Prioridades

 Dois presidentes, duas histórias, um mínimo denominador comum: a prioridade nas escolhas.

Sarkozy o treinador

 
O presidente francês Nicolas Sarkozy anulou um encontro com organizações não governamentais de desenvolvimento para receber o futebolista Thierry Henry.

Admitimos: a França jogou mesmo mal e o presidente da República tem, entre as outras responsabilidades, a de gerir a selecção gaulesa. Pelo menos assim parece.

Já ontem Sarkozy tinha presidido uma reunião de trabalho com a participação do Primeiro Ministro, François Fillon, e a Secretária de Estado do Desporto Roselyne Bachelot. Objectivo: pôr ordem na selecção.
Inexplicável, do nosso ponto de vista, a ausência dum representante da Defesa e de Carla Bruni também: Raymond Domenech falhou, agora toda a França tem que unir os esforços para ultrapassar um das altura piores desde a derrota de Waterloo.

Bem percebeu isso Thierry Henry, para o qual a reunião de ontem não tinha sido suficiente.
Como confirma o porta-voz do governo, Luc Chatel, que Henry ligou Sarkozy e ambos marcaram um encontro para o dia de hoje. 

Infelizmente para a mesma hora estaca agendado um encontro com as organizações não governamentais que tratam da pobreza no mundo. Que fazer então?
Sarkozy obedeceu ao próprio coração e fez a escolha certa: anular o encontro com os chatos das ONGs.

As quais até têm a arrogância de criticar esta opção, não percebendo, evidentemente, que o que está em jogo aqui é muito mais do que a fome no mundo: é a honra futebolística dos Franceses.
Afirma um destes infelizes, Jean-Louis Vielajus, presidente da Coordenação do Sul, que agrega as organizações não-governamentais (ONG) francesas de solidariedade internacional: 

Para o Presidente da República, receber um futebolista é mais importante do que a situação de 3000 milhões de pobres nos países em desenvolvimento. É um sinal muito mau para a política de cooperação da França

E como os infelizes são muitos, eis outras espantosas declarações.

O deputado europeu de Meio Ambiente, Daniel Cohn-Bendit.

É o cúmulo do absurdo. Não é o presidente que tem que limpar a casa da Federação Francesa de Futebol

A Secretária Nacional do Partido Verde, Cécile Duflot,

É lamentável que o presidente transforme a seleção em uma questão do Estado, quando ele ficou tão distante de medidas realmente benéficas para o país, incluindo as pensões

Certas pessoas não conseguem entender quais as prioridades dum País, o que é lamentável.
A nossa sorte é que na condução desta desgraçada Europa temos ainda pessoas como o presidente da França e Thierry Henry.

Obama o perfurador

Deixamos um presidente para falar dum outro.
Desta vez é a volta do Premio Nobel da Paz, Barack Obama.

O juiz distrital de New Orleans Martin Fledman (não o actor, o juiz mesmo) anulou a moratória apresentada pela Administração americana para suspender as perfurações ao longo dos próximos 6 meses.
Vergonha e indignação espalhadas pelo planeta todo. Como pode um miserável juiz que ainda por cima tem nome de actor parar um pensamento tão ecologista de Obama?

O problema é que o juiz tem razão, a moratória é uma brincadeira. Claro, o juiz não utilizou esta expressão mas não foi tão longe ao definir a proposta da Administração “arbitrária” e demasiado “vasta”.
Porquê?

“O presidente (Obama) está profundamente convencido (…) que continuar a essas profundidades sem saber o que aconteceu (na explosão da Deepwater Horizonte) não faz sentido”, afirmou o porta -voz da Casa Branca, Robert Gibbs, que assim concluiu: 

Explorar poços petrolíferos com mais de um milho de profundidade “ameaça a  segurança dos trabalhadores nas plataformas e o ambiente do Golfo com níveis que não podemos permitir

Justo. Mais do que justo. Se for no Golfo, claro, pois se isso acontecer no Alaska o discurso é diferente.

No Alaska há uma reserva de petróleo localizada a 5 milhas da costa e 3.000 metros de profundidade. Um grande depósito natural, só que está debaixo do mar. E Obama não quer, Obama está “profundamente convencido”.
Então que fazer? Simples: constrói-se uma ilha feita de 12 hectares de cascalho e pronto, o que antes era off shore agora é on shore.
E que faz a Administração, a ecológica Administração do “convencido” Obama? Aprova, óbvio.

O projecto Liberty, este o nome do poço mais extenso do seu tipo em todo o mundo , já recebeu as licenças ambientais necessárias e aguarda pela luz verde das autoridades federais para começar a funcionar, provavelmente este Outono.
E não admira que tenha conseguido as licenças ambientais: a zona é frequentada só por estúpidos ursos polares no Inverno e durante o Verão recebe a visita das gorda e inestéticas baleias. Não há McDonald’s que possam correr riscos.

Último pormenor: qual a companhia petrolífera responsável pelo projecto Liberty? Óbvio, a BP, a única capaz de fornecer as necessárias garantias em termos de segurança.

Ipse dixit.

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