Dinheiro electrónico: porquê?

Prontos? Então comecemos.

Cada vez mais governos e instituições bancárias “empurram” para que os pagamentos das transacções comerciais sejam efectuados com os “cartões”: de crédito, Bancomat, Multibanco…todos, desde que sejam cartões.

As motivações parecem bastante simples: mais práticos, fornecem um comprovativo de pagamento, reduzem (teoricamente) as possibilidades de roubo, até podem ser utilizados na luta contra a evasão fiscal (o comprovativo é emitido automaticamente, o que permite melhor averiguar os movimentos duma empresa, por exemplo).

Tudo bom, tudo verdadeiro (nota: nem muito verdadeiro, mas vamos em frente).
O bom cidadão, todavia, já aprendeu que quando bancos e políticos sugerem algo, sobretudo se em conjunto, há algo mais que não é contado.

Então porquê esta corrida aos cartões? Faz sentido conceder cada vez mais espaço ao dinheiro electrónico e eliminar progressivamente o dinheiro líquido (metálico e, sobretudo, de papel)? Pode ser uma eficaz forma de luta contra a evasão fiscal?

Não tenho os dados da evasão fiscal em Portugal, mas acho não serem muitos diferentes dos homólogos italianos, onde a maior concentração da evasão não reside nas pequenas e médias empresas, mas nas grandes empresas, nas corporações.
São as empresas que escondem milhões de Euros com transacções ocultas ou em hedge funds nos paraísos fiscais (os offshores). Falamos dos managers que ocupam mais lugares em vários concelhos de administração ou dos especuladores que levam os capitais para o estrangeiro, em lugares quais Panamá, Cayman, Jersey, etc.

Na verdade as razões para a substituição do dinheiro líquido em prol do electrónico são outras.

1. Imprimir dinheiro custa.

A gestão do dinheiro tem um custo. Na Europa, por exemplo, 50 mil milhões de Euros são gastos anualmente na impressão, transporte, distribuição do dinheiro. Só no Velho Continente há em circulação mais de 14.000 milhões de notas.

Com a eliminação do dinheiro líquido, os bancos poderiam poupar o valor intrínseco das notas (que é baixo, 30 cêntimos por cada nota: mas experimentem multiplicar isso 14.000 milhões de vezes…). Assim: mais margens de lucro.

Há depois um outro aspecto: com o dinheiro electrónico não é afectada a reserva fraccionaria, o dinheiro “físico” que os bancos são obrigados a manter. Já hoje o valor de tal reserva é ridículo, com o dinheiro electrónico a reserva até deixaria de ter sentido. E cedo ou tarde, podem apostar, desapareceria.  

2. O dinheiro electrónico espia.

Controlar a vida dos consumidores, entender quais os movimentos deles, as preferências, as escolhas: é este o sonho de qualquer vendedor. E tudo isso é possível com os cartões, que deixam “rastos” indeléveis.
Sem dúvida uma enorme vantagens para as empresas de marketing, que podem contactar os clientes com ofertas personalizadas.

Este último aspecto é notável: o dinheiro deixaria de ser “anónimo” e passaria a ter nome, o nosso nome.

Pergunta: e se um indivíduo ficar desempregado? Se perder a possibilidade de financiar a própria conta bancária e o cartão a ela ligado?
Resposta: problema dele. E será um grande problema na altura em que todas as lojas, empresas ou serviços aceitarem apenas dinheiro electrónico.

Desta forma o dinheiro, nascido para facilitar as trocas comerciais, representará uma limitação.

Paciência.
Seja bem vindo o Leitor ao mundo do dinheiro electrónico: e sempre em frente, com inalterado optimismo.

Ipse dixit.

Fonte: Salvatore Tamburro

8 Replies to “Dinheiro electrónico: porquê?”

  1. Espero nunca ter de lidar com o dinheiro electronico em exclusivo. Prefiro de longe as notas e moedas. Não é por nada, mas não gosto de ver o meu nome agrafado a tudo e mais alguma coisa. As empresas de markting que se danem.

    Abraço
    Krowler

  2. O futuro, agora, é que nos vão colocar um implante subcutâneo na zona do pulso que servirá de meio de autenticação para efectuar pagamentos… Ou então continuar a expandir os leitores de impressões digitais e de retina…

    Esqueçam lá os cartões… Também são caros, pouco seguros, e feitos de petróleo!

    No final, vão ver que a MANADA vai pensar assim "É muito prático, não me preocupo com a perda do cartão, nem tenho que me preocupar em decorar códigos… É fantástico!"

    VENDIDO!!!!

  3. Olá Max: ou muito me engano, ou a substituição lenta, gradual e contínua do dinheiro por cartão é um dispositivo de exclusão em curso. Como foi dito no post, chega o momento que, sem o cartão validado, nada se compra. Ora, quem não pratica trocas, quem tem cartões negados, ou seja, está no limite do endividamento aceito e desejável pelo sistema, pensem bem…num mundo privatizado, onde a sobrevivência é função da compra, o sujeito está morto. Abraços

  4. Olá Max:só para deixar uma curiosidade.
    Na Bíblia esta escrito que nos dias de grande tormenta, ninguém poderá comprar ou vender,se não tiver a marca da besta,impressa na mão ou na testa,isso já existe como o chip "MONDEX",que já esta sendo testado,e vira substituir o dinheiro de plástico,que já começou a substituir o de papel e metal, será que já estamos caminhando a passos largos para um futuro tenebroso?????????Quem viver vera.abraços a todos.

  5. sr. max,
    se carregas o dinheiro no bolso,
    o dinheiro é seu.
    se carregas o cartão, "platinum", o cartão é seu.
    o dinheiro vale.
    o cartão vale? enquanto o administrador do cartão assim o quiser.
    assange tinha dinheiro nos bancos para tocar a sua "WikiLeak".
    até o dia que alguem resolveu que não.
    e assim caminha a humanidade.
    abraço.
    emerson57

  6. Mesmo com tudo isso acontecendo, no caso desses microchips implantados no corpo, não entendo como as pessoas estão se voluntariando para isso.

    Pois quem conhece uma mínima coisa sobre a bíblia e o conto apocalipse, sabe muito bem que este conta a história da "marca da besta" implantada na mão ou na testa, como Marcos comentou.

    E ainda continuam a zombar do cristianismo e da bíblia, futuramente e até agora no presente estamos presenciando esta e outras previsões descritas a milhares de anos. Com estes chips, estes donos do mundo ainda tem a cara de pau de fazer exatamente como a descrição da bíblia, estão claramente se opondo a religião e ao cristianismo como estivessem dizendo: "Ei! Olha só, somos anticristãos e para provar isso vamos implantar a famosa tal marca da besta em todo mundo para tornar os povos nossos escravos! Será mais fácil do que imaginam, pois vamos difamar esta religião e as pessoas também vão se oferecer para este serviço de implantação.

    É triste.

  7. O comentário de Maria é muito oportuno.

    Conforme matéria da Associated Press, reproduzida no site Yahoo! News, a Suécia, p.ex, está abolindo as cédulas de dinheiro. Na maioria das cidades suecas, os transportes públicos não aceitam mais dinheiro. As passagens são pré-pagas ou adquiridas por meio de mensagens de textos enviadas pelo celular. Uma pequena parcela das empresas, que está em crescimento acelerado, só aceita pagamentos efetuados com cartões de débito e crédito.

    Além disso, até mesmo algumas agências bancárias pararam de lidar com notas, focando seus serviços apenas em transações eletrônicas. (!)

    Guardar dinheiro em casa (até por motivos de segurança), pelo visto, não será mais possível!

Obrigado por participar na discussão!

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