A BP sabia

Uma notícia que pode mudar muitas coisas na história da maré negra do Golfo do México.

A fonte é digna da máxima confiança, sendo Bloomberg.

Eis a tradução do artigo assinado pelos jornalistas Alison Fitzgerald and Joe Carroll:

  A BP lutava contra fendas dois meses antes da explosão

A BP lutava para fechar as fendas no poço Macondo desde o mês de Fevereiro, mais de dois meses antes da explosão que matou 11 pessoas e que ainda está espalhando petróleo no Golfo do México. Foram precisos 10 dias para fechar as primeiras fendas, de acordo com relatos que a BP tem fornecido ao Minerals Management Service e que foram descobertos pelos investigadores do Congresso. Fissuras na rocha continuaram a complicar as operações de perfuração também nas semanas subsequentes. (…) Quando descobriram que havia uma grande quantidade de petróleo lá em baixo, todas as decisões tomadas tinham o único propósito de extrai-lo a qualquer custo. Foi uma viagem para a Apocalipse desde o início.

A BP não respondeu aos telefonemas e e-mails para pedir comentários. As acções da empresa subiram desde 22 pence até 359 pence hoje em Londres depois que da companhia ter fechado um acordo com a administração Obama ontem: a criação dum fundo de 20 bilhões de Dólares para pagar os custos de limpeza e de compensação. BP perdeu 45 por cento do seu valor de mercado desde a catástrofe.

No dia 13 de Fevereiro, a BP disse ao serviço de minerais que estava a tentar selar fissuras no poço a cerca de 40 milhas (64 km) ao largo da costa da Louisiana, como demonstram os documentos das perfurações obtidos pela Bloomberg. Os investigadores ainda estão a tentar determinar se as fissuras desempenharam um qualquer papel no desastre.

“Cemente Squeeze”

A empresa tentou um “cement squeeze” que implica um bombeamento de cimento para selar as fissuras, de acordo com um relatório das actividades. Durante a semana seguinte, a empresa fez várias tentativas para selar as rachaduras.
[…]
A BP utilizou três substâncias diferentes para tapar os buracos antes de ter sucesso, mostram os documentos.

“Na maioria das vezes tu fazes uma compressão (o cement squeeze, NDT), em seguida deixas secar e está feito”, disse John Wang, um professor assistente de engenharia de petróleo e gás natural da Penn State University Park, Pennsylvania. “Seca em poucas horas.”

Repetidas tentativas para fechar são incomuns e podem indicar que os trabalhadores estão a utilizar o tipo errado de cimento, disse Wang.

Os engenheiros distraídos

O deputado Henry Waxman, presidente da House of Energy and Commerce Committee, afirmou durante uma audiência em Washington que o chefe executivo da BP, Tony Hayward, e outros altos executivos não sabiam das dificuldades que os engenheiros da empresa estavam a encontrar bem antes da explosão,

“Não encontrámos nenhuma evidência de que soubessem do enorme risco de BP estava a correr”, disse Waxman. “Não há um único e-mail ou documento que demonstre um mínimo conhecimento dos perigos naquele poço.”

O chefe operativo Doug Suttles e o chefe da exploração Andy Inglis “estavam aparentemente alheios ao que estava a acontecer”, disse Waxman, democrata da Califórnia. “A complacência corporativa na BP é surpreendente.”

No início de Março, a BP disse à agência de minerais que a empresa estava a ter problemas para manter o controle da saída de gás natural, de acordo com um e-mail enviado no dia 30 de Maio.

As fugas de gás

Apesar das fugas de gás ser comuns nas perfurações de petróleo, as empresas abandonam os poços ao determinar que o risco é demasiado elevado. Quando um poço no Golfo (do México, NDT) conhecido como Blackbeard ameaçou explodir em 2006, a Exxon Mobil Corp acabou com o projecto.

“Não vamos em frente se não podemos fazê-lo em segurança”, afirmou o chefe executivo da Exxon, Rex Tillerson, perante o Committee no dia 15 de Junho.

No dia 10 de Março, o executivo da BP Scherie Douglas enviou um e-mail para Frank Patton, engenheiro do serviço mineral do distrito de New Orleans, dizendo-lhe: “Estamos no meio de uma situação bem controlada.”

Resumindo: a British Petroleum sabia.

Sabia que o poço apresentava riscos; mas sabia também que o petróleo, lá em baixo, era muito.
E decidiu avançar na mesma.

Quem sabia no interior da empresa? Aparentemente ninguém.
Os administradores ignoravam. O chefe executivo ignorava. O chefe operativo ignorava também. Até o chefe da perfuração nada sabia.
Quem sobra? Os trabalhadores.

Assim, segundo esta versão, os trabalhadores lutaram sozinhos contras as fugas de petróleo e de gás ao longo de dois meses; esconderam a real perigosidade do poço Macondo; e, afinal, decidiram assumir riscos enormes, pondo em risco as próprias vidas…para quê?
Óbvio, para o bem da empresa. Para permitir que a BP extraísse todo aquele ouro negro lá em baixo.

É uma história demasiado estúpida, mas sobretudo demasiado triste, tremendamente triste.
11 pessoas morreram, um inteiro ecossistema está em grave risco, até agora não é possível quantificar com exactidão os prejuízos.
Nada mais para acrescentar.

Ipse dixit.

Fontes: Bloomberg
Tradução: Massimo De Maria (Informação Incorrecta)

2 Replies to “A BP sabia”

  1. Queria antes de mais nada, parabenizar pelo blog, é muito bom, com informações atuais e que são ocultas pela mídia.
    O que eu vou comentar é o mesmo que comentei em outro blog. É necessário eliminar todas as pessoas envolvidas nessas conspirações que visam a redução da população mundial e a criação de um governo mundial feita por banqueiros sionistas, é necessário partir para a ação. A humanidade precisa eliminar todos os integrantes do clube Bilderberg, a trilateral e todos os outros integrantes da elite bancária e governamental.
    Ou a humanidade se une e acaba com essa escória humana, ou os judeus sionistas vão acabar com o mundo.
    Abraço!

  2. Muito, muito obrigado amigo!

    Alguém disse uma vez que a vida é como um grande filme. Talvez seja verdade. Mas a impressão é que já não sabemos quem é o realizador…

    A culpa é em parte nossa também. Esta notícia, por exemplo, da qual percebe-se muito claramente que a BP tem culpas enormes, superiores ao esperado, teve muita pouca difusão. Procurei na net e os resultados são poucos.
    Fiquei surpreendido com isso. Ou talvez a culpa seja minha: na altura dum mundial de futebol a maioria de nós está mais interessada nos resultados dum jogo do que na realidade.

    Que fique claro: gosto, e muito, de futebol. Mas há mais além disso..

    Um abraço!

    Max

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