Greenwald, Stiglitz e o desemprego

Talvez o nome de Beppe Grillo não diga muito fora das fronteiras, mas é dele o blog mais lido em Italia e o 7º mais lido no mundo.

Bruce Corman Norbert Greenwald é professor da Columbia University, considerado pelo New York Times como “o guru de Wall Street”.

Joe Eugene Stiglitz, também da Columbia University, ganhou o Prémio Nobel da Economia em 2001.

O blog de Grillo entrevistou Greenwald e Stiglitz ao longo da semana passada. Eis o resumo do encontro:

A actual crise é causa de muitos problemas: que teoria económica é disponível, é possível uma comparação com a crise do ’29, quanto tempo irá durar?

A crise que começa em 2007 contribuiu para realçar muitos dos problemas da ideologia liberal, em particular a ideia que o livre mercado possa resolver todos os problemas económicos  com uma eficaz atribuição dos recursos.

Assim o fundamentalismo do mercado, com a ideia que uma liberalização dos mercados teria levado a uma divisão dos riscos (com os derivados), fez com que o sistema económico assumisse dívidas que não pode pagar. A teoria económica dominante, após uma inicial desorientação, volta para as velhas posições. Não é difícil prever que, passada a crise, voltará o pensamento económico, embora a derrota sofrida.

A crise, todavia, é provocada, ao contrário do que se pode pensar, não pelos sub-prime mas pelo excesso de endividamento das famílias americanas, da dívida pública e do deficit do comércio internacional dos EUA. É como se os Chineses estivessem a financiar o crescimento americano. Alguém pode acreditar que esta situação possa ir em frente para sempre?

Outro aspecto não considerado é o desemprego, ou seja, quem paga verdadeiramente a crise. Nos EUA o número dos trabalhadores sem ocupação é sem dúvida maior do que afirmado pelas estatísticas oficiais que não consideram os desencorajados: se incluirmos estes estimamos uma taxa de desemprego de 15%.

Salvar o sistema financeiro é importante, mas as verdadeiras causas da crise ficam não resolvidas: Wall Street melhorará, os bancos voltarão aos lucros mas o trabalho não e a economia da típica família americana fadigará para encontrar um equilíbrio.

O sistema irá sobreviver (até a próxima crise) enquanto os custos recaem nos trabalhadores e contribuintes.

Para as famílias da Europa mediterrânica? O Euro tem que continuar e salvar a Grécia é uma necessidade. Todavia a crise voltará, não com a Grécia mas com um outro (grande?) País.

A globalização ainda assusta muitos enquanto encoraja outros. Quais as vossas ideias acerca do futuro da globalização?

O medo dos chineses roubarem o trabalho é difundida e irracional. Isso porque as economias são diferentes nas próprias estruturas. A agricultura empregava a maior parte da ocupação americana em 1850, agora menos de 2%. A manufactura foi importante ao longo de um século e mais, mas agora nos EUA existem mais empregados ligados ao desporto do que trabalhadores de manufacturas. As máquinas trabalham.

A globalização acabará porque o futuro será uma sociedade post-industrial onde dominam os serviços, que muitas vezes não é possível exportar. E não é difícil prever que educação e saúde irão ser os sectores mais importantes no futuro: neste caso o panorama é optimista nos EUA, menos na China, Japão e Alemanha, cujas economias ainda estão ligadas de forma pesada à indústria.

Mas atenção: estes últimos três Países investem muito na pesquisa e preparam o salto. Salto que custa mas que é preciso pois sem pesquisa não há futuro.

Acaba aqui a entrevista.
Mas fica uma dúvida: a crise voltará, como dizem os dois economistas? Num grande País? Se calhar da Europa do Norte? Talvez perto do Tâmisa? E que País pode ser este? Mah…

Fonte: beppegrillo.it

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