Para fazer a nossa boa figura é precisa uma provocação. Mas se esta não chegar?
Nem todos os regimes antipáticos são compostos por uma cambada de idiotas: o Irão, por exemplo, evitou provocar os Estados Unidos até hoje. E não há nada de mais aborrecido que esperar uma provocação que nunca chega.

Reparem, não é precisa uma enorme provocação: poucas centenas de civis americanos mortos seriam suficientes. Também um navio afundado daria jeito ou um massacre de turistas ocidentais.
Afinal não é pedir muito.

Na Líbia foi tudo mais simples, pois Kahdafi não é pessoa tão subtil. Foi suficiente espalhar vozes, como vimos, falar de civis desarmados trucidados, de cemitério à beira mar, e pronto, o cenário estava montado.
Mas com o Irão é diferente.

Mesmo assim, não desesperem: os Estados Unidos têm uma longa tradição em matéria de provocações construídas. E não é preciso recuar até Pearl Harbor à procura de algumas ideias. Há tudo o necessário aqui, à disposição.

Sim, verdade, agora é que dariam jeito duas novas Torres Gémeas. Mas há sempre outros símbolos do nosso mundo livre: a Estátua da Liberdade, o Golden Gate. E o Rato Mickey.
Que tal raptar o Rato Mickey?

Por enquanto acaba aqui a primeira parte da análise do report Wich Path to Pérsia. Que depois é uma óptima antecipação do que irá acontecer nos próximos tempos.

Por isso, já sabem: em breve a segunda parte.   

Ipse dixit.

Fonte: Land Destroyer

2 Replies to “Visões do futuro: A Estrada da Pérsia – Parte I”

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