Uma hora e meia antes

Há poucos dias, alguns tiros de artilharia da Coreia do Norte provocaram a morte de quatro pessoas numa ilha da Coreia do Sul.
Hoje, graças às revelações de Wikileaks, a notícia já pertence à História. Mas este é outro assunto.
Voltamos ao passado.
Segundo os media internacionais, de repente o regime de Pyongyang teria aberto o fogo contra a ilha de Yeonpyeong, no dia 23 de Novembro.
Porquê? Porque sim, não sabiam como matar o tempo então decidiram matar alguns Sul.Coreanos.
Esquisito.
O bombardeamento ocorreu às 14:34, hora da Coreia.
O que tinha acontecido antes?
Hoje encontrei a resposta.
Cerca de 70.000 soldados sul-coreanos tinham sido mobilizados para exercitações ao largo da fronteira marítima entre o Norte e o Sul, num território disputado. A Coreia do Sul agora admite ter disparado alguns tiros nas águas que a Coreia do Norte considera seu território.
Isso aconteceu às 01:00, uma hora e meia antes da resposta do Norte.
Um pormenor que os media esqueceram.
Esta exercitação deve continuar até 30 de Novembro e prevê uma simulação de invasão.
Contra quem? Adivinhem.  
Embora oficialmente os EUA neguem ter sido envolvidos, a CNN de 23 de Novembro informou que “algumas forças dos EUA ajudaram a Coreia do Sul num exercício de treino militar”. E esta não é uma novidade: em Julho passado, os dois Países realizaram exercitações combinadas nas mesmas águas ao largo da costa oeste da península coreana. As operações incluíam 200 aviões e 20 navios, entre os quais a porta-aviões nuclear USS George Washington. 
Li Jie, um pesquisador da Academia da Marinha chinesa, escreveu no dia 12 de Julho no China Daily:  
Uma exercitação junta com a ROK [Coreia do Sul, NDT ] nas águas ao largo das suas principais bases militares na Ásia, pode ajudar os EUA a alcançar vários objectivos estratégicos na região Ásia-Pacífico.

Em primeiro lugar o exercício, pode ajudar os EUA a manter alta a pressão contra o que define como regime inquieto, a RPDC [Coreia do Norte, NST].

Também pode ser uma indicação explícita da posição dos Estados Unidos, única super-potência do mundo, em caso de conflito: proteger a República da Coreia e o Japão.
Além disso, um deliberado exercício militar no Mar Amarelo também vai ajudar os Estados Unidos para colectar informações geográficas e militares sobre alguns Países asiáticos.

Tudo isso não justifica a reacção da Coreia do Norte. 
Mas os novos factos podem sugerir que os golpes de artilharia de Pyongyang afinal não foram nada de inesperado por parte sul-coreana ou americana. 
Afinal, disparar em águas disputadas com um regime militar “nervoso”, é meio caminho andado para obter as primeiras páginas dos jornais e manter elevada a pressão.
Ipse dixit.
Fonte: Workers

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