O verdadeiro limpa-tudo

A BP não brinca.

Sabe que a situação é grave e por isso investe tudo na procura de soluções para a maior catástrofe ecológica da História.

Assim tirou da gaveta o “Projecto X”, um instrumento tecnologicamente avançado, recurso extremo que a petrolífera desenvolveu ao longo de anos nas profundezas dos próprios centros de pesquisa. Esta arma tem já um nome: Coretix.

Mas entre nós é também conhecida como “detergente para a loiça”.

Detergente? Isso mesmo, detergentes para as superfícies.

O mar está poluído com as nossa perdas de petróleo? E nós atiramos por cima do petróleo o detergente que utilizamos para limpar pratos e panelas.

Mas porquê o detergente?
A explicação é lógica e abre novas perspectivas no âmbito da preservação do meio-ambiente.

O detergente, explicam os cientistas da BP, emulsiona o petróleo e afunda a maré negra. Afunda? Exacto.
A maré negra baixa para o fundo do mar, onde irá ficar ao longo de alguns milhares de anos.

Lá, no fundo, será festa grande para os micróbios que irão digerir o petróleo em quantidades industriais, como disse James Butler, professor emérito de Química Aplicada da Universidade de Harvard que estudou os detergentes. Festa mais reduzida para os outros animais e algas, acrescentamos nós.

É o detergente para a loiça: um lado da molécula gosta de petróleo, outra gosta de água salgada, assim parte a maré negra em gotas.

continua Butler, um homem ainda não suficientemente apreciado pela atrasada comunidade científica.

Por isso: 570.000 litros de detergente para a loiça no mar. E problema resolvido. Genial.

Neste link pode encontrar as especificações do Corexit.

Isso, de facto, abre novas perspectivas para a ecologia.

O seu carro é velho? Não tem paciência para entrega-lo num centro de recolha? Já pensou em atira-lo para o fundo do mar? Alguns metros debaixo das ondas são suficientes: imaginem que magnifico novo habitat para os peixes!

Escórias radioactivas? Porque gastar tempo e dinheiro nas escavações de depósitos subterrâneos que, ainda por acima, seguros não são? Fundo do mar: longe dos olhares, longe dos perigos.

Temos de admitir: um potencial imenso.

Entretanto houve um encontro com portas fechadas entre técnicos da BP e representantes do governo EUA.

As notícias são terríveis: a petrolífera admitiu não poder medir o fluxo de perda e estima que 60.000 barris a cada 24 horas seja a quantidade de petróleo em fuga. Dez vezes mais do que declarado até agora.

Um dos senadores presentes ficou furioso com esta revelação.
A BP terá tido a coragem de apresentar-lhe o projecto detergente também?

Ipse dixit

Fontes: Petrolio, Los Angeles Times, Bloomberg, Environmental Protection Agency

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