Culpada! E o Euro é feliz…

As declarações e as medidas de Berlim tiveram efeito: todas as Bolsas europeias fecharam em vermelho, com perdas entre o -3,45% de Milão e o -1,37% de Zurich.

Também Wall Street abriu em baixa.

Il Sole 24 Ore:

Inútil, sem sentido, inoportuna.

Muitos os adjectivos usados por profissionais, especialistas e instituições para comentar a decisão da Alemanha de proibir o short selling dos títulos do governo da UE. E não só.

Há aqueles que, por razões diplomáticas, usam palavras suaves. Este é o caso, o Comissário Europeu do Mercado Interno Michel Barnier. “Eu entendo – disse ele – a preocupação da Alemanha” sobre o possível impacto da venda a descoberto “num contexto de incerteza e instabilidade dos mercados financeiros”. Em seguida, no entanto, acrescentou que a suspensão temporária, “também seria mais efectiva se coordenada a nível europeu“.

“Foi enviada uma mensagem infeliz“, diz Simon Tilford, economista-chefe do Centre for European Reform, um think tank , em Londres. “Mais uma vez, sugere que os alemães não entendem que o problema não é o mercado. Este, porém, está certo quando mostra dúvidas sobre a sustentabilidade da zona do euro, pelo menos na forma actual. “

“O mercado vê uma política inadequada e considera este acto como um gesto de desespero e de uma recusa de enfrentar os problemas reais“, diz Brian Yelvington, chefe de renda fixa de Knight Libertas LLC em Greenwich, Connecticut.

“Esta decisão – diz Stefan Isaacs, gerente da M & G European Corporate Bond Fund – teve o efeito de criar medos adicionais nos mercados financeiros já frágeis. Estes não gostam da falta de transparência e medidas similares parecem draconianas e descoordenadas. O facto de que a proibição foi anunciada após o fecho dos mercados europeus, e ter sido implementada apenas algumas horas mais tarde, não é senão um movimento imprudente que levou o mercado a especular sobre problemas mais sérios e desconhecidos. “

Acerca da medida alemã, Thorsten Polleit e Julian Callow, economistas do Barclays Capital, escrevem que é uma decisão “que reflecte o desejo de agradar o público alemão quando o debate da correcção das contas públicas entrou no vivo.” Como dizer: o seu efeito não é real.

Sem esquecer, finalmente, que muitos operadores lembram de como uma proibição dum único mercado pode muito bem ser contornada com operações realizadas por outros países. “A maioria das trocas de instrumentos derivados acontece fora da própria Alemanha. – diz Isaacs –  As autoridades alemãs não têm competência legal para aplicar a proibição em grandes centros financeiros como Londres e Nova York, em relação às instituições estabelecidas fora da Alemanha”.

Uma condenação, sem possibilidade de apelo.

Entretanto também o Presidente do Brasil, Lula da Silva, sentiu a necessidade de falar acerca da crise europeia.

Agência AFP:

“Alguém pode me responder por que a Alemanha demorou tanto tempo para ajudar a Grécia? Como pode a toda-poderosa Europa demorar três meses para ajudar a Grécia?”, questionou Lula, durante uma conferência sobre a economia brasileira em Madrid.

“Por que os países perderam o poder de fazer política monetária e dependem de uma decisão coletiva, que não é uma decisão coletiva e sim individual, porque quem tem dinheiro é quem acaba tomando a decisão?”, completou o presidente brasileiro, no último ato de sua visita à Espanha.

“Em um momento de crise econômica, temos que ter uma instância multilateral que chame à discussão, porque o G-20 funcionou em um primeiro momento, mas sua influência é muito pequena; não sabemos como o mundo pode continuar sem uma governança global”, lamentou.

A situação da Grécia provocou na zona euro “um pânico que pode se estender para outros países”, segundo ele. Na Espanha, o presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, “está pagando por uma crise com a qual não tem nada a ver, enquanto os responsáveis pela crise fazem como se não tivesse nada a ver com eles”, afirmou Lula.

Espanha e seu vizinho Portugal “sofrem mais porque são menores, em uma Europa com outros poderosos, mas debilitada pela falta de controle do sistema financeiro”, disse ainda, advertindo que “a crise não acabou e não conhecemos seus efeitos”.

E neste contexto o Euro recupera: na altura em que escrevemos, a moeda europeia recupera 1,25% face ao Dólar, 0,62% face a Esterlina, 0,32% face ao Yen e 1,62% face ao Franco suíço.

Que acontece?

ZeroHedge afirma que a Grécia está perto de abandonar a Eurozona.
Mas é verdade que para o mesmo site também a Alemanha tinha já abandonado o Euro.

Uma operação maciça de resgate do BCE?

Por enquanto só vozes. Esperamos para ver.

Ipse dixit.

Fontes: Il Sole 24 Ore, AFP, Zero Hedge

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