Algo tem que ser feito.

Tem que ser. Estou farto.

Estou farto de ver um País cair em pedaços sem fazer nada. Nem é o meu País (a propósito: Portugueses, está alguém por aí?), mas pouco importa: hoje é Portugal, amanhã será outro.

E o blog não chega: não consegue alcançar um número suficiente de pessoas. E mesmo que conseguisse, quantos teriam paciência para ler e, sobretudo, para perguntar e procurar? Pois esta deveria ser a função da informação alternativa: em primeiro lugar provocar curiosidade e vontade de saber mais.

Mas a maioria dos utilizadores da internet ficam longe da informação alternativa. Um pouco por medo, um pouco por preconceito, um pouco por todas as coisas misturadas. E se calhar com uma certa razão.

É preciso sair. Então vamos sair.
Vou organizar-me para encontrar pessoas. Se gostarem podem chama-las conferências, meeting, reuniões, seja o que for. Mas alguma coisa tem que ser feita. E não sei fazer nada: só falar.

Nem sei o que vou dizer, nunca pensei no assunto de forma séria até hoje. Terei que pensar em algo. E pode ser que a coisa nem funcione: não tenho a verdade no bolso, nem soluções. Só tenho muitas dúvidas. É pouco? Não, acho que não. Das dúvidas nascem as perguntas, e à força de perguntar cedo ou tarde pode chegar uma resposta.


Que vou fazer? Vou ficar aqui, continuar a descrever um mundo que está a desmoronar-se? Ou vou juntar-me numa procissão de rua, com as bandeiras vermelhas para gritar “É preciso, é urgente, aumentar o salário da gente”? E depois? Todos a beber uma cervejola e dizer que sim, que desta vez funcionou, viram quantas pessoas, ah não, desta vez o governo não pode ignorar, agora sim que têm medo…

Uhhh, que medo, meus senhores, que grande medo.

Quantas greves foram feitas até hoje? O que obtiveram?
Paradoxalmente, o melhor resultado é da União Europeia, que ameaçou Portugal de sanções caso não reveja o sistema de pagamento das Scut (espécie de autoestradas, gratuitas até poucos meses atrás). Se eu fosse dos sindicatos iria esconder-me atrás dum árvore: conseguiu mais Bruxelas com uma circular do que todas as bandeiras vermelhas nas ruas.

Os sindicatos…mas quais? Aqueles que assinaram o acordo com o governo (que traição, meus senhores, que traição…) ou aqueles que contam só um pouco de verdade, só o mínimo para mostrar-se “diferentes” e conseguir angariar as anualidades dos associados? 

É preciso falar com as pessoas. É preciso discutir com elas, fazer que possam ouvir também outros pontos de vista. É preciso dizer que há outras estradas, outras maneiras. Tudo o que foi dito no blog tem que ser partilhado. Bom, se calhar tudo não; não estou a ver muitos interessados nas aventuras do pombo Afonso Henriques, por exemplo. Mas alguma coisa sim.

O papel dos bancos. O dinheiro. Quem é a União Europeia, quem é a Comissão Europeia, a quem pertence o Banco Central Europeu. As alternativas. As nossas culpas, que são muitas. Trazer exemplos: como o da Islândia, da Argentina, do Equador. Explicar uma coisa elementar mas esquecida: que esta não é a melhor das sociedades possíveis.

E se não resultar? Isso não tem importância: é algo de pessoal, a diferença entre ser um espectador passivo ou poder afirmar “tentei”.

Aceitam-se convites e sugestões.
Para já, vou reler as sugestões de Rita, entre os comentários de Para os Leitores. Todos os Leitores.
É tudo para hoje.

Ipse dixit.

21 Replies to “Algo tem que ser feito.”

  1. OK…

    Não posso deixar aqui as minhas propostas pois elas não são do tipo que se deixe escrito na http://WWW... e mais nem ESCREVO!

    Mas uma coisa digo: A coisa não vai lá se continuarmos a querer seguir as REGRAS VICIADAS DO SISTEMA…

    Abr

    E nunca alteraremos NADA se não estivermos dispostos a PERDER TUDO.

  2. Tenho acompanhado tudo que brilhantemente escreves, e para memoria futura só tenho a dizer; Estou contigo!

  3. olá Max: Há aquelas atividades simples, individuais ou coletivas (melhor grupos de 3 pessoas com no mínimo uma mulher ou 2 casais) como a pichação de muros de bancos, parlamentos, edifícios públicos etc, realizadas a noite, tranquilamente, com frases curtas, claras e de efeito, que tem dupla finalidade: envia a mensagem a população,informando-a e encorajando-a, e mostra aos dirigentes que tem gente descontente se organizando. Poderias inclusive pedir que, fora do blog, os leitores enviassem possíveis slogans a ser utilizados. É uma atividade de baixo custo e, digamos, quase inocente.
    Há, como já pensastes o elenco de atividades propostas pela Rita, também de baixo custo, simples, com os mesmos objetivos, comprovadamente eficientes. Os pequenos textos também podem envolver sugestões dos leitores, especialmente dos portugueses que, por estar mais perto, saberão o que mais afeta os conterrâneos.
    Há os "selinhos", adesivos colados anonimamente em automóveis particulares e públicos, veículos de transporte coletivo, também com slogans adequados, que já implica um pouco de custo, como os baners nas árvores e fachadas púbicas.
    Há o recurso de publicações em espaços de jornais sobre os exemplos da Argentina, Equador, Islândia.
    Há as atividades promovidas pelo Saraiva, que fazem parte de um grupo de atividades de reunião/divulgação. Nelas estão incluídas até espaços solicitados em reuniões de condomínio,cultos religiosos e reuniões festivas,filas de supermercados ou cinemas, por exemplo, ou quaisquer outras oportunidades onde congregue pessoas reunidas.
    Há a possibilidade de fazer camisetas, capas para cães, bonés e bandeirinhas para automóveis com chamamentos de ordem de um lado e ligas de futebol de outro, facilmente trocáveis de lado em situações adversas, e com a possibilidade de vendê-las para cobrir custos e obter margem de lucro.
    As soluções sugeridas/não elencadas pelo Voz são também adequadas,penso que fazendo parte do grupo de atividades de interceptação e/ou boicote. Sugiro que deveriam se concentrar nos meios de comunicação (internet, TV e radio), energia elétrica e abastecimento de água em locais selecionados. Na Grécia, faz pouco tempo um grupo de pessoas conseguiu entrar no ar em horário de programação de grande audiência.São atividades que exigem um pouco mais de maturação, espírito de equipe, e organização.
    Finalmente, não esquecer das "forçadas de barra" por auditoria da dívida e mecanismos judiciais em tempos extraordinários que demandam identificar e correr atrás de especialistas no assunto e organização de petições, além de prevenir-se e organizar-se de todas as maneiras possíveis, e arregimentando o máximo de pessoas possível dentro de um novo regime de sobrevivência na escassez. Abraços

  4. Olá Max: é claro que essas pueris iniciativas é quando existe zero de reação/conhecimento/movimentação da maioria das pessoas. Enfim, é estágio inicial mesmo, quando reina aquela paz de cemitério na população, caracterizado pela percepção de impotência e medo difuso. É quando os sindicatos são capazes de chamar a praça pública, fazer discursos, mas entram em acordos de cumplicidade com o poder estabelecido. Então é preciso deixar claro as pessoas que existem "eus", não comprometidos com nenhuma agremiação legal ou ilegal,partidária, religiosa, ideológica ou de quaisquer interesses particulares, que sabem o que acontece, que está para informar os demais, e que sabe como desestabilizar o instituído, se ele não está atendendo a sobrevivência digna de todos. Abraços

  5. És mesmo mana cerebral !!!

    Já comprei 1200 etiquetas autocolantes de 105x48mm… Já só me falta começar a imprimir as farpas e começar a colar!

    Quanto ao resto, é como disse, não pode ser nada combinado através da rede, nem telemóveis nem nada de electrónico!

    1. Voz,

      envia-me um e-mail para trocarmos contactos, se faz favor.
      Concordo plenamente contigo.

      @Max: amigo, tenho imensas ideias, bastantes semelhantes às de Maria e tenho alguns contactos que poderemos usufruir. Estou do outro lado do rio Tejo. Diz algo…

      Abraço,

      R. Saraiva

  6. Eu sigo varias fontes de informação alternativa vai para 5 anos e este blog há quase 1 ano.

    Tenho falado com muita gente e já conseguí neste tempo todo que 4 ou 5 amigos!!!!!! começassem a acompanhar regularmente o II. 4 ou 5 em muitos meses é muito pouco, uma desgraça, mas já é alguma coisa, por isso vou continuar a procurar mais candidatos.

    O panorama é um pouco desanimador. No entanto pertenço ao forum do grupo 'Geração à Rasca' do Facebook e existe muita gente com vontade de fazer alguma coisa. Cada vez mais gente.

    Como referiu o Max manifestações organizadas por sindicatos não levam a lado nenhum. Tenho mais fé em movimentos tipo M12M.

    O mais importante é informar o mais gente possível. Este blog porque tem muita qualidade, precisa de ser promovido em larga escala. Artigos como a história do Afonso Henriques são compreendidas pelos fies seguidores do II mas não por eventuais visitantes.

    Temos de fazer uma campanha forte de divulgação do II e eu vou começar já a trabalhar sobre isso. Caso o Max não veja inconveniente vou começar a divulgar o II no 'Geração à Rasca' que mesmo com muitos inativos tam mais de 11700 incritos.

    Vou seguir o meu lema: ? Para a frente é que é o caminho.

    Abraço
    Krowler

  7. Estava a ler agora um texto do Rudo de Ruijter a propósito de uma Acção colectiva contra o MEE, e porque não se fazer uma rede conjunta de partilha de informação entre o maximo de bloggers e respectivos seguidores?

    Não sei como isto se poderá fazer mas talvez seja possível de implementar

    abraço
    Krowler

  8. Algo tem sido feito, por ti, por nós…por muita gente, pode ser pouco mas será sólido e com capacidade de expansão, esse post é muito interessante, é algo a puxar ao pratico…um pouco mais alem do campo do ensaio e do estudo, estou totalmente de acordo, haja iniciativas e sintonia, estou contigo nessa batalha!
    Grande Abraço

  9. Olá Voz: eu canso de dizer que embora a comunicação eletrônica seja uma coisa fantasticamente boa, o uso permanente dela parece que faz as pessoas esquecerem que existe telefone, para coisas rápidas, urgentes e essenciais, existe carta, ou seja, troca de palavras, e não só, via correio para mensagens mais detalhadas. Mas que bom que já estás a fazer estes brinquedinhos tão simplezinhos…né mesmo Voz? Um passinho, desgruda e cola; outro passinho, desgruda e cola…E vai indo…
    Olá Krowler: duas coisas que me parecem ótimas. Fazer com que grupos com um mínimo de pessoas ativas leiam ii. Outra coisa, as ações coletivas, demandas e petições por parte de populares, pois logo envolve muita gente que não se envolveria em atividades que exigem mais movimentação e iniciativa individuais.

  10. acho que devemos ser um pouco mais cautelosos a respeito de determinados movimentos para obter o resultado desejado. se não me engano , a maria sugeriu isso uma vez , um encontro dos leitores do blog em Portugal para um debate a respeito do nosso cenário atual e , talvez , a criação de um movimento independente e organizado . mudanças pequenas , começando nos nossos bairros , com adesivos e camisas como os colegas já citaram . divulgando alguns videos , alguns panfletos e até mesmo um pequeno jornal alternativo , com as noticias de verdade . pelo menos uma parte das coisas que realmente acontecem . mas isso deve ser bem planejado . assim como foi dito em "Norte" , "Inteligencia sem vontade não leva a nada . Vontade sem inteligencia gera desastre"
    (Felipe)

  11. Olá Voz: quanto a nossa sintonia cerebral, não sei nem quero saber quantos ciclos inteiros de vida já vivestes, mas posso te garantir que os anteriores que eu vivi não tiveram muito a ver com ficar batendo os dedinhos no teclado, como fico agora em parte do tempo de aposentada assumida, em função de alguns ossos quebrados em outros ciclos de vida, e que nesse resolveram "esponjar e aumentar de volume", atrapalhando um pouco a locomoção. Abraços

  12. Quaisquer acções que venham a ser feitas, terão de ter mais força que as anteriores que temos visto um pouco por todo o lado.

    Como isto não é a Islândia, apesar de eu gostar que fosse, há que mobilizar cada vez mais pessoas. Burros e ignorantes existe com fartura. Temos de reverter o processo.

    Isto só lá vai à base da força. Não vejo outro jeito. Mas para isso acontecer, terão de ser muitos a puxar para o mesmo lado. A união faz a força.

    Krowler

  13. Penso que sería uma boa idéia fazer palestras em escolas de jovens (adolescentes), pois os mesmos podem ajudar a conscientizar os pais.

    Conscientizar os jovens sobre assuntos como: ONGs corruptas, situação do país, senso de justiça e quão importantes eles são nessa luta.

    Incentivar a curiosidade deles para esses assuntos tão importantes, pois bem sabemos que os "movimentos" atuais de ONGs corruptas se utilizam da ingenuidade dos jovens com a desculpa de estarem salvando o planeta, fazendo uma verdadeira lavagem ceebral em nossos jovens.

    Foi só uma idéia.

    Abraços a todos

  14. É… tenho a sensação que muitos acham que os BOICOTES e as MUDANÇAS se fazem com dois cliques e meia dúzia de tecladas!

  15. voz a 0 db disse…
    É… tenho a sensação que muitos acham que os BOICOTES e as MUDANÇAS se fazem com dois cliques e meia dúzia de tecladas!

    Voz,é claro que não. Mas faz mais estragos o Marcelo Rebelo de Sousa numa noite, que uma manifestação com 500.000 pessoas no Terreiro do Paço a reclamar o que quer que seja.

    Não é possível mudar nada sem se educar primeiro as pessoas. Por mim era pegar neles de uma ponta a eito, a começar pelos banqueiros, e atirá-los aos leões. Eu não voto mas a maioria dos portugueses continua a apoiar cegamente o seu partido como se de um clube de futebol se tratasse.

    Krowler

  16. É Krowler… O banho-maria está a chegar ao ponto de começar a ebulição…

    De resto 200% contigo… aliás basta veres a sugestão que está aqui em baixo da nova bandeira nacional…

    Sou um Escravo paciente!

  17. olá Felipe: toda cautela tem um lugar e um tempo certos. Por isso eu tento teclar aqui, a bem da segurança de todos, sempre coisas que podem não ter sido pensadas, mas não são impensáveis naquele lugar e naquele momento em que digito. Há uma diferença de anos luz entre o impensado e o impensável. Quando falei em reuniões prazerosas com os vizinhos para fazer hortas comunitárias, aquilo me parecia o possível de ser pensado/executado em função das condições de possibilidade, ou seja, aumento do custo da alimentação em Portugal, existência de terrenos baldios nas comunidades portuguesas e total ausência de mobilização popular acerca da ditadura econômica imposta ao país. Continuo achando isto interessante, mas observa que as coisas mudaram rapidamente: o povo grego está explodindo as coisas, acertadamente sem se preocupar se vai se danar, porque a danação é definitiva e acontecerá. Os portugueses começaram uma pequena mobilização atendendo ao chamado nas praças públicas para protestar. Então o que talvez fosse impensável dois meses atrás, ou seja, sugerir pichação de muros, já hoje é pensável e exequível, até mesmo por ti, se te sentires seguro e acompanhado por alguns amigos. A isso eu chamo a cautela conveniente de quem já viveu bastante.Força,gajo,não recua, briga!!Teima!! Isso é só o começo. E um começo muito cauteloso, podes crer. Abraços

  18. -> Muito muito mais importante do que a crise… é o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA!
    -> A sobrevivência é uma coisa difícil e complicada… 'n' civilizações já desapareceram… leia-se: quanto antes, HÁ QUE 'CORTAR' COM A BANDALHEIRA!
    Resumindo e concluindo:
    há que 'cortar' com aqueles que criticam a repressão dos Direitos das mulheres… e em simultâneo, para cúmulo,… defendem que se deve aproveitar a ‘boa produção’ demográfica proveniente de determinados países [aonde essa 'boa produção' foi proporcionada precisamente pela repressão dos Direitos das mulheres]… para resolver o deficit demográfico na Europa!;
    há que 'cortar' com aquele pessoal (vulgo Terrorismo_CGTP) que 'martelam' os mais fracos (um ex: aqueles que, como eu, estão dependentes dos transportes públicos para ir trabalhar)… e que (quando vêm os aumentos) varrem para debaixo do tapete o facto da entidade pagadora ter necessidade de pedir dinheiro emprestado a (perigosos) especuladores, etc;
    – não vamos ser uns 'parvinhos-à-Sérvia'… ou seja, antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência… e SEPARATISMO!

  19. acho que o problema não é se sentir inseguro, mas sim saber exatamente o que fazer. não podemos parecer um bando de caipiras (nada contra os nossos colegas do campo ), devemos agir e pensar como quem sabe o que realmente esta fazendo. seja por meio da força, da diplomacia ou que quer que seja. abraços.(Felipe)

  20. Em Olhão sentimos essa necessidade há 7 anos, começamos com o Blog Olhão Livre,desse blog passamos para umas tertúlias sobre Olhão e a Ria Formosa deste passamos para um movimento de cidadania foi então criado o Movimento de Cidadania Activa " Somos Olhão",o passo seguinte perguntamos nós o que fazer se as queixas que nós apresentamos na justiça não funcionam pois a justiça reconhecendo que temos razão mandam arquivar as queixas,que fizemos por crimes ambientais,e inflações ao PDM.
    A nós em Olhão, coloca-se a seguinte questão o que fazer a seguir????Talvez juntar essas vozes todas discordantes do sistema de democracia balofa que vivemos,não fosse má ideia.

Obrigado por participar na discussão!

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