Se estes são as bases para o futuro…
Mercado do trabalho: o desemprego dos mais jovens no máximo e os salários no mínimo.
Naturalmente, destes números só podemos melhorar, mas não podemos falar numa verdadeira retoma.
Os dados divulgados nestes dias são contrastantes. Há, porém, um facto que é bem realçar e que talvez representa a crise no mercado do trabalho nos EUA.
Todos sabemos que a taxa de desemprego dos Estados Unidos é de cerca 9,5 %; a taxa oficial, claro, pois a verdadeira é muito maior, mas vamos esquecer este “pormenor” e tomamos os dados fornecidos como bons, pois neste contexto não importa muito.
Se fosse verdadeira retoma o desemprego não deveria ser tão alto (com o dinheiro de quem é possível incrementar o consumo privado?), mesmo considerando uma fisiológica e já prevista discrepância temporal entre início da retoma e subida da ocupação.
Mas até agora a situação é tudo somado normal, porque os desempregados têm desfrutado do apoio estatal para ir em frente e viver quase normalmente.
Os problemas são outros.
O primeiro: quantos sabem que o salário chamado “salário mínimo sindical” está no máximos históricos, ao considerar os últimos 30 anos?
O segundo: quantos sabem que o desemprego juvenil é igual a 26,20%?
Ok ok, vamos com ordem.
Recentemente o salário mínimo, decidido pelo governo federal, foi alvo de grandes melhorias, trazendo esse valor de 5,15 para 7,25 Dólares (por cada hora de trabalho, óbvio).
Bem, parece uma boa notícia: mais dinheiro para gastar.
Não, mal. Porque isso teve um dramático lado negativo: as empresas reduziram o pessoal para cortar os custos, em parte devido a esse aumento.
Um gráfico importante: a linha vermelha representa o valor do salário mínimo desde o final dos anos Sessenta, enquanto a linha cor de rosa é a percentagem do desemprego juvenil (entre os 16 e os 19 anos) ao longo do mesmo período.
Duas simples observações:
1. é evidente um relacionamento entre os dois valores: ao aumentar o salário mínimo cresce também o desemprego. Pensem nisso da próxima vez que alguém gritar “Salários mais altos para quem trabalha!” e nada mais: aumentar os salários sem tomar outras medidas adicionais significa atingir com mais desemprego mesmo quem trabalha.
2. nunca antes o desemprego tinha disparado desta forma. Mesmo no final dos anos Setenta, quando o salário mínimo tinha atingido os 8,50 Dólares/hora, o desemprego ficou na casa dos 23 e pouco em percentagem. Agora, com um salário de 7,25 Dólares/hora, já ultrapassou o 26%.
Quem perdeu mais do que os outros? Os jovens. Ficaram praticamente todos (ou quase) em casa.
Obviamente agora há alguém que sugere um salário sub-mínimo para pagar os adolescentes, mas hoje a situação é dramática.
Se estas são as bases para o futuro da nova recuperação económica, se os jovens estão nessas condições e se a taxa de desemprego continua a viajar para nestes valores, não é possível acreditar que haja uma verdadeira retoma.
Ipse dixit.
Fonte e gráfico: MediaMarket & More