O fim do Império

Atenção a esta história.

Como os leitores sabem, Informação Incorrecta não costuma publicar contos de fantasia.
Mas desta vez é diferente. Porquê? 
Porque o autor não é um jovem escritor em busca de fama, mas um homem de 70 anos que nesta altura da vida poderia gozar com calma da própria reforma.

Um jovem de 70 anos (71 para ser exactos) que no passado ocupou vários cargos, incluindo o de Secretário Adjunto do Tesouro durante a Administração Reagan, cargo ao longo do qual foi um dos fundadores da reaganeconomic.

Paul Craig Roberts, este o nome, foi também editor e colunista do The Wall Street Journal e Business Week e ainda é um popular comentarista em programas de rádio e televisão.

Basicamente Roberts é um economista: e neste conto que segue descreve um possível futuro. E não é uma previsão muito alegre.


O ano em que a América se dissolveu

Era 2017. Os clãs governavam a América

Os primeiros clãs foram organizados em torno das forças policiais locais. A guerra dos Conservadores contra o crime, durante a segunda metade do século 20º e a guerra contra o terrorismo da Administração Bush / Obama durante a primeira década do século 21º levaram a polícia a tornar-se militarizada e incontrolável.

Paul Craig Roberts

Enquanto a sociedade partia-se, a polícia tornou-se um “senhor da guerra”. A polícia do Estado caia aos pedaços, e os oficiais foram contratados pelas forças locais das próprias comunidades. As tribos recém-formadas estendiam-se aos familiares e amigos da polícia.

O Dólar tinha caído como moeda de reserva mundial em 2012, quando a pior depressão   económica deixou claro para os credores de Washington que o deficit do orçamento federal era grande demais para ser financiados, senão com a impressão de dinheiro.

Com o colapso do Dólar, os preços das importações subiram rapidamente. Enquanto os Norte-Americanos eram incapazes de pagar as mercadorias produzidas no exterior, as empresas multinacionais que produziam offshore para o mercado dos EUA foram à falência, o que compromete ainda mais a base das receitas do governo.

O governo foi forçado a imprimir dinheiro para pagar as próprias contas, causando um rápido aumento dos preços internos. Diante da hiperinflação, Washington teve de terminar os programas “Segurança Social” e “Medicare” e depois confiscou o que sobrava das pensões privadas. Isso proporcionou uma trégua de um ano, mas sem mais recursos para serem confiscados, a criação de dinheiro e a hiperinflação retomaram.

A organização das entregas de alimentos foi cortada quando o governo combateu a hiperinflação com os preços fixos e com a ordem de que todas as compras e as vendas tinham que ser feitas com papel-moeda norte-americano. Não querendo trocar bens com o não bem-vindo papel, os produtos desapareceram das lojas.

Washington reagiu, como tinha feito Lenine na União Soviética durante o “comunismo de guerra”. O governo enviou as tropas para confiscar os bens das pessoas. Esta foi uma medida paliativa temporária até o esgotamento das reservas existentes, e a subsequente produção ficou desencorajado. A maioria parte das mercadorias confiscadas tornaram-se bens das tropas que as tinham apreendido.

Outros clãs estavam organizadas em torno das famílias e dos indivíduos que possuíam estoques de alimentos, ouros, armas e munições. Alianças não simples, formadas para compensar as diferenças nas forças dos vários clã. As traições exigiram a “lealdade” como um acto necessário para a sobrevivência.

A produção de alimentos em grande escala e a produção de outros produtos caiu apenas as milícias locais começaram a tributar a distribuição e o transporte de mercadorias. Washington apreendeu a produção interna de petróleo e as refinarias, mas muita da gasolina do governo serviu para garantir uma passagem segura sobre o território do clã.

A maioria das tropas nas bases do outro lado do oceano foi abandonada. Enquanto os stocks e os recursos desapareciam, os soldados abandonados foram obrigados a fazer alianças com aqueles contra os quais tinham lutado.

Para Washington era cada vez mais difícil manter-se a si própria. Assim como tinha perdido o controle do País, Washington não era capaz de garantir os bens do exterior, tributos de todos aqueles que ameaçava de ataques nucleares. Aos poucos, as outras potências militares entenderam que o único objectivo da América era Washington. Os mais espertos viram a escrita na parede e fugiram da cidade antiga capital.

Quando Roma começou o seu império, a moeda consistia de moedas de ouro e prata. Roma estava bem organizada, com instituições eficientes e com a possibilidade de enviar tropas para lutar, assim que as suas campanha pudessem continuar indefinidamente, um monopólio no mundo de Roma.

Quando a insolência enviou a América em busca dum império ultramarino, a empresa coincidiu com a deslocalização da produção manufactureira americana, industrial, trabalhos industriais e serviços profissionais e a correspondente erosão da base tributária do governo, com a chegada do balanço de massa e os deficit comerciais, com a erosão do valor da moeda, e com a dependência americana dos credores estrangeiros e governantes marionetas.

O Império Romano durou ao longo de séculos. O americano colapsou durante uma noite.

A corrupção de Roma tornou-se a força dos seus inimigos, e o Império do Ocidente foi ultrapassado.

O colapso da América aconteceu quando o governo deixou de representar o povo e tornou-se um instrumento da oligarquia privada. As decisões eram tomadas em nome do lucro a curto prazo para uns poucos à custa das dívidas incontroláveis de muitos. Esmagado pela dívida, o governo entrou em colapso.

O globalismo seguiu o seu próprio curso. A vida foi recriada com bases locais.

Fonte: CounterPunch
Tradução: Informação Incorrecta

2 Replies to “O fim do Império”

  1. Já é a 2ª tradução que vejo deste texto e ainda haverá uma 3ª, uma vez que o Paul concordou que traduzíssemos e publicássemos este texto no 1º número da "FINIS MUNDI", a sair em Setembro 🙂

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