Análise: A BP pode falir?

A BP pode falir?
O desastre ambiental do Golfo do México será o túmulo da petrolífera inglesa?

É verdade que os custos são imensos. Mas falamos duma das maiores empresas do mundo. Por isso a situação não é assim simples.

Intermarke & More analisou os dados da British Petroleum; não só a situação actual mas sobretudo as perspectivas.

British Petroleum: sombras sobre o futuro

Uma das histórias mais dramáticas deste 2010 é, sem dúvida, a grave crise no Golfo do México, gerada pela fuga de petróleo da plataforma da British Petroleum, o gigante de energia que, ironia do destino, ainda tinha decidido mudar o nome British Petroleum, BP, em Beyond Petroleoum (Além do Petróleo) para dar um sinal forte ao mercado acerca da sua transformação gradual na direcção da energia alternativa e limpa (o CEO da BP é um forte ecologista, embora pareça estranho).

Os danos sobre o meio ambiente são catastróficos. Mas em termos financeiros, o que poderia acontecer?

Em muitos relatórios é presente o medo duma falência do gigante inglês de energia. Risco de default que, segundo muitos, é irreal mas que, dada a complexidade da questão, ainda temos que considerar.

Mas antes de cuspir sentenças, os dados.

Falando em tamanho, aqui estamos a lidar com uma das maiores empresas do mundo em termos de capitalização bolsista. Uma capitalização total de 65 mil milhões de Esterlinas e uma dívida completamente aceitável equivalente a 16.680 milhões .

Curiosamente, a dívida aos bancos é limitada, enquanto a bem maior é a dívida aos obrigacionistas. Na verdade, estas empresas são sempre vistas como “máquinas para lucro” e podem emitir títulos a taxas muito inferiores aos com os quais o sistema bancário poderia financiar estas empresas.

Esta dívida é distribuída quase exclusivamente nos próximos anos.

BP: a dívida

Parece, no entanto, que a BP tem ombros largos e não terá grandes problemas para renovar a dívida e avançar.

Mas cuidado, este gráfico não leva em conta, naturalmente, o desastre na Louisiana. Os próximos anos serão cruciais não só para a dívida da BP no âmbito do sistema financeiro, mas também para os prejuízos e as causas judiciais que a BP deverá suportar em consequência do pior desastre ecológico da história.

A BP já pagou 305 milhões de Dólares como primeira “prestação” aos Estados Unidos, mas não o suficiente. Os custos podem ser muito, muito maiores.

Fala-se de montantes superiores a 4 bilhões de Dólares, como despesas apenas para “acabar” com Macondo, o poço da Deepwater Horizon. Além de outros 3 bilhões para outras despesas. E tudo o resto ….

É claro que tudo isso é um grande volume de dinheiro e muda drasticamente a situação. Os mercados, com o actual clima de incerteza, aproveitam da especulação que, é claro, tem aumentado dramaticamente.

Basta olhar para o CDS.

BP: Credit Default Swap

O gráfico dos Credit Default Swaps da BP cresceu em excesso para depois recuperar um pouco nas últimas sessões, cúmplice uma melhoria geral nos mercados. No quadro acima podem observar os CDSs da BP em comparação com os dos outros principais concorrentes.

É óbvio deduzir que o mercado está a descontar um risco muito maior para a BP do que a média do sector. Um risco que mostra a possibilidade dum downgrade da dívida BP, até o possível nível “junk bonds”.
Mas não tudo.

BP: estrutura dos CDS

A curva dos CDS da British Petroleum é invertida (em backwardation). Significa que custa mais um seguro de curto prazo (CDS de 1,2,3 anos) do que de médio e longo prazo (5 ou 10 anos). O que quer dizer? Que o mercado vê nos próximos dois anos um risco real de default para a BP. Por enquanto esta é fanta-financia, nomeadamente tendo em conta a situação actual. Mas é preciso ter cuidado.

Se a Lehman Brothers era grande demais para falir (Too-Big-To-Fail), a BP não é inferior neste aspecto. E uma eventual falência representaria um drama comparável, no mundo financeiro,  ao desastre ambiental no Golfo do México. Para os mercados, um verdadeiro tsunami global.

Fonte: Intermarket & More
Gráficos: Intermarket & More
Tradução: Informação Incorrecta

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