Saiu o jackpot! Mas não para todos.

Kafé Kultura, o blog de Mário Nunes, acaba de publicar um interessante artigo acerca da União Europeia e das reformas. Para ser mais precisos: as reformas da União Europeia.
O que se passa? Simples:

Foi aprovada a aposentadoria aos 50 anos com 9.000 euros por mês para os funcionários da União Europeia!!!

Este ano, 340 agentes partem para a reforma antecipada aos 50 anos com uma pensão de 9.000 euros por mês.
Reforma aos 50 anos com 9.000 euros mensais? Nada mal.
Para facilitar a integração de novos funcionários dos novos Estados-Membros da UE (Polónia, Malta, países da Europa Oriental …), os funcionários dos países membros antigos (Bélgica, França, Alemanha..) receberão da Europa uma prenda de ouro para se aposentar.
Porquê e quem paga isto?
Você e eu estamos a trabalhar ou trabalhámos para uma pensão de miséria, enquanto que aqueles que votam as leis se atribuem presentes de ouro.
A diferença tornou-se muito grande entre o povo e os “Deuses do Olimpo!”
Alguns exemplos?
Giovanni Buttarelli, que ocupa o cargo de Supervisor Adjunto da Protecção de Dados, adquire depois de apenas 1 ano e 11 meses de serviço (em Novembro 2010), uma reforma de 1.515 € / mês. O equivalente daquilo que recebe em média, um assalariado francês do sector privado após uma carreira completa (40 anos).
O seu colega, Peter Hustinx, acaba de ver o seu contrato de cinco anos renovado. Após 10 anos, ele terá direito a cerca de € 9 000 de pensão por mês.
Além disso, muitos outros tecnocratas gozam desse privilégio:
1º – Roger Grass, Secretário do Tribunal Europeu de Justiça, receberá €12 500 por mês de pensão.
2º – Pernilla Lindh, o juiz do Tribunal de Primeira Instância, € 12 900 por mês.

3º – Damaso Ruiz-Jarabo Colomer, Procurador-geral, 14 000 € por mês.

Podem consultar o elenco completo clicando aqui. Trata-se dum ficheiro pdf com dados interessantes:
um ano e 10 meses de trabalho valem uma reforma de cerca 1.500€; com 2 anos e 10 meses já ultrapassamos os 2.200€; com um pouco de sorte, um ano de trabalho na UE vale cerca de 1.000€ de reforma. O que, verdade seja dita, não é mal de todo.
Se depois exageramos e trabalhamos mais de 10 anos (mas qual ser humano pode resistir tanto?), podemos contar com uma reforma não inferior aos 9.000€.

Confrontados com o colapso dos nossos sistemas de pensões, os tecnocratas de Bruxelas recomendam o alongamento das carreiras: 37,5 anos, 40 anos, 41 anos (em 2012), 42 anos (em 2020), etc. Mas para eles, não há problema, a taxa plena é 15,5 anos… De quem estamos falando?

E conclui o artigo:

Numa altura em que o futuro das nossas pensões está seriamente comprometido pela violência da crise económica e da brutalidade do choque demográfico, os funcionários europeus beneficiam, à nossa custa, da pensão de 12 500 a 14 000 € por mês após somente 15 anos de carreira, mesmo sem pagarem quotizações… É uma pura provocação!

Kafe Kultura deixa também um link para o diário francês Le Point, onde é possível encontrar um estudo mais pormenorizado cujo título já diz tudo: Os retratos dos nababos dos altos funcionários europeus. É em francês, mas se alguém entender o idioma de Napoleão é bom aproveitar.
Para concluir uma nota positiva: de facto é interessante realçar como neste caso não houve espaço para diferenças de opiniões, pois os funcionários envolvidos, mesmo sendo oriundos dos vários Países membros da UE, parecem ter concordado de maneira unívoca acerca dos valores, sem grandes discussões.
E não podemos esquecer que tudo foi feito para facilitar a integração de novos funcionários. Esta chama-se solidariedade. A União no seu melhor.
Ipse dixit.

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