10 anos depois

Ano de aniversário este 2011.

Em verdade os aniversários chegam todos os anos.
Mas neste caso falamos de umas ocorrências especiais: dez anos desde o 11 de Setembro de 2001, o atentado contra as Torres Gémeas de New York; e dez anos desde a abertura da prisão de Guantanamo.

E a propósito deste último: é impressão minha ou o Nobel da Paz Barack Obama ainda não fechou o caso?

Fechar a prisão de Guantanamo foi uma das promessas eleitorais do actual Presidente dos Estados Unidos. Uma das muitas promessas.

A América e boa parte do mundo civil estava farta da política de Bush, por isso a eleição do bom Barack foi vista como o começo duma nova era.

Yes We Can, paz, amor, justiça, fim das guerras.
Ainda antes de ser eleito, o bom Barack tinha-se já tornado o ídolo de todas as Esquerdas do planeta, e não só.

Depois começaram os problemas. Aliás, os problemas começaram na mesma altura da eleição, com a crise que continua ainda hoje. Nisso, o bom Barack não teve culpas, óbvio: simplesmente teve que aceitar a situação assim como estava.

Mas as outras promessas? As que ele tinha feito? Guantanamo, como afirmado, era uma dessas.

Neste sentido, o bom Barack é como Bush. De facto, acabou de assinar uma lei que não só não fecha a prisão extra-territorial, como também inviabiliza o fecho nos próximos tempos.

O que isso significa em termos práticos? Significa que os 173 prisioneiros ainda presos dentro daqueles muros, ai permanecerão. Mesmo aqueles que já foram declarados inocentes ou que não têm nenhuma acusação.

A lei tem um nome: Defense Authorization Bill.

A lei estabelece que não haverá dinheiro para a transferência dos reclusos até o continente, onde poderiam ser julgados.

Mas não tinha sido o bom Barack a criar uma equipa de especialistas para que fosse possível estabelecer quais os presos inocentes e quais, pelo contrário, a serem julgados no território dos Estados Unidos?

Sim, tinha sido sempre ele, o bom Barack.

Só que agora decidiu também cortar os fundos para as transferências. O que cria um certo incómodo aos presos: desde a prisão até os EUA são cerca de 500 quilómetros, sempre a nadar.

Resultado: 89 presos ficam na prisão, sem acusação e sem julgamento.

Em boa verdade, 58 deles tinham uma acusação: são Yemenitas. Não terroristas do Yemen, simplesmente Yemenitas. E como o Yemen entrou na lista dos Estados Maus (na óptica dos Estados Unidos), ser Yemenita não é uma boa ideia nesta altura.

Outros 31 desgraçados, para os quais não foi encontrada nenhuma acusação, devem ficar presos por uma razão ainda mais surreal: ao ser repatriados, poderiam ser torturados nos Países de origem. Portanto ficam presos.

Quando Gorbachev conquistou o poder (1985), os media ocidentais começaram uma feroz campanha para que os presos políticos fossem libertados.

Eram cerca de 20 e, de facto, foram libertados.

Agora, de Guantanamo ninguém fala.

Para obter informações é preciso contactar associações de voluntários, como a Reprieve.

Os media? Nada, silêncio.

Justo: afinal Barack é bom.
E depois são apenas 173.

Ipse dixit.

Fonte: Reprieve

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