Tea Party: o partido do Chá.
Um fenómeno da Direita americana, em crescimento, que desenvolveu um papel de relevo nas eleições intercalares de ontem e que pode tornar-se ainda mais importante no futuro.
Para conhece-lo, nada melhor do que as palavras dum Americano: Stephen Lendman vive em Chicago e no seu blog é possível ouvir as gravações de Progressive Radio News Hour, programa no qual, com os seus convidados, discute da situação do País.
Eis o ponto de vista de Stephen acerca do Tea Party.
O Tea Party é, para utilizar a própria definição, um movimento
de pessoas comuns que querem tornar os Americanos cientes de todos os problemas que ameaçam a soberania, a segurança ou a tranquilidade doméstica da nossa amada Nação, os Estados Unidos de América. Desde a nossa fundação, o Tea Party é a voz do verdadeiro proprietário dos Estados Unidos, o Povo.
Outro site tem o título de “Patriotas do Tea Party”, residência oficial do Movimento dos Americanos Tea Party, uma comunidade que tem
o compromisso de ficar juntos, de cabeça erguida, ombro com ombro, para proteger o nosso País e a Constituição em que se baseia!
A missão tem como alvo “a despesa e a tributação excessiva do governo”, salientando os “três valores essenciais da responsabilidade fiscal, do governo limitado constitucionalmente e dos mercados livres”, termos que contém tudo o que é preconizado pelos seus partidários, incluindo a errada conexão com a Revolução do Chá, do século XVIII..
Promovido como activismo das massas, o partido alcançou o reconhecimento nacional nos protestos no Palácio do Congresso em meados de 2009, e recebeu grande atenção dos media, contra o Obama-care (a reforma do sistema de saúde), os banqueiros e acusações de excessos fiscais.
Depois, no passado Fevereiro, a Convenção Nacional do Tennessee aumentou o alcance, destacando um programa para levar a América para a Direita, sob o pretexto da oposição popular à grande irresponsabilidade fiscal do governo.
Como resultado, os extremistas recrutaram maioritariamente Norte-Americanos de renda média, que haviam perdido os seus empregos, a habitação e a segurança económica numa altura em que deveriam ter-se movido para a Esquerda, não para Direita: ao invés de culpar o governo, seria lógico exigir uma iniciativa para atender às necessidades do povo.
Isso não aconteceu.
Os demagogos aproveitaram de milhões de pessoas, com a ajuda do apoio diário da Fox News e dos seus condutores. Entre estes, Glenn Beck, Bill O’Reilly e outros falam contra o governo, promovendo uma agenda extremista, espalhando o medo e aumentando as próprias fileiras de acólitos, que na maioria dos casos não sabem que os próprios interesses são assim comprometidos e não ajudados.
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Os irmãos Kochs |
Sourcewatch.org encontrou os fundadores do Tea Party, citando um artigo de Jane Mayer, do New Yorker do 30 de Agosto de 2010, que menciona David e Charles Koch, os proprietários bilionários da Koch Industries, um conglomerado privado da energia com interesses na agricultura, finanças e outras iniciativas empresariais.
Em 2008, Forbes definiu-a a segunda empresa privada americana após a Cargill, com uma receita anual de cerca de 100 biliões de Dólares.
De acordo com Mayer: “O fervos anti-governativo que permeou as eleições de 2010 representam um triunfo político para os Kochs. Ao dar dinheiro para “educar”, financiar e organizar os manifestantes do Tea Party, ajudaram a transformar o próprio programa privado num movimento de massas. “
Os Kochs aproveitaram as massas, moldando, controlando e canalizando a revolta popular em favor da própria politica.
A força do partido deriva também dos milhões de Dólares das fundações conservadoras, financiadas pelas ricas famílias americanas e pelos seus interesses comerciais.
As mais importantes neste sentido são a Americans for Prosperity (AP) e Freedom Works (FW, presidida pelo ex-líder da maioria republicana, Dick Armey), que promovem a mesma linha dura de direita dos outros apoiantes, dos Kochs e dos líderes do Tea Party.
Em Abril de 2009, ThinkProgress.org disse que AP e FW eram os principais organizadores do Tea Party, descrevendo-os como “grupos de peritos financiados generosamente pelos lobistas“, e que forneciam a logística e os esforços a nível nacional. Media Matters, David Koch fundou Citizens fos a Sound Economy (CSE), antecessor de FreedomWorks.
Por seu turno, a Koch Industries nega qualquer ligação entre FW e Tea Party, afirmando apenas que “aprecia a liberdade de expressão, e acredita que é bom ter mais Norte-Americanos envolvidos em questões-chave“. No entanto, Koch admitiu financiar a AFP.
O poder dos medis é tudo, e até o compromisso mais forte acaba desperdiçado sem esta fundamental ajuda.
Fox fornece ajuda em abundância, apoiada desde o início pelos seu fieis extremistas, que incluem “trechos exibidos com frequência nos quais imploramos o público para se envolver com os protestos do Tea Party em todo o País“, como afirma Karl Frisch de Media Matters.
Ainda pior, a Fox hospeda Glenn Beck, Neil Cavuto, Greta Van Susteren, Sean Hannity, e outras pessoas que participaram activamente nos protestos.
A Fox serve literalmente como porta-voz do movimento, promovendo cortes de impostos para os ricos que passam como benefícios universais. Além disso, os grupos envolvidos querem militância espontânea para o sucesso, mas de acordo com Chris Good de The Atlantic:
O seu panorama organizativo inclui três grupos conservadores de nível nacional, com programas ligeiramente diferentes.
Enfatizam uma situação “de baixo para cima”, e que o sucesso deles é verdadeiro. Os blogueiros conservadores, os talk shows, e outros meios de comunicação uniram-se ao movimento com papéis marginais.
Mesmo os grandes jornais têm falado disso. Por exemplo, o New York Times definiu o Tea Party como “um grupo de massa difundido em toda a América, delineado com sentimentos anti-governativos“, escrevendo que “desceu nas ruas um ano atrás “, escondendo assim a verdadeira hierarquia de controle.
Em 10 de Outubro, os repórteres do Washington Post Dan Balz e Jon Cohen intitularam “Atrás do Tea Party: o que os Americanos realmente pensam do governo”, escrevendo: “o tema dominante das eleições de 2010 é quanto o governo deve ser grande, e quanto tem que entrar nas vidas das pessoas. Numa votação nacional Washington alcança uma suficiência escassa”
“Eu acredito que menos o governo nos governa, melhor é para nós.”, e os números sugerem que muitas pessoas pensam como esta mãe dona de casa: está convencida de que a América está a tornar-se socialista, quando, na verdade, está fortemente inclinada para a direita, Obama é melhor do que Bush neste aspecto, mas disfarçando tudo com o populismo ou uma variante do mesmo.
No entanto, a cobrança dos créditos, a situação económica difícil, o medo do público, a credulidade, o forte apoio financeiro, os media e propaganda comparticipam no sucesso do Tea Party.
Num ensaio fotográfico, intitulado “Símbolos dos protestos do Tea Party“, a revista Time evidenciou isso, mostrando multidões que agitam cartazes e escrevendo:
Alguns dos manifestantes chegaram por si só, mas muitos eram filiados do Tea Party Express, um tour que atravesso o País passou por mais de 30 cidades, organizou manifestações para protestar contra os custos fora de controle, os resgates de empresas em falência, o escasso crescimento e o poder do governo
O Tour de Balão de ar quente dos Norte-Americanos para a Prosperidade, o Primeiro Tour de Autocarro, o American Energy Express da American Energy Aliliance, bem como eventos nacionais antes das eleições de Novembro…
Os apoiantes do Tea Party esperam que as manifestações e as vitórias-chave possam servir para solidificar uma força política poderosa, dirigidas por e para a hierarquia de elite, e não defensores do povo, iludido e enganado novamente, como no passado.
Fonte: SteveLendmanBlog
Tradução e adaptação: Informação Incorrecta