Alguém espia os cidadãos?

Não sabemos, pois são operações dos serviços secretos. Se fossem conhecidos já não seriam tão secretos.

Mas nos Estados Unidos alguma coisa é sabida.
Por exemplo, sabe-se que a Administração espia os cidadãos e que existem alguns departamentos com esta finalidade. Não assim explicita, claro; mas o resultado é o mesmo.

O portal argentino Página 12 trata do assunto:

Espiar o povo

 
Vale a pena visitar o museu da Stasi, o Ministério da Segurança do Estado ou Serviço de Inteligência Interna, localizado em Nomrnestrasse, em Berlim.
Fundada em 1950 sob o regime do “socialismo real” da República Democrática Alemã e terminada com a queda do Muro de Berlim em 1989. Contém, entre outras coisas, uma colecção de ferramentas usadas para espiar a população da Alemanha Oriental, câmaras em miniatura, que poderiam ser escondidas nas gravatas, e até mesmo rebuçados falso, artefactos para ouvir à distância com tecnologia melhorada pelo cientistas do País.
A Stasi foi considerada o melhor sistema de controle do próximo: o número dos seus agentes atingia 91.000 e também tinha 173 mil informadores civis, em muitos casos obrigados a fazer esse serviço. Surpreende encontrar os nomes de alguns mais ou menos famoso escritor na lista. As administrações autoritárias não se comportam de forma diferente. Talvez por estar cientes do horror e das possíveis reacções dos cidadãos.

As tentações de imitação são fortes. O Governo Obama tem consolidado e ampliado os programas da inteligência dos EUA que Bush tinha estabelecido. Um par de anos atrás, o Pentágono suspendeu as actividades do Gabinete de Contra-espionagem (CIFA, a sigla em Inglês) dedicado ao controle de grupos pacifistas e que tinha infiltrado provocadores nas manifestações que se opõem ao serviço militar . O tema do terrorismo não é necessário aqui: uma coisa é colocar bombas e outra é expressar uma opinião da qual a Casa Branca não gosta. Com Obama [o mesmo que recebeu o Prémio Nobel da Paz, NDT], a CIFA renasceu sob a asa do Pentágono.

No mês passado foi o “Washington Post” a informar que o DIA (Defense Intelligence Agency) “quer abrir uma nova base de informações sobre indivíduos e grupos” (www.washigntonpost.com 15/06/2010). A sua tarefa é colectar dados sobre “indivíduos envolvidos ou de interesse nas operações do Pentágono relacionadas com a inteligence, contra-espionagem, contra-terrorismo e anti-narcotráfico” assim como “pessoas envolvidas em actividades de inteligence estrangeira e / ou em formação (www.thfederalregister.com 15/06/2010). Dois funcionários, que preferiram o anonimato, disseram que “a CIFA foi dissolvida em teoria, mas a maioria do pessoal e algumas de suas funções foram transferidas” para um centro do DIA (www.newsweek.com 18/06/2010), encarregado de documentar as operações que afectariam a segurança nacional.
Definições vagas que podem incluir muitas coisas.

A espionagem dos cidadãos dos Estados Unidos, iniciado pelo governo em 1967 com o presidente Lyndon B. Johnson, tem aumentado desde o 11 de Setembro.
Mike Van Wikle, porta-voz do Centro de Informações de anti-terrorismo da Califórnia, assim explicou o acompanhamento das manifestações pacíficas contra a guerra no Iraque: “Se há um grupo que protesta contra uma guerra cuja causa é a luta contra o terrorismo internacional, pode haver terroristas naquele protesto. Podemos quase dizer que o protesto é um acto terrorista “. (www.progressive.org 02/04/2010)
Estas declarações foram feitas após de mais de um ano de Governo Obama [o Nobel da Paz, gostamos de lembra, NDT].

A American Civil Liberties Union (ACLU, sigla em Inglês) relatou perseguição e assédio dos cidadãos comuns em 34 dos 50 estados do País (www.aclu.org 29/06/2010 ), mais comuns na Califórnia e Colorado. As vezes cruza-se a linha do ridículo. O Departamento de Polícia de Los Angeles, em 2008, ordenou que todos os próprios agentes controlassem 65 pessoas suspeitas. As atitudes eram “usando binóculos, desenhar diagramas, fazer anotações.” O mais curioso: “tirar fotos ou fazer vídeos sem valor estético aparente”.

Os vegetarianos devem ter cuidado nos EUA. Um defensor do tratamento humanitário dos animais em Fresno deu uma conferência sobre “os benefícios duma dieta vegetariana.” Ouviram cerca de setenta pessoas, das quais 10% eram agentes secretos. A polícia estadual de Maryland infiltrou mais de 30 grupos pacifistas e / ou contra a pena de morte e tem “erroneamente identificado como terrorista 53 pessoas e uma dúzia de organizações”. Esta informação foi enviada a várias agências de segurança, incluindo o FBI.

Guantanamo ainda não fecha, continuam as torturas na base de Bagram, Afeganistão (www.truth-out.org 23/05/2010). O protocolo de Bush sobre o assunto foi “melhorado” com Obama [conhecido Prémio Nobel da Paz, NDT].
Ninguém pára o progresso.

Fonte: Página 12
Tradução: Informação Incorrecta