Os protagonistas – parte III: Alemanha

Novo encontro com a analise de Bimbo Alieno acerca dos Países protagonistas da crise.

Desta vez o assunto é: Alemanha.

Em Berlim o problema não são as contas, o orçamento, ou coisas parecidas.
Aqui estão três temas principais:

1. Os bancos, que usam uma alavanca muito elevada
2. A gestão politica
3. A fraqueza do euro

A questão dos bancos é muito importante e merece um maior espaço: por enquanto podemos afirmar que a razão principal da atitude mediamente mais agressivas dos bancos alemães está na consciência da força do País que está por trás deles .

A questão política: quando o tema grego tornou-se particularmente quente, a Alemanha revelou uma fase embaraçosa de impasse político. Houve eleições regionais (na Renânia) e o medo de tomar decisões impopulares junto dos eleitores levou a um ballet de anúncios sem substância que permitiram o piorar da questão grega, empurrando para cima o custo da ajuda (e correndo o risco do fogo ganhar tanta força para expandir até a Península Ibérica).

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, descreveu a atitude da Alemanha como “naif”, os eleitores penalizaram a Merkel, enfraquecendo o governo (que já perdeu uma peça), e as posições tomadas pelo Presidente francês, Nicolas Sarkozy certamente não melhoraram a situação. Na Europa muitos acreditam que a Alemanha tem um comportamento nacionalista, ou pelo menos eurocéptico.
Certamente ao ser alemão o risco de tornar-se eurocéptico é elevado: depois de anos de rigor, estilo formiguinhas, agora é preciso correr para ajudar as cigarras. Com razão, é pedido às cigarras que se tornem um pouco mais formigas.
Todavia, não devemos exagerar e tentar impor as necessidades da Alemanha em toda a zona euro, com a motivação de que a Alemanha é a maior economia do continente. Isso pode irritar os eleitores alemães e os dos outros países europeus.
Em França, por exemplo, Sarkozy disse que o plano de “salva-euro é ao 95% de origem francesa: os Países europeus deveriam procurar convergir, não puxar cada um a água para o próprio moinho, pois é a única maneira de salvar o Euro.

E, a propósito do euro, chegamos à questão da desvalorização monetária.
Alguns leitores maliciosos acham que os problemas do Euro afinal agrada a Alemanha: o maior exportador, de facto, beneficia duma moeda fraca.
Devemos dizer que este raciocínio opõe-se firmemente ao comportamento histórico da Alemanha, que sempre cuidou particularmente da força e da estabilidade do Deutsche Mark. E de facto as desvantagens de um euro fraco são muitas:
o primeiro e mais óbvio é o aumento do custo das matérias-primas importadas. Mas não podemos esquecer um outro elemento importante: num mundo globalizado, as grandes empresas contam com o planeta ao procurar financiadores, e ter uma moeda fraca afasta os capitais dos livros das sociedades e até mesmo membros das listas de subscritores de obrigações. Além disso, muitas empresas tiveram que defender-se do problema oposto durante anos, a força excessiva do euro, e assinaram acordos comerciais para isso. Hoje, estes acordos são um fardo.

Muitos dos sectores onde a Alemanha é um forte exportador incluem produtos cujo preço final é um elemento-chave da transacção comercial. operação é feita.
Finalmente, lembramos que, graças a um euro forte, tem sido aperfeiçoadas aquisições por várias grandes empresas europeias, a um custo reduzido, em outros continentes.
Agora, alguns alargamentos de áreas de business deixarão de ser possíveis, ou talvez até mesmo algumas empresas europeias poderiam tornar-se presa, já não caçador.

A descida do euro enfraquece os sentimento em relação a países já fustigados, ao exigir que, para tranquilizar o mercado, sejam implementadas manobras muito pesadas para os contribuintes e os funcionários públicos, como vimos em todos os cinco PIIGS mas também na França e na Alemanha. Todas as manobras que, ao limitar as despesas públicas, inevitavelmente terão impacto sobre o PIB, reduzindo o volume de negócios global e também as perspectivas duma recuperação do estado grave de desemprego, que atinge toda a Europa.
Então, eu não estaria tão certo que as garrafas sejam abertas em Berlim para celebrar a fraqueza do euro.

Lembramos que os outros artigos “Os protagonistas” podem ser encontrados nestes link:
Parte I: Pigs, Piigs & EUA
Parte II: a França

Fonte: Bimbo Alieno

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