Não há tempo a perder

Algo se está a passar. Mas é difícil perceber o quê.

Ontem o “incidente” da tecla.

Hoje Wall Street que passa desde positivo a negativo com uma facilidade nunca observada. -2%, -0,8%, +0,05%, -0,06%…tudo no prazo não de horas mas de minutos.
No final das contas o Nasdaq fechou a -2,33% enquanto o Dow Jones (o principal índice da Bolsa) ficou com -1,33%.

Entretanto os mercados do Velho Continente estão com frio, e muito: Londres -2,6%, Frankfurt -3,3%, Paris – 4,6%, Amesterdão -4,24%, Madrid -3,28%, Milão -3,27%.

Lisboa fechou com -2,94. Uma perda pesada que fecha uma semana ao longo da qual a Bolsa Portuguesa perdeu 6 mil milhões de Euros. Desde o início do ano -21,73%, uma perda ultrapassada só pelas Bolsas de Caracas, Atenas, Madrid e Chipre.

No geral, uma situação particularmente grave.

Um jantar em Bruxelas

Por isso neste momento está em curso um jantar em Bruxelas: chefes de Estado e de Governos da Eurozona tentam fazer o ponto da situação e, sobretudo, encontrar soluções.

Herman Van Rompuy, o Presidente da União Europeia:

confia que, uma vez que os mercados se derem contam da amplitude do apoio à Grécia, acabem os movimentos totalmente irracionais que houve nos últimos dias contra outros países da zona do euro, como Espanha e Portugal, vítimas segundo ele de rumores infundados

Seria possível discutir acerca dos “rumores infundados” e até da “amplitude do apoio”; mas mesmo esquecendo estes “pormenores”, temos afirmações preocupantes.

Em primeiro lugar porque, ainda uma vez, são só afirmações: o dinheiro ainda não apareceu. E os mercados, como repetido neste blog ad nauseam, querem ver o dinheiro.

Depois porque uma vez ultrapassada a crise grega (ou melhor, a crise da ajuda grega), sobram os outros problemas. Quais? Estes:

Atenção, estamos perante uma crise sistémica.

Música e letras de Jean-Claude Trichet, Presidente do Banco Central Europeu.

Até que enfim, é o primeiro pensamento. Até que enfim.

Desde o primeiro dia, Informação Incorrecta apontou a verdadeira natureza desta crise.

Esta crise, a mesma crise que “acabou“, a crise de “temos sinais de retoma“, a crise de “o pior já foi“, a crise de “aprendemos a lição“; esta crise é, na realidade, uma crise sistémica. Que vai além do caso Grécia, que vai além dos PIGS ou dos especuladores. Esta é uma crise que vai até os fundamentos do sistema. E como tal tem que ser enfrentada.

O que irão decidir as mentes pensantes de Bruxelas?
Ainda não sabemos; vozes falam dum mecanismo de emergência para resgatar os outros países que poderiam acabar na mira da especulação, a repressão sobre a fiscalização das contas públicas, novas manobras correctivas nos Países mais expostos.

De reestruturar as mastodônticas dívidas publicas nem se fala. De acabar de financiar a dívida com outra dívida nem por isso.

A impressão é que no final a montanha parirá o clássico rato. Bom para acalmar os mercados, mas ao longo de quanto?

Não há tempo a perder

diz Angela Merkel.

Não, não há: perceberão isso entre uns Coquilles Saint Jacques e um magret de canard au miel?

Ipse dixit.

Fontes: Jornal de Negócios,      

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