O Decrescimento – Parte III

Comentário acerca do artigo publicado no post anterior. E ocasião para fechar o assunto, no sentido que enquanto nós falamos de Decrescimento, o mundo continua.O artigo anterior.
Sério pessoal: mais dois artigos como este e vou escrever aos Rothschild para trabalhar nos estábulos deles.Comecemos: o que diz o autor do artigo? Que os Colectivistas (isso é, o establishment) apresentam o nosso sistema como o único viável?
O autor faz a mesma coisa com o Decrescimento, qual a diferença? Acusar os outros de visão limitada torna o acusador imune do mesmo mal?

Isso tem importantes implicações, porque o resto do artigo está focado no Decrescimento qual única solução e constitui uma rendição total: não há maneira para tentar evitar o desastre, não há a tentativa para procurar soluções alternativas, há apenas o dogma messiânico segundo o qual haverá uma catástrofe e a única solução será o Decrescimento. Claro, concentrar-se numa única solução em vez que tentar procurar outra, talvez menos radical e mais complexa, facilita o trabalho dos neurónios, mas acho isso um pouco limitativo. A ideia de empenhar-se na actual sociedade para melhora-la (pelo menos tentar) nem parece passar pela cabeça do autor. É desistência, já.

Mas vamos em frente.
A primeira parte do artigo é uma crítica ao nosso actual sistema: nada de original, muitas das coisas que podem ser lidas no artigo apareceram já aqui no blog, e isso sem que eu seja um Decrescionista convencido.

Mais importante: as soluções. Aliás, a solução, pois no texto aparece só uma delas, as outras são genéricas, inúteis e até masoquistas (basta de bancos? E por qual razão? No limite pode-se afirmar “basta com este tipo de bancos”, ideia com a qual concordo, mas eliminar o conceito de banco é puro masoquismo e significa não perceber o que realmente um banco é ou que pode fazer).

A solução é a seguinte: Descentralização. Maravilha. Vamos descentralizar e todos os nossos problemas acabam. Só que “descentralizar” não significa implementar o Decrescimento. Eu sou um Descentralizador ultra-convencido, por exemplo, mas não um Decrescimentalista. Então? Onde fica a solução? Como se passa da Descentralização para o Decrescimento?
Mais uma vez não temos respostas.

O que temos é a promessa de sangue, dor e lágrimas. Por acaso, a mesma receita do governo português, não me parece uma grande novidade.

O que temos é a promessa duma sociedade sem doentes, nada de Alzheimer ou incontinentes. Evidentemente aplica-se a mesma receita utilizada com os cavalos: quando já não prestam, é só um tiro na cabeça. Admitimos: é bastante prático.

O que temos é a glorificação do paradigma americano: não há muitas diferenças entre o que escreve o autor e o programa do Tea-Party. Menos Estado, mais individualismo, a quinta com o terreno e os animais, falta apenas o xerife, mas acho a ideia ser implícita, pois imagino que também a  justiça seria exercida a nível local com princípios comuns entre as várias autonomias.

É um chamar os antigos ideais revolucionários que deram origem à…pois, à sociedade americana do começo do século XIX, provavelmente o momento mais alto do Capitalismo. Doutro lado, o Movimento do autor chama-se Liberdade, não Decrescimento, e haverá uma razão. Neste caso concreto é acrescentada apenas a cooperação, o pozinho mágico que faz brilhar os olhos dos que esperam eternamente a revolução.

O autor de facto é hábil em inserir uma visão tipicamente de Esquerda, a do inimigo de classe. Aqui a classe é o povo, todos os povos da terra que, coitadinhos, foram enganados pelo inimigo, os maus.

É esta uma ideia infantil que recusa qualquer tipo de autocrítica (doutro lado, porque os Bons deveriam criticar-se?) e que tem jogo fácil em apresentar um novo paraíso dos trabalhadores (ah, pois, porque no Mundo Decrescido não há espaço para quem não trabalhe, basta de ricos, todos ao mesmo nível…onde é que já ouvimos isso?).
Não, meus amigos, ninguém foi enganado: o que temos é exactamente o que construímos e se a coisa não “soa bem” é porque estão no blog errado.
Ninguém pode chamar-se fora, ninguém pode fugir para o mundo das utopias: e é mesmo este um dos pontos que julgo ser mais importantes. A fuga. Não há aqui nenhuma tentativa para procurar outras soluções, nenhum esforço para melhorar o que foi construído ao longo de milhares de anos. Pelo contrário, como uma criança embirrenta, decide-se deitar o castelo de cartas para baixo e começar um castelo novo. É uma fuga, nada mais do que isso.

Um “castelo novo”? Sem dúvida, um castelo novo, mas sempre de papel. E com dois moldes antigos, como vimos. Porque os protagonistas deste novo mundo maravilhoso são os mesmos (nós) que construíram o castelo que temos agora. E surge aqui outro grande tema Comunista: o Homem é basicamente bom (os patrões é que são maus), por isso o novo mundo será necessariamente bom.
Não, meus senhores, o Homem é um animal particularmente estúpido, provavelmente o único que destrói o próprio habitat. Não foi o “inimigo” que construiu o que temos hoje, foi o Homem. E não será o Homem Bom que irá construir o mundo Decrescido, será mais uma vez o Homem, o mesmo que planeou, construiu e agora quer fugir do castelo que já temos..

O Homem é bom? Sim, mas estúpido. Reza o autor:

Na realidade, o argumento de que o Movimento Liberdade não oferece soluções é inteiramente falso. Temos construído muitas. O problema é que estas soluções não são do tipo que o público americano em geral quer entender. A média das pessoas deseja uma “bala de prata”, uma resposta para todas as crises. Querem rapidez, simplicidade, e mais do que tudo querem sentar-se e relaxar-se enquanto a bala de prata é posta em movimento por alguém que não seja eles próprios.

Traduzido: nós apresentamos muitas soluções (quais?), se não forem bem recebidas é porque as pessoas entendem só coisas simples e são demasiado preguiçosas para fazer algo.

Nada mal, nada mal mesmo. E eu deveria apoiar este gajo?
Mais:

As massas frequentemente perseguem a política em primeiro lugar porque é muito mais fácil lidar com a responsabilidade de um e a vigilância sobre um líder em vez que encarar directamente o monstro.

Aqui chega a ser hilariante: o autor parece desconhecer totalmente o papel da política, simplesmente ignora quais os fins do meio político e apresenta a ilusão (subentendida) que no Novo Mundo Decrescido não haverá política. Ou haverá apenas políticos justos, fica a dúvida.
Parabéns, cada vez melhor.

Perante a implacável malícia e a subjugação destrutiva, fazer gestos e cantar slogan é totalmente sem sentido.

Por isso: inútil descer nas ruas, nada presta, só a revolução. Será que o fulano leu o que aconteceu em Portugal com a TSU?

Depois temos o grande tema da Descentralização. Não, descentralizar não significa decrescer. E, como já afirmado, fica o problema: “como” da Descentralização para o Decrescimento? Mistério. Haverá uma intervenção divina? Nesta altura parece provável.

A propósito: vejo que muitos entre os Leitores do blog apoiam o Decrescimento. Nem um capaz de explicar “como”, mas apoiam.
Engraçado, pois isso tem um nome: “Fé”. E eu não posso seguir este caminho, não posso sentar-me à mesa onde o prato principal é apenas uma sopa de boas intenções. Quando pergunto e não encontro respostas significa que algo está mal. Não me interessa se o chefe foi ao mercado bom para comprar os ingredientes, se depois não souber explicar-me o que estiver no prato e nem como foi preparado, eu não como.

Nem uma das perguntas mais simples consegue obter satisfação: como espalhar o sentimento do Decrescimento na sociedade? Esta fase deveria ser anterior à implementação da sociedade Decrescida, mas vejo que também aqui é noite funda. Doutro lado, nem um governo local conseguimos derrubar, o que pretendemos agora: introduzir a ideia de Decrescimento nas escolas?
Continua portanto a feira das boas intenções.

Haveria mais: o Decrescimento ignora totalmente algumas das pulsões humanas mais básicas, mas vamos acabar aqui o discurso.

O blog irá tratar do assunto no futuro porque a) o problema dos recursos é real b) alguns Leitores parecem estar interessados. E, apesar deste não ser este um serviço público, fico satisfeito em conseguir responder às perguntas de quem ler e tratar de assuntos que consigam reunir consentimento.
Além disso, é importante realçar mais uma vez que a teoria que está na base do Decrescimento (recursos limitados) é válida, acho que ninguém pode pôr em causa este aspecto. E cedo ou tarde terá de ser apresentada uma solução digna deste nome, não apenas uma sopa de ilusões de baixo custo. O risco é que um dia o Decrescimento chegue sem avisar ninguém.

Todavia, e pessoalmente, se antes tinha algumas dúvidas quanto ao Decrescimentalistas, agora tenho um oceano de dúvidas.
Pena, muita pena.

 

Ipse dixit.

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50 Replies to “O Decrescimento – Parte III”

  1. "O autor faz a mesma coisa com o Decrescimento, qual a diferença?"

    A diferença é que os decrescimentistas provam que a receita seguida até hoje vai conduzir ao desastre. Então, se A conduz ao desastre, o melhor é experimentar o contrário de A, que é B. Simples, para quem quer entender.

    "concentrar-se numa única solução em vez que tentar procurar outra, talvez menos radical e mais complexa"
    Fico à espera dessa terceira via alternativa. Será que temos aqui um crente do paradoxo a que os talking heads corporativos chamaram "crescimento sustentável"?

    "dogma messiânico"
    Se prefere chamar "dogma messiânico" aos dados científicos, quem é o que o pode impedir? Enfim, a asneira é livre.

    "Como se passa da Descentralização para o Decrescimento?"
    A descentralização é apenas o 1º passo para o decrescimento. O Max critica o post de B. Smith como se esperasse que o texto dele fosse um "Manual para Decrescimento Fácil em 50 linhas". Um bocado irrealista, não?

    "O que temos é a promessa de sangue, dor e lágrimas. Por acaso, a mesma receita do governo português, não me parece uma grande novidade."
    A diferença é que a receita não vai levar a lado nenhum, porque se baseia em ilusões e mentiras, e apenas serve para transferir riqueza do povo para a elite. O que Brandon Smith propõe é exactamente o contrário. Não a concentração do poder nas mãos de poucos, mas a sua difusão. Pergunto-me se terá sequer lido o texto que se propõe criticar.

    "não temos respostas."
    Autonomia, auto-suficência, resiliência, abandono do esclavagismo da sociedade consumista-industrial, abandono da economia monetarista por uma economia fundada na dádiva, na troca e em moedas sociais, etc. Você pode não gostar das soluções, agora dizer que elas não existem…

    "Evidentemente aplica-se a mesma receita utilizada com os cavalos: quando já não prestam, é só um tiro na cabeça"
    ???????????????????

    "à sociedade americana do começo do século XIX, provavelmente o momento mais alto do Capitalismo"
    ?????????????

    "Não há aqui nenhuma tentativa para procurar outras soluções, nenhum esforço para melhorar o que foi construído ao longo de milhares de anos. Pelo contrário, como uma criança embirrenta, decide-se deitar o castelo de cartas para baixo e começar um castelo novo"
    Que giro, afinal o Max acredita que o capitalismo é reformável, que é possível um "capitalismo de rosto humano".. Boa!

    "como espalhar o sentimento do Decrescimento na sociedade?"
    Como é que durante milénios, até ao século XIX, as sociedades humanas viveram em economias onde não existia a obsessão do crescimento? Será que a "natureza humana" dos homens do sec. XVIII era diferente da dos homens do sec. XXI?

    "o Homem é basicamente bom (os patrões é que são maus), por isso o novo mundo será necessariamente bom."
    Onde, exactamente, é que está essa ideia no texto de B.Smith? Eu não consigo encontrá-la.

    "Será que o fulano leu o que aconteceu em Portugal com a TSU?"
    O Passos voltou atrás com a TSU! Está salvo o mundo! Urra! O povo é quem mais ordena! Acha que o recuo na TSU muda alguma coisa dos pressupostos e intençoes do governo? Em que mundo é que você vive?

    "Aqui chega a ser hilariante: o autor parece desconhecer totalmente o papel da política"
    O que é que há de hilariante no ideal da democracia directa, participada e local? Que quer dizer com o "papel da política"? A política de quem? Se você fosse mais claro nas suas críticas, se não se limitasse a fazer acusações vagas ou a combater argumentos com dichotes humorísticos, talvez pudessemos ter uma conversa. Assim, é complicado.

    "agora tenho um oceano de dúvidas.
    Pena, muita pena."
    Pena porquê? Das dúvidas é que nasce a interrogação, a investigação e, com sorte, a verdade.

    JMS

  2. "O que temos é a glorificação do paradigma americano: não há muitas diferenças entre o que escreve o autor e o programa do Tea-Party"

    O Tea Party apoiado pela republicana Sarah Palin, que fala em nome da indústria petrolífera e advoga que se comece já a abrir poços de petróleo no Alasca e no Ártico? De facto, não há muitas diferenças… Se você estudasse um bocado mais os assuntos e evitasse falar de cor, com base em ideias-feitas, talvez não dissesse tantos disparates. Mas, enfim, cada um é livre de alimentar os preconceitos que quiser, e se uma pessoa prefere opinar a partir de preconceitos em vez de dados científicos, quem é que o pode impedir. Viva a liberdade.

    JMS

    JMS

  3. Obrigado JMS, vejo que aprendeu bem com o seu mestre. Continue assim, com certeza terá muitas outras ocasiões de trocar ideias comigo.

    Adeus.

  4. Olá Max: talvez o conceito de decrescimento não tivesse ficado claro para muitos de nós, então dá curto circuito nas discussões. Não acredito que quaisquer de nós gostaríamos de viver numa situação de empobrecimento forçado, como ameaça as populações dos países europeus. Isso restringe a vida da maioria, e a auto-suficiência que se fala torna-se apenas sobrevivência.Acho que o que Krowler e eu fazemos – desculpa krowler, se eu estiver usando o teu nome erradamente, e me corrige – é tentar uma terceira via, uma alternativa, que não resolve os problemas do mundo, mas alivia os nossos, e contribui para lançar alguma luz sobre possibilidades de futuro. Mas uma coisa me fica clara: a auto suficiência,auto regulação, independência a qual me refiro e persigo nada tem a ver com viver uma vida miserável.Abraços, e chá de camomila! Cá entre nós, às vezes eu fico fazendo as contas de qual de nós se enfurece primeiro, e fica difícil definir. Deve ser a descendência que é a mesma!(brincadeira…)

  5. maria, acabei de fazer um comentario semelhante na parte II. Penso que estávamos a escrever em simultâneo.
    Existem aqui diferentes formas de entender o termo Decrescimento.
    Penso que a minha ficou clara.

    Krowler

  6. Olá Maria.

    Vamos esclarecer um ponto: este não é um serviço público, não recebo dinheiro para estar aqui a escrever ou traduzir o que outros indicam. Sabes muito bem que o objectivo deste blog é gerar discussão, para que seja possível esclarecer algumas ideias que andam por aí.

    Não vou tolerar quem desfruta este espaço para difundir as próprias religiões, sejam elas políticas ou ambientalistas, sem ter a capacidade de argumentar.

    São três dias que temos aqui pessoas que apresentam o o Decrescimento e nem uma, uma que seja uma, teve a capacidade para responder às perguntas (simples, em verdade) que pus num post anterior acerca do assunto. Tudo o que tenho são afirmações genéricas, boas intenções; como se não fosse suficiente, agora chega aqui um gajo que não tem nada de melhor para fazer que começar a insultar.

    Tão arrogante que nem lhe passam pela cabeça as razões pelas quais eu escrevi determinadas coisas. Não é difícil intuir estas razões, sobretudo tendo em conta qual o meu objectivo aqui (a discussão e a procura para saídas).

    Nada disso: obcecado pelo credo ambientalista de evidente origem esquerdista, escreve não um mas dois comentários para insultar.

    Conheço bem este tipo de atitude, típica dos "crentes" com falta de argumentos mas que mesmo assim não admitem a suprema blasfémia: duvidar!
    Podemos duvidar de tudo, mas nunca da afirmação de JMS e dos especialistas (Ugo Bardi? UGO BARDI??? JMS, mas aprenda o italiano e tente perceber o que realmente escreve Bardi) segundo a qual o mundo irá precipitar numa catástrofe planetária.

    Eu, que sou o dono do blog, que ofereço espaço para todos, nem posso atrever-me a avançar com um "mas": há os dados, Maria, os dados científicos. E quem sou eu para contradizer os dados científicos?

    Depois, claro, temos que fechar os olhos se o Peak Oil já foi previsto pelos mesmos especialistas no mínimo 6 ou 7 vezes nos últimos 30 anos, isso não fica bem na fotografia, melhor esquecer e lembrar que os dados são infalíveis.

    Maria, hoje estou mesmo a reflectir acerca da utilidade deste blog, da incapacidade das pessoas para mudar de ideias.
    Um gajo trabalha (porque sim, este é um trabalho caso não tivesse ficado claro) para controlar as fontes, verificar, sempre com a atenção para não publicar disparates que possam ser desmentidos 5 minutos depois e afinal aparece um JMS qualquer que do alto das suas imensas preparação teórica e incapacidade pragmática escreve "Se você estudasse um bocado mais os assuntos e evitasse falar de cor, com base em ideias-feitas, talvez não dissesse tantos disparates"?

    Mas, como se diz em bom italiano: Vaffanculo.

    Há Leitores para os quais merecem trabalhar, não há dúvida, é por isso que continuo. Mas há também tanta ignorância e não sei se este trabalho todo poderá servir para alguma coisa, começo a não acreditar nisso.

    Vivemos num mundo onde a maioria das pessoas simplesmente não que ouvir, não quer realmente discutir, quer apenas defender as próprias ideias, o resto não conta. São dois anos que explico que este não é Capitalismo: e não é mesmo, não há nada a fazer. Resultado? Zero. Vai ler os comentários dos últimos dois posts: Capitalismo aí, Capitalismo lá.

    É importante perceber este ponto, só se conseguirmos ter uma ideia exacta do que se passa podemos escolher o caminho certo (que, na minha óptica, não será o Capitalismo, independentemente das suas formas. Se o simpático JMS tivesse lido o blog em vez de usa-lo como um espelho das próprias ideias, talvez teria percebido isso, mas enfim, conseguimos resultados consoantes as nossas capacidades). Estão a gozar connosco, utilizam as palavras para ocultar a realidade e nós nada, continuamos a cair nas armadilhas de costume.

  7. Já é costume! o Max enfuna!
    Mas como digo desde o início do blogue, continuem a bajular que ele gosta. ihihihih!!

  8. Max
    O decrescimento não vai chegar sem avisar, eu acho que ele já chegou, eu não vejo o decrescimento como uma teoria económica ou social por isso não procuro respostas nela.

    Alias a pergunta que se deve fazer não é como viver EM decrescimento, mas sim como viver COM o decrescimento.

    Saudaçoes

  9. (continuação)

    Qual a resposta? Chegam aqui, começam a falar de coisas que nem sabem como podem implementar e cuidado, porque duvidar não dá.

    Pior, falam de coisas que nem conhecem. E repito: que nem conhecem.

    E eu, claro, tenho que ficar calado porque o especialista assim mandou.

    Resultado: um espaço aberto onde apresentar as próprias ideias fica transformado numa palestra onde alguém acha ter a verdade no bolso e não admite contraditório.

    Contradizes? És alguém que não está informado e diz asneiras.

    E depois ficam preocupados com a possível implementação duma tirania.

    É para isso que estamos aqui? Para nós dobrar perante teorias que não podem ser postas em causa?

    Eu acho que há, de facto, pessoas que deveriam ir a trabalhar no campo, mas não em nome do Decrescimento.

    Abraço.

  10. Max,

    O decrescimento propõe uma alternativa teórica e PRÁTICA ao desastre em curso. Você não gosta da proposta. Até aqui tudo bem. O problema é que não tenta sequer explicar porque é que não gosta. Limita-se a dizer "duvido" (duvida de quê, exactamente?), e a tentar ridicularizar as afirmações de Brandon Smith e a fazer extrapolações absurdas, que demonstram que você não se deu sequer ao trabalho de ler atentamente o texto de Brandon Smith, e muito menos informar-se a sério sobre os pressupostos científicos da teoria do decrescimento. Vejo agora que o Max não pretendia sequer discutir a teoria do decrescimento, ao contrário do que diz ser a sua intenção. Se quisesse discutir, apresentava objecções. Acha que o pico petrolífero é apenas uma tese? que a finitude do planeta é uma apenas uma tese? que o conceito de EROI é apenas ima tese? que a segunda lei da termodinâmica é apenas uma tese? Em que é que o Max acredita a respeito deste assunto, afinal? É que uma pessoa fica sem saber. A única coisa que percebi foi que não lhe agrada a ideia de decrescimento, mas isso não é um argumento, e não se pode ter uma conversa na base do gosto/não gosto. E ainda quer que eu o leve a sério?
    Em vez de reagir como uma virgem ofendida, não seria mais frutuoso tentar rebater os pressupostos da teoria do decrescimento? Não diz que a sua intenção é trocar ideias? Força! Se quiser realmente argumentar e trocar ideias, podia começar por tentar convencer-me que a tese do pico petrolífero é falsa. (Havia de ser divertido.)

    E eu sei muito bem quem é o Ugo Bardi e conheço muito bem as teses que ele defende, obrigado.

    JMS

  11. Olá Max; não vou falar da importância de existir uma ii porque já falei várias vezes, e tu mesmo sabes disso. Mas estamos lidando com pessoas, e a sede de afirmação das pessoas é muito grande, devido a sua própria insegurança, que mal disfarça sempre uma vontade de poder. Então, acaba sendo mais fácil afirmar do que por em dúvida, xingar do que argumentar, "teorizar" do que referir-se ao concreto. Pessoalmente, acabei tirando proveito dessas discussões, tanto é que começo a classificar aqui com os meus botões algumas alternativas, com o cuidado de não dar nome aos bois antes do tempo:
    1.Desenvolvimento tecnológico? Sim
    Mas quais tecnologias? As que interessem ao desenvolvimento humano, a satisfação de suas necessidades sem ferir a natureza e seus outros habitantes não humanos.
    2.Desenvolvimento social? Sim, aquele que se faça a escala humana, privilegiando a localidade e as políticas públicas a favor dela.
    3.Desenvolvimento individual? Sim, Aquele que privilegie no conhecimento da história, a memória, no conhecimento da ciência, a demolição das caixas pretas que nos fazem ser desconhecedores de tudo (da ciência física a econômica)
    COMO???Só vejo nichos de democracia direta,onde a prática da política em todos os momentos seja educadora dos indivíduos no sentido de bloquear as iniciativas de concentração de renda e poder, os desvios de dinheiro para paraísos fiscais, a corrupção e a delinquência em todos os níveis, inclusive a acadêmica…Puxa, acho que tem muito mais coisa, pode-se descer ao detalhe,mas o espaço do comentário não dá. O importante é que o crescimento teria de ser seletivo, a produtividade voltada para a vida e não para o consumo, e as decisões sobre isso tem de ser tomadas pelos interessados e não pelas corporações. Abraços

  12. JMS,

    tenho como habito não "cortar" ninguém. Mas não abuse, pois como já afirmei este não é um serviço público. É livre de consultar o blog, não de vir aqui para fazer afirmações estúpidas, já fez e acho que chega.

    Percebo as suas dificuldades em entender a estupidez das suas perguntas, acredite, mas pode sempre procurar ajuda para obter uma avaliação de terceiros.

    Todas as suas perguntas têm respostas claras aqui, neste mesmo blog. Faça um esforço e veja se tem possibilidade de entender alguma coisa; com certeza não vou repetir para si.

    Se o seu desejo for discutir (não comigo, esgotou o bónus, fui bastante claro neste aspecto), tente ser menos arrogante e presuntuoso, às vezes ajuda.

    Adeus.

  13. Olá Maria!

    "Só vejo nichos de democracia direta,onde a prática da política em todos os momentos seja educadora dos indivíduos no sentido de bloquear as iniciativas de concentração de renda e poder, os desvios de dinheiro para paraísos fiscais, a corrupção e a delinquência em todos os níveis, inclusive a acadêmica."

    Exacto, é o meu ponto de vista. Com a democracia representativa não há hipóteses; e mesmo com a democracia directa seria extremamente difícil. Mas acho representar a única ocasião.

    "O importante é que o crescimento teria de ser seletivo, a produtividade voltada para a vida e não para o consumo, e as decisões sobre isso tem de ser tomadas pelos interessados e não pelas corporações".

    Que o crescimento tenha que parar é óbvio, agora, o crescimento selectivo só seria possível com as tais decisões "tomadas pelos interessados".
    E voltamos ao assunto democracia directa…

    Grande abraço!!!

  14. Olá Krowler: agora li tua pergunta, como viver com o decrescimento, e achei muito pertinente. Olha, eu acho que se impõe esvaziar o poder das mãos das corporações e dos bancos. Mas isso se faz com políticas públicas não amarradas a elas, ou seja, "des-privatizar" a política. E para isso, volto a insistir na prática da democracia direta em todos os níveis da vida pública.Não sei se isto responde alguma coisa, mas as minhas limitações me permitem ir somente até aí.Abraços

  15. Olá Carlos Janeiro!

    "O decrescimento não vai chegar sem avisar, eu acho que ele já chegou"
    Não sei. O petróleo irá acabar, isso é óbvio (a não ser que confiemos na duvidosa e até agora não demonstrada teoria abiótica); são os elevados preços actuais sinónimo de escassez? Acho fazer sentido, mesmo considerando alguns factores geo-políticos que têm uma certa influência (mas limitada).

    É isso Decrescimento? Acho que não. Nas próximas décadas os Países produtores e poucos outros poderão ainda enfrentar os custos. Portugal, por exemplo, é um País falido, mas mesmo assim a gasolina não falta.
    Mas ao longo de quanto tempo irá perdurar esta situação?
    Ninguém tem a resposta.

    Mas podemos imaginar o que aconteceria caso um País ficasse na impossibilidade de pagar as contas petrolíferas? Imaginem o seu País, por exemplo, a sua cidade, de repente sem petróleo. Na altura seria preciso como afirma "viver COM o decrescimento", mas seria um curso acelerado e nada agradável.

    Por isso aceitei a ideia de Krowler para falar do Decrescimento, sendo este não um bom tema mas algo que cedo ou tarde interessará as nossas vidas ou, pelo menos, as idas das futuras gerações.

    Encontra uma solução é preciso e deve ser feito em tempos breves. Por isso não podemos deixar que as decisões sejam tomadas pelas corporações, pois estas terão o interesse para esticar a cora até o limite.

    No estado actual temos duas hipóteses: ou aceitamos regredir até a Idade Media (Decrescimento) ou avancemos com a ideia do "crescimento sustentável. Mas atenção: não o crescimento sustentável dos partidos políticos assim chamados "verdes", mas uma crescimento selectivo, para utilizar uma expressão de Maria.
    Claro, gosto desta segunda ideia.

    Mesmo com o gás, não haverá recursos para crescer nos actuais moldes, por isso deverá ser feita uma escolha.

    Eu defendo a democracia directa pela simples razão que não deitar no lixo 6.000 anos de História e porque não quero que esta escolha seja feita pelas mesmas pessoas que hoje controlam os mercados com o uso criminal da Finança.

    Abraçoooo!

  16. Neste espaço adquiri algum conhecimento, se não mais, muito devido as próprias capacidades. De fato o blogue se presta muito ao aprendizado. Mas me perdoem, não dá para aceitar que tentando participar, mesmo com pouco ou nenhum conhecimento de causa, apenas pelo fato de que Max sempre pediu nossa participação, venha dizer que teme estar perdendo tempo e não vê, ou pouco percebe de avanços nos comentários. Já se questionou em outras ocasiões sobre a função do blogue, por causa deste sentimento. Creia, não se trata de sentimentos feridos, se trata de não querer sobrecarregar quem quer que seja de angústias por não ver suas expectativas correspondidas. Até por que não sei se algum dia algo se processará em mim que me faça capaz de corresponder as expectativas do blogue. Pode tratar-se de causa perdida, de perda de tempo.

    Só tenho a agradecer pelo bom dia que tive o prazer de entrar pela primeira vez neste espaço, onde conheci gente muito boa. Portanto, deixe de se preocupar com este incorrigível aqui. Temos uma expressão: cuspir no prato que comeu. Como poderia? Aqui só me foram servidos conhecimentos e de fato sou muito agradecido. E não se trata disso, se trata do carinho que adquiri pelo blogue mesmo tendo participado pouco. Foi uma ótima experiência, muito mais do que válida. Tá na hora de abrir espaço para quem possa somar. Sempre admirei tua franqueza Max, e dela me tornei refém.

    Me despeço aqui Max e te desejo toda felicidade.

  17. Olá Walner!

    Respeito a sua escolha e acredite que vou sentir a sua falta.
    E agradeço todas as boas palavras também.

    O blog está com os dias (ou semanas, ainda não sei) contados. Há pessoas que aprenderam aqui (eu sou uma delas), outras nem por isso. Em qualquer caso, acho que há um início e um fim para tudo. Chega uma altura em que é preciso ir em frente, não é possível pedir que um blog resolva tudo.

    O que o blog tinha que comunicar, comunicou. E sim, "Tá na hora de abrir espaço para quem possa somar". Inclusive eu, não apenas Walner.

    Conheci pessoas que aprendi a respeitar, Walner é uma delas.
    E os blogues passam, mas o respeito fica.

    Boa viagem!

  18. Não sei porque utilizei o "si" e não o "ti", peço desculpa, deve ser da hora…aqui são as duas e meio de manhã!

    Grande abraço para Walner!

  19. Olá Walner: uma das vantagens de ii foi nos aproximar, desenvolvermos afetos (e também desafetos) entre nós. Da minha parte, a relação para contigo foi de respeito e afeto. Gostaria de não ter de esperar ir ao Rio para continuarmos essa relação que pode continuar aqui no ii, sem eu ter de aguentar os 40 graus a sombra da cidade "maravilhosa", que me faz um mal danado. Se puderes me dar uma satisfação, vez por outra passa por aqui. Aquele abraço!!

  20. Pois durma o sono dos justos, é do teu merecimento. Fique tranquilo aqui nunca foi cometida qualquer grosseria ou injustiça contra quem quer que seja. Palavras duras por vezes, como um chacoalhar, nada mais. Muito lisonjeado pela estima e quero que saiba, a recíproca é verdadeira. E quando estiver por estas bandas ficarei imensamente feliz em poder te oferecer meus préstimos.

    Felicidades pra ti, Guida e Leonardo.

    Quanto a ti Maria, ao me referir as boa pessoas que aqui travei conhecimento, é mais do que óbvio que você era uma das referidas e o contato será mantido, por meios que sabemos. Felicidades pra ti minha amiga.

  21. "são os elevados preços actuais sinónimo de escassez?"
    Não. O preço do petróleo não depende da quantidade existente, pelo menos por agora, mas dos custos energéticos da sua extracção. Como acontece em relação a todos os recursos, o homem começa por extrair ou colher o que está mais à mão. Se uma árvore está carregda de maçãs, nós não nos damos ao trabalho de ir buscar uma escada para colher a que estão no topo da macieira. Começamos por apanhar as que estão à mão. Só quando já não podemos apanhá-las à mão é que investimos mais energia e vamos buscar a escada. Com o petróleo é exactamente a mesma coisa. Quando o petróleo "superficial" se esgota, abrimos poços cada vez mais fundos. Quando já não o encontramos em terra, procuramos no mar, em explorações deep-offshore. Mas esse petróleo custa muito a extrair, logo, chega ao mercado muito mais caro, e só compensa extraí-lo se o mercado estiver disposto a pagar 100 dólares por barril. Se a economia não aguentar preços de petróleo a cem dólares ou mais, o petróleo fica por extrair, porque ninguém exerce uma actividade económica para perder dinheiro.

    JMS

  22. Quanto alarmismo!!! Nossa!!! Decrescimento, da forma difundida pelos ecoterroristas (ONGs e ThinkTanks supostamente bons) é e sempre foi ridículo… é uma idéia comunista psicopata… 1984…

    Querem pegar as pessoas que descendem dos que lutaram para conseguir os direitos humanos e igualdade, deturpam-lhe as mentes, os fazem acreditar que estamos além das possibilidades e: PRONTO: voltamos à idade média, onde somos propriedades dos nobres!

    Ah sim… o decrescimento é nosso… os pobres já estão decrescidos… nesses planos, para eles só resta o leito da morte…

    E para os nobres? Ah… eles não existem… banqueiros? Teorias da conspiração… para eles manterem exatamente o mesmo nível de vida que possuem agora, num futuro de economia estagnada, precisam que nós abdiquemos das coisas que conquistamos…

    PAREM DE SER RELIGIOSOS: a situação em que estamos não foi causado por nós!!! Não precisamos assumir a culpa de algo que não fizemos!!! Só por que Jesus se crucificou pelos pecados dos outros vocês querem fazer o mesmo?

    Eu não… tô fora! Se é para decrescer, que se faça de forma justa!

  23. PS para voltar aos assuntos econômicos: City londrina… ofertas de emprego de tecnolgia que recebi:

    – 3 empresas desconhecidas para nós, especializadas única e exclusivamente em DERIVATIVOS (inclusive em suas primeiras páginas)
    – 4 conglomerados de investidores para monitoração e automatização de investimentos
    – 2 bancos de investimento que eu não conhecia
    – GOLDMAN SACHS e MORGAN STANLEY… já pensou que chick eu falar que trabalho no Goldman Sachs? 🙂

    Empresas normais? Ufa… existem também… além dessas aberrações financeiras, também tem procedimento com 4 empresas normais! 🙂

    A Inglaterra e seus bancos colonizadores pelo visto vive exclusivamente de especulação… todos falam da quebra dos EUA e Europa e esquecem dos donos do mundo…

  24. Espero que o assunto Decrescimento não seja aplicado ao II.

    Uma coisa é certa, temos aqui um espaço onde podemos trocar ideias de forma aberta e ir aprendendo sempre uns com os outros. Por isso é ando por cá há ano e meio.

    Naturalmente, que entre muitas cabeças as ideias tendem a ser diferentes conforme a interpretação de cada um. Foram deixadas aqui um conjunto de opiniões que acima de tudo servem para valorizar o espaço.
    Foi pena não terem tambem aparecido alguns adeptos do Crescimento a contrapor. Isso sim, dava para umas centenas de comentários. Em todo o caso os mais de 100 comentários neste tema, revela bem a dinâmica do blog. Não tenho ideia de ver noutros blogs este tipo de participação.

    Max, esta é uma demonstração inequívoca de que o II está bem vivo e recomenda-se. Só temos de ir em frente e abrir espaço para novos assuntos. E assuntos não faltam por aí, como tambem não falta gente com interesse em aprender. Eu sou um deles.

    abraço
    Krowler

  25. Max
    As pessoas tendem a confundir o pico do petróleo geológico, com o pico do petróleo económico, questão não é se o petróleo irá faltar fisicamente, e já disse aqui e volto a dize-lo os humanos NUNCA irão acabar com o petróleo, irá sempre existir algum neste planeta, pode é não compensar extrai-lo.

    Se formos ver a teoria do pico do petróleo, em termos meramente físicos, declínio da produção acho que ninguém no seu perfeito juízo se preocupava, bastava ver as reservas da Venezuela e Canada juntas.

    A questão é, será que é possível manter o modelo actual e alarga-lo para os países em desenvolvimento nos mesmos moldes, com petróleo extraído de plataformas no ártico a 6 km de profundidade, ou desviar a água do lago Atabasca no Canadá exclusivamente para produção de petróleo de areia.

    Agora se me pedes uma data, sinto muito mas não sou adivinho, eu também gostaria de saber uma data.

    Max eu também gostaria que houvesse um crescimento sustentável em oposição ao decrescimento, mas as vezes não se tem o que se gosta.

    Se houvesse um crescimento com o mínimo de base para isso, não estávamos nesta situação sequer, mas o engraçado é que os países que estão agora a desenvolver-se estão a fazer o mesmo que os ocidentais, ou alguns casos pior, podiam ter aprendido alguma coisa..

    E outra coisa , será que o crescimento sustentável consegue sobreviver dentro deste modelo económico, um pais para prosperar tem que crescer no mínimo 2.5% ao ano, seria possível termos um crescimento real de 2.5%, sem falcatruas sem jogar dinheiro para cima do problema como os E.U.A,sem fazer cidades fantasma como a China, uma coisa a pensar no longo prazo e não no próximo ano.

    Mais uma pergunta, peço desculpa.

    Outra coisa importante para a Europa em particular, como crescer nos mesmos moldes, se a população está a envelhecer, como manter este sistema de pensões etc, etc muitas perguntas

    Atenção eu não quero respostas, acho que o importante é fazermos as perguntas importantes.

    Saudaçães

  26. Olá Max,

    Em primeiro lugar, deixa-me dizer que se o blog "parar" vou sentir a sua falta, porque me habituei a consultá-lo todos dias, quer pelos posts, quer pelos comentários dos leitores que por aqui passam.

    Em segundo lugar, esse "cansaço" que sentes em relação ao blog e aos comentários que alguns enviam, são naturais, e acontecem no dia-a-dia com os amigos, com a familia, no emprego, demora muito até conseguirmos convencer alguém só com idéias, por isso o marketing funciona tão bem e muito mais rápido…

    Em terceiro lugar, quem aqui vem sabe que o blog tem um autor e que mesmo tentando abarcar os vários pontos de vista de um assunto nos posts que fazes, no intuito de fomentar a "discussão" nos comentários. É lógico que tens a tua opinião sobre o assunto e a expressas, e quem não gosta tem bom remédio, ou tenta rebater com boa argumentação ou deixa de passar por aqui, porque o insulto não é opção.

    Um abraço

    Zarco

  27. Olá Zarco!

    Muito obrigado pelas boas palavras, ajudam sempre e fazem pensar.

    Todavia quanto disse é o que realmente penso. Este blog nasceu com a intenção de esclarecer alguns pontos: esclarecer aos Leitores e a mim também.

    Acho que juntos conseguimos encontrar algumas chaves de leitura. Algumas podem ser válidas, outras nem por isso. Mas a perfeição não mora aqui.

    Passei muito tempo na tentativa de criar um modelo que favorecesse ao máximo a consultação. Afinal encontrei a ideia das ligações que podem ser vistas na coluna de direita, afinal são simples blogues "limitados" a assuntos específicos. Isso mais as assim chamadas "etiquetas" e o motor de pesquisa interno, constituem bons instrumentos neste sentido; razão pela qual o blog não "fecharia" literalmente, ficaria sempre online para a livre consultação.

    O que posso escrever mais eu? Não quero dizer com isso que o blog já falou de tudo, isso até seria impossível, mas muito foi feito e um das piores coisas que poderiam acontecer seria começar a repetir sempre os mesmos conceitos até a exaustão.

    Eu não sou um comentador, o que eu fiz até hoje foram pesquisas atrás de pesquisas, tentando procurar assuntos interessantes e ao mesmo tempo que pudessem ajudar na compreensão do que se passa nas nossas vidas.

    Mas desde o primeiro dia (ou quase) sempre disse que a coisa mais importante é pensar com a própria cabeça, pois as soluções não podem ser encontradas num blog.

    Acho que este objectivo foi redondamente falhado. Peço desculpa, não quero ser insultuoso ou arrogante e espero que os Leitores não interpretem isso como uma crítica directa: mas a verdade é que é muito difícil conseguir fugir do esquema no qual vivemos. E isso, que fique claro, vale para os Leitores e para mim também.

    O que escrevi ontem é o espelho do que penso. Mais de dois anos a escrever que este não é o Capitalismo, que a nossa sociedade nada tem a ver com o Capitalismo, que é importante perceber em que tipo de sociedade vivemos e com quais meios somos enganados, porque só se conseguirmos individuar o problema podemos pensar numa solução. Mais de dois anos a fazer exemplos, extremamente importantes porque o que digo eu conta até um certo ponto.

    O resultado é que ler os comentários acerca do Decrescimento não é possível encontrar outra coisa a não ser Capitalismo. E isso obrigou-me a pensar, pois eu não sou melhor do que os outros, e se isso acontece aos Leitores porque não deveria acontecer comigo também?
    De vez em quando acho bem parar e perguntar: "Ok, mas eu o que estou a fazer?" e é isso que acontece.

    Fui demasiado exigente com o blog? Sem dúvida.
    Fui demasiado exigente comigo e com a minha capacidade de explicar/procurar/apresentar? Sem dúvida.
    Fui demasiado exigente com os Leitores? É provável, mas não sou eu o melhor juiz neste caso.

    Um blog é sempre um blog, mais do que tanto não pode dar, e esta é uma lição que aprendi.

    Por tudo isso, o perigo de tornar-me repetitivo é bem real e quero evita-lo.

    Pode ser apenas cansaço, como afirma Zarco? Talvez, não escondo que nos últimos meses tive que enfrentar alguns problemas de saúde que para mim foram uma novidade e a coisa abalou-me um bocado.

    Mas há outro aspecto também, o último e não menos importante.

    (continua)

  28. (continua)

    Como disse, um blog é um meio que tem limitações intrínsecas. E eu queria fazer mais do que isso: queria participar naquela que é a vida real, "lá fora".

    Este, como vocês, sabem, não é o meu País, mas aqui escolhi viver e desejo fazer alguma coisa. Não mudar os destinos de Portugal, ora essa: mas não necessariamente "fazer algo" significa actos heróicos ou espectaculares, daqueles que ficam nos livros de história. É possível contribuir na sociedade mesmo tendo objectivos menores e provavelmente mais realistas.

    Eu não acredito na actual democracia, acho que já defini-la "democracia" é um insulto. Se os actuais bancos podem ser vistos como um cancro da economia, a democracia representativa é o cancro do sistema político.

    A democracia directa, aquela onde as decisões podem ser tomadas em conjunto e não com "representantes" vendidos e parasitas, é a solução ideal? Não, não é. Mas é um passo em frente.

    Existem possibilidades para que a democracia se torne realidade em Portugal? Sim, e é possível vê-las com um microscópio, desde que seja muito potente.

    Então? Então acho que por vezes o objectivo final pode esconder a importância dos objectivos intercalares. Conseguir uma maior participação dos cidadãos nas escolhas do país seria fundamental. É preciso falar com as pessoas, olhos nos olhos, para explicar conceitos básicos que há muitos foram enterrados ou nunca explicados.
    Coisas simples, como o facto de que a política e a economia não vivem no Parlamento ou na Bolsa, mas nas prateleiras dos supermercados. Ou como o facto de que o nosso sistema não é nem o único nem o melhor entre as opções disponíveis. E que para mudar não é necessário pegar numa caçadeira e vestir-se como Rambo, que é possível produzir a própria energia em casa, que os carros eléctricos são uma idiotice, que do que diz a televisão metade não deve ser considerado e a outra metade deve ser atirada para o lixo, que perder 30% da electricidade com a rede de alta tensão não é normal pois já existem (há anos!) alternativas, etc.

    Pequenas coisas que não mudam o mundo, mas podem talvez mudar ligeiramente o modo de pensar.
    Mas são pequenas coisas que precisam de tempo.

    Eu não sou Beppe Grillo, não tenho os meios para ter alguém que trate do blog enquanto eu tento organizar eventuais encontros com as pessoas.

    Última razão: tenho dois livros começados e ainda não acabados. E quero acabar.

    Estou a pensar acerca do que tenho que fazer com o blog, pois custa-me deixar de ter um relacionamento diário com os Leitores e além disso é uma pena: este é um blog de "nicho", sem dúvida, mas mesmo assim pode contar com um milhar de Leitores diário, não é mal.

    Vou pensar no assunto, prometo. E se alguém tiver uma sugestão, estarei pronto para ouvir com máxima atenção.

    Abraço para todos!!!

  29. A crise da civilização ocidental e e resposta do Decrescimento. Conferência de Serge Latouche em Lisboa, com legendas.

    JMS

  30. Ô Max.. o ritmo de novos posts do Blog está lento realmente, porém, você tem postado muitos comentários, ou seja, ainda está sendo participativo…

    … não desiste… mantém ele… sem a obrigação de ter novidades diárias… mas quando conseguir juntar dados, publique…

    … só ter uma forma legal do contrário: quando nós tivermos algo, trazermos… não um fórum… pode ser pelos comentários, se for fácil para você lê-los…

    [ ]s

  31. E anda você Max, nesta lamechice vai para um ano e sempre que um comentarista não diz Ámen, ameaça. Pôxa cara, não cai na real? quer largar o blog, larga de uma vez, valeu? Sou leitor assíduo mas você começa a cansar.

  32. Sugestão: exerça o perdão, comece por você mesmo. O poeta Mário Quintana deixou escrito; "o poeta pensa uma coisa, escreve outra, o leitor lê uma terceira e entende uma quarta." E por aí vamos… Estamos aqui para descobrir que somos remadores do mesmo barco. Afinal, quem está no leme? A existencia é uma experiência no agora infinito de infinitas possibilidades. Expectativas estão fora do agora, nada além ou aquém resulta verdadeiro. Os dominadores são os dominadores só porque nos mantém fora do presente em perfeita ilusão de comando. Fiquemos em paz, nada mudará se cada um de nós não mudar a visão que aceitamos crer e escolher doutrinada pelos dominadores. A verdadeira grande revolução é intrapessoal e intransferível. A morte não existe. Sinto muito, me perdoe, vos amo e sou grato.

  33. Parece que tenmos materia quente para discutir nos próximos tempos.

    Adivinha-se uma grande reviravolta na europa a curto prazo. A Espanha a partir de hoje passou a ser um 'hot spot' na europa. O movimento 25s na atingiu os objectivos (ou será que de certa forma atingiu?).

    A Catalunha em novembro deve bater com a porta na cara do Juan Carlos e Rajoy.

    Os orçamentos para 2013 estão todos aí. Prontos para enfrentar a rua.

    Podemos ter falta de muita coisa, mas não falta de assunto.

    Krowler

  34. Olá pessoal!

    O blog fica em pausa até a próxima Segunda Feira, preciso de tempo para reorganizar a vidinha.

    Entretanto, se acham existirem links ou assuntos interessantes, podem sempre inseri-los nos comentários, o próximo post vai ficar "aberto" por esta razão.

    É o caso do "terrível" JMS, cujos links continuo a ver (ou ler, depende do caso).

    Queria agradecer todos pelo apoio que chegou aqui e em privado.

    Aos que, como o Anónimo, acham que "começo a cansar", lembro que há um bom remédio e que não reembolso os bilhetes.

    Até Segunda-Feira dia 01 de Outubro!

    Abraços!

  35. Olá Max: acrescento a lista do Krowler a crise alimentar mundial,considerando o terrível decréscimo da produção deste ano.
    E também os "furos da represa" que o Obama não vai tapar com o dedinho depois das eleições de novembro nos EUA. E o 11/9 que está em curso no blog. Volta e meia alguém se refere ao império romano por aqui. Seria tão interessante abordar o assunto da formação e funcionamento da democracia greco romana na península itálica. E, fundamentalmente, as condições concretas que fazem surgir dessa democracia cidadã, o império romano. O que muda ao nível do público e do privado. E dando um salto "de pulga" a natureza da democracia desejada pelo movimento 5 estrelas, antes as desdobramentos da democracia até o colapso da representatividade e seu contexto, as outras formas menos conhecidas de democracia no tempo e na geografia. Será que todos nós, leitores comentaristas, mesmo os que falam tão familiarmente de democracia direta, estamos afinados em conceitos dessa natureza para facilitar as discussões? Ah,…sempre lembrando que o nosso amigo Leonardo é um ótimo esclarecedor de pormenores, sempre a disposição. Abraços

  36. maria, a crise alimentar mundial é um assunto que tambem me interessa e muito.
    Tinha sugerido ao Max, junto com o tema Decrescimento um post sobre o Banco de Sementes de Svaalbard.
    Andará tudo em volta do mesmo. É matéria muito importante e merece obviamente ser aprofundada.

    abraço
    Krowler

  37. Para JMS:

    Todo o evangelho de Karl Marx pode ser resumido em duas frases: Odeie o indivíduo mais bem-sucedido do que você. Odeie qualquer pessoa que esteja em melhor situação do que a sua.

    Jamais, sob qualquer circunstância, admita que o sucesso de alguém pode ser decorrente de seu esforço próprio, de sua capacidade, de seu preparo, de sua superioridade em determinada atividade. Jamais aceite que o sucesso de alguém pode advir de sua contribuição produtiva para algum setor da economia, contribuição essa que foi apreciada por pessoas que voluntariamente adquiriram seus serviços. Jamais atribua o sucesso de alguém às suas virtudes, mas sim à sua capacidade de explorar, trapacear, ludibriar e espoliar.

    Jamais, sob qualquer circunstância, admita que você pode não ter se tornado aquilo com que sempre sonhou por causa de alguma fraqueza ou incapacidade sua. Jamais admita que o fracasso de alguém pode ser devido aos defeitos dessa própria pessoa — preguiça, incompetência, imprudência, incapacidade ou ignorância.

    Acima de tudo, jamais acredite na honestidade, objetividade ou imparcialidade de alguém que discorde de você. Qualquer um que discorde de você certamente é um alienado a serviço da burguesia e do "capital".

    Este ódio básico é o núcleo do marxismo. É a sua força-motriz. É o que impele seus seguidores. Se você jogar fora o materialismo dialético, o arcabouço hegeliano, os jargões técnicos, a análise 'científica' e todas as inúmeras palavras presunçosas, você ainda assim ficará com o núcleo do marxismo: o ódio e a inveja doentia do sucesso, que são a razão de ser de toda esta ideologia.

  38. Em 1871, Carl Menger escreveu Princípios de Economia Política, uma obra de profunda genialidade que essencialmente inaugurou a Escola Austríaca de economia, mas que praticamente nenhuma das pessoas que se arvoram a pontificar sobre a "questão social" leu ou sequer conhece. Todos aqueles que escrevem sobre distributivismo, ou que simplesmente fazem apelos emocionais em prol da "necessidade" da redistribuição, parecem compartilhar da mesma ignorância, jamais se apoiando em argumentos solidamente econômicos para justificar sua posição — como se uma disciplina que se dedica à aplicação da razão humana para a solução do problema da escassez no mundo pudesse ser em si mesma antagonista aos bons princípios morais e aos mais belos ideais.

    Suponha, ademais, que o "distributivismo" estivesse em vigor durante a Revolução Industrial na Grã-Bretanha no final do século XVIII. Certamente, teríamos ouvido infindáveis lamúrias a respeito da crescente concentração de poder econômico e o dramático crescimento no número de pessoas trabalhando em troca de salários. Mas o que provavelmente não teríamos ouvido seriam declarações sobre as reais condições daquelas pessoas que estavam procurando emprego nas fábricas. Elas não foram afortunadas o bastante para conseguir uma vida rentável na agricultura, e também não haviam sido agraciadas por suas famílias com as ferramentas necessárias para empreender algum ofício independente e operar algum pequeno estabelecimento, algo que encantas os distributivistas. Se elas, portanto, não tivessem tido a oportunidade de trabalhar em troca de salários, suas famílias simplesmente iriam morrer de fome. É realmente simples assim. O capitalismo, e não o distributivismo, foi o que literalmente salvou essas pessoas da mais completa penúria, e tornou possível o enorme crescimento da população, da expectativa de vida, da saúde, e do padrão de vida geral — crescimento esse que foi o maior que a Inglaterra já havia vivenciado até a época e que mais tarde se difundiu por toda a Europa ocidental.

    Ludwig von Mises elabora ainda mais esse mesmo ponto:

    É uma distorção dos fatos dizer que as fábricas arrancaram as donas de casa de seus lares ou as crianças de seus brinquedos. Essas mulheres não tinham como alimentar os seus filhos. Essas crianças estavam carentes e famintas. Seu único refúgio era a fábrica; salvou-as, no estrito senso do termo, de morrer de fome.

    É deplorável que tal situação existisse. Mas, se quisermos culpar os responsáveis, não devemos acusar os proprietários das fábricas, que — certamente movidos pelo egoísmo e não pelo altruísmo — fizeram todo o possível para erradicá-la. O que causava esses males era a ordem econômica do período pré-capitalista, a ordem daquilo que, pelo que se infere da leitura das obras destes historiadores, eram os "bons velhos tempos".

    Nas primeiras décadas da Revolução Industrial, o padrão de vida dos operários das fábricas era escandalosamente baixo em comparação com as condições de seus contemporâneos das classes superiores ou com as condições atuais do operariado industrial. A jornada de trabalho era longa, as condições sanitárias dos locais de trabalho eram deploráveis.

    A capacidade de trabalho do indivíduo se esgotava rapidamente. Mas prevalece o fato de que, para o excedente populacional — reduzido à mais triste miséria pela apropriação das terras rurais, e para o qual, literalmente, não havia espaço no contexto do sistema de produção vigente —, o trabalho nas fábricas representava uma salvação. Representava uma possibilidade de melhorar o seu padrão de vida, razão pela qual as pessoas afluíram em massa, a fim de aproveitar a oportunidade que lhes era oferecida pelas novas instalações industriais.

  39. O distributivismo, dentro deste contexto, teria simplesmente privado milhares de pessoas destas oportunidades, gerando resultados cruéis para o mesmo proletariado que tal doutrina alega defender.

    Também constantemente sob ataque dos distributivistas está a sempre difamada "busca pelo lucro". O argumento emocional é o de que tal prática, além de não ter nada de meritória, é totalmente imoral. No entanto, é certo que nem mesmo um distributivista negaria — dado que seria incoerência — ser moralmente lícito um indivíduo querer melhorar sua situação, tanto para si próprio quanto para sua família. Ademais, mesmo a caridade para os mais pobres irá requerer o auxílio de pessoas ricas, e esta riqueza terá de ser adquirida de alguma forma. Porém, sem a "busca pelo lucro", simplesmente não há como saber ao certo se este moralmente legítimo desejo do indivíduo de melhorar sua situação e a de sua família está sendo buscado de maneira a beneficiar a sociedade como um todo, e não apenas ele.

    Ao longo dos anos, tem havido um enorme esforço concertado para fazer troça da "mão invisível" de Adam Smith, a imagem pela qual Smith procurou descrever o salutar processo por meio do qual o desejo de cada indivíduo de melhorar sua condição acaba também beneficiando aqueles à sua volta; e alguns moralistas argumentam que o fato de o padeiro fazer o seu pão não por benevolência, mas sim por estar em busca do lucro, é algo que merece apenas condenação do ponto de vista moral.

    No entanto, há apenas duas opções em jogo: ou o indivíduo busca seus objetivos sem qualquer consideração pelas necessidades e desejos de seus conterrâneos, ou ele age levando em consideração estas necessidades. Não há uma terceira opção. Ao buscar "maximizar os lucros", motivação esta rotineiramente tratada como sendo um terrível flagelo sobre a civilização, o indivíduo está apenas garantindo que seus talentos e recursos sejam dirigidos para aquelas áreas que seus conterrâneos, por meio do sistema de preços, indicaram ser a mais urgentemente demandada e necessitada. Em outras palavras, o sistema de preços, e o sistema de lucros e prejuízos cujo cálculo o sistema de preços possibilita, obriga o indivíduo a planejar suas atividades em conformidade com as necessidades expressadas pela sociedade. Tal atitude implica necessariamente uma administração sensata e racional das coisas físicas existentes no planeta.

    É assim que uma sociedade racional e civilizada garante que seus recursos serão alocados e distribuídos não de acordo com algum esquema arbitrário, mas sim de acordo com as necessidades e desejos das pessoas. A busca pelo lucro, possibilitada pelo sistema de preços, portanto, permite não apenas a cooperação social, mas também o uso mais eficiente possível dos recursos escassos. Sem a busca pelo lucro, como demonstrou Mises em seu clássico ensaio sobre a impossibilidade do cálculo econômico sob o socialismo, a civilização literalmente irá retroceder à barbárie.

    A questão é que, uma vez que sabemos que o indivíduo possui razões perfeitamente válidas para buscar o mais alto retorno para seu investimento, ou para obter o mais alto salário possível, em vez de perdermos nosso tempo com lamentos tolos e irrelevantes a respeito das pessoas gananciosas deste mundo — uma questão de filosofia moral e não de economia —, devemos empregar a razão humana para aprendermos como este desejo perfeitamente moral de querer obter ganhos resulta em benefícios para a sociedade como um todo, pois gera a produção daquilo que sociedade urgentemente demanda em vez de mais daquilo que a sociedade já desfruta em abundância. Posto desta forma, o sistema de lucros e prejuízos de uma economia baseada na divisão do trabalho — uma instituição indispensável para qualquer sociedade civilizada — repentinamente se revela não apenas profundamente moral, como também algo essencial, sendo provavelmente por este motivo que os oponentes do capitalismo nunca se referem aos lucros desta forma.

  40. Se quisermos que a força motriz que proporcionou o enorme avanço no padrão de vida que todas as pessoas do mundo desfrutaram ao longo dos últimos dois séculos não seja destruída, é essencial que entendamos o mecanismo que torna possível a sua existência. Tal apreciação por estes indispensáveis aspectos da liberdade econômica está completamente ausente da mentalidade dos defensores do distributivismo — os quais, em sua ânsia para caricaturar o mercado como sendo um local de incessante "exploração" e ganância, consistentemente ignoram ou menosprezam suas conquistas e virtudes.

    Dado que é muito mais difícil para um indivíduo crescer na virtude e salvar sua alma se estiver vivendo na mais completa penúria, seria de se esperar que os pretensos moralistas e piedosos demonstrassem maior apreciação pelo sistema que possibilitou a maior criação de riqueza que o mundo já vivenciou — incluindo-se aí um assombroso aumento da expectativa de vida, da ingestão de calorias, da qualidade das moradias, da educação, da alfabetização, e de incontáveis outras coisas boas, bem como reduções dramáticas da mortalidade infantil, da fome e das doenças. E, contrariamente ao que asseguram os propagandistas, nada poderia ser mais óbvio do que o fato de que os benefícios do capitalismo aprimoraram exponencialmente a vida dos mais pobres.

    Faça o leitor uma experiência imaginária: suponha que um ancestral do ano 1700 pudesse ser transportado para a nossa época atual para vivenciar um dia rotineiro na vida de Bill Gates. Ele sem dúvida ficaria impressionado com algumas coisas que tornam a vida de Bill Gates algo sem paralelos. Porém, um bom palpite é que, dentre estes aspectos que tornam a vida de Gates inigualável, aqueles que mais impressionariam o ancestral seriam o fato de que Gates e sua família não têm de se preocupar com a possibilidade de morrerem de fome; que eles tomam banho diariamente; que eles utilizam várias roupas limpas ao longo do dia; que eles possuem dentes claros e saudáveis; que doenças como varíola, pólio, difteria, tuberculose, tétano e coqueluche não apresentam riscos substanciais; que as chances de Melinda Gates morrer durante o parto são de aproximadamente 1/60 em relação a um parto em 1700; que cada filho do casal tem aproximadamente 40 vezes mais chances de sobreviver à sua infância em relação às crianças da era pré-industrial; que os Gates possuem geladeiras e congeladores em suas casas (sem mencionar forno microondas, lava-louça, rádio, televisão, DVD, computadores etc.); que a semana de trabalho dos Gates é de apenas cinco dias e que a família tira várias semanas de férias por ano; que cada filho dos Gates recebe mais de uma década de educação escolar; que os Gates rotineiramente fazem viagens aéreas para locais distantes em questão de horas; que eles conversam sem nenhum esforço com pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância; que eles frequentemente usufruem das soberbas performances dos melhores atores e atrizes do mundo; que os Gates podem, sempre que quiserem e onde puderem, ouvir uma sonata de Beethoven, uma ópera de Puccini ou uma balada de Frank Sinatra.

    Em outras palavras, o que mais impressionaria nosso visitante são justamente os aspectos da vida de Gates que o magnata possui em comum com boa parte das pessoas do mundo (principalmente dos países desenvolvidos). Por outro lado, quando você considera as diferenças que caracterizavam ricos e pobres antes da Revolução Industrial, o mito de que "o capitalismo promove a desigualdade" é desmascarado como uma ficção ignorante, uma história sem nenhum fundamento.

  41. Marx nada mais é do que o rebento mais famoso desta herança que costuma "amar a humanidade, mas detestar seu semelhante" (Burke).

    Abortismo, casamento gay, quotas raciais, desarmamento civil, regulamentos ecológicos draconianos, liberação das drogas, controle estatal da conduta religiosa, redução da idade de consentimento sexual para 12 anos ou menos: tais são, entre alguns outros, os ideais que fazem bater mais forte o coração de estudantes, professores, políticos, jornalistas, ongueiros, empresários "esclarecidos" e demais pessoas que monopolizam o debate público neste País.

    Nenhuma dessas propostas veio do povo brasileiro ou de qualquer outro povo. Nenhuma delas tem a sua aprovação.

    Isso não importa. Elas vêm sendo e continuarão sendo impostas de cima para baixo, aqui como em outros países do mundo todo, mediante conchavos parlamentares, expedientes administrativos calculados para contornar o debate legislativo, propaganda maciça, boicote e repressão explícita de opiniões adversas e, last not least, farta distribuição de propinas, muitas delas sob a forma de "verbas de pesquisa" oferecidas a professores e estudantes sob a condição de que cheguem às conclusões politicamente desejadas.

    De onde vêm essas ideias, a técnica com que se disseminam e o dinheiro que subsidia a sua implantação forçada?

    A fonte desses três elementos é única e sempre a mesma: a elite bilionária fabiana e globalista que domina a rede bancária mundial e tem nas suas mãos o controle das economias de dezenas de países, assim como da totalidade dos organismos internacionais reguladores.

  42. continuando…

    Nada nos seus planos e ações é secreto. Apenas, para perceber a unidade de um empreendimento cuja implementação se estende por todo um século e abrange as contribuições de milhares de colaboradores altamente preparados – uma plêiade de gênios das humanidades e das ciências. É preciso reunir e estudar uma massa de fatos e documentos que está infinitamente acima das capacidades da população em geral, aí incluído o "proletariado intelectual" das universidades e da mídia onde esse mesmo empreendimento colhe o grosso da sua militância e dos seus idiotas úteis. Em geral, nem seus adeptos e servidores, nem a população que se horroriza ante os resultados visíveis da sua política têm a menor ideia de quem é o agente histórico por trás do processo. Os primeiros deixam-se levar pelo atrativo aparente das metas nominais proclamadas e acreditam piamente – ó céus! – estar lutando contra a "elite capitalista".

    A população vê o mundo piorando e de vez em quando se revolta contra esta ou aquela mudança em particular, contra a qual brande em vão os mandamentos da moralidade tradicional, sem que nem em sonhos lhe ocorra a suspeita de que essas reações pontuais e esporádicas já estão previstas no esquema de conjunto e canalizadas de antemão no sentido dos resultados pretendidos pela elite iluminada.

    Para explicar a confortável invisibilidade que, após décadas de ação ostensiva em todo o mundo, o mais ambicioso projeto revolucionário de todos os tempos continua desfrutando, não é preciso nem mesmo apelar ao famoso adágio esotérico de que "o segredo se protege a si mesmo".

    No meio do quadro há, é claro, alguns segredos, bem como a supressão de notícias indesejáveis, ordenada desde muito alto e praticada com notável subserviência pela classe jornalística. Mas esses não são, nem de longe, os fatores decisivos.

    O que tem feito das populações as vítimas inermes de mudanças que elas não desejam nem compreendem são três fatores: (a) a luta desigual entre uma elite intelectual e financeira altissimamente qualificada e a massa das pessoas que não recebem informação nem educação senão dessa mesma fonte; (b) a continuidade do projeto ao longo de várias gerações, transcendendo o horizonte de visão histórica de cada uma delas; (c) a prodigiosa flexibilidade das concepções fabiano-globalistas, cuja unidade reside inteiramente em objetivos de longuíssimo prazo e que, na variedade das situações imediatas, sabem se adaptar camaleonicamente às mais diversas exigências ideológicas, culturais e políticas, sem nenhum dogmatismo, sem nada daquela rigidez paralisante dos velhos partidos comunistas.

    Para enxergar a unidade e coerência por trás da diversidade alucinante das ações empreendidas por essa elite em todo o mundo ocidental, é preciso, além da massa de dados, alguns conceitos descritivos que o "cientista social" vulgar ignora por completo.

    É preciso saber, por exemplo, que as "nações" e as "classes" não são nunca sujeitos agentes da História, mas apenas o excipiente com que os verdadeiros agentes injetam no corpo do tempo a substância ativa dos seus planos e decisões. Isto deveria ser óbvio, mas quem, numa intelectualidade acadêmica intoxicada de mitologia marxista (ou, em parte, de formalismo doutrinário liberal-conservador), entende que só grupos e entidades capazes de durar inalteradamente ao longo das gerações podem ter a veleidade de conduzir o processo histórico?

    Entre esses grupos destacam-se, é claro, as famílias dinásticas, de origem nobre ou não, que hoje constituem o núcleo vivo da elite globalista. Quando essas famílias têm a seu serviço a classe acadêmica mundial, os organismos reguladores internacionais, o grosso das empresas de mídia, a rede planetária de ONGs e, por meio destas, até a massa de militantes enragés que imaginam combater aqueles que na verdade os dirigem, quem pode resistir a tanto poder concentrado?

  43. Anónimo, seria de maior importancia, nós tentar-mos analisar as coisas pela nossa cabeça…
    Mesmo correndo o risco de passar por ignorantes, afinal de contas, a ignorancia é sempre o principio de um caminho direito á luz dos acontecimentos e parar fazer "Copy paste " de sites.
    Apesar de não colocar em causa a veracidade desses mesmos sites, quando nós fazemos copypaste de algo, é bom que entendamos o que estamos a colar e como prova disso, é muito mais reconfortante, dizer-mos o mesmo por palavras nossas.

    Para mim, o melhor metodo de estudo é copiar á mão aquilo que pretendo decorar ou interiorizar….trás-nos sempre á luz, pontos de vista que o Copy Paste por si só, não nos elucida.

    Abraço amigo.
    Guerreiro

  44. Anónimo,

    O que eu pergunto é como é que você pode resistir a tanta ignorância e estupidez concentrada.

    Refutar as suas confusões mentais seria tão inútil como discutir pintura com um cego, e eu tenho coisas muito mais interessantes para fazer.

    Faça um favor a si próprio e agarre-se a livros de história, filosofia política, economia e biologia, para começar, porque você tem a cabeça atulhada de impressões confusas e, lamentavelmente, não sabe nada de nada.

    JMS

  45. Albert Einstein disse que os juros compostos foram

    “a maior descoberta matemática de todos os tempos”.

  46. Olá JMS: como já disse e reitero, o problema não é o nosso querido anônimo se atrapalhar um pouco com os pensamentos. O problema me parece ser que o discurso que ele copia e cola para a gente se "deliciar" aqui no ii, coisa que o pessoal daqui ignora, e acho que faz bem, é que tal discurso provém de gente que se tem e alardeia como culta, reúne em torno de si um séquito de "anônimos repetidores", contém um apelo "moral" que atrai muita gente, e trata-se de um pessoal esperto, altamente financiado pelos setores mais reacionários da sociedade, que pouco a pouco vai conquistando parte dos setores populares mais desavisados,e parte da classe média, via cursilhos (encontros para retiro de católicos praticantes e afiliados), que absorvem tais mensagens como esponjinhas religiosas.Isso é comum aqui no Brasil. Abraços

  47. Isso mesmo maria, continue assim, ignorante e fechada através da mentalidade esquerdista junto ao JMS.

    Se estou copiando e colando aqui é porque gostaria de compartilhar as informações, que, até agora foram uma das únicas contra o decrescimento. Mas parece que a mentalidade marxista não aceita um pensamento divergente, é normal. Streetwarrior me parece muito mais aberto e inteligente, pois critica e justifica sua crítica ao copy e paste, mostrando um caminho melhor. Alem disso, ele não precisa se rebaixar como você e seus jargões populares esquerdistas, preconceituosos e ateus, que ignoram totalmente a sabedoria de um instituto como o Instituto Ludwig von Mises:

    http://www.mises.org.br/About.aspx

    Obrigado Streetwarrior pelas dicas.
    Vejo que você reconhece e não ignora a intelectualidade do instituto e de seus pensadores.

    Maria, já não está na hora de amadurecer um pouco e deixar um pouco de lado este pensamento revolucionário ignorante?

    Até mais

  48. Olá todos: obrigada, anônimo, pela explicitação de uma das tuas cópias.Deixo aqui o que se lê no portal da instituição, pois fala por si só.
    O Instituto Ludwig von Mises – Brasil ("IMB") é uma associação voltada à produção e à disseminação de estudos econômicos e de ciências sociais que promovam os princípios de livre mercado e de uma sociedade livre
    Em suas ações o IMB busca:
    I – promover os ensinamentos da escola econômica conhecida como Escola Austríaca;
    II – restaurar o crucial papel da teoria, tanto nas ciências econômicas quanto nas ciências sociais, em contraposição ao empirismo;
    III – defender a economia de mercado, a propriedade privada, e a paz nas relações interpessoais, e opor-se às intervenções estatais nos mercados e na sociedade.

    E, anônimo, não existe só marxistas e não marxistas no mundo, só direita e esquerda, preto e branco. Se tu conseguisses ler com atenção o que eu digo por aqui, saberias de cara o tão distante do marxismo eu me encontro, bem como de autoritarismos de todos os matizes. Na verdade, eu até ficaria preocupada se me considerasses madura e sábia, estando tu absorvido pelos que consideras sábios. Logo, só tenho a agradecer tuas deferências. Abraços

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