Bill Gates: nada de balão

De vez em quando uma boa noticia.

O projecto de Harvard financiado por Bill Gates para escurecer o Sol ao injectar aerossóis na atmosfera está parado. E por enquanto é difícil que se volte a falar dele tão depressa.

Como noticiado no passado mês de Janeiro (Em teste: Injecção de Aerossol na Estratosfera, o chapéu de chuva solar), o projecto de escurecimento solar financiado por Bill Gates (o mesmo génio das vacinas) estava planeado na Suécia para Outono de 2021 ou Primavera de 2022. Só que encontrou forte oposição, tanto na Suécia como no ambiente académico mundial.

Dois os pontos em questão: em primeiro lugar a base científica, aquele Aquecimento Global que está longe de ser consensual. Depois os possíveis e graves problemas. Mesmo o Prof. Alan Robock, pluripremiado climatólogo da Rutgers University (New Jersey, EUA), apoiante da tese do Global Warming, ficou preocupado com o projecto de geoengenharia definido como “uma grande ameaça para a civilização”.

Já num artigo de 2008, intitulado “20 razões pelas quais a geoengenharia pode ser uma má ideia”, Robock tinha apresentado os seus argumentos contra um tal projecto. Uma versão revista por pares acrescentou mais sete razões contra a ideia. E num vídeo de 2015, intitulado Geoengineering the Earth’s climate: risks, opportunities, and governance challenges, a visão de Robock é clara: a geoengenharia aplicada ao Sol pode ter consequências catastróficas.

Recentemente, as dúvidas aumentaram: os pesquisadores Ray Garnett, Madhav Khandekar e Rupinder Kaur publicaram em 2020 o estudo Is Diminishing Solar Activity Detrimental to Canadian Prairie Agriculture? (“A Diminuição da Actividade Solar é prejudicial para a Agricultura da Pradaria Canadiana?”), no qual podemos ler:

Durante os meses de cultivo dos cereais de Maio-Julho, a temperatura média nas pradarias canadianas arrefeceu 2ºC nos últimos 30 anos. O arrefecimento parece estar certamente ligado à diminuição da actividade solar à medida que o Sol se aproxima de um Grande Mínimo Solar na próxima década ou assim. Este arrefecimento levou a uma redução dos Dias de Grau de Crescimento [GDDs: no campo das tecnologias agrícolas, a soma térmica, indicada com GDD significa a soma das diferenças entre a temperatura média diária (Tm) e a vegetação zero (Tz) da espécie considerada, para todo o ciclo de cultivo ou para uma ou mais fases de desenvolvimento no referido ciclo. Em termos práticos, se a soma térmica for superior a zero, significa que a temperatura tem sido em média mais elevada do que a necessária para o crescimento optimal da espécie, enquanto que se a soma térmica for inferior a zero, então a temperatura tem sido demasiado baixa, ndt] e também teve impacto no padrão de precipitação. Os GDDs em conjunto com a temperatura média e a precipitação são parâmetros importantes para o crescimento de vários grãos (trigo, cevada, canola, etc.) nas pradarias. Neste estudo, investigamos o impacto do declínio dos GDDs e dos padrões de temperatura e precipitação associados no rendimento e na qualidade dos grãos das pradarias. A nossa análise mostra que houve uma perda de cerca de 100 GDDs durante o período de 1985-2019. A perda em GDDs está também ligada a alguns dos parâmetros do conjunto atmosfera-oceano em grande escala como a Pacific Decadal Oscillation [PDO: A Oscilação do Decadal do Pacífico é um robusto e recorrente padrão de variabilidade climática oceano-atmosfera centrada na bacia do Pacífico de latitude média. A DOP é detectada como águas de superfície quentes ou frias no Oceano Pacífico, a norte de 20°N, ndt], o North Pacific Index (NPI) e a Arctic Oscillation (AO). A nossa análise sugere que o rendimento e a qualidade dos cereais poderão ser significativamente afectados nos próximos anos, uma vez que a actividade solar continua a diminuir

O escurecimento solar de Bill Gates replicaria alguns dos efeitos das grandes erupções vulcânicas, muitas vezes devastadoras para as culturas. Como foi salientado no estudo citado, “o mais severo impacto de temperaturas extremamente baixas no trigo de Primavera (nas pradarias canadianas) ocorreu em 1992 e 1993 após a erupção vulcânica de Pinatubo de 1991. As temperaturas de Verão foram de 2°C abaixo do normal”.

Portanto, se a actividade solar estiver naturalmente a enfraquecer e o projecto de escurecimento solar de Gates prosseguir, isto poderá ter efeitos catastróficos na produção de culturas alimentares em todo o mundo. Também porque há um pormenor que não pode ser esquecido: como salienta o Prof. Robock, uma vez lançado tal projecto de escurecimento solar não pode ser parado ou retirado. Não há um botão “On/Off”. E se na mesma altura houver um aumento inesperado da actividade vulcânica natural?

A Suécia disse que há demasiados riscos e controvérsias não calculadas sobre a experiência e, portanto, o lançamento do balão previsto para Junho não terá lugar. A controvérsia sobre a geoengenharia solar continua, entre aqueles que pressionam para tentar novas formas contra o alegado Aquecimento Global e aqueles que, em vez disso, pensam nas repercussões pouco claras do lançamento de substâncias para a atmosfera.

As profecias de Bill

E Bill? Paciência, fica para a próxima. Para já, o simpático filantropo pode consolar-se com as vacinas (será necessária uma terceira dose para combater as variantes) e avisar a humanidade: há dois perigos bem piores do que a Covid.

O primeiro, explica o técnico informático aposentado, é o Aquecimento Global: uma mudança climática na sua opinião poderia ter gravíssimas consequências e causar um número de vítimas pior que a Covid-19.

O segundo perigo é o bioterrorismo: “alguém que quer causar danos pode conceber um vírus”. E
que esta hipótese se torne realidade “é maior do que as epidemias causadas naturalmente, como a actual”.

Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça! (Mateus 13:9)

 

Ipse dixit.

3 Replies to “Bill Gates: nada de balão”

  1. Temos hoje 28 vulcões em atividade, se essa idiotice fosse feita, teríamos muitos mais, té quimfim uma boa notícia !

  2. Parece que ainda existe algum bom senso espalhado por aí para colocar um travão nestes psicopatas.

  3. Para mim fica claro que a intenção de “apagar o sol” seria mesmo diminuir em muito a produção agrícola e a vida no planeta. Sem sol, ou com muito pouco a humanidade perde elementos vitais como a vitamina D, só para exemplificar.
    E o que acontece é aquilo que sempre beneficia os concentradores de renda. E quem pode compra a vitamina D artificial, quem não pode diminui a vida.
    O circo do aquecimento global é outro sistema minuciosamente pensado para tanto quanto o Covid-19 desenvolver o medo e prejudicar as maiorias.

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