Marc Faber: estamos arruinados?

O economista Marc Faber (que já encontrámos neste entrevista) participou numa conferencia organizada pelo University Club de Manhattan.

Aqui estão os pontos mais importantes:

Os bancos centrais nunca vão voltar a apertar a política monetária, vão simplesmente imprimir mais dinheiro

– No século 19, as bolhas estavam concentradas num sector ou área, mas com o fim do padrão-ouro essa constante desapareceu

– O resultado de Greenspan e Bernanke foi realmente ter criado bolhas em todos os campos e em todos os lugares

– Os bancos centrais gostam de ver subir o valor dos activos e a política deles reflecte os esforços desesperados para conseguir isso.

– Deveriam perguntar o que a Fed fumava” durante a crise da imobiliária, quando os preços cresceram a uma taxa de 18% ao ano enquanto as taxas de juro tinham começado a aumentar em 2004

– A bolha especulativa que Greenspan não foi capaz de controlar (embora recentemente sucedeu com alguns países asiáticos) contrasta com a de Hong Kong em 1997, quando os preços caíram 70% sem que o sistema acabasse na bancarrota; e isso aconteceu porque foi baseado num endividamento descontrolado, como nos EUA

– Nos últimos dois anos, o aumento da dívida pública bruta ultrapassou a redução bruta da dívida privada e os mercados têm crescido; quando o aumento do endividamento privado ultrapassou a dívida pública os mercados pararam.

– Os próximos 3-5 anos serão extremamente voláteis

– Os americanos deveriam repensar o próprio conceito de valor seguro. Numa altura “tradicional” a ordem dos valores, desde os mais seguro até os menos seguro, seria: líquidos, títulos do Tesouro, títulos corporativos, acções, matérias primas.

– O ano passado o economista Gregory Mankiw, porém, expôs um ponto de vista diferente que, de acordo com Faber,  se reflecte na síntese de Janet Yellen, número 2 do FED (e coincide com as ideias amplamente difundidas na Federal Reserve): “A problema é que as pessoas poupam em vez de comprar, e temos que convencer estes estúpidos a gastar para re-iniciar a economia”. Então, o problema é aumentar a oferta de dinheiro, pelo menos, 6% ao ano.

– Conclui Faber “Acho que a Fed manterá as taxas de juro em 0%, mesmo 0% em termos reais.
Consequentemente obrigações e liquidez são um péssimo refugio de longo prazo para o nosso dinheiro, as acções são um meio para preservar o valor (mas é uma opção arriscada, dado os iminentes efeitos da inflação), os metais preciosos são uma escolha sólida para proteger o poder de compra.

– No que diz respeito ao papel do EUA como principal economia do mundo, actualmente estamos perante uma profunda transformação: nos últimos anos as vendas de automóveis nos Países emergentes (por exemplo, Brasil e China) ultrapassaram as dos EUA, Europa e Japão; o consumo de petróleo nos mercados emergentes está crescendo, enquanto nos Países desenvolvidos está a diminuir; o mundo já não depende do consumo dos EUA (60% do total das exportações termina agora nos Países emergentes, incluindo o Leste); os EUA ainda são uma economia importante, mas o seu desenvolvimento foi interrompido, enquanto o crescimento dos Países emergentes é e continuará a ser forte.

– As pessoas ainda acreditam que em âmbito económico os Países emergentes são os parentes pobres, mas 80% da população mundial vive nesses Países e o consumo total é particularmente elevado: os mercados não estão saturados e crescem rapidamente

– Todos deveriam colocar metade do próprio dinheiro nos mercados emergentes, e não no Ocidente e preservar os activos no exterior

– Ao contrário do que dizem, não são os mercados que estão fora de controle, mas os bancos centrais que continuam a imprimir dinheiro

– O desenvolvimento do mundo emergente será impulsionado pela urbanização da Índia e da China; a curto prazo não significa o aumento do valor das acções, mas a longo prazo veremos um crescimento significativo na Ásia

– O deslocamento do poder económico do oeste para o leste foi surpreendentemente rápido, em grande parte graças à rápida industrialização do mundo emergente e à rapidez com que a informação viaja hoje

– Iremos assistir a um aumento maciço das indústrias intensivas em recursos naturais e dos novos mercados de exportação, e ao mesmo tempo a uma maior volatilidade e tensão em todo o mundo

– As características da procura / oferta de petróleo são largamente determinadas pelas necessidades da China, a Índia e do resto da Ásia

– O petróleo é a principal prioridade da China, que agora é um importador líquido

– Os EUA têm uma grande vantagem estratégica sobre a China: têm petróleo em casa, no Golfo do México, Canadá, Vizinho Oriente Médio e costa Oeste da África, e também podem transporta-lo nos oceanos Atlântico e Pacífico. A China depende em 95%, do Médio Oriente, e embora estejam a construir muitos gasodutos, por exemplo através da Europa Oriental, os pontos de acesso, tais como os portos, são limitados e rodeado por bases militares americanas. É claro que os submarinos chinês poderiam afundar os nossos navios, os russos certamente não são satisfeitos com a presença das nossas forças na região; as tensões irão aumentar à medida que aumentará a necessidade de recursos naturais

– Cedo ou tarde explodirá um conflito e na altura serão precisos bens tangíveis, e não o “lixo” da UBS ou da JP Morgan”

– Num conflito as cidades não oferecem nenhuma protecção: podem ser bombardeadas, a água potável envenenada, o fornecimento de energia interrompido. Devemos, em vez disso, comprar uma casa no meio do nada.

– O melhor sofismo económico actual é que um País pode imprimir o seu próprio caminho para a prosperidade: “Se a dívida e impressão de dinheiro significassem prosperidade, o Zimbábue seria o País mais rico do mundo”

– Mugabe é o mentor das políticas económicas Ben Bernanke

– A nossa situação fiscal é muito mais dramática de come é apresentado. A dívida total (pública e privada) atingiu um terrível 800% do PIB (incluindo os passivos sem cobertura): mais que o dobro de 1929

– O crédito soberano do mundo ocidental está falido, mas antes de reconhece-lo os governos irão imprimir dinheiro; os líderes do governo americano tentarão adiar o momento da verdade, descarregando os problemas nos presidentes sucessivos e no Congresso

– Se os deficits não são o ponto doente, como muitos economistas afirmam hoje, porque os cidadãos devem continuar a pagar impostos? Todos seriam mais felizes se fossem abolidos

– Num contexto como o presente e o futuro dos EUA, que continua a imprimir dinheiro e com alta volatilidade, o remédio mais seguro é o ouro físico

– Após a desvalorização da moeda, as acções poderiam tornar-se muito barato, como aconteceu no início dos anos 80 no México após a desvalorização de 95%, do peso.

– Não possível para evitar o colapso total do Ocidente; na primeira paragem em 2008, o sistema financeiro está quebrou mas não faliu, na próxima (mesmo que possam ser necessários 5-10 anos ou mais) irão explodir as nações, mas depois de ter imprimido dinheiro, a opção mais viável politicamente, e, finalmente, teremos a Guerra Mundial

Estamos arruinados

Fonte: Big Governement

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