Homenagem: há um ano, em New York…

Não é costume relatar casos tão específicos, mas este merece por causa do aniversário. Há quase um ano (dia 29 de Março de 2020), a cadeia americana ABC assim relatava:

Um homem baleado pela polícia da cidade de New York no mês passado depois de ameaçar agentes com uma faca e uma antiga arma morreu com coronavírus cinco dias depois de ter sido ferido, disse a polícia na Quinta-feira.

Ricardo Cardona, 55 anos, disse repetidamente aos agentes “por favor, matem-me” ignorando as ordens para largar as armas, como mostram as filmagens da câmara corporal acerca do tiroteio de 1 de Abril no Bronx.

Cardona, que ligou o 911 para chamar a atenção da polícia, disse mais tarde aos investigadores que queria morrer porque recentemente tinha dado positivo no teste da Covid, afirmou o Sgt. Carlos Nieves num vídeo ao descrever o incidente.

“O Sr. Cardona informou os investigadores de que lhe tinha sido recentemente diagnosticada a Covid-19 e que, como resultado, queria morrer por ‘suicídio por polícia'”, disse Nieves.

Os oficiais dispararam 11 tiros contra Cardona e atingiram-no sete vezes no tronco e nas extremidades inferiores, mas os resultados preliminares da autópsia mostraram que a causa da morte foi o Coronavírus, com as feridas e as condições de saúde subjacentes listadas como factores complicadores, disse Nieves.

Sete balas. Foi atingido por sete balas e morreu de Covid.

Cardona recebeu sete balas porque estava armado com uma faca táctica de 12 polegadas numa mão e um revólver da Guerra Civil (!!!) na outra. Praticamente: armas de destruição maciça. Os polícias não tiveram outras opção: 11 disparos, 7 acertaram no alvo antes que este dizimasse New York. Não havia outras soluções. Um disparo no braço com o revolver? Talvez. Mas, como diziam os Romanos melius abundare quam deficere, “melhor abundar do que falhar”. E sete balas são melhores do que uma. Mesmo considerando que a arma da vítima, um revolver da Guerra Civil amricana, não funcionava, como foi posteriormente confirmado.

Cardona, que foi inicialmente hospitalizado em condições estáveis, enfrentou acusações incluindo tentativa de agressão, ameaça de um agente da polícia e posse criminosa de uma arma. O caso foi arquivado após a sua morte.

Após quase um ano, é justo prestar homenagem a uma das primeiras vítimas desta terrível doença nos Estados Unidos. Uma pessoa desesperada, vítima não do medo espalhado pelos media mas duma doença que não deixa saída. Até o dia anterior saudável como um atleta olímpico, de repente moribundo. Sete balas perdoam, o coronavírus não.

A fonte original é da agência de notícias Associated Press e todos os órgãos de informação repetiram-a praticamente sem alterações: ABC, NBC News, US News, Yahoo, New York Post, The Washington Times… Ninguém fez o mínimo esforço para tentar entender como é que uma pessoa baleada sete vezes consegue morrer por causa dum vírus.

As boas notícias: os policias não foram infectados e a nossa confiança nos órgãos de informação está ao rubro.

 

 

Ipse dixit.

5 Replies to “Homenagem: há um ano, em New York…”

  1. “As boas notícias: os policias não foram infectados e a nossa confiança nos órgãos de informação está ao rubro.”

    Porra, quase que entornava o café…

    hahahahahahaha

  2. Fácil entender a questão, o vírus ao sentir que a vítima fora atingida tratou de propagar-se o mais rápido possível, causando a inevitável morte o mais rápido que foi possível, foi para nosso bem !

  3. O mundo que já era ruim, ficou pior com a “pandemia”.
    O dono de uma pequena carpintaria da região, com 51 anos já é diabético, e teve de tirar uma perna. Continuou trabalhando, e trabalhando bateu com a mão e logo após foi picado por uma aranha marrom.
    E trabalhando ficou até que uma semana depois, com o braço enegrecido e uma terrível dor consentiu parar de trabalhar e ir ao hospital. O médico que o atendeu fez o diagnóstico, usou de todas as ferramentas disponíveis, inclusive o Específico, remédio veterinário, fabricado aqui mesmo, e que se ingerido após a picada venenosa, elimina o veneno pela urina.
    Mas era tarde para o Específico, e a família resolveu não ficar no hospital para amputar o braço, por medo que o carpinteiro fosse contaminado com Covid.
    Mais uma semana, e desesperado pelas dores, e pela aparência descarnada da mão, voltou ao hospital, recebendo o diagnóstico que a amputação era o único meio de salvá-lo. Mas a família insistiu que a hospitalização poderia contaminá-lo com Covid. Voltou sem Morfina para casa porque aqui a Morfina só é administrada nos hospitais.
    Soube que morreu recentemente. Deve ter pego por desgraça o miserável virus. Pelo menos é o que a família apregoa.

    1. Apraz-me só dizer que agora está em paz, unido com todas as coisas, livre das macacadas dos seus.

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