A blogosfera mais pobre

Informazione Scorretta fecha.
Não, não Informação Incorrecta, mas o blog que deu origem à versão portuguesa.
É uma péssima notícia.

Decidi abrir este blog após ter lido ao longo de bastante tempo Informazione Scorretta. Com o autor do blog italiano compartilho muito dos pontos de vista, na prática todos.

Felice, este o nome, é uma pessoa que enfrenta a realidade com a mesma atitude típica dos posts que aparecem aqui. Lógico, portanto, a noticia do fecho ser uma autentica “bomba” que deixou muitos descontentes.
Mas não particularmente surpreendidos.  

O que se passou é que ao longo dos últimos meses Informazione Scorretta foi alvo de ataques que tiveram como fim a desestabilização do blog. Contínuos comentários que, em vez da discussão, tinham como objectivo impedir a discussão, insultos pessoais dirigidos ao autor e aos leitores.

Felice fechou os comentários ao longo de alguns dias, mas não foi suficiente. Uma vez reabertos, voltaram também os idiotas de regime. 

Este é um dos riscos que enfrenta quem faz informação alternativa, quem tenta afastar-se das notícias difundidas pelo mainstream.
Não se trata de ser heróis, não há super-homens aqui: quem escreve e quem lê, somos todos pessoas absolutamente normais que têm um único desejo: perceber.
Dedicamos parte do nosso tempo a escrever ou ler acerca da realidade, que existe, mas que muitas vezes não é difundida em favor de versões mais soft.

Não ganhamos com isso: ou seja, não ganhamos dinheiro, nem glória, ganhamos outras coisas, como o conhecimento. Ma alguns não gostam disso, já sabemos.

Muitos, entres quem escreve e quem lê, já tiveram os seus problemas: Informação Incorrecta ficou “off” ao longo dum mês, cortesia de Google, e ainda hoje espero por uma explicação.
Há outros blogues que tiveram o mesmo destino.

Há pois os casos como Informazione Scorretta, onde os ataques ficam a ser intoleráveis e rendem impossível uma simples e pacífica discussão.

Esta última forma de perturbar um blog é a mais perversa. Não há uma censura clara e descarada como no caso do fecho temporário: é o autor que, farto, decide fechar. Ninguém poderá dizer “foi censura, o blog foi apagado”. Não, foi o autor que fechou, a responsabilidade aparente é só dele e ponto final.

É triste. Informazione Scorretta foi e ainda era para mim fonte de inspiração, não é difícil encontrar por aqui artigos que nasceram com base no que o homologo italiano tinha publicado.
Os artigos dedicados às causas dos terramotos, por exemplo, eram as versões portuguesas dos originais de Felice.

O qual, ao longo de três anos, tinha construido uma solida reputação, feita de notícias não “inventadas” mas “certificadas”. Nada de scoop duvidosos, mas apenas realidade observada com os olhos de quem tenta perceber.

Desejo agradecer Felice por tudo o que representou: este blog, como já disse, existe porque existiu Informazione Scorretta.
Obrigado Felice.

A blogosfera a partir de hoje fica mais pobre.
Muito mais pobre.

Ipse dixit.

Fonte: Informazione Scorretta.

15 Replies to “A blogosfera mais pobre”

  1. Max,
    Ja nos tinhas dito que eras um estrangeiro a residir em Portugal, mas fiquei curioso e gostaria de saber qual o teu pais de origem.

    Max de Massimiliano? 😛

  2. Isso mesmo Anne.

    Mas lembra: raramente existe apenas uma verdade. O que para nós é branco, para outros pode ser só excesso de cores.
    E o preto, que cor é? Na verdade é falta de cor, mas nós decidimos chama-lo como uma cor, o preto.

    Ou seja: as coisas aparecem, mas o qual a essência da verdade?

    Grande abraço para Anne!

  3. Tá bom, Xenofonte, para festejar o mês do primeiro aniversário do blog, eis a Grande e Terrível Verdade revelada:

    Max de Massimo, nascido em Italia.
    Assim, Italiano?
    Como costumo dizer: não, Genovês. O que é bem diferente.

    Abraço!!!

  4. P.S: o velho senhor da imagem que costuma acompanhar-me é Andrea Doria.
    Com Cristoforo Colombo, Giuseppe Garibaldi e Niccoló Paganini é uma das mais importantes personalidades de Genova. Ah, e com Max também óbvio 🙂

  5. A minha curiosidade ficou satisfeita 🙂
    Genova, cidade de mercadores, estive la de passagem quando tinha uns 15 anos por isso nao me lembro muito bem. Para a proxima exigira mais atencao.

    Daqui Goncalo(maldito teclado UK sem cedilhas), natural de Lisboa, e vivi durante 26 anos na Caparica e mudei-me ha exactamente um ano para Londres(cidade predilecta dos Rothschild hehe).

    Abraco

    Ps: Nao sabia que o grande unificador da Italia era de Genova.

  6. Olá caro Max !

    Esse noticia foi postada hoje, "venerdì 1 aprile"… Será que devo acreditar nisso ??

    Muitos blogues, hoje, fizeram essa "miserável" brincadeira… 😀

    Abraço

  7. Olá Xenofonte!

    Aliás, ex-vizinho, dado que escrevo de Almada.

    UK. Visitei a Inglaterra duas vezes (Londres, Eastbourne, Bournemouth) e as recordações são fantásticas. Pena a comida que é uma desgraça, mas Fish&Chips ainda provoca saudade.

    E de certeza irei voltar.

    Boas recordações mas enquanto turista, agora, viver não sei.

    Nestes meses tenho um amigo (um Indiano) que mora em Londres por razões familiares, e não está nada satisfeito. O que custa-me de acreditar.

    Acho difícil ser pior do que Portugal. Sem dúvida, o clima, a comida não podem ser comparados, mas não vivemos apenas de sol e pasteis de nata.
    E a situação económica em Portugal é particularmente pesada: desde que aqui cheguei (8 anos) vi as coisas piorar com uma velocidade assinalável.

    Se não fosse por razões familiares, teria já deixado o País.
    Que fique claro: gosto de Portugal, é um bom País, com uma grande história, boa comida, boas pessoas, bons lugares, bom idioma.

    Em teoria há tudo para viver bem neste cantinho de terra.
    Mas quando pensamos na economia, na falta de oportunidades e nas perspectivas, a situação muda radicalmente.

    Custa-me ver Portugal nestas condições.

    Quanto ao Garibaldi.
    De facto nasceu em Nice, hoje França mas na altura cidade genovesa.
    Que dizer? Em cada família há uma ovelha negra, ao que parece…

    Não que a unidade de Italia seja má, pelo contrário. Mas como foi feita, e sobretudo como foi gerida, tudo isso representou um erro do qual ainda hoje pagam-se as consequências.

    E não falei de outro genovês, Giuseppe Mazzini, um dos principais maçónicos da sua época…

    Abraço!

  8. Tinha uma ideia diferente do Garibaldi, via-o como uma especie de libertador como o Simon Bolivar. Vendo bem, seria interessante saber mais sobre a personagem. Recomendas alguma biografia dele?

    O facto de ele ser de Nice faz-me lembrar o Marco Polo(Marko Polic), que nasceu numa ilha da Croacia, mas na altura esse territorio era protectorado de Veneza 🙂

    Relativamente a viver aqui em Londres, ate ao momento tem sido uma experiencia bastante interessante tanto a nivel pessoal como profissional.
    No que toca a' economia,apesar do UK ter vindo a regredir, ainda vejo um grande poder de compra por parte da maioria do povo. As vezes ate me faz alguma confusao ver tanto consumismo nas ruas, mas para teres uma economia funcional o dinheiro tem de fluir:)

    Este ano ja se comeca a notar uma inflacao mais alta que o normal, o que se juntares a's medidas de austeridade pode tornar a vida de muitos mais complicada.

    Gastronomicamente falando, a cozinha inglesa deixa muito a desejar(apesar dos bons hamburguers nos pubs), mas Londres tem uma coisa que adoro, o famoso Multiculturalismo, que tem sido completamente mandado abaixo pelos governos da UE( ha algum potencial para problemas). Este multiculturalismo acaba por nos oferecer uma excelente oferta de restaurantes bastante apelativa. Penso que essa e' mesmo a maior magia da cidade.

    Infelizmente concordo contigo, Portugal tem vindo a cair de forma vertiginosa e penso que o pior ainda esta para vir. Esta crise politica so esta a agravar a crise economica e o que me deixa mais lixado e' ver que cada partido rema para uma direccao diferente. Estamos a assistir a uma patetica delegacao de culpas por pate dos partidos. Continuo a ver o governo com os mesmos vicios e a mesma atitude servil perante os bancos e companhia.

    O que Portugal precisa e' de uma lideranca forte que va contra esses lobbies e que tambem acabe por influenciar a mentalidade do povo de forma a que este produza mais. Um pouco o mito sebastianista, tao tipico do belo Pais a beira mar plantado 🙂

    Abraco

  9. Olá Xenofonte!

    Não, infelizmente não posso recomendar nenhuma biografia de Garibaldi pois nunca li uma. Em verdade, nunca fui interessado nas aventuras do "Herói dos Dois Mundos", como também é conhecido.

    Os problemas destes "libertadores" é que muitas vezes as utopias são ultrapassadas pelos acontecimentos (aliás, quase sempre).

    A unificação da Italia, por exemplo, foi uma anexação feita com uma guerra (liderada por Garibaldi) e prosseguida com uma forte repressão.

    Tentamos ver as coisas do ponto de vista dos habitantes do Sul: um dia chega na nossa terra um fulano com outros 1.000 fulanos vestidos de vermelho, e logo a seguir um Rei que afasta o nosso rei (e o nosso Rei não era nada mau!), com soldados que falam de forma incompreensível e leis que não foram escolhidas por nós.

    Não é uma situação simpática, pois não?

    Que fique claro: Garibaldi não tomou parte nas repressões (que foram muitas e sanguinolentas), ele simplesmente liderou a primeira expedição, a da "libertação". Depois foi libertar outros Países.

    Eu penso em Garibaldi como um bom fulano, com boas ideias. Só que tinha algumas dificuldades em compreender as profundas implicações das próprias acções.
    Uma espécie de Che Guevara do séc. XIX.

    Uma das muitas implicações no caso de Garibaldi: a primeira vez que aparece o termo "máfia" foi em 1865.
    Olha o acaso, apenas 4 anos após a unificação.

    E repara: a Máfia, em origem, não tinha nada a ver com a realidade criminosa da actualidade; a origem do termo é nas palavras árabes MU'AFAH(proteção) e MAHYAS(garantir alguém), introduzidas no dialecto da Sicilia.

    "Topas?" como se diz em bom Português 🙂

  10. Olá Xenofonte (2)!

    "Infelizmente concordo contigo, Portugal tem vindo a cair de forma vertiginosa e penso que o pior ainda esta para vir. Esta crise política só esta a agravar a crise económica e o que me deixa mais lixado e' ver que cada partido rema para uma direcção diferente. Estamos a assistir a uma patética delegação de culpas por parte dos partidos. Continuo a ver o governo com os mesmos vícios e a mesma atitude servil perante os bancos e companhia."

    Nem mais.

    "O que Portugal precisa e' de uma liderança forte que vá contra esses lobbies […]"

    Isso é: não temos esperança?

    "[…] e que também acabe por influenciar a mentalidade do povo de forma a que este produza mais."

    Sabes, esta última passagem é muito complicada. Será papel dum Governo influenciar as massas? Sim, sem dúvida.

    Mas o Governo não é expressão dum povo?
    Também é.

    E aqui surge o verdadeiro problema: qual a mentalidade do povo português?

    Neste aspecto, a maioria dos Portugueses gostam de falar mal de Portugal. Mas eu não concordo. E não digo isso apenas para ser "simpático" com os leitores Portugueses.

    Só que aqui o discurso fica ainda mais complicado e estou convencido da existência de factores até históricos que podem explicar o estado de animo português hoje.

    O "Velho do Restelo" era português, verdade.
    Mas enquanto falava, havia outros Portugueses que afastavam-se com navios para enfrentar a aventura.

    É bom não esquecer isso.

Obrigado por participar na discussão!

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