A violência no Brasil

Uma pessoa de bom coração enviou-me o seguinte artigo que reproduzo na integra. O original foi publicado no site A Nova Democracia e é de autoria de Henrique Júdice. Gostaria de ter um comentário por parte dos Leitores brasileiros acerca das possíveis causas desta situação.

Boa leitura!

A cruenta implosão de uma sociedade condenada

Com 2,7% da população mundial, o Brasil concentra mais de 10% dos assassinatos no planeta. Em 2016, foram 61,6 mil, além de 49,5 mil casos de estupros notificados e 12 mil suicídios que também dizem algo sobre esta sociedade. Das 50 cidades mais violentas do mundo, 25 ficam aqui.

As duas bases oficiais de dados (ocorrências policiais e registros de óbitos) contêm falhas e divergências, mas a explosão de violência letal é visível a olho nu – e não só nas metrópoles. Aliás, os números reais são maiores, pois, pelo estigma que recai sobre as vítimas, muitos suicídios são registrados como acidentes e inúmeros estupros não são nem ao menos denunciados.

Quanto aos assassinatos, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), agência oficial, destaca que muitos se ocultam sob o rótulo “morte violenta com causa indeterminada”. Em São Paulo, Minas Gerais e Bahia, que concentram metade da população brasileira, esses registros equivaliam, em 2015, a respectivamente, 42,9%, 30,4% e 30,3% dos homicídios reconhecidos. Por certo, as 71,8 mil desaparições registradas em 2016 também escondem muitas mortes não naturais.

Tanto quanto a disparada do número de mortes violentas, estarrecem a crueldade de muitas delas e a futilidade de seus motivos: decapitações filmadas e difundidas por redes de dados no contexto de desavenças associadas ao tráfico de drogas; uma mãe morta ao esperar sua criança na porta da escola; dois rapazes executados pelo segurança de um restaurante devido à quantidade de sachês de catchup que queriam levar para casa; uma trabalhadora rendida ao sair de um plantão noturno e trucidada a golpes de chave de fenda após entregar tudo aos assaltantes; e outro envenenado e esquartejado por um colega para roubar-lhe o dinheiro da rescisão são exemplos citados a esmo de crimes ocorridos nos dois últimos anos na região metropolitana de Porto Alegre.

Pseudociência e mistificações

Não é de surpreender que o aparato ideológico composto pela imprensa mercantil monopolista, instituições oficiais de pesquisa e algumas ONGs admitam a existência dessa orgia de sangue. Mas que explique como ela se coaduna com a visão rósea que tanto propagou sobre a evolução da sociedade brasileira durante os oito anos de governo do PSDB e – atritos de outro tipo à parte – os 13 do PT, ou identifique com alguma precisão e honestidade suas causas, seria pedir muito.

O morticínio em curso no Brasil não se compreende por nenhuma das teses com que intelectuais orgânicos do sistema tentam explicá-lo a partir de cálculos viciados e da pseudociência social burguesa de matriz estadunidense. Este artigo não desvenda os mecanismos que impelem parte das massas empobrecidas à autofagia, mas desmente mistificações em voga, sopesa elementos importantes e aponta causas profundas.

Juventude – No estudo Efeito da mudança demográfica sobre a taxa de homicídios no Brasil, publicado em 2015, Daniel Cerqueira, diretor do Ipea no governo da senhora Rousseff, e Rodrigo Leandro de Moura, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dizem que um quarto do crescimento dos assassinatos entre 1991 e 2000 e metade entre 2000 a 2010 se deve à existência de jovens do sexo masculino no Brasil (em outros países, ou não há homens, ou eles saltam da infância à maturidade…).

Cerqueira e Moura admitem nada saber sobre os autores dessas mortes – nem poderiam, pois a estimativa mais otimista sobre elucidação de homicídios no Brasil diz que, em 80% dos casos, nem se chega a ter um suspeito. Mas como 92% das vítimas entre 2005 e 2015 eram homens entre 15 e 29 anos, deduzem que os assassinos também são e que a quantidade de homicídios varia em função do peso relativo desse segmento populacional.

Um dado que consta de seu próprio estudo os desmente: no período analisado (1991-2010), enquanto a taxa de homicídios cresceu 30%, o peso relativo do segmento masculino entre 15 e 29 anos sobre a população brasileira diminuiu levemente e o da fração de 15 a 23 (considerada a mais perigosa na literatura estadunidense em que se baseiam) despencou.

Não há um só indício de correlação – muito menos causalidade – entre quantidades relativas de homens jovens e de assassinatos. Ao contrário: no Brasil, a matança é simultânea ao envelhecimento da sociedade. De 1960 a 2015, a média de filhos por mulher cai de 6 para 1,7 e a expectativa de vida sobe de 48 para 75,5 anos (dados do IBGE). De 1980 (quando começa a haver estatísticas de homicídios e os nascidos em 1960 tinham 20 anos) a 2015, os assassinatos sobem de 11,4 para quase 30 por 100 mil habitantes.

A única conclusão que isso permite é a que li na Argentina como palavra de ordem e se aplica ao Brasil como constatação científica: os meninos não são perigosos, estão em perigo.

Famílias – Em 2009, a FGV conferiu o grau de doutor em Economia a Gabriel Chequer Hartung por seus Ensaios em Demografia e Criminalidade. Com a chancela de seu orientador, Samuel Pessôa, ele diz que a proporção de famílias monoparentais com crianças de 5 a 15 anos num determinado tempo e local se reflete na taxa de assassinatos dez anos depois, quando elas têm entre 15 e 25.

Abstendo-se de demonstrar ou sequer descrever a relação de causa e efeito sem a qual essa coincidência numérica verificada em alguns lugares é só ilusão de ótica, Hartung conclui que filhos de mães sozinhas têm maior propensão a matar e que a criminalidade violenta se reduziria pelo aborto eugênico deles (não prega explicitamente sua eliminação após nascidos, mas para bom entendedor…).

Aproximadamente 26,8% das famílias brasileiras com filhos tinham apenas um adulto (em regra, a mãe) segundo dados do IBGE para 2015 que, cotejados com os do Eurostat para 2016, nos colocam entre a Dinamarca (30%) e a Suécia (25%) nesse quesito.

Se essa configuração familiar fosse fator de letalidade, as taxas dinamarquesa e sueca de homicídios seriam similares à nossa. Mas são próximas de zero: 0,58 e 1,07 assassinatos por 100 mil pessoas em 2015, respectivamente. Mesmo no cotejo entre essas nações escandinavas, parecidas em todo o resto, o impacto da monoparentalidade sobre a violência letal é nulo: a campeã mundial de mães solteiras tem menos crimes de morte que sua vizinha.

Armas – Túlio Kahn, alto funcionário das administrações Alckmin e Serra em São Paulo, sustenta que o número de armas de fogo entre a população determina a taxa de homicídios.

O dedo no gatilho é só o último elo da cadeia de eventos que desemboca num assassinato, e nem assim a disponibilidade de pistolas e revólveres ajuda a compreender o que se passa no Brasil: segundo o governo federal, 650 mil foram entregues voluntariamente entre 2004 e o início de 2014.

Não localizei dados de igual amplitude sobre apreensões. Mas só as entregas espontâneas já permitem afirmar que o aumento dos homicídios se deu enquanto o estoque de armas entre a população caía expressivamente.

No documentário Tiros em Columbine, Michael Moore mostra que o Canadá, com uma população tão armada quanto a do USA, tem muito menos assassinatos (1,7 contra 4,9 por 100 mil habitantes em 2015, segundo o site Countryeconomy; nos dois casos, muito mais armas e menos mortes que no Brasil). E que se pode e deve condenar a demência do fetiche armamentista sem confundir o instrumento do crime com sua causa.

Algo, mas não tudo

Outras explicações tocam em importantes aspectos da tragédia brasileira que se vinculam ao banho de sangue em curso, mas não o explicam em toda profundidade.

Evasão escolar – O sociólogo e ex-deputado Marcos Rolim é um pesquisador sério, dedicado à preservação e a melhoria da vida da juventude pobre. Ao estudar a violência em que ela está imersa, não busca sua raiz nos cromossomos nem nas mães dos jovens, mas no que o Estado lhes sonega.

Em sua tese de doutorado A formação de jovens violentos – Estudo sobre a etiologia da violência extrema, apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rolim busca desvendar não tanto a quantidade de assassinatos, mas sua desmesurada crueldade. Para isso, entrevistou adolescentes que haviam matado futilmente e outros que, vindos de um quadro sociofamiliar semelhante ao dos primeiros, construíram suas vidas fora do crime. A diferença que ele identificou entre os dois grupos é que os membros do primeiro haviam sido violentados na infância, excluídos da escola e recrutados por adultos que os ensinaram a agir brutalmente.

O desprezo pela integridade física e emocional das crianças e a ausência de uma escola pública forte, capaz de suprir o que lhes falta em casa e na vizinhança em termos culturais e de socialização sadia, são as maiores dívidas do Brasil para com seu povo e dados basais da tragédia que vivemos. Mas não parece que a evasão escolar seja a causa do fenômeno em tela: as crianças e adolescentes permanecem, hoje, muito mais anos na escola (ruim) do que nas décadas de 70 e 80 – para não falar nas de 50 e 60, quando era comum que o início da vida laboral ou o insucesso no exame de admissão ao ginásio encerrassem o ciclo escolar aos 10/11 anos de idade. Ainda que a evasão escolar seja um dado importante na vida dos autores dos crimes pesquisados por Rolim, ela caiu enquanto tais crimes aumentavam.

Drogas – Uma parte enorme dos assassinatos no Brasil está associada à cocaína e seus subprodutos (maconha e outras drogas não se incluem). De todas as variáveis analisadas, esta é a única cujo crescimento coincide no tempo com a escalada de crimes de morte.

Vários são cometidos sob o efeito delas ou da ânsia causada por sua abstinência, e muitos mais na disputa por pontos de varejo, punição de devedores e outras desavenças vinculadas à sua compra e venda – inclusive extorsões e queimas de arquivo perpetradas por policiais contra pequenos traficantes e usuários.

Todavia, embora sejam um forte catalisador da violência, essas substâncias não explicam sozinhas a dimensão que ela assumiu em nosso país. Seu comércio – a atividade em si, não violenta – existe no mundo inteiro, mas só aqui e em alguns países da América Central se faz acompanhar por tal letalidade. Mesmo no México, considerado em colapso por causa do narcotráfico, há em torno de 20 homicídios por 100 mil pessoas, e não 30, como aqui.

Raízes profundas

Como raízes mais profundas do fenômeno, restam dois aspectos da dinâmica social brasileira:

1. O legado de uma instituição brutal que foi, aqui, particularmente violenta: a escravidão. No Brasil, o Estado, as classes dominantes e a maior parte dos setores médios nunca reconheceram valor algum à vida das massas negras e pardas, vistas ora como mercadoria, ora como ameaça a ser reprimida ou eliminada; nem das massas camponesas, submetidas à servidão ou expulsas da terra para se juntar, na cidade, aos descendentes de escravos.

2. A intoxicação dessas massas por uma contrapropaganda que levou parte delas a incorporar os antivalores de uma classe dominante em decomposição: consumismo, individualismo possessivo, imediatismo, ostentação, narcisismo. Christopher Lasch (A Rebelião das Elites e a Traição da Democracia) e Richard Sennett (A Cultura do Novo Capitalismo) analisaram esse fenômeno no país do qual o Brasil vem se tornando, desde 1964, uma cópia mal feita: o USA. João Manuel Cardoso de Melo e Fernando Novais (Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna) e, especialmente, Jurandir Freire Costa (O Vestígio e a Aura) identificaram-no aqui. “A violência emerge como uma conseqüência da avidez na busca dos objetos supérfluos, estimulados pela publicidade. Essa distorção não começou com o miserável que porta a arma, mas sim com a elite que deu a norma da destruição” – dizia Freire Costa numa entrevista em 2004.

Estado assassino

Sobre essa combinação de fatores, o Estado promove o banho de sangue.

Fardadas e em horário de expediente, as polícias matam mais que os ladrões: em 2016, o Brasil teve 2.703 ocorrências de latrocínio (roubo com morte) e 4.224 de “mortes por intervenção policial”. Esses números não incluem o “trabalho” das milícias paraestatais que vicejam no Rio, nem dos grupos da PM de SP que matam com o rosto coberto (“bandido pelo menos mostra a cara”, ouve-se comumente na periferia paulistana).

Além de matar com as próprias mãos, o Estado organiza grupos para extermínio (inclusive recíproco) de pobres – seja pela lucrativa associação de políticos e funcionários a máfias emaranhadas à estrutura policial, como denuncia, há tempos, o professor José Cláudio Alves de Sousa; seja enviando traficantes e ladrões de pouca monta a presídios cuja administração terceiriza (não de graça) as facções que os recrutam à força e transformam vários deles em delinquentes violentos, como assinala Rolim. A concentração do foco policial e prisional nessas pessoas é também uma maneira de deixar livres os matadores, cuja posição nas facções é mais alta.

Se houver dúvida sobre a quem servem essas ações, ou sobre a interpenetração entre as altas esferas do mercado ilegal de drogas e as do Estado, basta lembrar que hoje vivemos sob um governo que tem dois ministros (Blairo Maggi e Aloysio Nunes) e um secretário (Gustavo Perrella) envolvidos com transporte e armazenamento atacadista de cocaína.

‘De ir à guerra se trata’

A mais sombria concepção sobre o Estado, elaborada por Thomas Hobbes, pregava a submissão a ele como preço da garantia da vida e integridade física de seus súditos. Quando ele não é capaz de prover isso, há uma crise que não será resolvida dentro de seus marcos.

O drama brasileiro é que a corrosão terminal das estruturas estatais antecedeu em anos (décadas?) o amadurecimento da única possibilidade histórica de superá-la: uma revolução. Construí-la nesta sociedade degradada é trabalho hercúleo e arriscadíssimo, mas premente.

As dúvidas que podem existir sobre sua conveniência e custo-benefício quando envolve romper a paz dos cemitérios não têm lugar quando se trata do único meio para estancar a perversidade e a violência fomentadas pelo Estado. Se a mortandade intrínseca ao andamento “normal” desta sociedade já é a de uma guerra, “de ir à guerra se trata”, como dizia, num verso composto com límpida consciência em outro contexto, Idea Vilariño.

 

Opinião pessoal (e que por isso pouco conte): o autor analisa uma série de possíveis causas, comparando-as com a realidade de outros Países. Falamos de drogas, armas, abandono escolar, polícia… a conclusão parece ser que estas causas não conseguem explicar o nível de violência existente no Brasil.

Talvez o problema seja mesmo este: no Brasil não há apenas “o” problema das drogas, “o” problema das armas, etc. No Brasil há tudo isso ao mesmo tempo, numa combinação explosiva.

O que acham?

 

Ipse dixit.

Fonte: A Nova Demcoracia

23 Replies to “A violência no Brasil”

  1. Olá Max!
    O seu blog é muito bom, leio com frequência.
    Eu sou brasileiro, da cidade do Rio, mas estou morando no exterior atualmente, não sai por causa da violência, mas por motivos profissionais.
    Sobre o artigo, eu penso que existem dois fatores principais e outros num grau inferior de importância.
    O primeiro é a brutal desigualdade social com uma grande miséria, só para vc ter uma noção quem ganha cerca de cinco mil reais por mês faz parte dos dez porcento mais “ricos”, ou menos pobres, e quando se olha a média dos salários parece que não está tão ruim, mas é um engano, pois não existe muita gente nessa média e sim poucos com um salário gigantesco é uma imensa maioria com um salário miserável.
    O outro grande problema é inerente ao capitalismo onde existe 24h por dia propagandas na TV mostrando que as pessoas que não compram aqueles produtos não são nada, isso afeta principalmente as pessoas um pouco mais jovens, onde vários que não tem muita condição vão querer esses produtos e farão qq coisa, por isso que algumas cidades do interior que tbm existem uma grande miséria mas como não há um alcance tão grande da propaganda, tende a ser menor.
    Essas para mim são as principais causas, mas existem várias outras como por exemplo cada vez a polícia combate o crime com mais violência e os criminosos sabem que cada vez menos tem chance de saírem vivos, então isso gera um espiral de ódio onde os dois lados ficam cada vez mais brutais e os números de mortos aumentam cada vez mais.
    Como é dito no artigo, isso tem muito a ver com a escravidão, pois deram liberdade para os negros mas não deram nenhuma estrutura para eles, então eles sempre foram marginalizados, basta ser ir a uma favela e olhar, a pobreza tem cor no Brasil e ela é negra e parda. A elite e principalmente a classe média (na sua maioria) tem um sentimento de ser superior às classes menos desfavorecidas economicamente e as consideram seres inferiores.
    A população mais pobre não tem acesso a uma educação de qualidade, quando tem algum acesso, estão fadadas a repetir a sina de seus pais pobres e quando tem alguma pessoa que sobressai, ela rapidamente é utilizada pela classe média onde é dito que a pessoa se esforçou e conseguiu, tentando fizer que todas as outras são pobres pq são vagabundas que não se esforçam. É aquela ilusão da meritocracia que se uma criança que vive com menos de um dólar por dia se esforçar muito, quem sabe pode ser o próximo Bilk Gates.
    Eu acho que drogas e armas existem em qq lugar do mundo e não são nem de longe as principais causas da violência no Brasil, até pq o grande problema não são as drogas em si, mas a guerra as drogas.
    Abc,
    Áttila

  2. Prezado Max.
    Primeiro gostaria dizer que o artigo retrata a mais pura realidade brasileira.
    Max, vc pode não acreditar, mas é raro encontrar um brasileiro , que não tenha pelo menos um familiar, que não tenha sido vitima de algum delito. Não estou incluindo nessa estatistica amigos ou conhecidos , apenas me refiro ao restrito ambito dos parentes diretos ( pais-filhos-avos) . Eu, por exemplo, já tive meu carro roubado, a casa de minha mãe foi furtada inúmeras vezes e meu filho teve o celular levado num assalto. E olhe que moramos em Santa Catarina, um estado onde não há uma grande metropole.
    As causas ? Muitas. A principal: Desigualdade social herdada de um colonialismo ( Max, sei que vc não concorda ) e principalmente por uma elite dominante soberba com mentalidade escravocrata. Nossa sociedade adora dar esmola aos necessitados, menos oportunidade a eles. Quando surge algum lider popular que possa proporcionar alguma mudança no status quo, são invariavelmente eliminados ou execrados politicamente: Getulio Vargas ( pai dos pobres): mãe dos ricos,
    João Goulart: comunista, Lula : ladrão.
    O resultado é isso que está aí: evasão escolar, salário de fome , miséria, violência. Então surgem os aproveitadores: traficantes recrutando crianças e dominando as favelas ( cujos clientes são classe media e rica ). Outros sujeitos, bem vestidos de terno, com uma biblia debaixo do braço se aproveitando da ignorância e da miséria das pessoas para enriquecer em nome de Deus.
    Mas nem tudo é tristeza. Temos o futebol, carnaval e a bunda da Anita.

    1. “…Desigualdade social herdada de um colonialismo…” – Sergio, Agosto 1, 2018 às 23:54

      Neste ponto você tem toda a razão, o Brasil ainda não foi capaz de se libertar do domínio colonial do regime da Inglaterra e dos seus aliados, que mantém o país subjugado desde 07 de Setembro de 1822 até aos dias de hoje.

  3. Olá Max,
    Sempre que posso leio seu blog, é muito esclarecedor. Quanto ao artigo, retrata bem o que acontece no Brasil mas a melhor explicação, a meu ver, ouvi do constitucionalista Pedro Serrano: o país é uma sociedade em guerra. E de quem contra quem? De um lado o estado e um punhado de privilegiados (como bem observou um dos comentaristas, os que possuem renda acima de 5 mil reais/mês) e de outro a grande massa (quase) sem renda, isolada nas periferias, cercada pelas forças do estado para que “os cidadãos de bem” não sejam ameaçados. Quem faz parte dessa massa não é considerado cidadão e sim inimigo. E contra o inimigo, na guerra, tudo é permitido. Por isso a brutalidade, recíproca, entre os combatentes. Dia desses um helicóptero da polícia militar fuzilou uma criança que vinha da escola.Detalhe: uniformizado e com mochila às costas. Te parece familiar? E todo o aparato institucional, midiático, comercial serve à perpetuação deste modelo.
    Abraços.

  4. Vê só Max: três brasileiros leitores de II, além do autor do artigo, e as constatações não variam significativamente. Eu também penso assim. O que me perturba muito é que além de não vermos “luz no fim do túnel”, não conseguimos imaginar o que fazer individualmente. Dentro das minhas vivências hoje, convivo muito próxima de um indigente tipicamente brasileiro. Tento entender mais fundo o que pensa, como chegou a ser do jeito que é, porque…alguém que está tentando aprender comigo e de quem eu tento aprender. Isso pode auxiliar a vida de uma pessoa…não resolve coisa nenhuma…e vai deixando a gente sem opção, a não ser denunciar, denunciar, denunciar.

  5. No meu entendimento as principais causas do grande crescimento da criminalidade violenta (homicídios, estupros, assaltos, sequestros etc.) no Brasil são:
    – o grande crescimento da criminalidade não-violenta (usuras, subornos, contrabandos, tráficos, piratarias, furtos etc.) que contamina e corrói todo o tecido social do país;
    – a destruição da instituição familiar (falta de amor materno e/ou paterno e pais separados que não se amam) e os registros psicológicos negativos que esse fenômeno pode acarretar nos indivíduos;
    – a falta de referências morais e cristãs na família, na escola/universidade e na sociedade em geral;
    – a disseminação de uma mentalidade materialista que é por um lado consumista e ostentadora e por outro é ressentida, invejosa e rancorosa;
    – o fim da escravidão que formou instantaneamente uma grande massa de proletários e excluídos no Brasil;
    – a mistura de guerrilheiros comunistas com presos comuns pelo regime militar, que possibilitou o intercâmbio de estratégias criminais e ajudou a formar assim as bases das grandes facções criminosas do Brasil;
    – a permissividade das atuais leis penais/criminais do Brasil;
    – o desarmamento da população civil, que facilita a ação dos criminosos;
    – o grande crescimento do consumo de álcool e de drogas.

    Penso que a soma desses fatores acima forma o coquetel explosivo do alto índice de criminalidade violenta que vivemos no Brasil nos dias atuais.

    1. Caro Julio.

      Permita-me discordar ( embora respeitando ) da sua opinião. A maioria dos males que vc citou ( criminalidade não violenta,destruição dos valores da familia,materialismo,consumismo,falta de virtudes morais, alcoolismos , drogas, etc..) também existem em larga escala em outros países, porém não apresentam os altos índices de violência brasileira.
      Também não acho que armando a população iremos melhorar a segurança, muito pelo contrário. Se hoje os bandidos conseguem adquirir armas, mesmo sendo proibido, imagine com uma lei mais frouxa. Pense num pai de familia, sem treinamento específico, manuseando uma arma. E o que dizer de motoristas ? Dirigindo armados no trânsito caótico das cidades ?
      Abraço.

      1. Caro Sergio

        De todas as causas que elenquei acima, penso que a mais importante é a permissividade das atuais leis penais/criminais do Brasil. Muitos “especialistas” no Brasil pensam que endurecer a legislação e aplicá-la rigorosamente é uma “política de encarceramento”, que não resolve o problema da criminalidade violenta, porque a ineficiência do sistema prisional brasileiro no objetivo de reeducar é notória e assim não possibilita a reintegração social do presidiário. E por este motivo o presidiário se torna um reincidente contumaz na criminalidade e nos presídios. O grande equívoco desse discurso permissivo, relativista e progressista, é que o presídio, a penitenciária, não tem como objetivo principal a reeducação de criminosos e delinquentes, mas sim de retirá-los do convívio social, visto que não estão aptos para exercer o papel social de cidadãos livres. Reeducar o presidiário é um objetivo secundário da penitenciária. A penitenciária é o lugar onde se isolam os criminosos da sociedade, para que estes cumpram a penitência (pena imposta para a expiação, o arrependimento dos erros) dos seus crimes. E por isso penso que o caos que vivemos hoje no Brasil é devido principalmente a uma excessiva tolerância com os criminosos expressa na legislação penal/criminal. E isso ocorre muito em função do relativismo moral de muitos legisladores, que em sua grande maioria são criminosos também. Os legisladores criminosos colaboram para o grande crescimento da criminalidade não-violenta. Esses legisladores delinquentes legislam em causa própria. Somos governados por um sistema plutocrático e cleptocrático. A sociedade brasileira está altamente doente, enferma, porque o nosso povo se encontra em uma condição espiritualmente decadente, moralmente degradada e intelectualmente ignorante. Esses legisladores criminosos são apenas o reflexo dessa condição atual do povo brasileiro.

        E quanto a questão das armas, eu sou contra o desarmamento da população civil, mas não sou a favor do armamento dessa mesma população. Pode parecer que é a mesma coisa, mas não é. O que acontece atualmente é que o Estado Brasileiro cria enormes dificuldades, inclusive com uma legislação rigorosa nesse caso, para os cidadãos sem nenhum antecedente criminal, adquirirem a posse e/ou o porte de uma arma de fogo, mesmo que estes comprovem o objetivo e a real necessidade dessa arma. E isso contra a tendência mostrada no plebiscito de 2005 em que a maioria da população brasileira rejeitou a proibição da comercialização de armas no Brasil. Desarmar a população civil é uma estratégia sempre usada no começo de governos ditatoriais e totalitários. Na Venezuela por exemplo isso também está ocorrendo. E sabemos como andam as coisas por lá nos últimos tempos.

        O panorama é realmente apocalíptico. A vida humana no Brasil atualmente não vale nada. Vide o STF (Supremo Tribunal Federal) fazendo audiência pública hoje e na próxima segunda-feira para de forma enviesada (pois não é a sua atribuição legal legislar) legalizar o crime do aborto no Brasil.

        Não sei se você é brasileiro. Mas a situação aqui não está nada boa.

        Um abraço!

  6. O artigo retrata muito bem a situação brasileira que a palavra tragédia não é suficiente para definir. Mas, sem dúvida, o tráfico, a venalidade de políticos que querem usufruir de um padrão de vida de milionários, um constante estímulo ao consumo , uma mídia irresponsável que em suas novelas cria uma falsa realidade ao tratar de assuntos sérios com uma superficialidade alarmante aliados a pesada herança da escravidão são fatores que explicam a situação em que nos encontramos. Não podemos esquecer da alienação de uma classe média que tem raiva dos miseráveis, mas não fica indignada com o exibicionismo dos ricos.É desalentador .

  7. A grande confusão, quem governa, quem policia? Após a Constituição de 88, o policiamento, bem como o Judiciário, tornaram-se exclusivos dos governos estaduais. Não há essa de PSDB ou PT. A Polícia Federal deveria cuidar das drogas, o maior motivo para tal guerra, além da impunidade. Sim, as polícias/justiças estaduais ou nada, nada seria mais eficiente. E a Federal? Bom, a coisa complica, o Legislativo também é independente e há diversos casos envolvendo nossos nobres senadores e deputados, nenhum do PT. E, como não são do PT, tudo podem. Só a bomba de nêutrons salva. Os evangélicos (e como crescem) apostam em Jesus. Jesus não seria tão tolo de entrar nisso, não.

    1. Isso ví o debate da Band e coisas loucas tipo o Cabo Daciolo e outro ainda mais tolo.
      A URSAL – Inventado na brincadeira por uma jornalista a fazer humor, a própria disse que era uma brincadeira no seu blogue já tem mais de 10 ou 15 anos.
      E a inesquecível parte em que pega numa Bíblia (antigo test.) E cita do livro esta pérola.
      https://youtu.be/XmjMuUazgYw

      1. Nuno e João Mauricio

        Esses evangélicos neo-pentecostais crescem feito uma praga. Seus pseudos enviados de Deus, enriquecem ás custas da mediocridade, ignorância e até da boa fé das pessoas. Já têm partido politico e constituem boa parte da bancada da biblia no congresso. Para eles, os problemas do Brasil se resumem aos gays e a igualdade de gênero. Além de , como sempre, culpar o diabo por tudo.

        Só o Porta dos Fundos tem coragem para mexer com eles:

  8. Falar de mazelas econômicas e não falar de elites judaicas é como falar do planeta Terra e não falar da raça humana.

    1. Grande Chaplin, é isso mesmo ! Aproveita que o bloguista esta de férias para ajavardares á vontade. e com esse nick novo ninguém vai desconfiar Eh eh eh eh

  9. Olá P.Lopes, o Chaplin(se for ele)
    Está a falhar: anglo(uk-us)/sionistas e Arábia (casa de $aud) o petro-dolar. Coisa que vai levar umas abanadelas já no início do mês que vem.

    Abraços

  10. Não saindo do tema e porque voltaram ao mapa da fome(deu aqui até nas tvs) e pior(votaram à insegurança de outros tempos) também passou nas tvs.
    Tem sido algo espetacular, visto de fora a m***a que conseguiram em tão pouco tempo, é “obra”.
    A conivência (da maioria)dos meios de comunicação e candidatos ligados a vários bancos e em especial o JPMorgan, locais e outros.
    Vice presidente dos usa (Pence)visita Manaus e dá umas esmolas para Venezuelanos e outros e diz para eles e Brasileiros não tentarem emigrar para lá.
    Mad Dog Mattis está depois com o temer e diz para só fazer negócios com eles e não com a China, calou e engoliu.
    Se existia dúvidas estas dissiparam-se.
    Vão ser colónia do império?
    O império ainda pode provocar estragos, quando em desespero, ainda mais governado por alguém instável que anda nas nações unidas a ver quem vota em relação às demandas de Israel.
    Depois repetiu-se para outras causas (inédito)
    Faz chantagem com a União Europeia e China para acrescentar à lista. Começaram a criar problemas alem de ingerência interna em lugares que não lhe dizem respeito.
    Os que governam os us estão a criar anticorpos em vários locais até no Reino Unido, é obra.
    A propósito de onu, a conclusão aliás está em vários locais e idiomas porque as notícias aí são uma comédia chegaram a conclusão que:

    https://youtu.be/HiFRcXAj2oc

    Ou seja isso vai começar a ser um local pouco recomendado, o golpe e no que se assentava (supostas pedaladas legalmente não existiram defacto). O sistema jurídico, o governo quase tudo ai assenta em mentiras.
    Não estou a escrever com vies nenhum, so estou a constatar factos(lei internacional, direitos humanos e a vossa propria lei, que obedece a uma coisa chamada constituição)

    Prenderam alguém(varios) sem provas(delação premiada deu em nada) e atropelaram a vossa própria constituição, bravo para para os americanos moro, janot, dalagnol, juca, aecio…e o resto da quadrilha. Aliás serras, temers, e o que perdeu as eleições e muitos mais com chorudas contas em offshores(se não se sabe aí é estranho pois aí sim existem provas). Até já vem do Panamá papers e outros.

    Parabéns pelos serviços prestados, temos um estado pária.
    Max sempre avisei e nunca mudei de opinião acerca desse eterno país de futuro, do qual infelizmente sinto vergonha mas também sou cidadão.

    É P.Lopes, você não pode enganar todo mundo, todo o tempo.

  11. Olá Nuno “um lugar pouco recomendado”, você está correto, desgraçadamente…e pude comprovar recentemente a olho nu. Fazia 10 anos que não ia até SP. Em função de uma amiga doente, dei um pulo lá, hospedando-me em sua casa na Vila Madalena que é um “bom” bairro. A gente sai à rua e vai tropeçando nas pessoas sentadas nas calçadas pedindo esmolas, esperando a vez de roubar qualquer coisa de um desavisado, tentando vender qualquer porcaria para os transeuntes, gente aos montes verdadeiramente com fome e sem abrigo, gente que não tem mais nada a perder…Minha amiga me disse que a padaria ficava dobrando a esquina, umas 3 quadras abaixo. Fui buscar pão e o necessário para o café da manhã e, confesso, tive medo. Eu nunca tive medo de pobre ( por sinal já vivi em circunstâncias bem variadas), mas a coisa chegou a tal ponto em imensas cidades como São Paulo e Rio, que é impossível esconder a existência de uma população de miseráveis que armam um acampamento de lona em qualquer pracinha e pedem ou atacam por qualquer coisa.

    1. Olá Maria
      É efeito bola de neve, mas esta gente estava à espera de quê…milagres?
      Desmantelaram já parte da própria indústria, estão na iminência de meter um louco intelectualmente limitado no poder, se isso acontecer é o plano B de certas instituições monetárias, agronegocio, e coroneis do costume. Mas o do centrao são temer 2.0 logo causa efeito.
      Investimento estrangeiro só pago em adiantado(ninguém só talvez armamento, nestlé(água) e monsanto e bayer. O que aí está, devido ao baixo consumo vai abandonar logo o país. Ainda mais desemprego e fome e com o FMI logo aí.

      Geoffrey Robertson sobre atropelos(legendado):

      https://youtu.be/rh2N6G3-6Lo

      Reinaldo Azevedo e procuradora da coisa de curitiba (é de direita”irrelevante”, é basicamente um democrata e acredita na tal de democracia, eticamente irreprovavel, conhece “uma tal de constituição de seu país”)

      https://youtu.be/koOrvVAn6n4

      Se isso for do jeito que (parte da)elite e seus seguidores querem se agora é mau, vai ficar muito pior, mas bem pior que quando aí estive nos 90’s.

      Eles vão de helicóptero ou blindados.

      Até os rebentarem

      Não é cenário apocalíptico, é o país do futuro…

    2. Segundo os últimos dados divulgados há cerca de 15 dias as taxas de homicídio no Estado de SP são de 10,9/100 mil habitantes. Na cidade de SP é de 7.54/100 mil, com trajetória descendente desde 2000. Pode-se questionar os dados, mas esse é o “retrato” divulgado. Só a título de comparação o Estado do Rio grande do Sul tem 28,6/100 mil habitantes.

      P.S.: Sou gaúcho mas moro em SP há 20 anos.
      Abraço, Eduardo

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