Recuperação? Uma miragem.
Pelo menos por enquanto.
Os sinais da crise estão todos aqui, perante os nossos olhos e só quem não quer não consegue ver.
Por um lado, temos as Bolsas que parecem ter encontrado o caminho deles. “Deles” porque não partilhado pela sociedade (mas quanto pode durar?).
Doutro lado temos a realidade, com o desemprego, o baixo crescimento económico e indicadores que nalguns casos chegam a ser assustadores.
Talvez a próxima paragem não será um “double dip”, uma recaída dramática. Pelo menos assim esperamos, pois não teria graça nenhuma.
Mas a saída da crise será um processo longo.
Gostem ou não, a que começou em Setembro de 2008 não é uma crise como as outras.
Sintomático neste sentido um dado “descoberto” por InterMarket & More, blog que para os leitores mais fiéis já é familiar.
O dado é o seguinte: a quantidade de dinheiro líquido detido nos cofres das empresas.
Como sabemos, a empresas devem usar o dinheiro para o crescimento, para a aquisição compra de concorrentes, para investir na produção. Bem, o quadro é muito eloquente e não precisa de grandes explicações
O gráfico é retirado do site do Financial Times e como fonte tem a Federal Reserve.
O que podemos entender deste gráfico? Que a liquidez presente em média nas empresas duplicou (e até um pouco mais) no período 1980-2010, ou seja, nos últimos 30 anos. O motivo? Muitos riscos, muitas incertezas.
As empresas não investem como uma vez.
O verdadeiro espírito empreendedor? Puff! Desapareceu.
Agora domina o medo.
Nesta altura a atenção é para outros sectores: redução de custos, em vez de expandir as instalações de produção. Isso diz muito sobre a qualidade do crescimento económico.
Obviamente, a fazer a diferença são algumas empresas que têm grandes quantidades de dinheiro, uma quantidade nunca vista antes: Exxon Mobil, General Electric, Microsoft, Apple, Google, Cisco, Johnson & Johnson, Verizon, Altria, EMC, Disney, Oracle, etc
Assim, em breve, o sistema corporativo dos EUA acumulou a beleza de 1.800 biliões de Dólares líquidos (fonte Federal Reserve) que não está a ser investido, porque a utilização da capacidade produtiva continua a ser muito baixa (o que invisto na produção se já hoje não consigo trabalhar ao máximo?)
“Mas a televisão disse que…”
“Mas o jornal disse que…”
“Mas o primeiro ministro disse que…”
Sim, tudo bem. Mas o que conta são os factos.
E perante dados como estes torna-se difícil contestar os factos.
Ipse dixit.
Fonte: InterMarket & More
Max e será que haverá saída para esta crise?
Eh, Mário, gostaria de ter a bola de cristal…ficaria rico! Pensa só nos Euromilhões!
Eu acho que temos duas saídas a disposição.
A primeira é um mergulho no double dip, isso é, uma nova recessão. Isso dói, e muito, também porque as consequência podem ser imprevisíveis: esta crise iria a atingir um mundo ocidental que ainda não recuperou da crise anterior. Mas no longo prazo pode ajudar a fazer clareza.
A segunda possibilidade é que a dívida pública seja "espalmada" e paga ao longo das décadas. Esta é uma solução não justa e por isso é a mais esperada pelos bancos ou investidores.
Neste segundo caso, quem paga TODA a dívida é o cidadão. Quem causou a crise (bancos e investidoresespeculadores basicamente), fica imune.
Isso implica pobreza, com Estados que prestam cada vez menos serviços e mais taxas.
Depois há variantes: por exemplo, uma bela guerra permitira aos EUA "esconder" os graves problemas que a economia americana tem. E, se não entrarem em falência nas primeiras semanas de guerra, relançar a economia.
Ou uma "implosão" da Zona Euro, com Países como Grécia, Portugal, Espanha que saem. Tragédia no início, relativo bem estar em seguida.
Como se costuma dizer, venha o Diabo e escolha. Desde que não escolha a guerra…